SÃO CARLOS/SP - O grito de guerra começou a ser entoado assim que as equipes desceram do ônibus. A expressão de alívio e o gostinho de vitória eram evidentes. Os atletas de luta olímpica das equipes masculina e feminina de São José dos Campos chegaram no alojamento com dois troféus de ouro, na tarde do domingo (18). Conforme entravam, outros atletas que já estavam no local uniram suas vozes para bradar repetidas vezes a expressão: “É, São José!”, que representa a alegria pela missão cumprida após tanto tempo de dedicação e esforço.
Segundo o assessor de imprensa da delegação, Thiago Fadini, todas as equipes que chegam com troféu são recebidas da mesma maneira. O grito de guerra é uma tradição da delegação. “O alojamento vira uma festa”, comentou. Os troféus das equipes masculina e feminina foram colocados em uma mesa onde já haviam outros sete. Mais tarde, a decoração se completou com o troféu de vice-campeão do Judô feminino, o que fez a cidade encerrar o domingo em 1º lugar na tabela de pontuação geral dos Jogos Abertos do Interior.
O atleta João Victor Silva foi quem chegou com os troféus nas mãos. Embora o cansaço estivesse presente, ele não escondia a alegria pelas conquistas. “A disputa final foi bastante importante para nós, nosso time veio quase completo, viemos fortes para este ano e conseguimos repetir nosso rendimento, ganhando o masculino e o feminino”, celebrou.
A expectativa por saber o resultado da prova foi seguida de outra: a de partilhar o sabor da vitória. “Ao mesmo tempo que voltamos bastante fatigados por causa da competição, da luta que nos exigiu bastante, voltamos ansiosos para mostrar para o pessoal nossos resultados. Estamos representando a cidade, então voltamos muito felizes para mostrar para eles, assim como ficamos felizes ao ver nossos companheiros dos esportes”, disse.
Laís Nunes é uma das responsáveis pelo troféu de ouro na Luta Olímpica. Atleta da Seleção Brasileira há 10 anos, Laís é tetracampeã Panamericana, tricampeã Sulamericana e ocupa o 3º lugar no ranking mundial da modalidade. Segundo ela, o trabalho para todos esses resultados é bastante árduo.
“São muitas competições no ano, então, precisamos treinar duro, planificando cada competição de acordo com o resultado que pretendemos atingir. Faço dois treinos por dia, de segunda a sábado, com duração de três a quatro horas cada. Então é bem puxado”, explicou.
Para Laís, além do momento de festa na volta para o alojamento, a estadia também é bem proveitosa. “É sempre bom poder interagir com outras modalidades competindo e defendendo a mesma cidade, fica um clima muito bacana. Aqui conhecemos pessoas novas ou reencontramos amigos antigos, então é bem legal”, falou.
NO ALOJAMENTO – Quem imagina que os momentos anteriores ou posteriores às provas são de descanso está enganado. A movimentação no alojamento é constante. Silêncio?! Só entre 22h30 e 7h30, horário estabelecido pelas normas. Também pudera, São José dos Campos é a cidade que tem o maior número de integrantes das 217 inscritas nos 82º Jogos Abertos do Interior de São Carlos.
O grupo tem ao todo 598 pessoas entre atletas, técnicos, dirigentes e equipe de apoio. Para acomodar esse contingente foram reservados dois espaços públicos, um ao lado do outro no bairro do Jóquei Clube: a CEMEI Ida Vinciguerra e a EMEB Dalila Galli.
Claro que eles não ficam alojados todos ao mesmo tempo, as equipes vão chegando e se despedindo a cada dia. Mas só para se ter uma ideia, a cada refeição no local são consumidos 15 quilos de arroz, 20 de feijão e cerca de 80 quilos de carne. Por dia, eles consomem, juntos, 230 quilos de alimentos. Sem contar o leite, o cafezinho, as frutas, o bolinho do café da tarde e o suco.
“Na última sexta-feira, que estava um dia muito quente, chegamos a fazer 300 litros de suco”, contou Thaís Fiori, nutricionista da delegação. E embora tudo seja devidamente balanceado, as cozinheiras sempre preparam uma ‘surpresinha’ para eles. “Nós fazemos um agrado porque os atletas passam muito tempo fora de casa, então, fazemos bolo ou misto quente, ou um doce, sempre procurando despertar o lado afetivo, até para amenizar a ansiedade e a pressão”, relatou Thaís, que acompanha as cinco refeições servidas diariamente para eles: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite.
O sabor das refeições pode ser imaginado pelos comentários dos atletas. “ A alimentação é excelente, a gente fica esperando a hora da janta, a hora do almoço para comer, porque a comida aqui é muito boa”, contou a campeã de Luta Olímpica.
A opinião é compartilhada por muitos deles: “Eu gosto bastante da salada, tem um arroz e feijão muito bom também. Tem bolo com café da tarde, esse é o momento que mais lembramos de casa e dá saudade, mas faz parte do desafio, é tudo muito bom”, relatou Lucas Guilherme de Oliveira Santos, que integra a equipe de Basquete.
LAZER – E já que ninguém é de ferro, a delegação preparou muitas atividades de lazer para os atletas no próprio alojamento. Mesa de sinuca, pebolim e tênis de mesa, baralho e televisão estão à disposição de quem se interessar.
Diego Moreira Santos Souza, atleta do Futsal, estava na fila de espera para jogar sinuca. Não que seja sua atividade preferida, ele prefere o videogame, jogado nos quartos por muitos dos meninos. Mas o espírito é a união da equipe. “Estou tentando aprender alguma coisa de sinuca para poder ficar perto dos companheiros. É bacana porque o time todo está reunido, o grupo está bem fechado, tudo o que fazemos, fazemos juntos. Aliás, esse é até um conselho do coordenador técnico para que o grupo continue unido, então é muito bom”, arrematou o atleta.