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WASHINGTON - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, viajará à China para negociações nas próximas semanas, disse uma autoridade dos Estados Unidos na terça-feira, meses depois de ter cancelado uma viagem planejada por causa de um suposto balão espião chinês que sobrevoou o país.

O funcionário não detalhou o cronograma.

O Departamento de Estado não confirmou nenhum plano. "Não temos viagens para o secretário anunciar; como dissemos anteriormente, a visita à República Popular da China será remarcada quando as condições permitirem", disse o vice-porta-voz Vedant Patel.

A Bloomberg News noticiou pela primeira vez a visita planejada.

O principal diplomata dos Estados Unidos adiou uma visita a Pequim em fevereiro, depois que o balão chinês sobrevoou locais militares sensíveis antes de ser abatido.

O balão, que Pequim nega ser um veículo espião do governo, passou uma semana sobrevoando os Estados Unidos e o Canadá.

O governo do presidente Joe Biden pressiona para aumentar o envolvimento com a China, já que os laços entre as duas maiores economias do mundo se deterioraram devido a questões que vão desde Taiwan, que a China reivindica como sua, até atividades militares no Mar da China Meridional.

No entanto, críticos questionaram as aberturas dos Estados Unidos para a China, argumentando que as últimas décadas de engajamento não conseguiram mudar o comportamento de Pequim.

 

 

Reportagem de Trevor Hunnicutt, Michael Martina Simon Lewis e Doina Chiacu / REUTERS

PEQUIM - A China assinou um acordo de cooperação com a Argentina para promover a construção conjunta da "Nova Rota da Seda", disse o órgão de planejamento estatal chinês na sexta-feira.

O acordo aprofundará a cooperação entre China e Argentina em áreas como infraestrutura, energia, economia e comércio, bem como finanças, disse a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma em um comunicado.

 

 

REUTERS

EUA - Estados Unidos e Taiwan assinaram, na quinta-feira (1º), um acordo comercial com o objetivo de aprofundar as relações econômicas entre os dois países, uma decisão que provocou uma advertência imediata de Pequim.

A iniciativa assinada entre os dois países visa impulsionar o comércio por meio da harmonização dos controles alfandegários, assim como estabelecer medidas para lutar contra a corrupção nos Estados Unidos e na ilha, que a China considera parte de seu território e que promete retomar no futuro.

Embora Washington e Taipé não tenham relações diplomáticas formais, mantêm laços não oficiais através da embaixada americana na ilha, o Instituto Americano em Taiwan (AIT, sigla em inglês).

O primeiro acordo sob esta iniciativa foi assinado por representantes da AIT e do Escritório Econômico e Cultural de Taipei (TECO, sigla em inglês) nos Estados Unidos, informou o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, sigla em inglês) nesta quinta-feira.

O pacto "buscar fortalecer e aprofundar a relação econômica e comercial" entre as partes, indicou em um comunicado o porta-voz do USTR, Sam Michel.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial da ilha. Washington é um de seus principais aliados e fornece armas, apesar de ter reconhecido Pequim diplomaticamente em 1979.

Para Taiwan, o acordo "não é somente histórico como também indica um novo começo", afirmou, antes da cerimônia, o porta-voz do TECO, Alan Lin, aos jornalistas em Taipé.

A China, porém, teme qualquer reaproximação entre Taiwan e outros governos e enviou uma advertência.

Os Estados Unidos "não devem enviar sinais errados às forças de independência de Taiwan em nome do comércio", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, nesta quinta-feira.

A porta-voz pediu a Washington que evite assinar qualquer acordo "com conotações de soberania ou de natureza oficial com a região chinesa de Taiwan".

Pequim intensificou as ameaças contra a ilha nos últimos anos e aumentou as incursões militares em seu território. Os últimos exercícios ocorreram em abril, quando a China simulou um "cerco" de três dias ao território insular. 

As manobras militares foram uma resposta ao encontro entre a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara de Representantes dos EUA, Kevin McCarthy, na Califórnia.

 

 

AFP

EUA - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, considerou "infeliz" a recusa da China a uma reunião com seu homólogo chinês, depois de acusar Pequim de ter um comportamento "provocativo".

Washington convidou o ministro chinês da Defesa Nacional, Li Shangfu, para uma reunião com Austin durante um fórum de Defesa esta semana em Singapura.

Mas Pequim não aceitou a proposta e uma porta-voz da diplomacia chinesa declarou que "Washington sabe claramente por que existem atualmente dificuldades na comunicação militar".

Durante uma escala em Tóquio antes da viagem a Singapura, Austin chamou a decisão de Pequim de "infeliz".

Ele destacou que é importante que países com grandes capacidades bélicas possam conversar "para administrar as crises e evitar que as coisas saiam de controle de maneira desnecessária".

As recentes "interceptações provocativas de nossas aeronaves e também dos aviões dos nossos aliados" por parte da China são "muito preocupantes".

"Estou preocupado que aconteça um incidente que poderia sair, muito rapidamente, do controle", acrescentou.

O governo dos Estados Unidos informou na terça-feira que o piloto de um caça chinês executou uma "manobra desnecessariamente agressiva" perto de um avião americano de vigilância que sobrevoava na semana passada o Mar da China Meridional.

Imagens divulgadas por Washington mostram um caça chinês passando à frente da aeronave americana, que balança após a turbulência.

A China respondeu que o avião americano invadiu uma zona de treinamento militar.

Austin afirmou que permanece aberto a qualquer oportunidade de dialogar com a China.

"Os Departamentos de Defesa deveriam conversar com frequência", destacou.

 

 

AFP

CHINA - É uma das concorrências determinantes de nossos tempos: os países que podem produzir baterias para veículos elétricos vão ganhar décadas de vantagens econômicas e geopolíticas.

O único vencedor até agora é a China.

Apesar de bilhões em investimentos do ocidente, a China está tão à frente — na mineração de minerais raros, no treinamento de engenheiros e na construção de grandes fábricas —, que o resto do mundo pode levar décadas para alcançá-la.

Em 2030, a China produzirá mais que o dobro de baterias do que quaisquer outros países juntos, de acordo com estimativas da Benchmark Minerals, empresa de consultoria do setor.

Veja a seguir como a China controla cada etapa da produção de baterias de íons de lítio, desde a extração das matérias-primas do solo até a fabricação dos carros, e por que essas vantagens provavelmente vão durar.

 

Mineração

As empresas chinesas têm participações em produtores nos cinco continentes.

Os carros elétricos usam cerca de seis vezes mais minerais raros do que os veículos convencionais por causa da bateria, e a China tem a oportunidade de decidir quem recebe os minerais primeiro e a que preço.

Embora a China tenha poucas jazidas subterrâneas dos ingredientes essenciais, o país tem adotado uma estratégia de longo prazo para ter acesso a um abastecimento barato e constante. As empresas chinesas, recorrendo à ajuda do Estado, adquiriram participações em mineradoras nos cinco continentes.

A China é dona da maioria das minas de cobalto no Congo, que tem a maior parte da oferta mundial desse material escasso e necessário para o tipo mais comum de bateria. As empresas americanas não conseguiram acompanhar o ritmo e até mesmo venderam minas para as concorrentes chinesas.

Como consequência, a China controla 41% da mineração de cobalto do mundo, além da maior parte da mineração de lítio, que carrega a carga elétrica de uma bateria.

As reservas globais de níquel, manganês e grafite são muito maiores e as baterias utilizam apenas uma quantidade ínfima delas. Mas o fornecimento contínuo desses minerais para a China ainda dá uma vantagem a Pequim. Os investimentos do país na Indonésia vão ajudar a transformá-lo no maior controlador de níquel até 2027, de acordo com previsões da CRU Group, uma empresa de consultoria.

O grafite é extraído principalmente na China. Os fabricantes dos EUA sintetizam grafite a um custo bem maior.

Os países ocidentais também são donos de minas no exterior e estão tentando alcançar a China. No entanto, eles têm demonstrado maior relutância em investir em países com governos instáveis ou práticas trabalhistas precárias. E têm demorado a aumentar a sua produção.

Uma nova mina pode levar mais de 20 anos para atingir a produção plena. Embora os EUA estejam investindo para explorar suas reservas expressivas de lítio, o esforço chocou-se com uma série de preocupações locais e ambientais.

 

Refino

A maior parte da matéria-prima é enviada para a China para ser refinada.

Independentemente de quem extrai os minerais, quase tudo é enviado para a China para ser refinado em materiais para uso em baterias.

Depois que o minério é extraído do solo, ele costuma ser pulverizado e, então, tratado com calor e químicos para isolar os compostos minerais. O processo é dispendioso: o cobalto gera cerca de 390 gramas de resíduos para cada meio quilo de cobalto em pó refinado.

O refino exige uma quantidade enorme de energia. Os minérios da bateria precisam de três a quatro vezes mais energia para serem produzidos do que o aço ou o cobre. A forma preferencial de lítio, por exemplo, tem que ser aquecida, vaporizada e seca. Apoiadas pelo governo com terrenos e energia baratas, as empresas chinesas conseguem refinar minérios em um volume maior e a um custo menor do que todos os demais concorrentes. Isso tem provocado o fechamento de refinarias em outros lugares.

O refino também costuma gerar poluição e as refinarias chinesas são beneficiadas por normas ambientais menos rigorosas. A moagem de grafite ocasiona poluição do ar. O processamento do níquel gera resíduos tóxicos, que devem ser descartados em estruturas especiais no oceano ou no subsolo. Os especialistas dizem que recorrer a métodos mais sustentáveis para processar minérios para baterias aumenta os custos.

Hoje, os EUA têm pouca capacidade de processamento. Uma refinaria normalmente leva de dois a cinco anos para ser construída. Treinar profissionais e adequar os equipamentos pode levar mais tempo. A primeira refinaria de lítio da Austrália, que tem participações chinesas, foi aprovada em 2016, mas só conseguiu produzir materiais com lítio para baterias no ano passado.

 

Peças

A China produz a maioria das peças presentes numa bateria.

O país tornou-se tornou o maior produtor de baterias em parte por descobrir como fabricar peças de forma eficiente e a um custo menor.

A peça mais importante é o cátodo, que é o polo positivo da bateria. De todos os materiais de uma bateria, os cátodos são os mais difíceis e exigem um consumo alto de energia para serem produzidos. Até sete meses atrás, o cátodo mais comum usava uma combinação de níquel, manganês e cobalto, também conhecidos como cátodos NMC. Esse preparado permite que a bateria armazene muita eletricidade num espaço pequeno, proporcionando uma autonomia maior para um carro elétrico.

A China investiu numa alternativa mais barata que já foi adotada por metade do mercado de cátodos. Conhecidos como LFP, sigla para lítio-ferro-fosfato, esses cátodos usam ferro e fosfato, amplamente disponíveis, em vez de níquel, manganês e cobalto.

Para os países ocidentais, o LFP é uma oportunidade para contornar os gargalos no fornecimento de minérios. Mas a China produz quase todos os LFPs do mundo.

Atualmente, os EUA produzem apenas cerca de 1% dos cátodos do mundo, todos eles sendo do tipo NMC. As empresas americanas estão interessadas no LFP, porém precisam unir forças com as chinesas que têm experiência na produção deles.

 

Montagem

A China também fabrica a maior parte das baterias e dos carros.

O país tem o maior número de veículos elétricos em circulação e praticamente todos eles usam baterias produzidas na China. Em 2015, Pequim aprovou políticas para impedir rivais estrangeiros e aumentar a demanda por parte dos consumidores. Os fabricantes chineses de baterias, como a CATL e a BYD, cresceram em detrimento de seus concorrentes japoneses e sul-coreanos e se tornaram os maiores do mundo.

Oito anos depois, o governo Biden está adotando agora uma estratégia semelhante para promover o desenvolvimento de baterias nos EUA.

Mas em uma indústria com despesas enormes e margens de lucros pequenas, as empresas chinesas têm uma grande vantagem depois de anos de financiamento estatal e de experiência.

A montagem da bateria é complexa e técnica. Para montar uma, os materiais do cátodo e do ânodo são presos a chapas metálicas finas, cada uma delas tem aproximadamente um quinto da espessura de um fio de cabelo humano. Elas depois são empilhadas com separadores, umedecidos com eletrólitos e enrolados. O processo todo precisa acontecer em ambientes que minimizem as partículas no ar e a umidade.

A China pode construir fábricas de baterias pagando quase metade do preço em países da América do Norte ou da Europa, de acordo com Heiner Heimes, professor da Universidade RWTH Aachen, na Alemanha. As principais razões: as despesas com mão de obra são menores e há mais fabricantes de equipamentos na China.

Os investidores americanos continuam receosos em investir nos veículos elétricos. Os carros convencionais ainda são lucrativos, os trabalhadores americanos precisam ser treinados para desempenhar novas habilidades e os incentivos do governo dos EUA para ajudar a indústria de veículos elétricos podem desaparecer com o próximo presidente./Tradução de Romina Cácia

 

 

por Agnes Chang e Keith Bradsher / ESTADÃO

CHINA - A possibilidade de o vírus causador da covid-19 ter vazado de um laboratório não deve ser descartada, afirmou à BBC News um ex-cientista que trabalhou no governo chinês.

Como chefe do Centro de Controle de Doenças (CDC) da China, o professor George Gao desempenhou um papel fundamental na resposta à pandemia e nos esforços para rastrear as origens do problema.

O governo da China rejeita qualquer sugestão de que a doença possa ter se originado em um laboratório na cidade de Wuhan.

Mas o professor Gao não descarta essa possibilidade. Em uma entrevista para o podcast Fever: The Hunt for Covid's Origin ("Febre: a Busca pela Origem da Covid", em tradução livre), da BBC Radio 4, o professor Gao disse: "Você sempre pode suspeitar de qualquer coisa. Isso é ciência. Não descarte nada."

Referência mundial em virologia e imunologia, o professor Gao é agora vice-presidente da Fundação Nacional de Ciências Naturais da China, depois de se aposentar do CDC no ano passado.

Em um possível sinal de que o governo chinês pode ter levado a teoria do vazamento de laboratório mais a sério do que as declarações oficiais sugerem, Gao também afirmou à BBC que algum tipo de investigação formal no Instituto de Virologia de Wuhan (IVW) foi realizada.

"O governo organizou algo", afirma o cientista, que acrescenta não estar envolvido nesse projeto.

A reportagem da BBC News pediu que ele esclarecesse se isso significava que outro ramo do governo realizou uma busca formal no IVW — um dos principais laboratórios nacionais da China, conhecido como referência em estudos sobre os coronavírus.

"Sim", ele respondeu. "Aquele laboratório foi verificado duas vezes pelos especialistas da área."

Esse é o primeiro reconhecimento de que algum tipo de investigação oficial ocorreu e, embora o professor Gao diga que não viu o resultado, ele afirma ter ouvido que o laboratório recebeu um atestado sanitário.

"Acho que a conclusão é que eles estão seguindo todos os protocolos. Eles não encontraram [nenhuma] irregularidade."

 

As origens na natureza

É quase consenso que o vírus causador da covid-19 se originou nos morcegos.

Mas como ele passou desses animais para os humanos ainda é uma questão muito controversa — e, desde o início, há duas possibilidades principais.

Uma delas é que o vírus se espalhou naturalmente de morcegos para humanos, talvez por meio de outros animais intermediários. Muitos cientistas dizem que o peso das evidências sugere que esse é o cenário mais provável.

Mas outros pesquisadores dizem que não há elementos suficientes para descartar a principal possibilidade alternativa — a de que o vírus infectou alguém envolvido em uma pesquisa projetada para entender melhor a ameaça de patógenos emergentes da natureza.

Essas duas opções agora se encontram no centro de um impasse geopolítico, uma massa de teorias da conspiração e um dos debates científicos mais politizados e tóxicos de nosso tempo.

O novo podcast da BBC tenta esclarecer essa questão difícil, mas de vital importância, por meio de entrevistas com alguns dos principais cientistas de todos os lados do debate — bem como reportagens em locais importantes para essa história, das ruas de Wuhan ao interior de um laboratório de alta segurança nos Estados Unidos.

Em janeiro de 2020, o cientista Wang Linfa estava visitando o Instituto de Virologia de Wuhan, onde é professor honorário, no momento em que o surto de coronavírus começou.

Ele disse à BBC que uma colega do IVW estava preocupada com a possibilidade de um vazamento no laboratório, mas ela conseguiu manejar esse risco.

Wang é professor de doenças infecciosas emergentes na Duke-NUS Medical School, em Singapura, e colabora regularmente com a professora Shi Zhengli, que estuda o mesmo assunto no IVW.

Amigos de longa data, ambos estão entre os maiores especialistas do mundo em coronavírus de morcego — e até ganharam os apelidos de Batman e Batwoman.

Segundo o relato de Wang, Shi disse a ele que "perdeu o sono por um dia ou dois" porque se preocupava com a possibilidade de existir "uma amostra em seu laboratório que ela não conhecia, mas com um vírus, que contaminou algo e saiu".

Wang acrescenta ter ouvido que Shi verificou as amostras e identificou que não continham evidências do vírus que causa a covid ou de qualquer outro patógeno parecido o suficiente para causar um surto.

Ele também diz que há "chance zero" de que a professora Shi ou qualquer pessoa da equipe dela esteja escondendo o fato de ter encontrado evidências de um vazamento no laboratório porque eles estavam se comportando como se nada tivesse acontecido, incluindo sair para jantar e planejar uma sessão de karaokê.

Os relatórios de inteligência dos Estados Unidos, que foram tornados públicos recentemente, sugerem que vários pesquisadores do IVW ficaram doentes no outono de 2019 com sintomas "consistentes com a covid-19 e outras doenças sazonais comuns".

Mas o professor Wang diz à BBC que sugeriu à professora Shi coletar amostras de sangue da equipe para ver se eles tinham anticorpos contra a covid em janeiro de 2020.

Ele diz que Shi seguiu o conselho e todos os testes deram negativo — um sinal de que a equipe não estava infectada com o coronavírus à época.

O professor Wang faz parte de um grupo de cientistas que acredita nas evidências de que o vírus passou para humanos em um mercado de Wuhan.

O Mercado de Frutos do Mar de Huanan — que vendia muito mais do que o nome sugere, incluindo mamíferos selvagens — está relacionado a muitos dos primeiros casos, que afetaram pessoas que trabalhavam ou faziam compras lá.

Embora a China tenha mostrado uma falta de transparência, esses cientistas dizem que agora há informações suficientes, como os dados sobre os primeiros casos e a amostragem ambiental naquele mercado, para descartar a hipótese de vazamento do laboratório.

Na verdade, tais afirmações existem desde o início, principalmente em um artigo publicado em março de 2020 que se tornou uma das publicações científicas mais lidas e controversas da era da Internet.

Intitulada The Proximal Origin of Sars-Cov-2 ("A Origem Proximal do Sars-Cov-2", em tradução livre), foi escrita por alguns dos cientistas mais eminentes no campo da virologia e concluiu: "Não acreditamos que qualquer tipo de cenário baseado em vazamento de laboratório seja plausível."

O texto ajudou a reforçar a ideia — que rapidamente se tornou predominante em grande parte da cobertura da mídia — de que o vazamento do laboratório era uma teoria da conspiração.

Mas um dos autores do artigo disse ao podcast que agora tem dúvidas sobre a força dessa conclusão anterior.

Ian Lipkin, professor de epidemiologia na Universidade de Columbia, nos EUA, tem uma longa experiência no rastreamento de doenças em todo o mundo, inclusive na China, onde estabeleceu fortes contatos.

Ele também foi o consultor científico do filme Contágio, um blockbuster de Hollywood.

O professor Lipkin agora considera que descartar qualquer cenário baseado em vazamento de laboratório no artigo foi algo muito forte.

Embora ele continue a acreditar que o mercado segue como a explicação mais plausível para a origem da covid e não acredite que o vírus foi deliberadamente projetado, ele não sente que todos os cenários possam ser excluídos.

E ele oferece uma teoria própria, apontando para outro laboratório de Wuhan —administrado pelo Centro de Controle de Doenças da cidade — localizado a apenas algumas centenas de metros do Mercado de Frutos do Mar de Huanan.

Sabia-se que o local estava envolvido na coleta de milhares de amostras de sangue e fezes de morcegos selvagens, um tipo de pesquisa que às vezes era feita sem o uso de equipamento de proteção adequado, segundo reportagens da imprensa chinesa — o que representa um claro risco de infecção.

“As pessoas que trabalham lá podem ter sido infectadas enquanto estavam em uma caverna coletando morcegos”, sugere o professor Lipkin, acrescentando que não conhecia o trabalho deste laboratório quando coescreveu aquele artigo em março de 2020.

Para Lipkin, uma análise mais aprofundada que aponta para o Mercado de Frutos do Mar de Huanan como a origem do vírus — incluindo pesquisas recentes focadas em evidências da presença de cães-guaxinim no mercado — não resolve a questão da origem da pandemia.

O vírus, segundo ele, pode “ter se originado fora do mercado e se amplificado ali”.

 

Controvérsias e repercussões

Superficialmente, os comentários do professor Gao sobre não descartar um vazamento de laboratório parecem seriamente em desacordo com a posição oficial da China.

"O chamado 'vazamento de laboratório' é uma mentira criada pelas forças anti-China. Ela tem motivação política e não possui base científica", diz um comunicado fornecido pela embaixada chinesa no Reino Unido.

Na propaganda, o governo chinês tem promovido uma estranha e infundada terceira teoria própria.

O vírus, diz a comunicação oficial do país, não veio do laboratório ou do mercado, mas pode ter sido trazido em embalagens de alimentos congelados.

A China diz que exclui tanto as hipóteses do laboratório quanto do mercado — e os comentários do professor Gao podem ser vistos simplesmente como a versão mais científica dessa posição, porque ele não descarta nenhuma das duas hipóteses. Afinal, ambas são baseadas na ideia da falta de evidências.

"Realmente não sabemos de onde veio o vírus... A questão ainda está aberta", afirma o professor Gao à BBC.

Alguns cientistas contestam — às vezes, com amargor — se a questão da origem da covid realmente ainda está em aberto.

Mas, pelo menos fora da China, há um amplo consenso sobre uma coisa: o país asiático não fez o suficiente para procurar evidências ou compartilhá-las com a comunidade internacional.

Embora possa parecer uma pergunta simples, ela é bastante complexa: de onde veio a covid?

Para cada vida perdida, para todos os que sofreram, e para aqueles que continuam a sofrer, essa resposta é muito importante.

 

 

História por John Sudworth e Simon Maybin - Da BBC News

PEQUIM - O ministro do Comércio da China, Wang Wentao, pediu ao Japão que interrompa os controles de exportação de semicondutores, chamando a restrição de "infração" que "viola gravemente" as regras econômicas e comerciais internacionais, de acordo com um comunicado de seu ministério publicado na segunda-feira.

A mais recente condenação da China às restrições à exportação foi feita durante as conversas de Wang com o ministro do Comércio do Japão, Yasutoshi Nishimura, em 26 de maio, na conferência de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Detroit.

O Japão, juntamente com a Holanda, concordou em janeiro em igualar os controles de exportação dos Estados Unidos que limitarão a venda de algumas ferramentas de fabricação de chips para a China e impôs restrições à exportação de 23 tipos de equipamentos de fabricação de semicondutores para seu vizinho.

O Japão não destacou a China em suas declarações sobre os controles de exportação, dizendo apenas que está cumprindo seu dever de contribuir para a paz e a estabilidade internacionais.

No comunicado, o Ministério do Comércio chinês também disse, no entanto, que a China "está disposta a trabalhar com o Japão para promover a cooperação prática nas principais áreas econômicas e comerciais".

Na sexta-feira, Nishimura se reuniu com a secretária de Comércio norte-americana, Gina Raimondo, e concordaram em aprofundar a cooperação na pesquisa e desenvolvimento de chips e tecnologias avançadas, como computação quântica e inteligência artificial.

Wang também se encontrou com Raimondo e a representante comercial do país, Katherine Tai, durante a cúpula, criticando as políticas econômicas e comerciais norte-americanas em relação à China, incluindo a Estrutura Econômica Indo-Pacífica que exclui a China e visa fornecer uma alternativa centrada à influência norte-americana.

Os Estados Unidos, o Japão e outros membros do Grupo dos Sete (G7) concordaram este mês em "reduzir o risco", mas não se separar da China, reduzindo sua exposição à segunda maior economia do mundo em tudo, de chips a minerais.

 

 

Por Joe Cash e Bernard Orr

DETROIT - Os Estados Unidos "não irão tolerar" a proibição da China sobre compras de chips da Micron Technology e estão trabalhando em colaboração com aliados para lidar com o que classificam como "coerção econômica", disse a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, no sábado.

Raimondo disse em coletiva de imprensa após uma reunião de ministros de comércio no âmbito da chamada Estrutura Econômica Indo-Pacífico, cúpula chefiada pelos EUA, que os Estados Unidos "se opõem firmemente" às ações da China contra a Micron.

Eles "visam uma única empresa dos EUA sem qualquer base factual. Vemos isso como uma coerção econômica pura e simples e não iremos tolerar isso, nem pensamos que a medida será bem sucedida."

O órgão regulador do ciberespaço da China disse no último dia 21 de maio que a Micron, maior fabricante de chips de memória dos EUA, havia falhado em sua revisão de segurança de rede e que isso impediria que operadores de infraestrutura comprassem da empresa, levando-a a prever redução de receitas.

A medida ocorreu um dia depois de os líderes das democracias do G7 concordarem com novas iniciativas para pressionar contra a coerção econômica da China --uma decisão observada por Raimondo.

 

 

Por David Lawder / REUTERS

PEQUIM – A China está se preparando para enfrentar uma nova onda de casos de Covid-19 que, segundo o pneumologista e epidemiologista Zhong Nanshan, deve atingir seu pico no final de junho.  

Considerado o maior especialista chinês em doenças respiratórias, Nanshan declarou que o número de contágios pode chegar a 65 milhões por semana.  

No entanto, o chinês diz que um pequeno pico de infecções já está previsto para acontecer no final de maio, com cerca de 40 milhões de casos por semana.  

Em sua participação em um fórum científico em Guangzhou, o epidemiologista confirmou que novas vacinas para combater a variante XBB estarão disponíveis em breve.  

“No desenvolvimento de vacinas mais eficazes, estamos à frente de outros países”, disse Nanshan.  

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, a taxa de disseminação da XBB aumentou de 0,2% do total de casos em fevereiro para 74,4% no final de abril e depois para 83,6% no início de maio. (ANSA).  

 

 

ISTOÉ

CHINA - O presidente da China, Xi Jinping, estimulou nesta sexta-feira (19) os países vizinhos da Ásia Central a "aproveitar plenamente" o potencial de colaboração econômica com Pequim, durante uma reunião de cúpula com chefes de Estado da região vital para os interesses chineses.

Xi recebeu os líderes do Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão para um encontro de cúpula na cidade de Xi'an, norte de China, um evento que Pequim chamou de "marco".

De acordo com os dados de Pequim, o comércio com os países da Ásia Central alcançou 70 bilhões de dólares (347 bilhões de reais) em 2022 e registrou aumento de 22% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado.

A região é fundamental para a chamada Nova Rota da Seda, um ambicioso projeto chinês de infraestruturas para Ásia e Europa.

Neste sentido, Xi declarou aos homólogos que os cinco países da Ásia Central devem "aproveitar plenamente o potencial da cooperação tradicional na economia, comércio, capacidade industrial, energia e transporte".

Também destacou a necessidade de desenvolver "novos vetores de crescimento" e citou "finanças, agricultura, redução da pobreza, descarbonização, saúde e a inovação digital".

A Nova Rota da Seda, também conhecida como Iniciativa do Cinturão e Rota, é um projeto geopolítico vital para a política externa de Xi Jinping.

Pequim expressou a vontade de fortalecer a cooperação com os países da Ásia Central e preencher o espaço deixado pela Rússia nas ex-repúblicas soviéticas devido à guerra da Ucrânia.

Xi enfatizou que a China e os países da Ásia Central devem "tomar a dianteira" no megaprojeto de infraestruturas e "aprofundar a confiança mútua".

Pequim ampliará as conexões de transporte com a região, anunciou o chefe de Estado chinês, e pretende acelerar a expansão de um gasoduto da Ásia Central até a China.

Xi prometeu ainda 26 bilhões de yuanes (3,7 bilhões de dólares, R$ 18,3 bilhões) em "apoio financeiro" à região.

"A China está tentando convencer os países da Ásia Central que um novo mundo multipolar está emergindo", declarou à AFP Niva Yau, do centro de estudos Atlantic Council's Global China Hub. A analista destacou que há "unidade" entre os países da região sobre a estratégia de manter "relações fortes" com Pequim.

O discurso de Xi também abordou a cooperação na área de segurança contra o que Pequim chama de "três males" da região: o separatismo, o terrorismo e o extremismo.

"Os seis países deveriam opor-se com firmeza às interferências externas em questões internas e às tentativas de instigar 'revoluções coloridas'", afirmou Xi, em uma referência às revoltas das últimas décadas em alguns países da ex-União Soviética, como Ucrânia e Geórgia, que segundo Moscou foram estimuladas pelo Ocidente.

 

- Influência crescente -

A invasão russa da Ucrânia permitiu à China ganhar espaço na Ásia Central, aproveitando o fato de que muitos países na região repensaram sua relação com a Rússia e agora buscam apoio econômico, diplomático e estratégico de outras potências.

"O envolvimento militar russo na Ucrânia levou à imposição de sanções ocidentais, o que enfraqueceu o poder da Rússia e provocou um declínio relativo em sua influência na Ásia Central", declarou à AFP Lu Gang, diretor do Centro de Estudos da Ásia Central da 'East China Normal University'.

"O resultado é que os países da Ásia Central estão enfatizando a cooperação econômica e o apoio político da China", acrescentou Lu.

No atual contexto, Xi Jinping se posiciona "como um líder que pode promover a paz e o desenvolvimento global", destaca Zhiqun Zhu, professor de Relações Internacionais da Universidade Bucknell, nos Estados Unidos.

A reunião em Xi'an coincide com o encontro de cúpula do G7 em Hiroshima, que, entre outros temas em sua agenda, analisa medidas para "evitar a crescente influência da China no mundo", afirma Zhu.

 

 

AFP

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