Jornalista/Radialista
SÃO PAULO/SP - As doenças neurodegenerativas que causam demência aumentam os riscos de gravidade e morte por covid-19. No caso de pacientes com doença de Alzheimer, esses riscos são três vezes maiores e podem ser aumentados em seis vezes se tiverem mais de 80 anos.
As constatações foram feitas por meio de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Butantan, em parceria com colegas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Os resultados do estudo, apoiado pela Fapesp, foram descritos em artigo publicado nesta quarta-feira, 21, na revista Alzheimer’s&Dementia: The Journal of the Alzheimer's Association.
“Verificamos que todas as causas de demência são fatores de risco de aumento da gravidade e de morte por covid-19 e que, em pacientes com doença de Alzheimer, esses riscos são mais acentuados”, diz à Agência Fapesp Sérgio Verjovski, professor do Instituto de Química da USP e coordenador do projeto.
A demência já tinha sido identificada como um fator de risco para covid-19 junto com outras comorbidades, como doenças cardiovasculares e respiratórias, hipertensão, diabetes, obesidade e câncer. Um dos motivos é própria a idade: pacientes com demência, em média, são mais velhos e grande parte vive sob cuidados de outras pessoas em casa ou lares de idosos, o que aumenta o risco de infecção e transmissão do vírus.
No entanto, ainda não tinha sido avaliado se pacientes com doenças neurodegenerativas que causam a demência - como a doença de Alzheimer e de Parkinson - são mais infectados, têm maior risco de desenvolver formas graves e morrer em decorrência da covid-19, e se a idade avançada acentua esses perigos.
A fim de esclarecer essas dúvidas, os pesquisadores investigaram o número de diagnósticos positivos, hospitalizações e mortes por covid-19 em uma coorte de 12.863 pacientes acima de 65 anos com dados de teste positivo ou negativo para o coronavírus, cadastrados entre março e agosto de 2020 no UK Biobank - banco de dados clínicos de cerca de 500 mil pacientes acompanhados desde 2006 pelo sistema público de saúde do Reino Unido.
Desse total de pacientes, 1.167 foram diagnosticados com covid-19. Para considerar a idade como um fator de risco, eles foram estratificados em três faixas etárias: de 66 a 74, 75 a 79 e 80 anos ou mais.
“Algumas vantagens de usar os dados clínicos desse banco é que são detalhados, ou seja, registram todas as doenças preexistentes e indicam os pacientes testados positivo ou negativo, hospitalizados e os que vieram a óbito em decorrência da COVID-19. Isso permite avaliar os fatores de risco associados à infecção, gravidade e morte pela doença, incluindo todas as causas de demência, particularmente as doenças de Alzheimer e de Parkinson”, explica Verjovski.
Os resultados das análises estatísticas indicaram que todas as causas de demência - e, particularmente, a doença de Alzheimer - foram fatores de risco para gravidade e morte de pacientes hospitalizados, independentemente da idade.
A doença de Alzheimer, especificamente, não aumentou o risco de hospitalização na comparação com as comorbidades crônicas. Entretanto, uma vez internados, os pacientes com a doença apresentaram risco três vezes maior de desenvolver quadro grave ou morrer em decorrência da covid-19 em comparação com pacientes que não tinham a doença neurodegenerativa. No caso de pacientes acometidos pela doença e com idade acima de 80 anos, esses riscos foram seis vezes maiores em comparação com pacientes menos idosos, constataram os pesquisadores.
“Há algum fator, ainda não identificado, que aumenta a predisposição de pacientes nessa condição a evoluir para um quadro mais grave e falecer em decorrência da covid-19”, avalia Verjovski.
“Os resultados do nosso trabalho indicam que é necessário dar uma atenção especial a esses pacientes ao serem internados”, afirma.
Uma das explicações para os desfechos observados é que condições inflamatórias crônicas ou respostas imunológicas defeituosas, causadas pelo envelhecimento do sistema imunológico (imunossenescência), podem aumentar a vulnerabilidade e reduzir a capacidade desses pacientes de montar respostas eficazes à infecção.
Outra hipótese é a alteração da permeabilidade da barreira hematoencefálica, causada pela doença de Alzheimer, que pode possibilitar o aumento da infecção no sistema nervoso central
Estudos recentes mostraram que o SARS-CoV-2 é capaz de invadir o sistema nervoso central por meio da mucosa olfatória e que a presença do vírus nessa região resulta em uma resposta imune e inflamatória local.
Outros estudos relataram a presença do novo coronavírus no tronco cerebral, que compreende o sistema cardiovascular primário e o centro do controle respiratório, levantando a possibilidade de que a infecção do sistema nervoso central pode mediar ou agravar problemas respiratórios e cardiovasculares em pacientes com covid-19.
“Pretendemos fazer, agora, análises do genoma desses pacientes, também disponibilizados no UK Biobank, para identificar quais genes estão mutados e que podem estar implicados no aumento do risco de pessoas com doença de Alzheimer evoluírem para quadros graves e morrerem por covid-19”, afirma Verjovski.
O artigo Dementia is an age-independent risk factor for severity and death in COVID-19 in patients (DOI: 0.1002/alz.12352), de Ana C. Tahira, Sergio Verjovski-Almeida e Sergio T. Ferreira, pode ser lido na revista Alzheimer’s&Dementia.
*Por: Elton Alisson / ESTADÃO
RIO DE JANEIRO/RJ - São chamadas espécies endêmicas aqueles animais ou plantas que só podem ser encontrados em uma determinada região geográfica. O mico-leão-dourado é um deles. Nativa da Mata Atlântica e encontrados em sua maioria no Rio de Janeiro, o primata de pelagem reluzente corre sérios riscos de ser afetado pelas mudanças climáticas — e ele não será o único.
Estudo internacional liderado por brasileiras mostra que mico-leão-dourado está entre os animais mais suscetíveis às mudanças climáticas.
De acordo com um estudo publicado no começo do mês na revista “Biological Conservation“, o aquecimento global pode exterminar diversas espécies endêmicas de plantas e animais ao redor de todo o globo terrestre.
O mico-leão-dourado, por exemplo, perderia 70% de seu habitat até 2080, segundo a publicação. As tartarugas marinhas que embelezam as águas de parte da América do Sul e Central também estão na lista de possíveis vítimas do aumento de temperatura da Terra.
– 10 espécies animais que correm risco de extinção por conta das mudanças climáticas
A pesquisa foi liderada por duas cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Stella Manes e Mariana Vale. Ladeadas por uma equipe internacional, elas analisaram 300 localidades em terra e no mar que possuem a ocorrência de espécies específicas.
O resultado mostrou que animais endêmicos têm até 2,7 vezes mais chances de sumirem do mapa do que outras. Se a temperatura do planeta continuar a subir, eles estarão extremamente suscetíveis à extinção.
Se a temperatura do planeta não parar de subir, animais e plantas endêmicos serão mais afetados.
Se a temperatura global continuar a subir, cerca de 92% das espécies endêmicas em terra e cerca de 95% das espécies endêmicas que vivem no mar serão extintas. Os valores representam 84% da biodiversidade endêmica de montanhas e 100% dos animais e plantas endêmicos de ilhas e arquipélagos.
– Cientistas divulgam lista de animais menos conhecidos ameaçados de extinção
Apesar do prognóstico assustador, cientistas alertas que é possível reverter esse quadro antes que seja tarde. Para isso, cabe às nações do mundo seguirem as condições do Acordo de Paris, firmado em 2016 e que propunha a redução da emissão de gases estufa a partir de 2020.
“As mudanças climáticas ameaçam áreas transbordantes de espécies que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do mundo. O risco de que tais espécies se percam para sempre aumenta mais de dez vezes se falharmos os objetivos do Acordo de Paris”, alerta Stella.
*Por: Redação Hypeness
INGLATERRA - Jovens voluntários saudáveis serão deliberadamente expostos uma segunda vez ao coronavírus como parte de um estudo britânico para determinar como o sistema imunológico de uma pessoa que se recuperou da covod-19 reage, anunciou a Universidade de Oxford na última segunda-feira (19).
O estudo, que deve começar este mês, vai expor novamente pessoas com entre 18 e 30 anos que foram infectadas naturalmente com o coronavírus.
Ele usará a cepa original que apareceu na China no final de 2019, mas também está sendo considerada a possibilidade de incluir uma das novas variantes.
O objetivo é determinar qual dose do vírus é necessária para reinfectar uma pessoa e ver como o sistema imunológico responde.
Esses estudos nos quais os pacientes se expõem voluntariamente a um vírus “nos ensinam coisas que outros não podem, porque são rigidamente controlados”, explicou a professora de vacinologia Helen McShane, que está liderando a pesquisa.
“Quando infectarmos esses participantes novamente, saberemos exatamente como seu sistema imunológico reagiu à primeira infecção por covid, exatamente quando a segunda infecção ocorreu e exatamente quanto vírus eles receberam”, explicou.
De acordo com a professora de Oxford, “as informações obtidas neste trabalho ajudarão a desenhar melhores vacinas e tratamentos, mas também a entender se as pessoas estão protegidas após a covid e por quanto tempo”.
Na primeira fase do estudo, participarão 64 voluntários.
A saúde desses voluntários – que receberão cerca de 5 mil libras; quase 7 mil dólares – será monitorada cuidadosamente por uma equipe de pesquisadores. Será administrado um tratamento à base de anticorpos monoclonais, desenvolvidos pelo laboratório norte-americano Regeneron, caso desenvolvam sintomas.
Após serem expostos ao vírus, serão colocados em quarentena por 17 dias e tratados em um hospital até que não representem mais risco de contágio para terceiros.
O estudo terá duração de 12 meses e incluirá oito consultas de acompanhamento após a alta hospitalar.
Os programas de exposição voluntária a vírus têm desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de tratamentos para doenças como malária, tuberculose, febre tifoide, cólera e gripe.
*AFP
INDONÉSIA - Equipes de busca na Indonésia que procuram um submarino desaparecido com 53 pessoas a bordo encontraram um vazamento de óleo na quarta-feira perto do local onde a embarcação submergiu, disseram autoridades.
O submarino de 44 anos KRI Nanggala-402 estava conduzindo um treinamento nas águas ao norte da ilha de Bali, mas falhou em retransmitir os resultados como esperado, disse um porta-voz da Marinha.
Uma busca aérea encontrou um vazamento de óleo perto do local de imersão do submarino e dois navios da marinha com capacidade de sonar foram enviados para ajudar na busca, disse o Ministério da Defesa.
Um comunicado do ministério disse que pedidos de assistência foram enviados e que Austrália, Cingapura e Índia responderam.
"Ainda estamos procurando nas águas de Bali, a 96 quilômetros de Bali, por 53 pessoas", disse o chefe militar Hadi Tjahjanto à Reuters em mensagem de texto.
Representantes dos departamentos de defesa da Austrália e Cingapura não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
"É possível que durante o mergulho estático tenha ocorrido um blecaute, o controle foi perdido e os procedimentos de emergência não puderam ser realizados e a embarcação caiu a uma profundidade de 600-700 metros", disse a Marinha da Indonésia em um comunicado.
O submarino foi construído para sustentar a pressão a uma profundidade máxima de cerca de 250 metros, disse um oficial.
O vazamento de óleo encontrado na superfície também pode significar que houve danos ao tanque de combustível ou também pode ser um sinal da tripulação, disse a Marinha.
O analista militar Soleman Ponto disse que era muito cedo para determinar o destino do submarino.
"Não sabemos ainda se os equipamentos de comunicação quebraram ou se o submarino afundou. Temos que esperar pelo menos três dias", disse.
O chefe da Marinha da Indonésia, Yudo Margono, afirmou hoje (22) que o submarino desaparecido ao largo de Bali, com 53 tripulantes a bordo, tem capacidade para 72 horas de oxigênio.
Em entrevista coletiva, Margono disse que as equipes de buscas encontraram uma fonte de grande magnetismo a uma profundidade entre 50 e 100 metros, que pode dar pistas sobre a localização do submarino.
O KRI Nanggala-402 de 1.395 toneladas foi construído na Alemanha em 1977, de acordo com o Ministério da Defesa, e juntou-se à frota indonésia em 1981. Ele passou por uma reforma de dois anos na Coreia do Sul que foi concluída em 2012.
(Com reportagem adicional de Stanley Widianto)
*Por Reuters
Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.