SÃO CARLOS/SP - Na manhã desta quinta-feira, 19, Dom Paulo Cezar Costa, Bispo da Diocese de São Carlos, determinou que os padres rezem sozinhos as missas, sem a presença dos fiéis. A determinação tem como objetivo assegurar a vida dos fiéis e do clero. “A Igreja deve viver as alegrias e as esperanças, mas, também, as tristezas e as angústias de seu povo. Que neste tempo, a Missa não seja com o Povo, mas para o Povo, para o seu sofrimento” – afirmou o Bispo.
Além das determinações, recomendações também foram publicadas: dentre elas, o pedido de que os fiéis evitem se confessar e que, sendo possível, batizados e casamentos sejam adiados.
As paróquias também devem aproveitar as redes sociais para oferecer conteúdo religioso.
A Diocese informou que novas determinações sobre a Semana Santa devem ser publicadas na próxima semana
Confira aqui a íntegra da nota:
São Carlos, 19 de março 2020.
Aos Revmos. Srs. Padres e Diáconos,
Aos Religiosos (as), Consagrados (as),
Seminaristas, Leigos e Leigas
“Como um menino a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei” (Is 66, 13).
A preocupação pastoral de que “não se perca nenhum daqueles que o Senhor me confiou” (Jo 17,12) me fez escrever notas deliberativas tendo como objetivo prevenir a disseminação da COVID-19. Tendo em vista a confirmação de um caso no território de nossa Diocese de São Carlos, neste tempo, faz-se necessário antecipar novas orientações.
Não podemos ter medo ou pânico, mas se podemos tomar medidas restritivas que irão colaborar com a sociedade civil, neste momento, nós queremos fazê-las. Inspirados no exemplo de São José, homem prudente e justo, que assume o projeto de Deus, peçamos ao Senhor a graça de “dar um sentido evangélico” neste tempo de provação, vivendo “este momento difícil com a força da fé, a certeza da esperança e o fervor da caridade” (Papa Francisco em Ângelus de 08/03/2020).
Para tanto, determino que:
1. Para evitar a propagação do vírus, tendo em vista a saúde daqueles pertencentes ao grupo de risco e dos demais que podem ser agentes transmissores, dispenso os fiéis da obrigação de estarem presentes fisicamente nas Missas (cf. CIC, Cân. 87). Neste tempo a Missa não seja com o Povo, mas para o Povo – observando que dispensados de estarem na Missa possam participar através dos meios de Comunicação Social;
2. Para evitar a propagação do vírus e garantindo que os padres pertencentes ao grupo de risco e os demais padres que estão fora deste grupo, mas são possíveis transmissores, se sintam assegurados em sua saúde, determino que os horários de Missas sejam mantidos, mas realizadas sem a presença do povo, e transmitidas pelos meios de comunicação social. Rezando pelo Povo, oferecendo as angústias e tristezas do Povo, bem como de seus familiares e amigos (Cf. CIC 904);
3. Para que os fiéis encontrem refúgio espiritual no templo, determino que as igrejas fiquem abertas para que possam realizar suas orações pessoais – observando que, haja ministros à disposição caso o fiel sinta a necessidade de receber a Sagrada Comunhão;
4. Para que os fiéis vivenciem a experiência de conversão, peço que neste tempo de reclusão se viva mais intensamente a família, como Igreja doméstica. Que mediante a pandemia do coronavírus, evitem o sacramento da confissão, mas, se o fiel sentir uma real necessidade que possa recorrer à Igreja. Neste caso, pede-se que o padre observe a adequada higienização e distância de segurança preventiva;
5. Para que se evite a circulação de pessoas, determino que os padres tenham uma conversa sincera e franca com as famílias que se preparam para batizar seus filhos, bem como com aqueles que pedem o sacramento do Matrimônio. Avalie-se a possibilidade de adiamento destes sacramentos;
6. Para que os enfermos e as famílias de luto não fiquem sem assistência da Igreja, determino que a unção dos enfermos e a celebração de exéquias sejam realizadas com o máximo cuidado, observando as regras de higienização e atendendo as solicitações dos hospitais, no caso dos enfermos internados;
7. Para que façamos a experiência dos primeiros cristãos, peço que as paróquias sejam criativas para oferecerem conteúdos religiosos através dos meios de comunicação social como: oração do Santo Terço, meditação da Palavra, Círculo Bíblico on line, Catequese, entre outros. É tempo de se redescobrir os valores familiares e valorizar a Igreja doméstica, por isso desejo que as famílias orem juntas e meditem a Palavra de Deus, em comunhão com suas paróquias;
8. Novas determinações serão deliberadas acerca da Semana Santa 2020.
Convido nossos Católicos a viverem esta crise como um momento de crescimento e fortalecimento na fé, pois Cristo Morto e Ressuscitado é o fundamento de nossa esperança. Inspirados pela Campanha da Fraternidade 2020, que nos convida a experiência evangélica do “viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34), não percamos de vista a importância do cuidado de si, mas sobretudo, do cuidado com aqueles que são os mais frágeis de nossa sociedade. Precisamos uns dos outros, na conscientização, na responsabilidade e na oração. Façamos deste tempo um momento de conversão e amadurecimento de nossa santidade pessoal e comunitária.
Rogo a Deus, por intercessão de São José, para que estejamos amparados e assistidos neste momento de crise.
Dom Paulo Cezar Costa
Bispo Diocesano de São Carlos