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Sesc São Carlos traz o espetáculo de teatro Minhas Queridas

Escrito por  Fev 10, 2022

A apresentação do espetáculo, Minhas Queridas, este que foi criado a partir de correspondências de Clarice Lispector às suas irmãs Tania e Elisa, acontece no dia 11 de fevereiro, sexta-feira, às 20h no teatro da unidade do Sesc com venda de ingressos.

 

SÃO CARLOS/SP - O espetáculo é um recorte da correspondência de Clarice Lispector para suas irmãs durante 15 anos em que viveu fora do Brasil, quando foi casada com o diplomata Maury Gurgel Valente.

O projeto foi contemplado pelo PROAC Edital de Montagens inéditas/2018, da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de São Paulo e prevê apresentações por dez cidades do interior do Estado.

 

Centenário de nascimento

Em 2020 completou 100 anos do nascimento de Clarice. Muitas homenagens aconteceram (um longa-metragem a partir do livro A paixão segundo GH, dirigido por Luis Fernando Carvalho, por exemplo.) e coincidentemente, o projeto Minhas Queridas nasceu nesse momento, sendo mais uma das homenagens à escritora, abrindo as comemorações em torno do centenário.

 

Pano de Fundo

Em 1943, aos 23 anos, Clarice estreou com sucesso seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem. A escritora ucraniana, judia, naturalizou-se brasileira em virtude do casamento com o diplomata Maury Gurgel Valente.

Em 1945, época da Segunda Guerra, Maury foi chamado às pressas em missão diplomática em Nápoles. Clarice o acompanhou e foram 15 longos anos por diversos países. Foi um período difícil para atuar como escritora, sem ambiente para produzir no exterior e durante esse tempo, à duras penas e com um esforço enorme, finalizou seu segundo romance, O lustre, que já estava praticamente pronto no Brasil, e escreveu A maçã no escuro e A cidade sitiada. Quando esteve de passagem no Rio, durante quase um ano nesse período, escreveu os contos que compõem a obra-prima Laços de Família, além de uma coluna feminina em jornal, sob pseudônimo.

 

Correspondência entre irmãs

Clarice amava o Brasil, amava Recife (onde foi criada dos 5 aos 15 anos) e amava o Rio. Viver longe, sem amigos, rodeada por pessoas que não lhe diziam nada, em meio ao ambiente diplomático e seus jantares intermináveis, lhe causaram um enorme prejuízo do equilíbrio íntimo e de certa forma lhe tiraram a voz como escritora. Como ela escreveu em uma das cartas:

“Sabe quando um touro castrado se transforma em um boi? Assim fiquei eu. Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Nem sei como lhe explicar minha alma. Mas o que queria dizer é que a gente é muito preciosa, e que é somente até um certo ponto que a gente pode desistir de si própria e se dar aos outros e às circunstâncias.”

Assim, a correspondência entre ela e as irmãs Tania e Elisa representavam um alento e um bálsamo de cura.

“Receber carta sua às vezes tem o sentido que teria abrir as janelas de um quarto onde eu estivesse fechada há semanas”, escreve em uma carta.

Ela, que desde o nascimento parecia não ter parada e lugar no mundo, que nascera em trânsito, em meio à fuga dos pais do horror da guerra; que perdeu a mãe aos 9 anos e o pai aos 20, só podia contar com essas irmãs, mais velhas que ela 5 e 10 anos. Irmãs que ela amava com um amor incondicional.

“Em meio a tudo isso, sua existência me abençoa”, escreve a uma delas.

Portanto, mais do que o cotidiano da escritora, essas cartas de Clarice em Minhas Queridas contam sobre a desestruturação de uma mulher que, durante 15 anos, lutou desesperadamente para não se afastar de si e do que era mais importante: sua escrita.

Dessa forma, fazendo recortes pelos diversos países e cidades nas quais Clarice morou ao longo desse tempo, buscamos conduzir o espectador pela trajetória dessa escritora genial, a partir de sua voz e conflitos mais íntimos, ou seja, a voz dessas correspondências às irmãs que ela amava.

 

Ficha Técnica

Direção e Dramaturgia: STELLA TOBAR

Elenco: MARILENE GRAMA E SIMONE EVARISTO

Direção Musical e Trilha Original: SÉRVULO AUGUSTO

Cenário: KLEBER MONTANHEIRO

Figurino: CAROL BADRA

Iluminação: ADRIANA DHAM

Design Gráfico: MARCELO TOBAR

Diretor de Produção: JOÃO LUÍS GOMES

Realização: DIVERSÃO & ARTE PRODUÇÕES

 

Serviço:

Data: 11 de fevereiro, sexta-feira.

Horário: 20h.

Ingressos: R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia); R$ 15,00 (credencial plena).

Lugares limitados. 14 anos

Local: Unidade São Carlos – Av. Comendador Alfredo Maffei, 700 – Jd. Gibertoni – São Carlos – SP

Mais informações pelo telefone: 3373-2333

Redação

 Jornalista/Radialista

Website.: https://www.radiosanca.com.br/equipe/ivan-lucas
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