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RIO DE JANEIRO/RJ - O ator Flávio Migliaccio morreu aos 85 anos no Rio de Janeiro. Ele foi encontrado morto em seu sítio em Rio Bonito, nesta segunda, 4, de acordo com o colunista Ancelmo Gois. A Rede Globo confirmou a informação. A causa da morte ainda não foi divulgada.

O último trabalho de Migliaccio na TV foi o personagem Mamede, na novela Órfãos da terra.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

A saudade já bate forte por aqui. Aos familiares e amigos do ator Flávio Migliaccio, nossos sentimentos. ?? - ?: @paulobelote

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Em 2017, o ator falou ao Estado sobre a estreia do espetáculo Confissões De Um Senhor De Idade. Personagem de seu texto, Flávio era visitado por Deus, que propõe um pacto: se ajudá-lo a desvendar um estranho acontecimento no céu, receberá a vida eterna como recompensa. No plano da realidade, Flávio não ambicionava essa dádiva. “Não desejo a vida eterna. Se ocorrer, nada contra”, brinca. “Mas se for com esses políticos que estão hoje por aqui, prefiro não”, declarou. Assumidamente ateu, Flávio escolheu Deus para contracenar. “Num dado momento do texto, Deus indaga: ‘como vou estabelecer um pacto com alguém que não acredita em mim?’ Entretanto, ele propõe e eu aceito.”

Nesse projeto repleto de questões pessoais, Flávio decidiu acumular funções – de ator, diretor, dramaturgo, cenógrafo e figurinista (essa última, em parceria com Paixão). “Não consigo distribuir. Não que os outros não tenham capacidade. Mas é que quero saber de tudo”, garante. Esse comprometimento com as diversas etapas do processo talvez esteja ligado às circunstâncias da vida de Flávio, que precisou transitar por diferentes profissões para sobreviver – ocupações relacionadas ou não à atividade artística. “Fiz claque para Dulcina e Odilon. Ria e aplaudia os dois”, lembrou, referindo-se a Dulcina de Moraes e Odilon Azevedo. “E fiz o mesmo para Ronald Golias.”

O espírito empreendedor remete ainda ao início de sua carreira, no Teatro de Arena, companhia de perfil politicamente engajado, que marcou oposição ao padrão europeu de encenação do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) por meio da valorização de montagens destituídas de produções luxuosas, concebidas a partir de proximidade geográfica com o espectador (determinada pela disposição da arena) e centradas em uma dramaturgia nacional voltada para o cotidiano dos menos abastados.

 

*Por: ESTADÃO

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