SÃO PAULO/SP - Rogério Flausino, do Jota Quest, já cantou seu principal hit, Fácil, milhares de vezes, mas na noite do último sábado, 27, ele precisou interromper a música para dar uma gargalhada involuntária bem no momento em interpretava o verso “o coração dispara se vejo o teu carro”. Foi quando a ficha caiu e ele percebeu a ironia ao se apresentar para uma plateia de 250 veículos, no drive-in do projeto Arena Sessions, no estádio Allianz Parque, feito em parceria com a agência Muticase.
Depois de mais de 90 dias de quarentena, esta foi a primeira vez que o estádio, acostumado a receber grandes eventos, voltou a ter shows ao vivo, desta vez com todo mundo dentro de seus carros para a apresentação da banda Jota Quest, com ingressos custando entre 450 reais e 550 reais.
Estar dentro do carro não significou falta de interação. Em vez de palmas, o público reagiu com buzinas e faróis piscados. “Pisca, pisca, pisca”, pedia Flausino. “Nunca imaginei que eu fosse gostar tanto de um buzinaço”, completou. Outra interação possível era balançar os braços para fora da janela ou acender as luzes do celular. Do palco, o Jota Quest não ouvia o grito do público, mas certamente conseguia notar que as pessoas cantavam e se mexiam dentro dos carros.
A VEJA, o cantor contou que a banda saiu de ônibus de Belo Horizonte naquele mesmo dia em uma viagem de aproximadamente oito horas de duração e que voltariam para lá logo após o show. “É uma maratona”, contou.
Obviamente que assistir a um show dentro do carro não é a mesma coisa do que ficar lá na grade, espremido, para ver seu artista favorito, mas poder sair de casa para curtir um programa coletivo seguro do Covid-19 certamente causou uma sensação de liberdade há muito desejada. “Esta é a primeira vez que fazemos um show assim e, sem dúvida, nenhuma, vocês são a melhor plateia de drive-in que já tocamos na vida”, brincou Flausino.
Tanto o acesso quanto a organização do drive-in foram fáceis. Os quase 300 carros entraram sem trânsito no estádio e, no final, a saída ocorreu rapidamente. Em menos de 15 minutos, todos já estavam fora. Nos arredores do estádio, placas informavam o caminho e funcionários checavam os ingressos e as temperaturas das pessoas que estavam dentro dos carros. Muito fácil. Lá dentro, as vagas estavam demarcadas por grades e, ao lado da janela de cada carro, foram instaladas caixas de som. O palco, por sua vez, não tinha teto para não atrapalhar a visão, que era boa mesmo para quem estacionou na última fileira, além de um telão de led para facilitar.
As atrações no Arena Sessions vão até o dia 19 de julho e contam com exibições de filmes clássicos como E.T.: O Extraterrestre, Turma da Mônica – Laços, teatros infantis, como Patati e Patatá, stand-up comedy e mais shows musicais, como Turma do Pagode, Anavitória, Nando Reis e Marcelo D2.
Os drive-ins estão se espalhando pelo Brasil. Na semana passada, em São Paulo, ocorreu uma exibição cinematográfica no Memorial da América Latina, feita pelo cinema Belas Artes. Em Florianópolis, o cantor sertanejo Leo Chaves fez um show ao vivo também com o público dentro do carro. No Rio de Janeiro, no Jeunesse Arena, desde o dia 11 de junho também está acontecendo exibições de filmes ao ar livre e, a partir de sexta-feira, 26, começam as exibições do Cinesystem no Uptown Barra, com o diferencial de que serão exibidos também títulos mais recentes e estreias.
*Por: Felipe Branco Cruz / VEJA.com