Jornalista/Radialista
SÃO CARLOS/SP - O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 34 anos neste 13 de julho. Regulamentado em 1990, mesmo ano de criação do ECA, o Sistema Único de Saúde (SUS) é indispensável no alcance dos direitos que envolvem a saúde e bem-estar integral de crianças e adolescentes brasileiros. Compromisso que se manifesta através dos serviços prestados nos hospitais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Para além dos sintomas físicos, um olhar humanizado
O Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar/Ebserh) através do Ambulatório AdoleSer realizada trabalhos exemplares com equipe de médicos, enfermeiros e terapeutas ocupacionais. “A gente olha para esses pacientes de forma integral, não resumindo à questão física, mas precisamos entender também todo o contexto social e trabalhar com a família e com os responsáveis que estão com esses adolescentes”, comenta a pediatra Mariana Bueno, coordenadora do Ambulatório.
Em um primeiro momento, os profissionais do AdoleSer realizam uma conversa com o adolescente e, separadamente, com seus responsáveis, para compreender o contexto que o afeta. “Então, traçamos planos de ajuda. Isso é feito a partir de uma reunião pós-atendimento onde é discutido um plano terapêutico”, explica Mariana.
A proposta geralmente é fruto de um diálogo com órgãos e instituições que o adolescente frequenta. Em seguida, são feitos acompanhamentos do paciente, que pode retornar ao ambulatório de acordo com a necessidade. “Acredito que o HU-UFSCar como hospital dentro do SUS, tem o papel de garantir esse cuidado. E quando a gente amplia o olhar através do ambulatório a gente consegue garantir um cuidado que vai além da saúde física, levando em consideração a saúde global”, conclui Mariana.
Combate à violência, um compromisso de saúde pública
Por meio do Centro de Referência ao Atendimento Infantojuvenil (Crai), o Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg/Ebserh), no Rio Grande do Sul, faz valer as diretrizes do ECA no atendimento a crianças e adolescentes vítimas ou que presenciaram episódios de violência. Segundo o Atlas da Violência 2024, que destaca a violência doméstica e sexual como algumas das principais preocupações, 2 em cada 3 casos de violência doméstica são com pessoas de 0 a 14 anos. Além disso, violência psicológica, negligência e abandono são outros fatores que põem em risco a vida desta população.
Em situações traumáticas de violência, é importante que a criança ou adolescente encontre apoio em espaços seguros, que não lhe exponham à revitimização, como alerta Tânia Fonseca, ginecologista e coordenadora do Crai do HU-Furg. “O Crai é um dispositivo que compõe uma rede de proteção, integrando ações da saúde e da segurança pública em um mesmo espaço, fornecendo acompanhamento total, que inclui: registro da ocorrência policial, preparação para perícia médica, notificação ao Conselho Tutelar, avaliação clínica e encaminhamento para tratamento terapêutico na Rede de Saúde do município de origem da vítima”.
Em 16 meses de funcionamento, o Crai do HU-Furg já realizou mais de 200 atendimentos pela equipe multiprofissional. Também integram o Centro agentes de delegacias especializadas, perícia médico legal e profissionais do Instituto Geral de Perícias.
O cuidado nos detalhes
Na Unidade de Atenção à Saúde da Criança do Hospital Universitário de Lagarto, da Universidade Federal de Sergipe (HUL-UFS/Ebserh), a atuação multiprofissional busca atender às necessidades das crianças de forma humanizada e individual. “Tratamos cada criança respeitando suas particularidades, medos e necessidades específicas. Isso inclui ouvir a criança e envolvê-la, quando possível, nas decisões sobre seu tratamento”, enfatiza Mayara Tarso, chefe da Unidade.
O hospital é o único da região a possuir Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) para tratamentos vasculares em crianças, além de ser um dos únicos da rede pública a ter Cânula Nasal de Alto Fluxo (CNAF), "dispositivo que evitou muitas intubações no período de sazonalidade", conta Mayara.
A disponibilidade de diversas especialidades pediátricas no mesmo local facilita o diagnóstico e tratamento de condições complexas. Mayara também destaca a implementação e eficácia de atendimentos por teleconsulta, com acesso ao prontuário do paciente via Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU) com toda a segurança de dados.
Atendimentos psicológicos, atividades lúdicas e educativas também são dinâmicas adotadas como caminhos que visam atender as diretrizes do SUS e do ECA. “Levamos em consideração o atendimento integral e humanizado, participação da família, suporte psicossocial, acesso universal e igualitário. Tanto o ECA, como o SUS reconhecem a relevância dessas iniciativas", finalizou.
SÃO PAULO/SP - Quatro anos após os devastadores incêndios que incineraram cerca de 30% do Pantanal brasileiro, o fogo volta a ameaçar as espécies animais que vivem na região, considerada um santuário da biodiversidade e um patrimônio natural da humanidade. Enquanto brigadistas, bombeiros, militares e voluntários tentam apagar as chamas as chamas, biólogos, veterinários e outros profissionais se dedicam a minimizar o sofrimento animal.
"O fogo é um fator estressante para a biodiversidade. Devemos ter muito cuidado, pois é difícil prever por quanto tempo mais toda essa abundância em termos de fauna e flora resistirá até começarmos a perder irremediavelmente espécies para esses incêndios intensos, que têm queimado repetidas vezes as mesmas áreas", disse à Agência Brasil o biólogo Wener Hugo Arruda Moreno, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), organização não governamental (ONG) que desde 2002 atua na conservação e preservação do Pantanal.
O instituto é uma das organizações da sociedade civil que integram o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), junto a representantes de órgãos, entidades e instituições sul-mato-grossenses e federais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
O grupo foi instituído em abril de 2021, na esteira dos incêndios que se seguiram à grande seca de 2019 e 2020, a mais severa registrada em 50 anos. Cabe ao Gretap monitorar, avaliar, resgatar e dar assistência a animais afetados por eventuais desastres ambientais no Mato Grosso do Sul. Pela experiência de seus integrantes, em maio deste ano, parte do grupo viajou ao Rio Grande do Sul, onde participou do resgate e atendimento a animais domésticos e silvestres atingidos pelas recentes enchentes no estado.
Estudo que pesquisadores brasileiros publicaram em dezembro de 2021, no periódico Scientific Reports, estima que, em 2020, os incêndios pantaneiros mataram, diretamente, cerca de 17 milhões de animais vertebrados.
A mortalidade foi maior entre as pequenas serpentes (os especialistas estimam que 9,4 milhões delas morreram) e pequenos roedores (3,3 milhões). Aproximadamente 1,5 milhão de aves morreram queimadas, intoxicadas ou, posteriormente, de fome. As chamas ou suas consequências também tiraram a vida de 458 mil primatas, 237 mil jacarés e 220 mil tamanduás.
Ainda é cedo para dizer se a tragédia se repetirá este ano, em dimensões semelhantes. Contudo, autoridades já reconhecem que o número de focos de incêndio registrados no bioma ao longo do primeiro semestre deste ano é o maior para o período dos últimos 26 anos, superando inclusive o resultado de 2020.
Além disso, de acordo com a rede Mapbiomas, em junho deste ano foi registrada a maior média de área queimada para o mesmo mês desde 2012. A marca superou a média histórica de setembro, mês em que os focos de calor tendem a intensificar, dada a persistência do clima seco.
"Aqui, em Mato Grosso do Sul, nosso trabalho se intensificou muito nos últimos tempos, principalmente no último mês", afirmou Moreno.
"Estamos frequentemente indo às áreas pantaneiras atingidas pelos incêndios. Verificamos o ambiente, e vemos se os animais estão retornam às áreas debilitados, ou se as espécies que lá permanecem têm refúgios para obter os recursos necessários à sobrevivência. Temos observado muitas carcaças de répteis, pequenos roedores e anfíbios, mas ainda estamos começando o processo de contagem", disse Moreno. Ele destacou a velocidade com que o fogo tem se espalhado pela vegetação, que nesta época do ano costuma estar bastante seca.
"O Pantanal não é para amadores. É preciso conhecer bem a área, saber como se formam os corredores de propagação do fogo. O fogo é assustador. A velocidade com que ele avança e o tamanho da área atingida são impressionantes. Combater às chamas e proteger a fauna é um trabalho difícil."
Segundo Moreno, antes de ir a campo, os agentes precisam fazer um diagnóstico preliminar da área, usando drones e ferramentas de geoprocessamento.
"Temos que esperar entre 48 horas e 72 horas a partir do fim das chamas para podermos deslocar uma equipe para determinado lugar, sob risco de deixar as pessoas em perigo", acrescentou Moreno, destacando os riscos da atividade.
"Daí a sensação de alívio que sinto quando localizamos um animal que, apesar de tudo, não precisa de resgate, que basta o monitorarmos e, se preciso, suplementar a alimentação até que a vegetação se recomponha."
No fim do mês passado, o fotógrafo da Agência Brasil, Marcelo Camargo, passou dias acompanhando brigadistas combatendo as chamas. Camargo testemunhou e registrou o sofrimento animal e a devastação da vegetação pantaneira. Na manhã do dia 30, enquanto se deslocavam, de helicóptero, para uma área de difícil acesso, as equipes avistaram um tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, pousado na copa de uma grande árvore, em meio a uma área ainda fumegante. Olhando mais atentamente, perceberam que o animal parecia estar protegendo seus ovos, em um ninho construído entre os galhos mais altos.
"Seria o primeiro dia de atuação da equipe de brigadistas quilombolas da comunidade Kalunga, de Cavalcante [GO], na região. Estávamos a caminho de uma área de mata fechada com um grande número de focos de incêndio, a cerca de 50 quilômetros de Corumbá [MS]. Durante o percurso, o piloto do helicóptero avistou o tuiuiú e identificou o ninho, no alto da árvore, com ao menos três ovos dentro. Ainda havia um foco de incêndio ao redor da árvore, que estava expelindo fumaça. Os pilotos sobrevoaram o local para marcar as coordenadas [de geolocalização], para que os brigadistas tentassem acessar o local em outro momento. Eu então consegui registrar minhas primeiras imagens", contou Camargo ao retornar a Brasília.
"Seguimos para nosso destino, a partir de onde os brigadistas tiveram que abrir caminho em meio à mata fechada. Foram cerca de duas horas só para conseguirmos chegar ao foco do incêndio. E após muitas horas, no horário combinado para o helicóptero nos resgatar, não tínhamos conseguido chegar nem perto do local onde avistamos o tuiuiú. Durante o voo de volta a Corumbá, eu ainda fiz mais umas fotos. Havia ao menos um pássaro, aparentemente guardando o ninho. Outras pessoas, em outras aeronaves, disseram ter visto dois pássaros adultos, um casal, mas isso eu não presenciei. Na manhã seguinte, o piloto do primeiro helicóptero que passou pelo local já não encontrou a árvore de pé. Mais tarde, quando consegui lugar em uma aeronave, consegui identificar parte da árvore caída no chão e o ninho, aparentemente queimado, próximo", relatou o fotógrafo da Agência Brasil.
Uma família de bugios teve um pouco mais de sorte. Ou muito mais sorte, considerando que, apesar de expulsos de seu bando e com dificuldades para encontrar alimentos, não sofreram qualquer ferimento e estão recebendo ajuda dos membros do Gretap, conforme contou o biólogo do Instituto do Homem Pantaneiro.
"Recebemos o chamado de uma senhora, ribeirinha, que achava que a fêmea tinha sofrido queimaduras e precisava de cuidados. Ao chegarmos à área, na região de Baía do Castelo, na margem direita do Rio Paraguai, a cerca de duas horas de viagem de barco a partir de Corumbá, encontramos um bando de bugios e macacos-da-noite. Só na segunda tentativa localizamos, isolada, a fêmea que procurávamos. Ela não tinha queimaduras. Era seu filhote, recém-nascido, bastante magro e debilitado, que estava se segurando nela. Além da fêmea com seu filhote, havia um macho. Provavelmente, os três foram expulsos de seu grupo devido à escassez de recursos. Nestes casos, nossa estratégia é monitorar os animais. Administramos um pouco de frutas, um aporte nutricional básico, e instalamos câmeras na área para podermos observar se o bando vai aceitar os alimentos", concluiu Wener Hugo Arruda Moreno.
Coordenadora operacional do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), a bióloga e veterinária Paula Helena Santa Rita reforça que as consequências de mais uma temporada de fogo sem controle estão sendo "devastadoras" para os animais.
"Para a fauna, as consequências são as piores possíveis. Vão da morte direta de animais, por incineração e inalação de fumaça e fuligem, a mortes posteriores, por falta de alimentos e outras questões, podendo, inclusive, no limite, interferir na questão da reprodução das espécies, caso haja a perda de um número significativo de indivíduos", explicou Paula.
"Alguns fatores, como a própria ação humana, se somaram e tivemos a antecipação [ocorrência] do fogo. Nós [do Gretap] estamos monitorando a situação, principalmente em locais por onde o fogo já passou, e fazendo o aporte nutricional básico quando necessário. Também deslocamos alguns animais que encontramos próximos a áreas de fogo", concluiu a coordenadora do Gretap.
Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
PORTO ALEGRE/RS - Os Correios doaram 21,5 mil livros para o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Rio Grande do Sul, depois da situação de calamidade pública devido às chuvas volumosas que atingiram o estado, em maio deste ano.
As obras doadas pela empresa pública são de diversas áreas do conhecimento, como administração, biografias, espiritualidade, filosofia, história, literatura, matemática, psicologia e sociologia.
O primeiro lote de livros foi entregue na terça-feira (9), ao Instituto Cervantes de Porto Alegre (RS), organização sem fins lucrativos vinculada ao governo da Espanha. A instituição de ensino fará a triagem e a distribuição do material a 44 bibliotecas de escolas públicas afetadas pelas cheias.
Os títulos pertenciam ao acervo das bibliotecas dos Correios nos Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além da região metropolitana de São Paulo e estavam armazenados no campus da Universidade Corporativa dos Correios, em Brasília.
Recomposição de acervo
Outra ação promovida para recomposição do acervo de 138 bibliotecas escolares destruídas pelas enchentes, nos municípios gaúchos, é a campanha Mochila Cheia, coordenada pela Secretaria da Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul.
A lista completa dos livros aceitos para doação está disponível no site da Seduc.
Em Porto Alegre, o ponto de coleta da campanha é a Escola Estadual Maria Thereza da Silveira, que funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. No interior do estado, as doações são organizadas pelas respectivas coordenadorias Regionais de Educação.
Distribuição de kits escolares
A Campanha Mochila Cheia também entregou, na quinta-feira (11), os primeiros kits escolares para crianças e jovens atingidos pelas enchentes, montados a partir das doações de pessoas físicas e jurídicas, como entidades, associações e instituições da sociedade civil.
Os primeiros beneficiados foram os estudantes abrigados no Centro Esportivo Sesi Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre.
A meta da Secretaria da Educação estadual é reunir mais de 100 mil kits escolares completos para garantir que os estudantes possam acompanhar as aulas em boas condições.
Até o momento foram doados cerca de 217 mil itens – incluindo mochilas, cadernos, lápis de cor, canetas hidrocor, apontadores, giz de cera, canetas, estojos, lápis preto, lapiseiras, caixas de grafite, borrachas, calculadoras, réguas e garrafas squeezes.
As equipes da secretaria selecionam e organizam os donativos, conforme a idade e a série escolar dos beneficiários.
Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil
BRASÍLIA/DF - A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, disse na sexta-feira (12) que a vacina Spin-TEC, a primeira 100% brasileira para a covid-19, já está em fase avançada de desenvolvimento. Segundo o Ministério, a última fase de produção do imunizante, de testes clínicos, deve começar ainda este ano.
“O CNVacinas tem uma importância estratégica para o país porque aqui tratamos de pesquisa e desenvolvimento de vacinas, novos fármacos e insumos. A UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais] e o CNVacinas já estão numa fase mais avançada da vacina contra a covid-19. E há pesquisas sendo realizadas para dengue, leishmaniose e malária. Que são desafios brasileiros para responder às demandas das doenças locais”, destacou a ministra, em visita às obras do CNVacinas, em Belo Horizonte (MG).
O Centro Nacional de Vacinas será o primeiro complexo nacional usado para pesquisas e fabricação de insumos farmacêuticos, sendo capaz de executar todas as etapas para o desenvolvimento de vacinas. As obras devem ser finalizadas em 2026.
A ministra destacou os editais que serão lançados pelo Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia (FNDCT) junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) que podem contribuir para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação local.
“Nós estamos fazendo os últimos editais dos recursos do Fundo deste ano que serão de R$ 12,8 bilhões, uma conquista deste novo ciclo da retomada da ciência no país feita pelo presidente Lula de recompor integralmente o FNDCT, e Minas Gerais está dentro desses editais que fomentam as políticas públicas da ciência no país”, avaliou.
POR AGÊNCIA BRASIL
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