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MUNDO - A Bolívia propôs nesta última quinta-feira (3) à comunidade internacional a mobilização de fontes de financiamento e o cancelamento da dívida externa para enfrentar a crise econômica provocada pela pandemia da covid-19, que no caso do país se soma a outros fatores internos.

"Esperamos encontrar a devida compreensão e solidariedade da cooperação internacional. É imperativo mobilizar as diferentes fontes e instrumentos de financiamento e o perdão da dívida externa", disse o presidente da Bolívia, Luis Arce, em vídeo transmitido pela emissora de televisão estatal.

O vídeo foi gravado durante a participação do presidente em uma assembleia das Nações Unidas com o tema "Unidos contra a covid-19".

Arce, herdeiro político do ex-presidente de esquerda Evo Morales (2006-2019), já havia manifestado em setembro, durante a campanha eleitoral, a ideia de não pagar a dívida externa por dois anos.

Seu ministro da Economia, Marcelo Montenegro, disse em meados do mês passado que o governo administrará a suspensão temporária do pagamento de sua dívida. Em 30 de abril deste ano, a dívida externa pública alcançava 11,6 bilhões de dólares, 27,3% do PIB, segundo dados divulgados pelo Banco Central da Bolívia (BCB).

O presidente mencionou que a situação em seu país é difícil, por fatores internos que vão além do coronavírus, como a administração de sua antecessora por um ano, a direitista Jeanine Áñez.

"A crise política de novembro de 2019 e a má gestão do governo de fato deterioraram a economia boliviana, situação agravada pela pandemia", argumentou Arce nas redes sociais.

O presidente alertou em seu discurso que a economia boliviana "terá uma queda no PIB de 11,1%".

Após assumir o cargo em 8 de novembro, ele descreveu a situação econômica do país como "patética", após estimar um déficit fiscal para 2020 de 12,1%.

Desde março, a covid-19 deixou na Bolívia mais de 8.900 mortos e mais de 144.900 infectados.

 

 

*Por: AFP

MUNDO - A promotoria prendeu nesta última terça-feira um general da Força Aérea Boliviana, dentro de uma investigação sobre os confrontos políticos que deixaram nove mortos na cidade de Sacaba em novembro de 2019. Essa é a primeira prisão de um oficial pela onda de violência ocorrida no país no ano passado.

A polícia cumpriu a ordem da promotoria, confirmou ao canal de TV Unitel o chefe da Força Especial de Luta contra o Crime (FELCC), coronel Alberto Aguilar. "Sobre a detenção do general Alfredo Cuéllar, ele se encontra na FELCC, onde irá aguardar até que um juiz defina a sua situação jurídica", informou.

Edwin Paredes, advogado do general, afirmou que "ele apenas cumpriu funções administrativas, nunca tomou decisões operacionais. O militar exercia funções de chefe da guarnição militar do departamento de Cochabamba (centro), onde fica Sacaba, cenário de confrontos violentos entre militares e camponeses plantadores de coca.

Em Sacaba, os militares interceptaram os camponeses quando estes pretendiam seguir para a cidade de Cochabamba, a 18 quilômetros de distância. Uma primeira investigação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) estabeleceu que a violência causou a morte de nove civis.

Os incidentes começaram após as eleições gerais de 20 de outubro de 2019, em meio a denúncias da oposição sobre uma suposta fraude do então presidente, Evo Morales, para se manter no poder até 2025. Primeiramente, foram registrados confrontos de rua entre opositores e apoiadores de Morales; depois, entre civis e forças militares e policiais.

O presidente renunciou, mas os protestos continuaram. Os conflitos mais sérios ocorreram entre 15 e 19 de novembro, em Sacaba e na região de Senkata, cidade de El Alto, vizinha a La Paz, onde houve 10 mortos, segundo a CIDH.

A violência política ocorrida entre outubro e novembro passados deixou 35 mortos, segundo um primeiro relatório da organização internacional de direitos humanos, que enviou esta semana uma nova comissão investigadora para questionar o antes, durante e depois dos incidentes.

 

 

*Por: AFP

MUNDO - O novo presidente da Bolívia, Luis Arce, agiu rapidamente para restaurar os laços com o Irã e a Venezuela, recebendo as credenciais de embaixadores dos dois países na quarta-feira (11), apenas três dias depois que seu partido socialista retomou o poder.

Em comunicado, o governo boliviano informou que quer "restabelecer as relações diplomáticas prejudicadas pelo governo anterior", liderado pela presidente interina conservadora, Jeanine Ánez.

No Twitter, Arce disse que estava restaurando as relações bilaterais com a Venezuela para fortalecer os laços estratégicos para o bem dos povos.

Ele afirmou que o mesmo está sendo feito com o Irã e que "eles são sempre bem-vindos à Bolívia. Continuaremos a fortalecer projetos comuns".

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, compareceu à cerimônia de posse de Arce, em La Paz, no domingo (8), como parte de uma viagem às nações latino-americanas de esquerda, que incluiu Venezuela e Cuba.

A Venezuela e o Irã foram aliados-chave do ex-presidente boliviano e aliado de Arce, Evo Morales, que assumiu o cargo como o primeiro presidente indígena do país em 2006 e renunciou, sob pressão, por causa das disputadas eleições no ano passado.

Na segunda-feira (9), Morales voltou à Bolívia, do exílio na Argentina, e foi homenageado, nessa quarta-feira, em uma cerimônia em Chimore, cidade de sua província natal de Chapare, região central de cultivo de coca.

 

 

*Por Daniel Ramos e Aislinn Laing - Repórteres da Reuters

BRASÍLIA/DF - O Ministério de Minas e Energia autorizou a Petrobras a exercer atividades de importação de gás natural da Bolívia em volume total de até 10,08 milhões de metros cúbicos por dia.

A autorização, válida até o final de 2020, foi publicada pela pasta no Diário Oficial da União desta quarta-feira (28) e envolve ainda aval para importação adicional de até 1 milhão de metros cúbicos por dia para uso no sistema de transporte.

De acordo com a publicação do ministério, o gás a ser importado terá como mercado potencial o atendimento à demanda de usinas termelétricas, com transporte através do gasoduto Bolívia-Brasil.

O local de entrega do insumo será na fronteira entre os dois países em Corumbá, no Mato Grosso.

A Petrobras deverá apresentar à Agência Nacional de Petróleo (ANP) relatórios sobre as operações de importação realizadas, incluindo volumes diários.

 

 

*Por Luciano Costa - Repórter da Reuters

MUNDO - O candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), Luis Arce, disse hoje (19) que a Bolívia "voltou à democracia", depois de uma pesquisa de boca de urna sua vitória nas eleições para a Presidência da República em primeiro turno.

A Bolívia "voltou à democracia. Vamos trabalhar por todos os bolivianos, vamos constituir um governo de unidade nacional", declarou Arce, sucessor do ex-líder socialista Evo Morales, em entrevista coletiva.

Ele falou dos seus planos para liderar o país, enquanto a contagem de votos mal ultrapassava os 5% e manifestou a vontade de responder às expectativas dos eleitores.

De Buenos Aires, o ex-presidente Evo Morales garantiu que o seu partido, o MAS, ganhou as eleições e que Luis Arce será o novo presidente.

"Assinalam-me que houve uma vitória do Movimento Ao Socialismo, do irmão Lucho [Luis Arce] presidente e o irmão David [David Choquehuanca] vice-presidente. Além disso, o MAS terá maioria nas duas câmaras da Assembleia Legislativa. Irmãos da Bolívia e do mundo, Lucho será o nosso presidente", assegurou Morales.

Apesar da falta de dados oficiais suficientes, Evo Morales deu os "parabéns" aos vencedores e garantiu que foi um "dia histórico", no qual "a democracia foi recuperada".

"Hoje recuperamos a democracia. Recuperamos a pátria. Recuperaremos a estabilidade e o progresso. Recuperaremos a paz. Devolveremos a liberdade e a dignidade ao povo boliviano", afirmou.

O ex-chefe de Estado também apelou aos diversos líderes a envolverem-se num grande acordo nacional para tirar o país da crise.

"Devemos deixar de lado as diferenças, os interesses setoriais e regionais para conseguirmos um grande acordo nacional com partidos políticos, empresários, trabalhadores e o Estado. Juntos construiremos um país sem rancores e que nunca recorra à vingança", disse Morales.

 

Presidente em exercício

A presidente em exercício da Bolívia, Jeanine Áñez, afirmou no Twitter que ainda não existe um resultado oficial, mas que, com base nos dados disponíveis, Arce e Choquehuanca venceram as eleições.

"Parabenizo os vencedores e peço-lhes que governem tendo a Bolívia e a democracia em mente", escreveu Jeanine.

 

Boca de urna

A empresa de pesquisas Ciesmori, que fez uma projeção para as redes de televisão Unitel e Bolivision, dá 52,4% dos votos ao candidato presidencial do MAS. Em segundo lugar aparece Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã, com 31,5%.

Os resultados dessa pesquisa diferem daquelas feitas antes de domingo, que apontavam segundo turno entre Arce e Mesa.

O tribunal eleitoral, o governo interino da Bolívia e as missões internacionais de observadores pediram calma enquanto se aguarda o resultado oficial, que pode levar vários dias.

A Bolívia realizou eleições nesse domingo para eleger presidente, vice, deputados e senadores para os próximos cinco anos.

Pela primeira vez desde 1989, Morales não participou do processo eleitoral na Bolívia. O ex-presidente vive na Argentina desde que renunciou à Presidência em novembro de 2019, depois de denunciar a existência de um golpe de Estado.

 

 

*Por RTP

MUNDO - A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, desistiu de participar da eleição presidencial do país, marcada para 18 de outubro. Ela comunicou a decisão nessa última 5ª feira (17), por meio de 1 vídeo publicado em seu perfil no Twitter.

Áñez disse que retirou sua candidatura “pelo bem maior” da Bolívia. Afirmou que quer evitar que os votos contra o candidato do ex-presidente Evo Morales, Luis Arce, não se dividam. Pesquisa da fundação Jubileo mostra Arce na liderança, com 29,2% das intenções de voto.

Em 2º lugar, está o ex-presidente centrista Carlos Mesa (19%) e, em 3º, Luis Fernando Camacho (10,4%). A presidente interina figura em 4º lugar, com 7% das intenções de voto.

“Deixo de lado minha candidatura à presidência da Bolívia para cuidar da democracia”, falou Áñez. Segundo ela, “se não houver união, [Evo] Morales voltará”. “Se não nos unirmos, a democracia perde e a ditadura ganha”, afirmou.

Áñez assumiu interinamente o cargo em 12 de novembro de 2019, depois da renúncia de Evo por pressão das Forças Armadas. A Bolívia enfrentou semanas de tensão e violência quando vieram à tona denúncias de irregularidades na eleição de outubro de 2019, que permitiu que Evo continuasse no poder. Atualmente, o ex-presidente vive na Argentina.

Eis o vídeo divulgado por Jeanine Áñez:

 

 

*Por: PODER360 

MUNDO - Foi dada a largada no último domingo (6) para a corrida eleitoral na Bolívia até as eleições de 18 de outubro, um processo que interessa ao Brasil, que enfrentará eleições municipais também no contexto da pandemia e que tem na atual presidente Jeanine Áñez uma aliada política de Jair Bolsonaro.

Em jogo, uma definição política depois de um processo de transição iniciado em 20 de outubro do ano passado, quando as eleições foram anuladas, e a definição de um modelo político e econômico, caso haja uma mudança de rumo, não apenas de nomes.

"Estamos diante de um eventual novo modelo que deixe para trás o 'nacionalismo comunitário' de Evo Morales. Apesar disso, não se vê nenhum candidato que aponte para um horizonte, mais do que para a conjuntura de curto prazo, deixando dúvidas sobre se o país terá um modelo alternativo ou apenas novos nomes", explica à RFI o cientista político boliviano Diego Ayo, da Universidade Mayor de San Andrés, em La Paz.

Essa expectativa de futuro ficou truncada na Bolívia depois das frustradas eleições do ano passado, quando uma série de protestos e greves paralisaram o país durante três semanas contra uma fraude apontada pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

O então presidente Evo Morales renunciou depois de perder o apoio dos sindicatos, da Igreja e das Forças Armadas, pondo fim ao projeto de um questionado quarto mandato, após de 14 anos de governo.

Quando os bolivianos votarem no próximo dia 18 de outubro terão passado por um ano de uma transição que, inicialmente, estava prevista para durar apenas dois meses, até janeiro, mas que, devido à pandemia, foi adiada três vezes: 3 de maio, 6 de setembro e 18 outubro.

Para isso, todos os mandatos, tanto do Executivo quanto do Legislativo, foram ampliados à espera de uma definição.

Nesse período, o ex-presidente Evo Morales, asilado primeiro no México, refugiado depois na Argentina, sofreu uma série de denúncias e novos processos penais, que o impedem hoje de retornar à Bolívia sem ser preso.

 

Campanha atípica

As eleições gerais na Bolívia serão as primeiras da América do Sul em meio à pandemia e têm regras próprias do contexto.

A experiência boliviana é observada de perto pelos países vizinhos que terão eleições também sob efeito da pandemia. O Chile enfrentará um plebiscito em outubro, o Brasil eleições municipais, em novembro; a Venezuela, eleições legislativas em dezembro; e o Peru, eleições presidenciais em abril.

A Bolívia vive uma estabilidade com tendência a queda no número de casos; o que permitiu uma abertura desde o dia 1 de setembro.

Uma incógnita é se a campanha eleitoral terá incidência no número de contágios, revertendo a tendência. Esse ponto é preocupante num país com frágil sistema de saúde.

A outra incógnita é como a proibição de comícios e de marchas incidirá nos votos num país acostumado a maciças mobilizações populares como demonstração de força.

A campanha terá um forte componente digital e audiovisual, mais do que as manifestações pelas ruas, mas há dúvida quanto à eficácia de uma campanha virtual num país onde a cobertura de internet é baixa. A propaganda nos meios de comunicação tradicionais só começa no dia 18 de setembro.

A corrida eleitoral começou neste domingo com os principais candidatos em carreatas pela cidade de Santa Cruz de La Sierra, a mais próspera do país. As carreatas implicam menos gente, mas o distanciamento social não foi respeitado.

 

Disputa cabeça a cabeça

São três os candidatos principais. Pela esquerda, o candidato de Evo Morales (2006-2019), o ex-ministro da Economia Luis Arce, quem liderava a disputa ao longo dos últimos meses, com chances de vencer no primeiro turno.

Arce tem perdido votos de forma acelerada, afetado pelos escândalos e denúncias que envolvem o seu padrinho político. Está agora empatado com o ex-presidente Carlos Mesa, candidato pela centro-esquerda.

Os dois estão empatados com 23% de intenções de voto, segundo a mais recente sondagem da consultora 'Mercados y Muestras'.

Com metade desse nível, aparece a atual presidente de direita, Jeanine Áñez, com 12% das intenções de voto.

O desafio de Áñez é roubar votos de Carlos Mesa, porque as projeções indicam que ganhará aquele que disputar o segundo turno com o candidato de Evo Morales.

"Não existe nenhuma chance de Luis Arce ganhar no primeiro turno. As sondagens indicam uma queda abrupta do candidato de Evo Morales. E não existe nenhuma chance de a presidente Jeanine Áñez reverter o jogo. O que aparece é Carlos Mesa colhendo as consequências dos erros de Morales e de Áñez", observa o analista Diego Ayo, destacando que "o voto anti-Evo Morales está fragmentado em outros sete candidatos".

Num segundo turno, o voto opositor a Evo Morales se juntaria, tal como indicavam as sondagens há um ano. Assim, Carlos Mesa venceria o duelo com 47% dos votos contra 30% de Luis Arce num segundo turno em 29 de novembro

"As sondagens indicam que mais da metade dos eleitores de Morales, se não votassem no seu candidato, escolheriam Carlos Mesa. Outros anulariam. Quase ninguém passaria a votar em Jeanine Áñez. O eleitorado de Morales migra a Mesa, mas não a Jeanine. É que os eleitores da esquerda migram ao centro, onde está Mesa, mas não à direita, onde estão todos os demais candidatos", aponta Diego Ayo.

Mas a disputa está aberta porque a maioria dos votos está entre indecisos (19%) e nulos (11%). Juntos, esses votos chegam a 30% dos eleitores.

 

Evo Morales onipresente

O ex-presidente Evo Morales, mesmo refugiado em Buenos Aires, está onipresente na disputa.

Em primeiro lugar, isso ocorre porque os votos dividem-se em pró e contra Evo Morales. O seu candidato, Luis Arce, iria ao governo, enquanto Evo Morales, ao verdadeiro poder por trás.

Em segundo lugar, porque apesar de o Tribunal Supremo Eleitoral ter impugnado a candidatura de Evo Morales ao Senado em fevereiro, o ex-presidente insiste na Justiça com essa candidatura que lhe daria imunidade parlamentar contra uma série de processos e ordens de prisão.

Terceiro, porque Evo Morales, mesmo refugiado na Argentina, é o chefe de campanha do seu partido.

Quarto, porque Evo Morales aparece envolvido em uma série de escândalos que levam, por tabela, o seu candidato a perder votos.

Sobre Evo Morales recaem uma série de acusações e de processos penais por genocídio, terrorismo, fraude eleitoral, sedição e até estupro.

"Essas acusações têm sido lapidárias para Evo Morales. Isso o deslegitimou muito e tem sido visível uma grande queda de Evo Morales", indicou Diego Ayo, da Universidade Mayor de San Andrés em La Paz.

 

Denúncias e acusações

Nas últimas semanas, apareceram casos de envolvimento com adolescentes.

Um dos casos sob investigação é uma suposta filha que Morales teria tido com uma adolescente, hoje com 16 anos, mas que teria sido mãe aos 15 anos de idade. Segundo o governo que denunciou o caso, a criança está formalmente registrada como filha de Evo Morales.

O segundo caso envolve uma jovem de 19 anos, Noemí Meneses. Essa adolescente, hoje maior de idade, admitiu que são namorados desde maio passado, mas que se conhecem desde que ela tinha 14 anos.

Pela Internet, circulam uma série de fotos dos dois juntos. As fotos foram colhidas pela polícia e pela Justiça do celular da jovem. Também há passagens aéreas em nome de Noemí supostamente para ver Evo Morales no México e na Argentina. A adolescente fugiu da prisão domiciliar e foi, clandestinamente, com os pais aqui para a Argentina, onde está Evo Morales.

Na Bolívia, as relações com menores são delitos por mais que sejam consentidas.

Outra denúncia do governo foi na Corte Penal Internacional de Haia por crimes contra a humanidade. Evo Morales é acusado de ser o responsável pela morte de 40 pessoas, provocada pelos bloqueios nas estradas que, durante 12 dias de protestos, impediram a passagem de oxigênio medicinal aos hospitais, onde pacientes padeciam os efeitos do coronavírus. Os protestos, contra o adiamento das eleições de setembro a outubro, teriam sido ordenados por Evo Morales.

O ex-presidente classifica as acusações como "uma campanha de desprestígio" que visa "um impacto político-eleitoral" e que "as denúncias são falsas".

 

 

Por: Márcio Resende / RFI

MUNDO - Segundo especialistas ouvidos pela RFI, a maior beneficiada pela decisão do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia de adiar para o dia 18 de outubro as eleições gerais devido ao agravamento da pandemia é a presidente interina, Jeanine Áñez, quem, de quebra, ainda reforça a sua polarização contra o partido do ex-presidente Evo Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS). "O governo desejava muito um adiamento das eleições porque está numa situação declinante em termos de votos. Adiar as eleições pode dar um pouco de oxigênio ao Executivo para recuperar popularidade", explica à RFI o analista político boliviano, Raúl Peñaranda.

Até maio, a interina Jeanine Áñez empatava tecnicamente com o ex-presidente Carlos Mesa na disputa sobre qual dos dois lideraria o campo opositor no pleito eleitoral com o candidato de Evo Morales, o ex-ministro da Economia, Luis Arce. O período inicial do combate ao coronavírus tinha beneficiado o capital político da presidente que aparecia como uma líder protetora. No entanto, a ineficaz capacidade de resposta à propagação do vírus somada aos efeitos da quarentena na economia revelaram uma gestão em crise.

"A lua-de-mel de Jeanine Áñez, iniciada em novembro, terminou em maio com o avanço da pandemia. O combate tornou-se crise e, na gestão dessa crise, a presidente não tinha mais possibilidade do que algum retoque superficial até setembro", avalia à RFI o cientista político boliviano Diego Ayo, da Universidade Mayor de San Andrés em La Paz. "Agora, com mais tempo, o governo pode distribuir alguma ajuda financeira ou ensaiar duas ou três manobras políticas e ganhar apoio popular na reta final das eleições", indica.

Curva de contágio influi no voto

Com a data de 6 de setembro, os eleitores iriam às urnas em pleno auge da curva de contágio, prevista para o período entre 20 de agosto e 10 de setembro. Já com a nova data de 18 de outubro, as eleições aconteceriam na descida da curva, o que permitiria ao governo exibir-se como vitorioso na luta contra o vírus.

"Seria uma irresponsabilidade manter a data em setembro. Com a alteração da data, Evo Morales e o MAS não concordam, mas o partido está isolado na Bolívia, no seu discurso de barricada em defesa das eleições, sem se importar com a pandemia", aponta Diego Ayo.

"Há uma sensação de crise sanitária muito grande no país. A mudança de data era inevitável porque havia uma pressão de muitos setores políticos e cidadãos", descreve Raúl Peñaranda.

Esta é a terceira vez que as eleições na Bolívia são adiadas. A data de 3 de maio passou a 2 de agosto e depois a 6 de setembro. Foram decisões controladas pelo Parlamento, onde o partido de Evo Morales detém 2/3 dos votos.

"Ao contrário das duas anteriores, que passaram pelo Legislativo, esta foi uma decisão do TSE que, ao não conseguir acordo político com os partidos, resolveu sozinho. Isso gerou a irritação do MAS e de Evo Morales, porque ficam agora à mercê das decisões dos demais poderes", observa Peñaranda.

Com o adiamento, a Bolívia prolonga a sua incerteza política e os mandatos que originalmente venceram no dia 22 de janeiro sem que o país tivesse eleitos para substituir os atuais.

Uso político da pandemia

O Movimento Ao Socialismo (MAS) discorda do adiamento e o ex-presidente Evo Morales, refugiado na Argentina, acusa o governo de "ganhar tempo". O ex-chefe de Estado vê na manobra uma "perseguição contra o seu candidato".

O TSE estuda uma acusação de alguns partidos contra o MAS por difundir ilegalmente sondagens, algo que pode eliminar o partido da disputa.

"O MAS não está de acordo com o adiamento porque tem a ideia de que um descontrole social e sanitário pode prejudicar o governo e beneficiar os interesses eleitorais de Evo Morales, hoje na oposição", aponta Peñaranda.

Ao anunciar o adiamento, o presidente do Tribunal Supremo eleitoral, Salvador Romero, argumentou que "não se pode ir às eleições sem o resguardo suficiente, nem usar como pretexto o drama, a dor e o luto da pandemia para anular ou para adiar indefinidamente as eleições”.

"O Tribunal Supremo Eleitoral resolveu marcar a data para a jornada de votação geral em 18 de outubro com eventual segundo turno em 29 de novembro e posse das novas autoridades em dezembro", determinou Salvador Romero, quem acrescentou que a nova data permitirá "organizar as eleições com medidas adequadas e sólidas de proteção à saúde".

Assim, a nova data coincide com as frustradas eleições de um ano atrás. Depois de constatada fraude nas eleições de 20 de outubro pela Organização dos Estados Americanos, auditora do processo eleitoral, Evo Morales perdeu o apoio dos sindicatos, da Igreja e das Forças Armadas, e renunciou ao cargo, pondo fim a um quarto mandato, depois de 14 anos de governo.

Morales abandonou o país em 12 de novembro em meio a uma convulsão social, resultante de três semanas de protestos e greves. Passou um mês no México e, com a mudança política na Argentina, refugiou-se em Buenos Aires, de onde lidera a campanha do seu partido.

Dança dos votos ao ritmo de contágios

A pandemia evidenciou a fragilidade do sistema de Saúde boliviano. Os contágios avançam enquanto hospitais e serviços funerários estão em colapso. A exemplo do que ocorreu no Equador em abril, os cadáveres são recolhidos nas ruas. Com 11,5 milhões de habitantes, a Bolívia tem 2.328 mortos, sendo, proporcionalmente, um dos países mais afetados do mundo.

Duas recentes sondagens mostram uma disputa entre o candidato de esquerda de Evo Morales, o ex-ministro da Economia, Luis Arce, e o ex-presidente de centro-esquerda, Carlos Mesa. A atual presidente de direita, Jeanine Áñez, vem em franco declínio.

Na sondagem Ipsos, Luis Arce e Carlos Mesa estão empatados com 26% enquanto Jeanine Áñez aparece em terceiro lugar com 14% das intenções de voto. Porém, o estudo foi realizado apenas nos principais centros urbanos do país enquanto 40% dos bolivianos vivem nas zonas rurais que se inclinam ao MAS de Morales.

Já na pesquisa Mercados e Mostras com centros urbanos e zonas rurais, Luis Arce cai de 27% a 24% enquanto Carlos Mesa sobe de 19% a 20% e Jeanine Áñez perde dois pontos, ficando com 16%. Os indecisos aumentaram de 9% a 20%, deixando a disputa totalmente aberta e mantendo o país numa indefinição que vai completar um ano.

 

 

*Por: Márcio Resende / RFI

BARSÍLIA/DF - Os primeiros jogos das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo do Catar, em 2022, estavam marcados para março, mas tiveram de ser adiados devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19). A Conmebol ainda não definiu uma data, mas há a previsão de as eliminatórias começarem em setembro. A Seleção Brasileira vai estrear contra a Bolívia, em casa, e, se não houver mudança, o jogo será na Arena Pernambuco.

A Agência Brasil conversou com José María Carrasco, zagueiro do Blooming e da Seleção Boliviana. O jogador de 22 anos, que disputou a Copa América no Brasil no ano passado, disse que, apesar da preocupação com a saúde, está ansioso para o recomeço do futebol. Além disso, garantiu que acredita em uma nova classificação da Bolívia para o Mundial – a última participação da “La Verde” foi em 1994.

Agência Brasil: A Federação Boliviana de Futebol (FBF) vai se reunir com os clubes nesta sexta-feira (5), para discutir a volta às atividades. Como os jogadores do país estão lidando com este cenário?

Carrasco: Mais de dois meses e ainda não há planos de jogar novamente. Com os colegas de equipe, mantemos um diálogo constante, pois temos palestras e conferências quase diariamente, junto com a equipe de coaching.

Agência Brasil: Como isso pode interferir na qualidade das equipes?

Carrasco: Sem dúvida, isso prejudicará em todos os aspectos, tanto físico quanto técnico. Mas é nossa obrigação continuar treinando neste período de pandemia.

Agência Brasil: Sobre as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Catar, existe uma previsão de começo em setembro. Mas não há uma confirmação. Isso provoca ansiedade entre os atletas?

Carrasco: Pessoalmente, estou muito ansioso de voltar a jogar, mas sei que a saúde vem em primeiro lugar. Apesar de toda essa pandemia, estamos nos preparando mentalmente para enfrentar esses tipos de jogos, que sabemos que serão muito difíceis para nós.

Agência Brasil: Como vai ser entrar em campo, provavelmente, sem a presença do torcedor na arquibancada? O futebol vai mudar muito após a covid-19?

Carrasco: A verdade é que será muito estranho e diferente, pois estamos acostumados a sempre sentir o apoio dos torcedores. Eu acho que isso mudará em todos os aspectos, será como começar do zero, mas espero que, com o passar do tempo, tudo se normalize.

Agência Brasil: Como será enfrentar o Brasil na estreia fora de casa, sabendo do número de infectados e mortos pela covid-19. Isso de alguma forma preocupa?

Carrasco: Teremos de jogar no Brasil, então que seja o mais rápido possível. Queremos jogar contra as equipes mais fortes o quanto antes. Quanto à pandemia, estamos todos um pouco assustados. Mas certamente, quando competirmos novamente, teremos as medidas de saúde necessárias.

Agência Brasil: A Seleção Boliviana está confiante para alcançar a tão sonhada vaga em uma Copa do Mundo?

Carrasco: Para ser sincero, temos uma tremenda fé nessas rodadas de classificação, estamos nos preparando há um tempo para competir em igualdade de condições com qualquer equipe. E isso foi demonstrado no pré-olímpico pela seleção sub-23. Acreditamos firmemente que podemos nos qualificar para a próxima Copa do Mundo.

 

 

*Por: AGÊNCIA BRASIL

MUNDO - As autoridades da Bolívia abriram nesta última terça-feira (19) uma investigação por "possível corrupção" na compra na Espanha de 179 respiradores artificiais para o tratamento de pacientes com COVID-19, informou a presidente interina Jeanine Áñez, depois de receber uma onda de críticas pela aquisição.

"Graças às reclamações nas redes sociais e na imprensa, iniciamos uma investigação sobre uma possível corrupção na compra de respiradores espanhóis", escreveu a presidente no Twitter.

Áñez fez o anúncio três dias depois que os médicos denunciaram que os aparelhos comprados por quase cinco milhões de dólares não eram adequados para unidades de terapia intensiva nos hospitais bolivianos.

"Peço prisão e ordeno todo a ação da lei contra aqueles que ficaram com um único peso. Todo centavo de corrupção deve ser devolvido ao Estado", escreveu Áñez.

Após o anúncio da presidente, um funcionário do departamento de compras do Ministério da Saúde foi detido pela polícia, segundo o ministro do Interior (Interior), Arturo Murillo.

O jornal La Razón informou nesta terça-feira que o governo pagou 27.683 dólares por cada respirador, apesar do fato da empresa espanhola de fabricação GPA Innova oferecer por 10.312 a 11.941 dólare.

Enquanto isso, o jornal Página Siete indicou que a empresa espanhola IME Consulting atuava como intermediária nessa operação.

A aquisição dos 179 respiradores causou uma onda de críticas. Os candidatos presidenciais Carlos Mesa (centro), Luis Arce (esquerda), Luis Fernando Camacho (direita) e Jorge Quiroga (direita) questionaram o processo de compra e exigiram uma investigação.

Até agora, o coronavírus infectou 4.263 pessoas e causou 174 mortes no país.

 

 

*Por: AFP

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