COLÔMBIA - A Colômbia pedirá aos Estados Unidos o retorno em extradição de Salvatore Mancuso, um dos comandantes dos paramilitares que se desmobilizaram em 2006, designado recentemente pelo presidente Gustavo Petro para trabalhar em seu governo, informou o gabinete do conselheiro presidencial de paz na quarta-feira (26).
Mancuso cumpre prisão desde 2008 nos Estados Unidos, que o requisitou por tráfico de drogas depois que ele renunciou às armas como parte de um acordo que pôs fim às Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), a associação de esquadrões que enfrentavam as guerrilhas.
No domingo, Petro anunciou que designou o colombiano-italiano como "gestor de paz", ou seja, que integrará o Escritório do Alto Comissariado para a Paz, que mantém diálogos com diversos grupos ilegais como a guerrilha do ELN e a maior dissidência das Farc.
Nesta quarta, o Alto Comissariado garantiu que o governo vai acionar "os mecanismos diplomáticos necessários para concretizar o requerimento de extradição de Salvatore Mancuso à Colômbia".
Petro não especificou o papel que o ex-comandante paramilitar terá ou se ele receberá alguma retribuição econômica pelo trabalho.
"Sua presença no território nacional é imprescindível", acrescentou a entidade encarregada de tornar realidade a "paz total", a política com a qual o presidente Petro pretende extinguir o conflito armado no país.
Mancuso, de 58 anos, foi extraditado de surpresa por decisão do então presidente Álvaro Uribe (2002-2010), sem fornecer sua versão para revelar detalhes da guerra e sem reparar as vítimas, como determinava o acordo.
De dentro da prisão, ameaçou revelar as relações sensíveis do paramilitarismo com políticos e empresários.
A decisão de Petro foi fortemente criticada pela oposição, enquanto as famílias das vítimas esperam que, com o retorno de Mancuso à Colômbia, seja esclarecido o paradeiro de centenas de corpos e se conheça a verdade sobre quem patrocinou os paramilitares.
Em maio, Mancuso se ofereceu para ajudar nas buscas de aproximadamente 200 corpos de camponeses assassinados pelas AUC perto da Venezuela e sepultados do outro lado da fronteira.
O acordo de paz de 2006 previa um máximo de oito anos de prisão na Colômbia para os chefes paramilitares em troca de seu desarmamento e da confissão de crimes, mas os líderes foram extraditados sem aviso prévio.
Na luta contra a insurgência, os paramilitares semearam o terror com chacinas e perseguiam quem eles afirmavam que possuía vínculos com organizações de esquerda.