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SÃO CARLOS/SP - Responsável por milhares de mortes no Brasil e no mundo, a pandemia de coronavírus tem provocado discussões sobre alternativas para aumentar o isolamento social e reduzir a transmissão do vírus, que se espalha facilmente pelo ar.

Prédios fechados – bancos, supermercados, farmácias, lojas, órgãos públicos e outros – com sistemas de ar-condicionado ou climatizadores geram ainda mais debates e promovem ações de conscientização e propostas de leis que obriguem a manutenção regular destes equipamentos.

Em São Carlos, depois da aprovação pela Câmara Municipal no dia 9 de junho do projeto de lei que exige o Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC) dos sistemas de climatização de edifícios públicos e de uso coletivo, o vereador Roselei Françoso (MDB), autor da proposta, recebeu os parabéns por meio de uma carta da Associação Brasileira de Ar Condicionado, Refrigeração, Ventilação e Aquecimento (ABRAVA).

Para o parlamentar, muitas pessoas ainda têm dúvidas se o ar condicionado artificialmente ajuda ou prejudica na transmissão da Covid-19 e outras doenças. “Fizemos um levantamento com especialistas e nos baseamos na lei federal de 2018 para criar a legislação municipal”, explica.

De acordo com a carta da ABRAVA, o projeto de lei, uma vez regulamentado e sancionado pela Prefeitura, “salvaguardou a saúde e o conforto da população”. A correta manutenção e assepsia destes sistemas “tornam a qualidade do ar interno saudável, mais puro que o ar externo”.

A entidade esclareceu sobre o uso correto do ar-condicionado, uma vez que o vírus se propaga por meio de gotículas no ar. “Ambientes sem climatização, sem ventilação, ou mesmo sem manutenção adequada são insalubres e improdutivos”, destaca a entidade.

Algumas medidas preventivas contribuem para o funcionamento correto dos equipamentos, entre elas está a renovação de ar. Nem todos os aparelhos fazem a renovação automaticamente. Neste caso, é preciso abrir uma janela ou porta, por exemplo. Outras medidas são a filtragem, controle de temperatura e umidade e o monitoramento da qualidade do ar com níveis adequados de dióxido de carbono.

Para o proprietário de uma empresa especializada em manutenção desses equipamentos, Gianfranco Solofra, faltava em São Carlos uma lei para conscientizar sobre a importância dessa prevenção. “A maioria das pessoas não se preocupa com a manutenção”, observa. “Os aparelhos ficam sujos e embolorados prejudicando a qualidade do ar”, salienta.

Por outro lado, segundo Solofra, alguns estabelecimentos já estão efetuando o controle adequadamente, inclusive fixando um selo que garante a qualidade do ar daquele local. Solofra chama a atenção ainda para a importância de contratar empresas credenciadas, com engenheiro responsável e autorizadas pelos fabricantes dos aparelhos.

Já o engenheiro, especialista em sistemas de ar-condicionado, Celso Higashi, salienta que é fundamental conhecer minimamente os tipos de aparelho para exigir a renovação de ar do ambiente no caso de prédios públicos ou de uso coletivo. “Nos veículos existe a opção de renovar o ar com a entrada de ar externo, demora mais para cair a temperatura, mas é mais indicado”, detalha.

Segundo ele, tanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possuem normas suficientes para a adequada manutenção dos sistemas de ar-condicionado e climatizadores.

Higashi, que foi secretário de Transporte e Trânsito de São Carlos na gestão anterior, alerta para a importância dos estabelecimentos manterem portas e janelas abertas para a renovação do ar. “A recomendação com o coronavírus é manter apenas uma porta aberta do estabelecimento, mas o ideal é abrir mais. A passagem de pessoas pode ser organizada com fitas de sinalização. O ar precisa ser renovado”, esclarece.

O professor da USP especialista em ar-condicionado, Antonio Luís de Campos Mariani, em entrevista ao UOL, explica que o assunto deve ser tratado com cuidado, mas afirma que o ar-condicionado pode ser um aliado se estiver em boas condições. “Ao ventilar, movimentar e, principalmente, renovar parte do ar nos ambientes, o ar-condicionado ajuda no combate não somente ao coronavírus, mas também contra outros micro-organismos”, detalha.

“Aprovar o projeto de lei na Câmara é apenas mais uma etapa, agora vamos trabalhar a regulamentação, a sanção e a aplicação em nosso município”, frisa Roselei. Segundo ele, no entanto, oferecer instrumentos jurídicos para o Poder Executivo é um passo fundamental. “Sabemos que muitas pessoas são vítimas de doenças respiratórias e que uma boa manutenção do ar-condicionado e uso correto reduzem esses problemas”, observa.

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