SÃO CARLOS/SP - Sabe, a gestão do país está indo na direção que eu esperava, mas confesso que foi uma surpresa negativa ver a forma como o funcionalismo público vem sendo tratado.
No âmbito de gestão de pessoal o Governo Federal tem me decepcionado muito. Gerir assim é conduzir o funcionalismo ao pedido de exoneração e/ou demissão (no caso dos regidos pela CLT). Tinha que separar o joio do trigo, isso sim.
O sentimento que o funcionalismo tem, em todas as esferas é o mesmo: de estar sendo tratado com sarcasmo e de forma sórdida. Esta política ridícula de home office fajuta só tem feito mal:
Pra quem trabalha de forma presencial há sobrecarga de serviço;
Pra quem paga imposto está sendo roubado (onde já se viu pagar por serviço não entregue?);
Para os munícipes há precariedade no atendimento (se tivéssemos um sistema de controle de qualidade implantado...).
Eu venho de uma família de funcionários públicos federais e o legado que recebi foi o que nós funcionários públicos temos o direito de trabalhar direito (escrita proposital), mas temos o DEVER de trabalhar direito independentemente do valor do salário e se temos ou não benefícios afinal, entramos no emprego pela porta da frente porque quisemos, não fomos obrigados.
Em outras palavras, ninguém tem o direito de me impedir de fazer bem o meu trabalho E ninguém deveria poder me negar condições mínimas de trabalho.
Mas enquanto funcionários e gestores não tiverem essa clareza de valores e princípios, a gente vai continuar a mercê de gestões contra o funcionalismo e a favor de privatizações de estatais.
Escrito por: Elaine La Serra é funcionária pública municipal, técnica em segurança do trabalho, mãe, esposa, sensível à causa animal e adora um dedinho de prosa.
SÃO CARLOS/SP - Sabedoria popular tem a solução pro caos na saúde, na economia, na política e na educação. O povo sabe das coisas, já dizia a minha avó. Sabe mesmo?
O vizinho da esquerda diz que tem que abrir tudo e deixar o povo trabalhar, o da direita já acha que tem que fechar tudo. E sabe que os dois têm argumentos bons, cada um defendendo o seu ponto de vista?
Pro médico parece que o que importa agora é não deixar ninguém morrer de COVID. Já o economista que as pessoas consigam continuar vivendo (ou sobrevivendo)...
Tem quem ache que o médico está certo, só não sabe dizer como o povo vai fazer pra conseguir continuar pagando a prestação da casa afinal, pra obedecer ao “FIQUE EM CASA” tem que ter uma casa pra ficar. E como fazer o pedido do mês? Afinal, as pessoas continuam comendo e usando papel higiênico...
Agora, se o economista é quem está certo, então ele bem que podia trabalhar como voluntário ajudando as equipes de saúde que atendem os pacientes de COVID. Talvez ele consiga não se abalar tanto com o sofrimento dos pacientes que respiram com tanta dificuldade.
Um sistema de saúde público não sucateado garantiria boas condições de atendimento e não estamos falando só dos pacientes de COVID, mas dos com dengue, zica, chikungunya, AVC, infarto, câncer, H1N1, dos que precisam de fisioterapia pra se recuperar de uma lesão ou derrame e por aí vai.
Pro professor é crime voltar às aulas presenciais nas atuais condições de trabalho. Se o professor, conhecedor da realidade do dia a dia nas escolas, está certo então por que não defenderam com o mesmo empenho as melhorias de condições de trabalho e de gestão pública pra garantir uma educação de qualidade e com segurança aos alunos da rede pública?
Pra alguns pais, que têm que sair de casa pra trabalhar, o perigo maior é deixar os filhos sozinhos em casa, na casa da vó ou sabe-se lá onde. Estes pais têm algum grau de razão, e nem precisa do Conselho Tutelar pra ver isso.
Numa coisa pais e professores estão de acordo: a qualidade de ensino caiu muito com a pandemia – que tipo de médico, de advogado, de gestor público, de político, de chefe de família essa geração vai ser?
Se na fila interminável do banco, tem quem ache que a solução pro caos é derrubar o Dória, na mesma fila tem quem ache que o a culpa é do Bolsonaro - e também tem aqueles que acham que é tudo golpe de esquerda e a solução é derrubar o STF (Supremo Tribunal Federal).
O fato é que por muitos anos houve falhas de gestão dos serviços públicos a nível Federal, Estadual e Municipal.
Da mesma forma, quem tinha que fiscalizar também falhou. Falamos aqui de Senadores, Deputados Federais e Estaduais e de Vereadores também. A estes cabem a fiscalização do que os Executivos (Governo Federal, Estadual e Municipal) fazem.
Não seria absurdo pensar que muitos foram coniventes ou seja: sabendo de algo negativo estava sendo feito por outros e não fizeram nada para impedi-lo, embora pudessem fazê-lo.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) define saúde como sendo: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como ausência de doença ou enfermidade”.
Não é só uma questão de não morrer de COVID e nem só de viver do jeito que quiser pra depois morrer de COVID. Ter saúde é viver com qualidade. É ter saúde, segurança, educação, emprego, moradia, alimentação, lazer, cultura, respeitar e ser respeitado!
Pra que a gente possa seguir em frente, basta que cada um siga o que rege a Constituição Federal. Quando isso acontecer, não haverá divergência entre o vizinho da direita e o da esquerda – e o do meio terá, pra começar, “Pão e Paz” e um dia terá a tão sonhada saúde tal qual a define a OMS.
Escrito por: Elaine La Serra é funcionária pública municipal, técnica em segurança do trabalho, mãe, esposa, sensível à causa animal e adora um dedinho de prosa.
SÃO CARLOS/SP - Hoje no dia internacional das mulheres, vamos relembrar com alegria de todas as mulheres que passaram em nossas vidas e nos deixaram um pouco do seu amor, da sua sabedoria, da sua garra, da sua força, do seu sonho, da sua manha, da sua graça, da sua alegria e até mesmo, do seu suor.
Sejamos gratos por cada aprendizado que nos proporcionaram deixando uma marca em nossa personalidade, no nosso jeito de ser.
Que continuemos nutrindo aquela velha mania de ter fé na vida que fazia com que elas levantassem a cada dia renovadas de determinação, de confiança, de força e de garra e de fé em si mesmas.
Que ao lembrarmo-nos delas, se a dor e a alegria se misturarem que prevaleça a alegria pelo presente de podermos ter tido por um tempo, mesmo que muito curto, a companhia daquela pessoa tão ímpar no seu jeito de ser, de falar, de cantar, de orar.
Que possamos honrar os nomes destas mulheres mantendo em nossas ações sempre uma dose forte e lenta de compaixão, gratidão, de amizade, de respeito. Sim, respeito por cada vez que elas riram quando na verdade queriam chorar e seguiram aguentando firme mesmo que aquela não fosse a vida que desejavam ter.
Que a espetacular capacidade de se adaptar às circunstâncias da vida permitia que aguentassem certos momentos onde a vida tão sonhada parecia escapar de suas mãos como a água escorre por entre os dedos. É, elas se adaptavam às circunstâncias sem deixar de lado seus princípios, seus valores pessoais, seus tesouros secretos que guardavam no único cofre seguro que tinham: o coração.
Será que as mulheres de hoje sabem como é que esse dia surgiu?
Foi no dia 08 de março de 1917 que 90 mil operárias se manifestaram contra o Czar da Rússia, contra as más condições de trabalho, a fome e a participação do país na guerra (a 1ª Guerra Mundial) no protesto conhecido como “Pão e Paz”.
Em 1921 é que foi oficializado o Dia Internacional da Mulher.
Tanta luta (inclusive interior), tanta garra, tantos sonhos, tanta dor, determinação, coragem, honra e grandeza no simples fato de serem quem eram fizeram daquelas mulheres, que se uniram em defesa de todos – e não apenas das mulheres -, vitoriosas pois conseguiram conquistar respeito e visibilidade.
Líderes religiosos, políticos – desde o Presidente da República, passando por membros do Senado e da Câmara dos Deputados, Governadores, Prefeitos e Vereadores aproveitam a data para as honrarias de praxe.
Dos políticos, um agrado ao eleitorado que o elegeu para que defenda, entre outras coisas, o tão sonhado “Pão e Paz” de hoje.
Sabe o que é mais curioso e contraditório de tudo isso? É que em São Carlos, as mulheres que foram eleitas até hoje nunca lutaram de fato pra garantir que na Câmara Municipal a mulher tivesse mais cadeiras.
Em 1995 uma lei previu que em 1996 20% das vagas de vereador de cada partido ou coligação deveriam ser preenchidas por candidaturas de mulheres, mas foi em 1997 que a Lei Eleitoral 9504 indicou a reserva (não o preenchimento de fato, apenas a reserva) de 30% das candidaturas para cada sexo em eleições proporcionais (ou seja, para vereador/a, deputado/a estadual, deputado/a federal).
Seguindo a lógica da legislação eleitoral, na Câmara Municipal de São Carlos deveríamos ter hoje 6 ou 7 vereadoras (30% de 21 = 6,3), no mínimo, mas, apenas 03 mulheres foram empossadas. Aliás, parabéns às Vereadoras Cidinha do Oncológico, Raquel Auxiliadora e Professora Neusa tanto pelo dia internacional da mulher quanto pelo feito de terem sido eleitas para função tão importante. Fica aqui registrado o nosso respeito e os nossos votos de sucesso nesta empreitada representativa.
Voltemos à curiosa contradição: se é pra ter candidata, por que não ter vereadora? Afinal, pela lei municipal, pode acontecer de só ter vereadores eleitos. É hoje não há garantia alguma de que haverá ao menos uma vereadora ocupando uma das 21 cadeiras disponíveis na Câmara Municipal. Já pensou que um dia a gente só tenha empossados vereadores homens de novo?
A pergunta que não quer calar: “pra quê ter cota na eleição se não é pra ter mulher na Câmara?” É por causa do dinheiro. Há uma reserva de verba para custear a candidatura de mulheres.
Lembra que falamos das características fortes, marcantes, emocionantes e divinamente peculiares da mulher de antes e de hoje? Lembra que falamos de algumas lutas e conquistas? Estas lembranças nos trouxeram à reflexão final:
Por que as vereadoras de São Carlos não conquistaram os tais 30%, no mínimo, de cadeiras para as mulheres na Câmara Municipal de São Carlos?
Seria por que a mulher não tem de fato força política dentro dos próprios partidos? Seria por que isso não atende aos interesses pessoais delas? Ou seria porque ainda não sabem desta contradição?
Não é neste dedinho de prosa que a gente vai responder a estes porquês. Esta reflexão fica pra cada um fazer e tirar as suas próprias conclusões, mas uma coisa não se pode negar, como diz a música “Maria, Maria”, de Milton Nascimento as mulheres continuam a ter “um dom, uma certa magia, uma força que nos alerta”.
Feliz dia Internacional das Mulheres.
Escrito por: Elaine La Serra é funcionária pública municipal, técnica em segurança do trabalho, mãe, esposa, sensível à causa animal e adora um dedinho de prosa.
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