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SÃO PAULO/SP - O governador João Doria disse nesta quinta-feira (22) que a pandemia da Covid-19 está "sob relativo controle" no estado de São Paulo e, por isso, eventuais medidas de restrição ou flexibilização serão adotas de forma regionalizada.

"Eu diria que (a pandemia) está sob relativo controle, porque nós conseguimos, graças às medidas do Plano São Paulo..., uma redução no número de pessoas infectadas e, consequentemente, menor ocupação nos chamados leitos primários dos hospitais públicos e privados e uma menor ocupação também nos leitos de UTI", disse Doria.

Segundo ele, a tendência é que a redução continue nas próximas duas semanas, "o que poderá permitir que, dessa fase de transição, venhamos para a Fase Laranja, que é menos restritiva do que a Fase Vermelha, na qual estávamos, e bem menos restritiva do que a Fase Emergencial."

Dados da secretaria de Saúde do estado mostram que há queda na média diária de internações nas últimas três semanas. Caiu também, na última semana, a média diária de novos casos. Apesar disso, a média móvel diária de mortes ainda é alta, embora na última semana tenha registrado alta bem menor, de 0,6%. Segundo o Centro de Contingência do Coronavírus, a tendência é de que nos próximos dias haja queda.

 

Abre e fecha

A Rede de Pesquisa Solidária divulgou um estudo em que aponta a política de “zigue-zague” de abertura e fechamento do comércio como ineficaz no combate à disseminação da Covid-19 no estado de São Paulo.

Com a participação de mais de 100 pesquisadores de instituições parceiras, incluindo a Universidade de São Paulo (USP), o levantamento analisa a ação de abrandar e aumentar a rigidez em políticas públicas de isolamento social. O documento vê como necessário modificar as medidas de distanciamento físico.

 

 

*Redação VEJA São Paulo

URUGUAI - O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, anunciou corte nos salários de altos funcionários do governo para aumentar os subsídios aos setores privados afetados pelas restrições e o fechamento dos "free shop" na fronteira com o Brasil para desestimular a chegada de brasileiros.

O Uruguai vai adotar uma série de novas medidas de restrição até, pelo menos, 12 de abril para conter o acelerado aumento de casos, provocados pela "circulação generalizada" da variante brasileira detectada na segunda-feira em sete departamentos (estados) do país.

"Estas são ações do governo que necessariamente devem vir acompanhadas por condutas individuais. O 'fica em casa' do ano passado será agora 'fica na tua bolha', com o teu núcleo familiar. Esse controle foge ao governo. É quando a liberdade deve ser administrada responsável e solidariamente", pediu o presidente Luis Lacalle Pou na sede do governo uruguaio, destacando "o perigo da linhagem brasileira P.1 (Manaus) mais potente e mais contagiosa".

As medidas de restrição incluem a suspensão das aulas presenciais em todo o país, o fechamento das repartições públicas (com exceção dos serviços considerados essenciais), o fechamento de clubes e de academias de ginástica, a proibição da prática de esportes amadores e de espetáculos públicos, além de uma das mais importantes decisões para frear o contato com brasileiros: o fechamento dos 'free shop' nas cidades de fronteira com o Brasil.

 

Preocupação com a fronteira brasileira

Milhares de brasileiros semanalmente vão até a fronteira com o Uruguai, atraídos pelos preços mais baixos de produtos para consumo pessoal e para revenda no Brasil. Os dois países compartilham seis cidades binacionais. Em duas delas, Rivera (Uruguai)/Santana do Livramento (Brasil) e Chuí (Brasil)/Chuy (Uruguai), passar de um lado ao outro da fronteira significa apenas atravessar uma rua.

Somente entre Santana do Livramento e Rivera, cerca de cinco mil brasileiros chegam nos finais de semana para fazer compras do lado uruguaio. Rivera está entre as cidades com mais infectados no Uruguai. É considerada a principal porta de entrada do vírus e ponto de maior preocupação das autoridades sanitárias uruguaias.

O anúncio do presidente Luis Lacalle Pou foi a consequência de várias horas de reunião do denominado Conselho de Ministros. O Conselho reuniu-se de forma urgente, depois que, na segunda-feira (22), cientistas uruguaios confirmassem a "circulação generalizada" das variantes brasileiras P.1 (Manaus) e P.2 (Rio de Janeiro), presentes em sete departamentos (estados) do Uruguai.

 

Risco de saturação sanitária

Lacalle Pou disse que decidiu as medidas "com pesar", mas que se viu obrigado a tomá-las perante "o aumento de contágios que pressionam a ocupação dos leitos de terapia intensiva".

Atualmente, a ocupação desses leitos é de 62,3%, mas, na segunda-feira, a Sociedade Uruguaia de Medicina Intensiva advertiu que, se a tendência de contágio continuar, haverá uma saturação das unidades de terapia intensiva dentro de duas semanas.

Até agora, o Uruguai atravessou a pandemia sem confinamentos nem toques de recolher. O presidente Lacalle Pou defendeu sempre o que definiu como "liberdade responsável", uma combinação de decisões políticas e sanitárias com responsabilidade cidadã.

 

Redução dos salários no governo

O presidente uruguaio também reeditou uma medida que ficou em vigor durante três meses no ano passado: os membros de alto escalão do governo (secretários, ministros e o próprio presidente) serão descontados entre 5% e 20% do seu salário para novamente formar o chamado "fundo coronavírus".

O dinheiro arrecadado será usado para subsídios aos setores da economia afetados pelas restrições das novas medidas.

"Tudo o que for arrecadado será destinado às atividades econômicas prejudicadas pela redução da circulação", disse Lacalle Pou, rejeitando uma proposta que previa um imposto aos salários privados mais elevados a ser usado com a mesma finalidade.

 

Campanha de vacinação bem-sucedida

O Uruguai começou a sua campanha de vacinação, tardiamente, em 1.º de março. No entanto, em apenas três semanas 374.265 pessoas foram vacinadas, equivalentes a 10% da população de 3,4 milhões.

A campanha inclui os habitantes das regiões de fronteira que moram no Brasil, mas que trabalham no Uruguai.

Em paralelo a uma bem-sucedida campanha de vacinação, o Uruguai está no pior momento da pandemia. Na segunda-feira, o país teve 2.682 novos casos, um recorde. Nesta terça-feira, foram 1.801 novos contágios.

Desde 13 de março do ano passado, foram 86 mil casos, dos quais 827 faleceram. Atualmente, há 14.826 casos ativos. Apesar de uma piora nos números, o Uruguai continua como o país da região que melhor administrou a pandemia.

 

 

*Por: Márcio Resende, correspondente da RFI

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