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AFEGANISTÃO - Apresentadoras e repórteres de canais de TV no Afeganistão entraram no ar com os rostos cobertos no domingo (22/05), após uma ordem do Talebã.

No dia anterior, algumas delas tinham desafiado o decreto ao manter os rostos à mostra.

Depois de tomar o poder no ano passado, o Talebã vem impondo cada vez mais restrições à vida das mulheres.

Mulheres apresentam noticiários e outros programas em canais populares como TOLOnews, Ariana Television, Shamshad TV e 1TV.

A apresentadora do TOLOnews, Farida Sial, disse à BBC: "Nós somos muçulmanas, então ok, usamos hijab, escondemos o cabelo, mas é muito difícil para uma apresentadora cobrir o rosto por duas ou três horas consecutivas e falar".

Ela pede que a comunidade internacional pressione o Talebã para reverter o decreto."Eles querem apagar as mulheres da vida social e política", disse Sial.

O Ministério do Talebã para a Prevenção do Vício e a Promoção da Virtude ordenou que todas as mulheres usem um véu facial em público ou ficam sob risco de punição — o decreto começou a valer para apresentadoras de TV a partir do sábado (21/5).

Depois que algumas mulheres inicialmente se recusaram a obedecer, uma autoridade do Talebã disse que conversaria com os responsáveis pelas apresentadoras, que podem penalizadas.

Sonia Niazi, apresentadora da TOLOnews, disse à agência de notícias AFP: "Resistimos e fomos contra [cobrir o rosto]".

Mas ela disse que o canal foi pressionado e que as apresentadoras devem ser transferidas para outros cargos ou demitidas se não obedecerem.

Khpolwak Sapai, vice-diretor do canal, disse em um post no Facebook: "Estamos profundamente tristes hoje".

Outra jornalista afegã, que pediu para não ser identificada, disse à BBC: "Hoje é mais um dia trágico para as mulheres do meu país".

E um executivo de TV disse que muitas apresentadoras temem que a próxima etapa seja tirá-las completamente do ar.

A maioria dos muçulmanos em todo o mundo não considera que a religião obrigue cobrir os rostos em público. E o Talebã inicialmente parecia estar adotando uma abordagem mais flexível depois de assumir o controle do país em agosto do ano passado.

Nas últimas semanas, no entanto, eles impuseram uma série de restrições à vida das mulheres, incluindo a atribuição de dias separados para visitar parques públicos e impedi-las de fazer viagens mais longas sem um homem.

 

 

BBC NEWS

VALE DO PANJSHIR - Cerca de 150 quilômetros a nordeste de Cabul, capital do Afeganistão, se encontra o último reduto da resistência contra o avanço do Talebã no país.

Um vale de montanhas escarpadas que se mantém livre de invasões há mais de 40 anos.

O Vale do Panjshir resistiu à ocupação das tropas soviéticas na década de 1980 (1979-1989) e enfrentou o Talebã na década de 1990 (1996-2001), tornando-se um reduto de oposição ao grupo islâmico.

"Na história contemporânea do Afeganistão, Panjshir nunca foi conquistado, nem por forças estrangeiras, nem pelo Talebã", diz a jornalista Mariam Aman, do serviço afegão da BBC.

"Nas últimas duas décadas, essa foi considerada a região mais segura do país, bem como uma zona de resistência", explicou Aman à BBC Mundo, serviço em língua espanhola da BBC.

Hoje, é a única entre 34 províncias que não sucumbiu ao avanço dos talebãs.

"Estamos prontos para resistir ao Talebã pela segunda vez", disse o chefe do Departamento de Economia de Panjshir, Abdul Rahman, na última semana.

A mensagem foi reiterada por Amrullah Saleh, vice-presidente do Afeganistão, que se declarou "legítimo presidente interino" desde que o presidente eleito Ashraf Ghani deixou o país para fugir para o exílio.

Saleh, um ex-chefe dos serviços secretos afegãos, pediu ao povo que se juntasse à resistência no vale, que ele considera um exemplo para o restante do país.

"Nunca estarei sob o mesmo teto que o Talebã. NUNCA", escreveu no Twitter.

Acredita-se que Saleh esteja em Panjshir ao lado do filho de um famoso guerrilheiro — Ahmad Masud, cujo pai ficou conhecido como "Leão de Panjshir" — com quem ele supostamente lidera uma frente anti-Talebã.

Uma fortaleza natural

As altas falésias e desfiladeiros de Panjshir fazem do território uma fortaleza natural, com uma entrada bastante estreita e arredores pontuados por altas montanhas que dificultam o acesso.

Cortado pelo rio Panjshir, o vale fica bem próximo à cordilheira Hindu Kush, um maciço montanhoso na fronteira com o noroeste do Paquistão.

Foi uma importante passagem para os exércitos de Alexandre, o Grande e Tamerlão, o último dos grandes conquistadores nômades da Ásia Central.

A região é rica em recursos naturais, com minas de esmeraldas, hidrelétricas e um parque eólico. Durante os 20 anos de ocupação dos Estados Unidos, a infraestrutura ganhou melhorias com a construção de estradas e uma torre de rádio que recebe sinais da capital.

Não chega a ser, porém, um enclave vital a nível econômico.

"É um local que funciona para a guerra de guerrilha, mas não é estratégico. Não fica perto de nenhum grande porto, não tem indústrias, não chega a dar grande contribuição ao Produto Interno Bruto do país. O que tem de mais significativo é uma rodovia que passa perto, chamada Salang Pass", afirma o jornalista afegão Haroon Shafiqi, da BBC World Service.

"Em 1997, o Talebã cortou todas as rotas para Panjshir e aqueles que viviam lá ficaram sem comida", ele acrescenta. Ainda assim, a resistência se manteve no vale.

A área tem atualmente entre 150 mil e 200 mil habitantes, quase todos falam persa e são da etnia tajique, que representa cerca de um quarto dos 38 milhões de pessoas que vivem no Afeganistão.

É uma população historicamente anti-talebã.

 

'Símbolo de resistência'

Uma figura-chave na história da resistência de Panjshir é Ahmad Shah Massoud, famoso guerrilheiro mujahideen (rebeldes apoiados pelos EUA na guerra contra os soviéticos) que liderou a luta pela autonomia na região na década de 1980 e 90 e foi assassinado pela Al-Qaeda dois dias antes do 11 de setembro 2001.

O retrato de Massoud — que ficou conhecido como "Leão de Panjshir" (Panjshir significa "cinco leões") — é encontrado até hoje em muitos lugares na capital afegã, de monumentos a outdoors e vitrines, e em toda a província de Panjshir.

"Panjshir foi usado como bastião por ele durante a guerra soviético-afegã (na década de 1980)", explica Aman.

"O vale se tornou um símbolo de resistência naquela época e também depois, na guerra entre as várias facções dos mujahideen e do Talebã, de meados da década de 1990 até 2001 (quando a ocupação do Talebã terminou, na esteira da ocupação americana)."

Desde a morte de Massoud em 2001, diz ela, a região manteve seu legado de resistência entre o povo do Afeganistão na luta contra o Talebã.

Massoud foi declarado herói nacional pelo presidente Hamid Karzai.

Desde 2012, seu aniversário de morte é comemorado no dia 9 de setembro como o Dia dos Mártires.

Parte da comunidade internacional, contudo, chegou a denunciar crimes de guerra cometidos pelo comandante. Investigação de 2005 da Human Rights Watch listou seu nome entre uma série de personagens envolidos em violações contra os direitos humanos que atuaram durante as guerras no Afeganistão.

O vice-presidente Amrullah Saleh deixou clara sua devoção a ele.

"Nunca trairei a alma e o legado de meu herói Ahmad Shah Massoud, comandante, lenda e guia. Sob nenhuma circunstância me curvarei aos terroristas do Talebã", escreveu recentemente no Twitter.

Natural de Panjshir e membro da etnia tajique, Saleh fez parte da Aliança do Norte, uma frente que lutou contra o Talebã nos anos 1990.

 

'Sabíamos que este dia podia chegar'

Quem hoje participa ativamente da resistência é seu filho, Ahmad Massoud, de 32 anos.

Imagens que circularam nas redes sociais no último dia 16 de agosto supostamente mostram Saleh e Massoud juntos, em uma sinalização de aliança entre os dois.

Em um artigo de opinião no jornal The Washington Post, o filho do "Leão de Panjshir" disse que seus combatentes têm apoio militar de membros do exército afegão e das forças especiais.

Também afirmou que o grupo teria armazenado pacientemente munições e armas desde o tempo de seu pai "porque sabíamos que esse dia poderia chegar". Ele pede, contudo, reforços.

"A resistência dos mujahideen ao Talebã começa agora, mas precisamos de ajuda", escreveu.

"Se os talebãs lançarem um ataque, eles certamente enfrentarão forte resistência de nossa parte. [...] No entanto, sabemos que nossas forças militares e logísticas não serão suficientes. Elas se esgotarão rapidamente, a menos que nossos amigos no Ocidente encontrem uma maneira de nos abastecer sem demora."

 

 

*Por: BBC NEWS

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