SÃO CARLOS/SP - O vereador Azuaite Martins de França, presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal de São Carlos, membro da direção estadual do Centro do Professorado Paulista qualificou como “extremamente preocupantes” os dados de uma pesquisa divulgada pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior), revelando que a profissão de professor já não atrai os jovens e um apagão está a caminho em todas as etapas da educação básica nos próximos anos.
O levantamento alerta que o déficit de profissionais pode chegar a 235 mil em 2040. Levando-se em conta a taxa atual de 20,3 pessoas com idade entre 3 e 17 anos, para cada docente em exercício na educação básica, em 2040, será necessário 1,97 milhão de professores para atender a demanda de alunos na mesma proporção de hoje. No entanto, mantendo as taxas de crescimento de 2021, estima-se que o número de professores diminuirá 20,7% até 2040.
Com o desinteresse dos mais jovens em seguir o magistério, a projeção é que no futuro as escolas tenham dificuldade para contratar professores. O número de professores jovens em início de carreira caiu quase pela metade (42,4%) de 2009 a 2021, passando de 116 mil para 67 mil professores com até 24 anos. Enquanto o número de professores com 50 anos ou mais e possivelmente na iminência de se aposentar nos próximos anos tem aumentado significativamente, chegando a subir 109% no mesmo período.
O processo de precarização da profissão, como a baixa remuneração e a falta de reconhecimento, condições de trabalho precárias, como infraestrutura ruim das escolas, falta de equipamentos e materiais de apoio, violência na sala de aula, além de problemas de saúde, agravados pela pandemia de Covid-19, afastaram os mais novos da sala de aula. A pesquisa mostra que o número de ingressantes em cursos presenciais de licenciatura diminuiu 37,6% na última década.
No entender de Azuaite, “o sinal de alerta está acionado”. “O Ministério da Educação não pode se eximir de responsabilidade; enquanto o MEC seguir agindo como avestruz, fugindo aos desafios que são – sim – da sua competência enfrentar, a crise da educação continuará a ter contornos de um projeto do governo central”.
“Não por acaso” ,acrescentou o vereador, “esses números inquietantes foram divulgados na última semana da campanha eleitoral no 1º turno, quando a Educação deveria ter constado na pauta dos debates, mas não foi. Se a educação básica é negligenciada e o professor é desvalorizado, o futuro do país fica comprometido”.
“O tempo urge; se nada for feito já nos próximos anos, o analfabetismo, a miséria e a desigualdade se aprofundarão”, concluiu.