SÃO PAULO/SP - As aventuras do cachorro medroso Scooby-Doo e sua turma acompanharam a infância de muitos, que devem ter ficado animados quando souberam da produção deste longa-metragem estrelado pelo personagem. A alegria, porém, não dura muito. Ao tentar modernizar a trama com computação gráfica para as novas gerações, “Scooby! O Filme” entrega um resultado genérico, incapaz de alimentar a nostalgia pelo material original.
Escrito a oito mãos, o roteiro acompanha Salsicha durante sua infância, quando ele era um garoto solitário, com dificuldade de fazer amigos. Isso se resolve a partir do primeiro encontro com o personagem-título. Ainda na infância, a dupla conhece o restante do grupo e solucionam o seu primeiro caso “sobrenatural”.
E é justamente quando o filme parece trilhar um caminho conhecido que os roteiristas resolvem inovar, abandonando a fórmula que funcionava perfeitamente. Após as cenas de “origem”, o filme dá um salto temporal e se coloca como uma espécie de continuação do desenho, em que o grupo – já adulto – é reconhecido pelas suas investigações bem-sucedidas e se prepara para alçar novos voos.
O desenho sempre contou com a sua parcela de participações bizarras (como Batman, Sherlock Holmes e a Família Dó Ré Mi). Entretanto, estes encontros se encaixam bem no tom impresso às pequenas aventuras televisivas. Já em “Scooby!”, os encontros com outros personagens clássicos da Hanna-Barbera (Falcão Azul, Bionicão, Capitão Caverna, Dick Vigarista) prejudicam a narrativa em vez de auxiliá-la.
O diretor Tony Cervone (“Tom e Jerry: De Volta à Oz”) tenta utilizar metalinguagem e diversas sequências de ação como forma de disfarçar a superficialidade da trama. Nesse caldeirão de alusões, o terror dá lugar à ficção científica, a tensão dá lugar à ação, e o vilão mascarado dá lugar a monstros gigantes e de outros mundos. Ou seja, deixa de ser o Scooby-Doo que gerações se acostumaram a ver.
Em meio a tantas mudanças, as principais atrações do filme são mesmo o visual computadorizado e a dublagem em inglês, incluindo nomes como Will Forte (como Salsicha), Zac Efron (Fred), Amanda Seyfried (Daphne), Gina Rodriguez (Velma), além de Jason Isaacs e Mark Wahlberg, que dão voz a personagens de outros desenhos conhecidos.
Vale lembrar, porém, que o elenco também era a principal atração daquelas péssimas adaptações em live-action lançadas no início dos anos 2000. E essa é a principal comparação que se pode fazer entre “Scooby! O Filme” e qualquer outra coisa relacionada a Scooby-Doo, o que dá a medida do tamanho da decepção.
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