SÃO CARLOS/SP - Era só a equipe de São Bernardo do Campo entrar em cena, que o Ginásio da Escola Educativa, em São Carlos, silenciava. Todos queriam ver a desenvoltura dos atletas que completam o time ao lado do campeão mundial, panamericano e medalhista olímpico Diego Hypólito. Os cinco atletas já estavam no terceiro aparelho, o último da disputa desta quinta-feira (22), quando o silêncio foi rompido: o atleta Jered Azzarini sofreu uma queda durante a prova de barra fixa. O susto foi geral. No entanto, minutos depois, o atleta voltou para concluir sua apresentação. E apesar dos incidentes, a cidade levou o troféu de ouro nos 82º Jogos Abertos do Interior.
“Nós sabíamos que minha nota ia fazer diferença para a equipe e era preciso terminar a série, então, é preciso levantar a cabeça nessa hora. Eu subi por toda minha equipe, para que pudéssemos estar juntos novamente no ano que vem, inclusive com o meu técnico, com quem gosto muito de treinar. E foi com o apoio de todos eles que consegui concluir a prova”, celebrou o atleta, que pretender buscar uma vaga na seleção brasileira novamente.
O fisioterapeuta da equipe, Álvaro Margutti, acompanhava tudo de perto: “A princípio nós procuramos observar como o atleta caiu para compreender o mecanismo da lesão. O primeiro intuito é verificar o bem-estar do atleta e então tentamos estabilizar o problema, e no atendimento avaliar se ele tem condição de voltar para a competição. O Jered teve uma entorse leve de cotovelo, então pôde seguir adiante”, explicou.
O técnico da equipe, Ricardo Yokoyama, lembrou que quedas acontecem na ginástica: “Apesar de o público ficar um pouco assustado, isso é comum, o atleta erra e cai. Mas quem não está acostumado, se impressiona. Quando isso ocorre, antes de tudo verifico se o atleta está bem e depois oriento sobre o que ele deve fazer: seguir com a série ou tentar repetir o que fez. Hoje, decidimos seguir adiante”, afirmou. Jered deixou as quadras com o braço esquerdo imobilizado. “Estabilizei o cotovelo, fiz um trabalho com gelo para reduzir a dor e o edema, e depois do gelo faremos os testes para saber o que realmente aconteceu”, relatou o fisioterapeuta.
O atleta de 21 anos, que deixou o público sem ar, foi ouro na prova de argolas e bronze no cavalo com alças, ambas realizadas na quarta-feira (21). Nesta quinta, o ginasta foi ouro nas paralelas simétricas, prata no salto sobre a mesa e prata na classificação individual geral. O ouro desta última foi para Yannick Hamada Santos, também de São Bernardo. A cidade ainda levou o bronze.
“Estou feliz de ter conseguido competir bem, ter feito bem as minhas séries e, claro, de ganhar. Não tenho treinado o quanto eu gostaria, estou com uma lesão de ombro, mas fiz o que tinha que ser feito e estou feliz por causa disso”, falou Yannick, que treina mais de 30 horas por semana: “Todo o esforço, todo o trabalho duro valeu à pena. Mesmo que não tivesse ganhado, só de ter conseguido competir bem já significaria muito para mim”, completou.
O campeão mundial Diego Hypólito concorda: “O importante daqui não é a medalha final, mas sim estar com a galera. O mais relevante não é o ouro, nem a prata, nem o bronze. É a simbologia de saber que somos campeões para a vida. Estou bem contente, a apresentação foi legal. E o que queríamos mesmo era representar bem o clube, porque São Bernardo é muito importante para mim”, declarou.
PRATA – O segundo lugar da prova em equipe na 82ª edição dos Jogos Abertos ficou com a cidade de Franca, seguida por Sorocaba, com o bronze. “Os meninos foram muito bem hoje, eles se apresentaram com o coração mesmo. Fizeram tudo o que tínhamos planejado. Viemos com uma meta não só de medalha, mas de atingir uma pontuação para fazer uma análise e ver se a equipe teve um bom rendimento este ano, se melhorou. E os meninos vieram e superaram a expectativa, então, estou muito feliz de ver a garra com que fizeram o que tinham que fazer”, falou José Milton Moreira, técnico de Franca.
FEMININO – São Bernardo do Campo também levou o ouro na classificação geral individual e em equipe no feminino. A cidade se apresentou na quarta-feira (21), com a equipe principal, composta por atletas de 12 a 17 anos, que treinam de segunda a sábado, de quatro a sete horas por dia.
“É sempre muito bom ouvir o nome das nossas atletas, da nossa cidade. Essas meninas se apresentam desde 2010, foram subindo um degrau de cada vez, então é realmente muito gratificante quando conseguimos o resultado pelo qual trabalhamos”, falou a técnica da equipe feminina, Cintia Duran Nagata, que desenvolve o trabalho ao lado do treinador Felipe Rodrigues Nayme.
Para eles, representar São Bernardo do Campo nos Jogos Abertos do Interior é muito importante. “Nós damos muito valor a essa competição porque sabemos o quanto a cidade se dedica para manter nossa ginástica, manter o padrão que hoje é muito bom, tanto em relação aos equipamentos e ao local de treino, quanto em relação à equipe multidisciplinar”, observou Cintia.
A técnica estava realmente bastante feliz. “É muito bom poder mostrar que todo o investimento, todo o trabalho, todo o esforço está valendo a pena. E elas estão conseguindo absorver o que queremos transmitir e representar nossa cidade de forma vitoriosa”, finalizou.