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Pesquisa da UFSCar compara qualidade de vida de homens que passaram por prostatectomia no Brasil e Espanha

Escrito por  Mar 06, 2020
Estudo de doutorado levantou informações junto a 160 pacientes espanhóis e 165 brasileiros

 

SÃO CARLOS/SP - Uma pesquisa de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGEnf) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) teve como principal objetivo comparar a qualidade de vida (QV) relacionada à saúde de homens brasileiros e espanhóis submetidos à prostatectomia radical. O estudo foi desenvolvido por Cassia Regina Gontijo Gomes, sob orientação de Anamaria Alves Napoleão, docente do Departamento de Enfermagem (DEnf) da UFSCar, e Pilar Mosteiro, da Universidade de Oviedo na Espanha.
A prostatectomia radical é uma cirurgia comum no Brasil e considerada padrão ouro para o tratamento de câncer localizado na próstata. De acordo com Napoleão, o câncer de próstata é um dos mais prevalentes na população masculina e estudos sobre qualidade de vida depois de diferentes tipos de tratamento podem levar a melhores escolhas e cuidados após os procedimentos. "Além disso, outra vantagem da atual pesquisa está no conhecimento acerca de aspectos socioculturais que podem interferir na qualidade de vida de homens submetidos à prostatectomia radical", aponta a docente.
De acordo com a professora da UFSCar, a cirurgia tem um impacto positivo importante pois trata o câncer com altas chances de sucesso. No entanto, ela indica que alguns sintomas e sinais podem persistir, como incontinência urinária e disfunção sexual. "Esses sinais tendem a melhorar com o tempo, mas, pelo impacto psicossocial que causam, os profissionais da Saúde precisam estar atentos aos pacientes no sentido de promover uma melhor qualidade de vida", afirma Napoleão.
Para realizar a pesquisa, Gomes levantou informações junto a 160 pacientes espanhóis e 165 brasileiros. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com instrumentos de avaliação da qualidade de vida. Na comparação proposta, nos domínios Psicológico e de Relações Sociais, as médias brasileiras foram superiores às espanholas. No domínio Meio Ambiente, que envolve segurança e transporte, por exemplo, a pontuação foi superior na Espanha.
"Essa diferença no Meio Ambiente não está relacionada ao câncer de próstata e seu tratamento, mas refere-se às diferenças sociais entre Espanha e Brasil", considera a professora, que acrescenta: "É importante que o Brasil desenvolva políticas de intervenção, como favorecimento de ambientes mais saudáveis e seguros para o convívio social, investimento na redução dos fatores que causam morbidade psicológica, melhorias nos meios de transporte, dentre outros, a fim de melhorar a percepção da QV dos brasileiros".
Em linhas gerais, a pesquisa indicou que, na Espanha, os aspectos que mais contribuíram para uma melhor avaliação da qualidade de vida foram recursos financeiros, acesso a informações e oportunidades de atividades livres. No Brasil, os fatores que mais favoreceram uma melhor percepção de QV por parte dos participantes foram ausência de sentimentos frequentes de mau humor, ansiedade e depressão. Para Napoleão, "esses resultados servem de subsídio e incentivo para que setores governamentais, espanhóis e brasileiros, desenvolvam ações que promovam melhorias da QV das duas populações. Também acreditamos que o engajamento e participação da sociedade civil no processo de formulação, implementação, controle e avaliação de políticas públicas propiciarão uma melhor percepção de qualidade de vida nos prostatectomizados dos dois países, assim como da sociedade em geral", conclui.
A tese de doutorado foi defendida no final de 2019 na Universidade de Oviedo, com parte da banca participando, ao vivo, do Brasil. Essa foi a primeira tese realizada em cotutela com dupla titulação no PPGEnf, por meio de parceria entre a UFSCar e a instituição espanhola, firmada por acordo acadêmico institucional que permite ao estudante obter título de doutor nas duas universidades, sob orientação de docentes de ambas as instituições. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAEs: 85902718.9.0000.5504 e 85902718.9.3002.5121).
Última modificação em Terça, 21 Abril 2020 14:27
Henrique

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