Workshop reuniu empresários, gestores e pesquisadores para debater casos e parcerias na área
SÃO CARLOS/SP - Inovações na produção de fármacos, em procedimentos hospitalares, próteses, tecnologias de eficiência no uso de energia, dentre outras, foram destacadas como potenciais de atuação durante a primeira edição do Workshop de Inovações Tecnológicas na área da Saúde, que aconteceu em São Carlos no dia 15 de outubro. O evento, uma parceria entre o Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) UFSCar-Materiais, reuniu empresários, estudantes, gestores, pesquisadores, além de representantes do HU, da sede da Embrapii e da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Ernesto Pereira, coordenador da Embrapii UFSCar, aponta que o evento foi importante para estabelecer contato entre diferentes agentes que podem atuar positivamente no desenvolvimento de novos produtos, de projetos incrementais e disruptivos vinculados à Embrapii. 'Quando se pensa em projetos da Saúde, as ações da Embrapii são para melhorar a qualidade de vida de uma população cujo serviço público de saúde arca com cerca de 85% de toda a demanda, atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É um serviço de alta qualidade, por mais que a demanda seja grande e gere descompasso, para toda a população brasileira ter o benefício do uso", destacou Pereira.
Fábio Cavalcante, coordenador de Relações com o Mercado/área da Saúde da sede da Embrapii, relatou durante sua apresentação que o setor é o segundo com maior número de projetos na Empresa, ficando atrás apenas do Agroindustrial. Cavalcante reforçou o papel da Embrapii no apoio à inovação. "Inovação é sobre sobrevivência. Tem que investir em novos materiais, processos e tecnologias. A Embrapii existe para apoiar empresas com desafios tecnológicos, de forma rápida, e conectá-las com instituições de pesquisa que possam trazer essas soluções inovadoras", destacou.
No debate sobre oportunidades e espaços para pesquisas na área da Saúde, Felipe Roitberg, coordenador de Gestão da Pesquisa e Inovação da Rede Ebserh, apresentou a Empresa como uma grande oportunidade de pesquisa enquanto unidade acadêmica avançada que pode servir à Universidade, com cerca de 28 milhões de pacientes em base de dados, além da cooperação com os ministérios da Educação, da Saúde, e com pesquisadores. "Nosso desafio agora é desenvolver uma plataforma para disponibilizar as pesquisas realizadas e as informações geradas em toda a Rede Ebserh. Isso vai facilitar para que a Rede se reconheça. Também precisamos ampliar nosso pessoal técnico para pesquisa e inovação", apontou.
Thiago Russo, docente no Departamento de Fisioterapia da UFSCar e Gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFSCar, apresentou a Unidade de Pesquisa Clínica (UPC) do Hospital que, em 2024, já soma 51 projetos, principalmente desenvolvidos em programas de Iniciação Científica e Tecnológica. Ele também destacou a UPC como um espaço diferenciado para prática da pesquisa, principalmente pelo acesso da Unidade a "situações de urgência e emergência para encaminhamento dentro do Hospital, para realização de exames e inclusão de casos de 24 horas. Além da facilidade de buscar casos nas enfermarias e na Unidade de Terapia Intensiva e das diferentes áreas de atuação dos projetos da UPC".
Russo reforçou que o HU é um cenário de pesquisa importante para empresas da cidade e região e para as universidades e que pode contribuir com diferentes necessidades, como apoio regulatório junto à Anvisa, condução de testes clínicos, sempre em uma perspectiva baseada na ética e nas boas práticas em pesquisas clínicas. "Mais ainda, focados em contribuições importantes para o SUS, visto que abrimos oportunidades para a nossa comunidade ter tratamentos com novas tecnologias, novos dispositivos médicos e fármacos, por exemplo", destacou.
O Workshop teve duas mesas-redondas com representantes de empresas, que trouxeram suas experiências e, dentre as dificuldades, destacaram justamente as questões regulatórias e morosidade dos processos nos órgãos competentes, além de baixo investimento em empresas iniciantes e necessidade de ampliar espaços para relacionamento entre empresas, pesquisadores e investidores. Já os docentes da UFSCar reforçaram a importância das parcerias e destacaram a relevância da divulgação dos resultados de pesquisas, que assim podem chegar ao conhecimento de empresas que se interessem e invistam nesses projetos.
A proposta da Embrapii UFSCar-Materiais é promover novos eventos que facilitem a aproximação e conexão entre empresários e pesquisadores para oportunizar novas parcerias.