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LONDRES - O maior ativo de petróleo do Cazaquistão, Tengizchevroil (TCO), está aumentando gradualmente a produção para atingir taxas normais no campo de Tengiz depois que protestos limitaram a produção no local nos últimos dias, disse a operadora Chevron neste domingo (09).

A produção em Tengiz, o maior campo de petróleo do Cazaquistão, foi reduzida nos últimos dias, quando alguns empreiteiros interromperam atividades em apoio aos protestos que ocorriam em todo o país da Ásia Central.

"A TCO está aumentando a produção de forma segura e gradual para atingir as taxas normais", disse a Chevron, maior produtora estrangeira de petróleo no Cazaquistão com uma participação de 50% na joint venture Tengizchevroil, em um comunicado.

O Cazaquistão é um grande produtor de petróleo com produção de cerca de 1,6 milhão de barris por dia (bpd) nos últimos meses e raramente viu a produção interrompida por distúrbios ou desastres naturais.

A TCO produz cerca de 700.000 bpd. Os trens, cujas atividades foram interrompidas, são usados ​​para transportar gás liquefeito de petróleo (GLP), um subproduto da extração de petróleo, disseram fontes à Reuters.

 

 

Por Ron Bousso / REUTERS

CAZAQUISTÃO - O ex-chefe da inteligência do Cazaquistão foi preso sob suspeita de traição, informou no sábado (08), a agência de segurança estatal, enquanto a ex-república soviética reprime uma onda de agitação e começa a atribuir culpa.

A detenção de Karim Massimov foi anunciada pelo Comitê de Segurança Nacional, chefiado por ele até ser demitido pelo presidente Kassym-Jomart Tokayev na quarta-feira, após protestos violentos que varrem o país da Ásia Central.

De acordo com o gabinete de Tokayev, ele teria dito por telefone ao presidente russo, Vladimir Putin, que a situação estaria se estabilizando.

"Ao mesmo tempo, persistem focos de ataques terroristas. Portanto, a luta contra o terrorismo continuará com total determinação", disse ele.

O Kremlin disse que Putin apoiou a ideia de Tokayev de convocar uma videochamada de líderes da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), sob cujo guarda-chuva a Rússia e quatro outras ex-repúblicas soviéticas enviaram tropas ao Cazaquistão para ajudar a restaurar a ordem. Não estava claro quando isso aconteceria.

Dezenas de pessoas foram mortas, milhares foram detidas e prédios públicos em todo o Cazaquistão foram incendiados na semana passada na pior violência vivida no produtor de petróleo e urânio desde que se tornou independente, no início dos anos 1990, quando a União Soviética entrou em colapso.

 

 

Por Olzhas Auyezov e Tamara Vaal - Reuters

CAZAQUISTÃO - Uma aliança militar liderada por Moscou enviou tropas nesta quinta-feira (06/01) para ajudar a conter a crescente agitação no Cazaquistão, após a polícia do país dizer que dezenas de pessoas morreram tentando invadir prédios do governo.

Vista por muito tempo como uma das mais estáveis ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, o Cazaquistão é palco de sua maior crise em décadas, após dias de protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis que se transformaram em agitação generalizada.

Sob pressão crescente, o presidente Kassym-Jomart Tokayev apelou durante a noite para a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), aliança liderada pela Rússia e que inclui cinco outras ex-repúblicas soviéticas, para combater o que chamou de "grupos terroristas" que "receberam treinamento extensivo no exterior".

Em poucas horas, a aliança disse que as primeiras tropas haviam sido enviadas, incluindo paraquedistas russos e unidades militares de outros membros da OTSC. Não foi informado o número de soldados envolvidos.

O atual presidente da aliança, o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan, anunciou anteriormente que concordaria com o pedido, dizendo que o Cazaquistão estava enfrentando "interferência externa".

 

"Dezenas de agressores eliminados"

No pior episódio de violência relatado até agora, a polícia disse que dezenas de pessoas foram mortas em confrontos entre manifestantes e forças de segurança em prédios do governo na maior cidade do país, Almaty.

"Na última madrugada, forças extremistas tentaram assaltar prédios administrativos, o departamento de polícia da cidade de Almaty, assim como comissariados da polícia local. Dezenas de agressores foram eliminados", disse o porta-voz da polícia Saltanat Azirbek, citado pelas agências de notícias Interfax-Cazaquistão, Tass e Ria Novosti.

A TV estatal afirmou que 13 membros das forças de segurança foram mortos e que os corpos de dois deles foram encontrados decapitados.

Tokayev disse em um discurso televisionado nesta quinta-feira que "terroristas" estavam invadindo edifícios, prédios de infraestrutura e combatendo as forças de segurança.

Vídeos nas redes sociais nesta quinta-feira mostraram lojas saqueadas e prédios queimados em Almaty, tiros de armas automáticas nas ruas e moradores gritando de medo.

 

Mais de mil feridos

As autoridades disseram que mais de mil pessoas ficaram feridas até o momento nos distúrbios, com quase 400 hospitalizadas e 62 em tratamento intensivo.

Protestos se espalharam pelo país de 19 milhões de habitantes nesta semana, em meio à crescente indignação com o aumento na virada do ano nos preços do gás liquefeito de petróleo (GLP), que é amplamente usado para abastecer carros no oeste do país.

Milhares foram às ruas em Almaty e na província ocidental de Mangystau, reclamando que o aumento do preço é injusto, dadas as vastas reservas do Cazaquistão, exportador de petróleo e gás.

Manifestantes teriam invadido vários prédios do governo na quarta-feira, incluindo o gabinete do prefeito de Almaty e a residência presidencial.

 

Comunicações cortadas

O quadro completo do caos é difícil de ser confirmado de forma independente, devido principalmente a interrupções generalizadas nas redes de comunicações, incluindo de telefones celulares e de internet, por horas.

Os protestos são a maior ameaça até agora ao regime estabelecido pelo presidente fundador do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, que deixou o cargo em 2019e escolheu Tokayev como seu sucessor.

Tokayev tentou evitar mais agitação anunciando a renúncia do governo chefiado pelo primeiro-ministro Askar Mamin na manhã de quarta-feira, mas os protestos continuaram.

Tokayev também anunciou que estava substituindo seu antecessor, Nazarbayev, como chefe do poderoso conselho de segurança, uma medida que surpreendeu, dada a grande influência que ainda possui o ex-presidente e sua família.

Com a escalada dos protestos, o governo disse na noite de quarta-feira que o estado de emergência declarado nas áreas afetadas seria estendido para todo o país e ficaria em vigor até 19 de janeiro. A medida inclui toque de recolher durante a noite, restringe os movimentos e proíbe as reuniões em massa.

Grande parte da revolta parece se dirigir a Nazarbayev, que tem 81 anos e governou o Cazaquistão a partir de 1989 antes de entregar o poder a Tokayev.

A UE e a ONU pediram "contenção" de todos os lados, enquanto Washington pediu às autoridades que permitissem que os manifestantes "se expressassem pacificamente".

O governo do Cazaquistão tolera pouca oposição real e repetidamente foi acusado de silenciar vozes independentes.

 

 

REUTERS / AFP

dw.com

SÃO PAULO/SP - O país mais conhecido no Ocidente como sendo a terra de Borat, o repórter ficcional criado pelo humorista britânico Sacha Baron Cohen, vive uma convulsão violenta e inédita que ameaça a estabilidade da Ásia Central e abre uma nova frente de crise para o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Na quarta (5), manifestantes atacaram prédios públicos e protestaram nas principais cidades do Cazaquistão, incluindo a maior delas, Almati, e a capital, Nursultan (antiga Astana). A residência oficial do presidente do país, Kassim-Jomar Tokaiev, foi invadida e, depois, desocupada. Relatos falam em ao menos oito mortos e centenas de feridos no país.

O país está em estado de emergência, e Tokaiev foi à TV anunciar que pediu assistência militar à Organização do Tratado de Segurança Coletiva, liderada pela Rússia. O movimento abre uma segunda frente de problema para Putin, às vésperas da negociação acerca da crise na Ucrânia, mas também a oportunidade de ampliar seu poder nas antigas periferias soviéticas se solucionar a questão rapidamente.

O governo cazaque caiu, e o premiê renunciou com seu gabinete. Tokaiev anunciou em um pronunciamento anterior que pretende "agir da forma mais dura possível" e mandou cortar a internet e a telefonia celular no país, jogando a nação num limbo virtual.

A queixa nas ruas é contra o preço dos combustíveis, mas a onda de protestos saiu de controle o famoso "não são só R$ 0,20" dos atos de julho de 2013 no Brasil. Não há notícia ainda sobre quem são suas lideranças, o que aumenta especulações conspiratórias ao gosto do cliente: seria uma ação estrangeira contra Putin ou russa para fortalecê-lo?

O governo confirmou que manifestantes, a quem obviamente já chama de terroristas, tomaram o aeroporto de Almati e cinco aviões que lá estavam estacionados, inclusive de companhias estrangeiras não identificadas. A cidade reportou ao menos 200 presos e 190 feridos.

Os atos começaram no domingo (2), na região de Mangistau, onde o GLP (gás liquefeito de petróleo) é o principal combustível de veículos. Na terça (4), eles se alastraram para a maior cidade, Almati, e por todas as áreas do país batendo em Nursultan.

O estopim foi a decisão do governo de liberar os preços do GLP no começo do ano, pegando no contrapé os motoristas que haviam convertido seus carros para rodar com o combustível devido a seu baixo custo em relação à gasolina e ao diesel.

Agora, Tokaiev disse que reverterá a medida, embora pareça tarde. Aí que o problema transborda as fronteiras do país, que com um território equivalente a um terço do brasileiro domina a Ásia Central.

A primeira mesa em que o abacaxi é depositado é a de Putin. O presidente russo, às voltas com a grave crise na qual posicionou tropas para pressionar a Otan a aceitar um acordo que impeça a adesão da Ucrânia ao clube militar ocidental, vê o aliado em apuros.

Não faltam aliados do russo a apontar uma trama do Ocidente para abrir um diversionismo no momento em que está em posição de força na Europa. Paranoia à parte, na prática é isso que Putin enfrentará, mas, se repetir o que fez recentemente, pode até auferir ganhos.

Em 2020, ele foi ao socorro do governo aliado de outra nação ex-soviética da região, o remoto Quirguistão, que enfrentou protestos. Fez o mesmo em relação à mais importante Belarus, na prática subordinando a ditadura de Aleksandr Lukachenko a seu comando político, e mediou um frágil acordo de paz que encerrou a guerra entre Armênia e Azerbaijão.

Por fim, enfrentou um governo pró-Ocidente na Moldova, onde tem interesses e tropas em um território autônomo vizinho, a Transnístria.

Olhando no mapa, todos esses são pontos de transição entre fronteiras russas e os adversários, que antes eram parte do controle de Moscou, seja sob os czares, seja sob o Partido Comunista. Isso explica a obsessão de Putin em manter a estabilidade e a influência nesses locais, perdidos com a desintegração soviética de 1991.

O Kremlin se manifestou, dizendo que espera uma resolução rápida da crise por Tokaiev. O autocrata é um aliado recente e visto como marionete do ditador Nursultan Nazarbaiev, que comandou o Cazaquistão por quase 30 anos.

Em 2019, desgastado por protestos de rua, o ditador passou o cargo para o protegido, mas manteve um posto de "pai da nação" e chefe do influente Conselho de Segurança. Com 81 anos, ainda não falou na crise e foi substituído por Tokaiev no conselho nesta quarta, o que sugere perda de poderes.

Sua sucessão foi vista inclusive como um modelo para Putin quando o russo decidiu mudar a Constituição em 2020, mas ele preferiu deixar em aberto a possibilidade de concorrer a mandatos que podem durar até 2036.

A relação de Putin com a nação centro-asiática de 19 milhões de habitantes, contudo, não é de todo rósea. Em 2014, o presidente sugeriu que o país existia por um "presente do povo russo". Moscou tem no país sua principal base de lançamento de foguetes espaciais, em Baikonur.

E há a questão chinesa. O gigante a leste é a maior potência econômica regional, e fez movimentos de expansão rumo ao Cazaquistão que desagradaram ao Kremlin, integrando o país ao seu projeto de integração de infraestrutura Iniciativa Cinturão e Rota.

De seu lado, Nursultan aproveitou essa disputa para tentar manter uma posição de relativa independência, equilibrando-se entre ambas as potências e ainda cortejando os Estados Unidos, rivais de ambas.

Empresas americanas são líderes entre estrangeiros na exploração do subsolo rico em petróleo e gás do país, responsáveis por 30% da extração em 2019 —ante 17% de firmas chinesas e só 3%, de russas. Desde 2003, para desgosto do Kremlin, o país faz exercícios militares anuais não só com Moscou, mas com a Otan.

Apesar disso, o fluxo de comércio com os americanos ainda é incomparável, dez vezes menor do que os cerca de US$ 19 bilhões registrados entre os cazaques e a Rússia e os US$ 21 bilhões com a China.

Sob a ótica chinesa, a instabilidade é indesejada por outro motivo. O Cazaquistão faz fronteira a leste com a região de maioria muçulmana de Xinjiang, onde os chineses são acusados de genocídio pelos EUA.

Aqui, o jogo diplomático fica evidente. O governo cazaque não aceita as acusações ocidentais, mas também não assina cartas de apoio à China como faz a Rússia. Com efeito, Nursultan é crítica das sanções americanas e europeias contra Putin pela anexação da Crimeia em 2014, mas não reconhece o território como russo.

"Tokaiev é a encarnação desse curso de ação: ele é um sinólogo que estudou no prestigioso MGIMO [o Instituto Rio Branco da Rússia] e forjou sua carreira diplomática na ONU", escreveu o analista uzbeque Temur Umarov, analista do Centro Carnegie de Moscou.

Como em todas as crises no antigo espaço soviético, haverá fatores de influência externa sendo ponderados por Moscou. Mas também a realidade: a inflação está em 9%, a maior em cinco anos, e os juros subiram recentemente a 9,75%. E a internet aumentou o drible à imprensa estatal, elevando a comunicação entre jovens ativistas.

Para o resto do mundo, a instabilidade poderá ter algum efeito na já complexa composição dos preços de petróleo (o país tem a 15ª reserva do planeta) e do gás (12ª reserva), mas a implicação principal agora é geopolítica.

Com a atabalhoada retirada americana do Afeganistão, no ano passado, a Ásia Central vive incerteza com o influxo eventual de radicais islâmicos pela região.

Mesmo antes do pedido de Tokaiev, nem Putin, nem Xi, ora em franca aproximação para enfrentar o Ocidente, deixariam a situação explodir em Nursultan. Em 2021, eles já operaram em torno da crise afegã que viu a volta do Talibã ao poder.

Até por ser um antigo quintal de Moscou, caberá agora ao russo resolver o problema e tentar tirar o máximo de proveito da situação. Dificilmente a neutralidade presumida por Nursultan sobreviverá à crise.

 

 

IGOR GIELOW / FOLHA

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