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CHINA - A entrada do Egito no BRICS na recente expansão do grupo e a negociação junto aos governos do Catar e de Israel para a retirada de palestinos da Faixa de Gaza, através da passagem de Rafah, colocaram o país em evidência nos últimos meses.

Em entrevista ao podcast Mundioka, da agência russa de notícias Sputnik Brasil, especialistas analisam quais os principais ativos da economia do Egito, como o país pode contribuir para o BRICS e como pode ser beneficiado pelo grupo.

 

Cooperações

Para Muna Omran, doutora em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professora convidada na especialização de história do Oriente na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), com a adesão ao BRICS, o Egito busca novos parceiros que possibilitem reduzir a dependência do Ocidente, não apenas em acordos firmados dentro do grupo, mas também com cooperações bilaterais com seus integrantes. Nesse contexto, ela afirma que a China desponta como uma das favoritas.

— O Egito comprava muita coisa da Rússia, principalmente na parte da agricultura, embora a agricultura no Egito seja também bem desenvolvida, faz parte da economia do país, mas não supre toda a população. São mais de 100 milhões de habitantes. Com a guerra na Ucrânia, a crise econômica no país aumentou — resumiu Omran.

 

 

Por Redação, com Sputnik

por CdB

ARGENTINA - A Argentina corporativa é fortemente contra a dolarização total da economia, uma das principais propostas do candidato que lidera as pesquisas de opinião para as eleições presidenciais, Javier Milei, de acordo com 125 empresários com quem a Reuters conversou.

Em uma importante cúpula de líderes empresariais na cidade litorânea de Mar del Plata, a Reuters perguntou aos executivos de uma ampla gama de setores se eles desejam que o governo mantenha o peso, mude para um sistema duplo de peso e dólar ou faça uma mudança total para o dólar. Apenas duas pessoas apoiaram a dolarização total.

A pesquisa oferece a visão mais clara e aprofundada até o momento sobre como a Argentina corporativa vê o debate sobre a dolarização, que está no centro da disputa presidencial rumo à eleição de 22 de outubro.

Cerca de dois terços dos entrevistados pela Reuters apoiaram um sistema bimonetário proposto pela candidata conservadora Patricia Bullrich, que é popular entre os líderes empresariais, mas que está em desvantagem nas pesquisas. Quase um terço favoreceu a manutenção do peso, apesar de sua recente queda e da inflação de três dígitos no país.

"É realmente desafiador para as empresas sediadas na Argentina pensar em dolarização", disse um executivo de alto escalão do setor automotivo que pediu para não ter seu nome revelado, citando problemas enfrentados por outras economias dolarizadas, como Equador e El Salvador.

"Ficamos sem uma âncora para ajustar as variáveis monetárias e as experiências em outros países não têm sido boas."

A forte oposição corporativa ressalta um dos desafios que um possível futuro presidente Milei enfrentaria para levar adiante seus planos para a economia, que também incluem o fechamento do banco central.

O candidato governista e ministro da Economia, Sergio Massa, apoia a manutenção do peso, mas tem tido dificuldades para reduzir a inflação ou conter a desvalorização da moeda.

Os argentinos votarão em 22 de outubro, com um segundo turno previsto para o mês seguinte, caso nenhum candidato vença já no primeiro turno, o que significa obter 45% dos votos ou 40% com uma vantagem de 10 pontos percentuais.

A maioria dos empresários entrevistados na cúpula empresarial do Idea disse que é importante manter o peso para poder ajustar as variáveis monetárias e manter a competitividade. Uma mudança total para o dólar significaria perder as alavancas da política monetária.

Na pesquisa, cerca de 80% disseram que prefeririam um governo Bullrich, apoiando seus planos para normalizar a economia. Cerca de 11% se inclinaram para Massa e apenas 7% foram a favor de Milei.

A maioria dos entrevistados avalia o valor real do peso entre 650 e 1.000 pesos por dólar, muito mais fraco do que a taxa oficial controlada de 350 pesos. O país tem controles rígidos de capital que limitam o comércio oficial de moeda estrangeira, o que tem fomentado os mercados paralelos populares.

 

 

por Por Jorge Otaola / REUTERS

ARGENTINA - A promessa de Javier Milei de dolarizar a economia argentina ainda é, em muitos aspectos, bastante incerta. Para começar, o polêmico candidato precisa vencer as eleições presidenciais em outubro. Uma vez no cargo, ele teria que superar uma série de obstáculos para acabar com o peso como moeda oficial do país.

Mas a verdade é que muitos argentinos não estão esperando para ver o que acontecerá. Eles estão dolarizando a economia por conta própria.

Em setores como tecnológica e finança, funcionários qualificados exigem que os salários sejam pagos em dólar. Empresas como MercadoLibre cada vez mais aderem a essa prática. A maioria dos proprietários de imóveis em Buenos Aires agora só aceita pagamentos de aluguéis em dólar. O mesmo vale para Airbnb. E a lista não tem fim: instrumentos musicais, advogados de divórcio, couro importado — se você quer, desembolse as verdinhas.

A utilização do dólar não é novidade no país, mas agora explodiu e se generalizou à medida que a inflação ultrapassa 100% e destrói o valor dos pesos guardados na carteira ou parados no banco.

É um colapso clássico da moeda fiduciária, como aconteceu na Venezuela devastada pela hiperinflação uma década antes: a confiança na moeda vai embora até o ponto em que as pessoas não querem usá-la nem mesmo para as transações mais básicas, e assim gradualmente a divisa desaparece da economia.

“Quando não há demanda por um produto”, disse Milei em entrevista à Bloomberg na semana passada, “seu valor é zero”.

O valor do peso ainda não é zero, mas está em queda livre. No câmbio oficial, o peso vale menos de um terço de um centavo de dólar. No paralelo, vale menos ainda: um décimo de centavo de dólar.

A divisa afundou 23% só no mês passado, o maior declínio entre todas as moedas monitorado pela Bloomberg, e 91% nos últimos cinco anos. Isto agravou a alta da inflação, que foi em grande parte alimentada pela emissão de moeda para financiar os déficits do governo.

No setor de tecnologia da Argentina, cerca de 200.000 pessoas trabalham sem registro para empresas no exterior pare serem pagas em dólar ou euro e evitar o imposto de renda, segundo a Argencon, uma associação setorial que conta com o MercadoLibre entre seus membros. Um relatório da entidade mostra que a taxa de rotatividade dos trabalhadores em empregos remunerados em peso ultrapassou 30% em várias empresas de tecnologia no ano passado.

Para conter o desgaste, o MercadoLibre, com mais de 10.000 funcionários na Argentina, é uma das muitas empresas que paga pelo menos parte dos salários em dólar e a outra parte em peso. A gigante de consultoria Accenture, a empresa de software Globant e a fintech Uala começaram a implementar políticas salariais semelhantes, de acordo com comunicados corporativos, funcionários e reportagens da mídia local.

“Esse benefício é concedido a funcionários que são muito procurados por empresas locais, bem como por organizações que não operam na Argentina, mas que contratam os melhores talentos oferecendo salários em contas bancárias estrangeiras”, disse a Uala em resposta a perguntas. A fintech oferece entre 10% a 40% dos salários em dólar, dependendo do cargo, e os bônus de desempenho também são em dólares, disse.

A MercadoLibre e a Accenture não responderam a pedidos de comentário. A Globant não quis comentar – no início deste mês, o CEO da empresa disse em entrevista que os problemas econômicos do país contribuem para uma fuga de talentos.

O caso de amor dos argentinos com dólar começou há décadas, depois de uma interminável série de crises, desvalorizações e espirais de inflação. E as pessoas há muito tempo mantêm dinheiro em contas-poupança em dólares, e o país costuma ser classificado entre os maiores importadores de notas de dólar. Compras caras, como casas e carros usados ​​também são quase inteiramente feitas na moeda americana.

Mas o que mudou agora é a quantidade de transacções e setores que estão adotando o dólar.

Em Buenos Aires, mais de 60% dos anúncios de apartamentos para alugar são agora cotados na moeda americana, segundo o site imobiliário ZonaProp. Há dois anos, esse número era de 20%. E outro dia, a equipe do Roux, um bistrô no bairro nobre de Recoleta, que serve ostras cruas, caviar e carne argentina, trocou alguns preços do cardápio por preços em dólar, algo raramente, ou nunca, visto antes.

“A Argentina já está dolarizada”, disse Emilio Ocampo, um economista que trabalha com Milei, em entrevista à Bloomberg em junho. É a forma como as pessoas passaram a se proteger do “imposto” da inflação, disse ele. Se o plano de dolarização de Milei for transformado em lei, será porque o país “basicamente não tem outra opção”.

 

 

 

por Azul Cibils Blaquier e Patrick Gillespie /  Bloomberg

ÍNDIA - A tendência da desdolarização no mercado petrolífero ganhou impulso na última semana, após a maior refinaria da Índia pagar uma transação com um fornecedor de petróleo dos Emirados Árabes Unidos usando sua própria moeda.

A Indian Oil Corp optou por usar rúpias em vez dos dólares para importar 1 milhão de barris de petróleo da estatal Abu Dhabi National Oil Company, segundo uma reportagem da Reuters citando a embaixada indiana nos Emirados Árabes Unidos na segunda-feira (14).

A Índia, que é o terceiro maior importador e consumidor de petróleo do mundo, recentemente firmou um acordo com os Emirados Árabes Unidos, a fim de usar sua moeda local, a rúpia, ao invés do dólar nas transações entre os países. O objetivo é reduzir custos, ao eliminar a necessidade de conversões cambiais.

Além disso, os dois países concordaram em estabelecer um mecanismo de pagamento em tempo real para facilitar os negócios transfronteiriços.

O pagamento feito na segunda-feira foi o primeiro realizado em rúpias pela Índia para adquirir petróleo dos Emirados Árabes Unidos. Esse evento acontece após a recente aquisição de 25 kg de ouro por um comprador indiano de um exportador do país árabe, também feita usando rúpias.

Essas ações são parte de uma série de iniciativas recentes de vários países, principalmente não ocidentais, que buscam diminuir sua dependência à moeda americana.

A desdolarização ganhou ainda mais destaque após os Estados Unidos imporem sanções financeiras à Rússia no ano passado, despertando o interesse de países como China, Índia, França e Israel em avançar nesse sentido.

Líderes dos países do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) têm ressaltado a importância de utilizar suas próprias moedas que não sejam atreladas ao dólar.

Enquanto isso, a China tem se esforçado para internacionalizar sua moeda, o iuan, com o objetivo de competir com o dólar, firmando acordos monetários com países como Brasil e Argentina.

 

 

por Investing.com

BUENOS AIRES - A confiança no peso argentino caiu para novos patamares nesta quarta-feira, com a moeda chegando a 780 pesos por dólar no popular mercado negro, no qual os poupadores estão dispostos a pagar mais do que duas vezes a taxa oficial, agora fixada em 350 pesos por dólar.

O peso, em dificuldades há muito tempo e administrado por controles de capitais há anos, despencou esta semana após um resultado chocante nas eleições primárias levantar a possibilidade de que um economista libertário radical vença a eleição presidencial de outubro. As famílias correram para converter seus pesos em dólares, em busca de uma forma mais estável de proteger suas economias.

Na segunda-feira, o banco central desvalorizou a taxa de câmbio oficial em cerca de 18% e elevou a taxa básica de juros para 118% para proteger o peso e conter a inflação, que já está em mais de 113%, espremendo a poupança e os salários da população.

“A demanda por dólares continua sustentada, com as pessoas procurando se proteger e cada vez mais preocupadas com a aceleração da inflação após a desvalorização”, disse o economista Gustavo Ber, citando um “clima de incerteza política e econômica”.

A eleição primária de domingo terminou com o outsider Javier Milei, que prometeu dolarizar a economia e eventualmente acabar com o banco central, com a maior parcela de votos. O candidato enfrentará uma disputa em três vias na eleição geral de 22 de outubro.

Com o peso caindo, o governo tentou estabilizar a moeda local, reduzindo acesso a alguns mercados paralelos de câmbio, fechando o cerco em torno de negociantes informais de moedas nas esquinas e começando a discutir um teto para o preço da carne para conter a inflação.

O analista Salvador Vitelli, no entanto, disse que, apesar das novas medidas, mais uma desvalorização é esperada, mesmo depois de o banco central fixar a taxa de câmbio oficial em 350 pesos por dólar até a eleição.

“O mercado não parece acreditar que eles serão capazes de manter essa taxa de câmbio até outubro”, disse.

Os preços futuros do peso no atacado, um reflexo das expectativas sobre a provável trajetória do seu valor, mostram 460 pesos por dólar para outubro, 629 até o fim do ano e 890 até julho de 2024.

Milei, que recebeu 30% dos votos em eleições primárias abertas no domingo, enfrentará o bloco conservador de oposição de Patricia Bullrich, que ficou em 28%, e a coalizão peronista liderada pelo ministrado da Economia, Sergio Massa, que recebeu 27%.

Analistas veem uma inclinação a uma política econômica mais rígida, independente de quem vencer, embora qualquer novo presidente precise lidar com grandes desafios para estabilizar a economia, em meio a inflação de três dígitos, reservas escassas e um frágil acordo de empréstimo de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional.

A promessa de dolarização de Milei, alguns acrescentaram, também estava levando mais pessoas a se livrarem de seus pesos, embora seja muito difícil de ser aplicada no curto prazo.

 

 

Reportagem de Walter Bianchi, Jorge Otaola e Lucinda Elliott / REUTERS

ARGENTINA - O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, afirmou que agirá com rigor contra o mercado paralelo de dólar. "Parecia que estava caindo, mas depois reapareceram os mesmos bandidos que estavam brincando", disse o ministro em evento com sindicalistas na última terça-feira (8), segundo informações do jornal Clarín.

Pré-candidato à presidência, Massa ameaçou os especuladores em seguida. "Amanhã (quarta-feira), vamos fazer com que eles sintam o rigor com todos os instrumentos que a UIF (Unidade de Investigação Financeira tem", afirmou. O ministro não especificou quais seriam essas medidas.

Porém, na quarta-feira (8), a cotação no mercado paralelo chegou a 598 pesos para um dólar, um valor recorde e que representa uma desvalorização de 17,5% da moeda argentina em um mês.

Um sistema de controle de divisas vigora na Argentina desde 2019, e diversas taxas de câmbio funcionam paralelamente à oficial, que fechou a 297,82 pesos por dólar na quarta-feira.

Embora o mercado do chamado "dólar blue" seja considerado pequeno, sua cotação reflete as expectativas do mercado, em um país que enfrenta uma inflação de 115% ao ano.

Os argentinos apostam historicamente no dólar para se protegerem da desvalorização de sua moeda, comportamento que ganha força às vésperas de processos eleitorais, que será realizada no domingo (13).

Há meses, as reservas internacionais diminuem a cada dia. Na terça-feira, fecharam em US$ 24,1 bilhões, segundo o Banco Central do país. Analistas econômicos, no entanto, estimam que as de livre disponibilidade se encontrem praticamente em zero.

 

 

por FERNANDO NARAZAKI / FOLHA de S.PAULO

EUA - O dólar alternava estabilidade e leve queda frente ao real nesta segunda-feira, em semana que será marcada pela decisão de política monetária do Banco Central do Brasil e por depoimentos do chair do Federal Reserve, Jerome Powell.

Às 9:23 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,25%, a 4,8095 reais na venda.

Na B3, às 9:23 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,2%, a 4,8195 reais.

O Banco Central do Brasil provavelmente deixará a taxa Selic inalterada quando encerrar sua reunião de política monetária nesta semana, mas economistas acreditam que a autarquia está próxima de iniciar um ciclo de afrouxamento, provavelmente já no terceiro trimestre.

Isso porque dados divulgados desde o último encontro do BC mostraram sinais convincentes de arrefecimento dos preços, com o IPCA de maio desacelerando bem mais do que o esperado, enquanto as expectativas de inflação no boletim semanal Focus têm moderado.

Juros mais baixos normalmente colocariam pressão negativa sobre real ao reduzir a rentabilidade do mercado de renda fixa brasileiro, mas estrategistas do Goldman Sachs disseram em relatório recente que, "dado o ponto de partida elevado para as taxas reais e o progresso contínuo (na redução) da inflação, esperamos que os diferenciais de juros reais continuem favoráveis ​​ao câmbio mesmo quando a normalização da política monetária começar, e acreditamos que os fluxos de renda fixa continuam sendo um importante vento favorável para o real".

"Embora uma pequena retração após um forte rali (do real) seja certamente possível, achamos que o dólar spot ainda tem espaço para uma tendência de baixa", completou o banco no documento.

Na última sessão, na sexta-feira, a divisa norte-americana à vista fechou em alta de 0,39%, a 4,8214 reais na venda, após ter acumulado queda de 5,32% nas dez sessões anteriores. É normal, após movimentos acentuados do dólar, haver momentos de correção no sentido oposto, conforme operadores realizam lucros.

Enquanto isso, no exterior, o dólar registrava leves ganhos contra uma cesta de pares fortes em dia de feriado nos Estados Unidos, com o foco na trajetória de política monetária do Federal Reserve. Na semana passada, o banco central norte-americano manteve sua taxa básica de juros, mas sinalizou a possibilidade de mais duas altas nos custos dos empréstimos neste ano.

"Todas as expectativas de cortes (de juros nos EUA) foram empurradas para 2024" após o encontro do Fed, destacou Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.

O chair da instituição, Jerome Powell, prestará depoimento ao Congresso dos EUA na quarta e na quinta desta semana, e será acompanhado de perto pelos mercados financeiros, que buscam pistas sobre os próximos passos do Fed.

 

 

Por Luana Maria Benedito / REUTERS

WASHINGTON - O Tesouro dos Estados Unidos disse que agora pode cumprir as obrigações de pagamento do governo federal depois da suspensão do teto da dívida, após alertas anteriores de que ficaria sem recursos na segunda-feira se o Congresso norte-americano não agisse.

“Agora que o Congresso agiu para suspender o limite da dívida, o Tesouro tem as ferramentas necessárias para garantir que os EUA continuem a cumprir todas as nossas obrigações”, disse o porta-voz do Tesouro, Christopher Hayden, em comunicado por e-mail na segunda-feira.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, havia alertado o Congresso de que, sem um aumento do teto da dívida, o Tesouro seria incapaz de fazer pagamentos e transferências estimados em 92 bilhões de dólares nesta semana, que incluem um ajuste de 36 bilhões de dólares nos fundos fiduciários da Seguridade Social e do Medicare.

Depois que o presidente Joe Biden sancionou a legislação do teto da dívida no sábado, o Tesouro leiloou 61 bilhões de dólares em títulos de seis meses e 68 bilhões de dólares em títulos de três meses que serão liquidados na quinta-feira.

A suspensão do teto da dívida permite que o Tesouro mantenha seu cronograma planejado de leilões para empréstimos totais de 726 bilhões de dólares no trimestre de abril a junho. O plano pressupõe um saldo de caixa no final de junho de 550 bilhões de dólares.

O saldo de caixa do Tesouro na quinta-feira caiu para apenas 22,9 bilhões de dólares -- abaixo dos 54 bilhões de dólares disponíveis em 2 de agosto de 2011, quando o Congresso também evitou por pouco um calote devido ao teto da dívida.

 

 

Por David Lawder / REUTERS

EUA - O tempo está se esgotando para republicanos e democratas concordarem em aumentar o limite da dívida dos EUA para evitar que o governo federal declare moratória.

Se um acordo não for alcançado antes de junho, Washington não conseguirá cumprir suas obrigações e isso pode ter sérias consequências para a economia global, já que os EUA continuam sendo o principal motor econômico do planeta.

Nos últimos dias, a Casa Branca e os republicanos no Congresso deram sinais de que as negociações estão avançando positivamente, embora isso não tenha impedido que o nervosismo se espalhasse.

O cenário levou alguns analistas a falarem sobre uma opção — descabida para muitos — de último recurso: a emissão de uma moeda de platina de US$ 1 trilhão (R$ 5,04 trilhões) para salvar o país do calote.

Isso porque uma lei de 1997 autoriza o secretário do Tesouro dos Estados Unidos a cunhar moedas de platina de qualquer denominação e por qualquer motivo.

Os que defendem a cunhagem dessa moeda dizem que, diante da impossibilidade de um acordo no Congresso para aumentar o teto da dívida, ela serviria para financiar os gastos do governo americano e evitar a falência.

A secretária do Tesouro, Yanet Yellen, rejeitou a ideia, assim como outras autoridades do governo Joe Biden, embora isso não tenha impedido os defensores da moeda de 1 trilhão de dólares de fazerem suas vozes serem ouvidas.

 

Moedas para colecionadores

O poder do Secretário do Tesouro de cunhar moedas de platina de qualquer denominação nunca foi uma solução para aumentar o limite da dívida dos Estados Unidos.

O objetivo era fazer moedas de edição especial que os colecionadores pudessem comprar.

Mas e se os Estados Unidos decidissem produzir a moeda de 1 trilhão de dólares?

"Seria apenas preciso escrever U$ 1 trilhão na moeda e enviá-la para o Federal Reserve (banco central americano)", disse Philip Diehl, ex-chefe da Casa da Moeda dos EUA, ao programa Marketplace da rádio pública NPR.

Embora muitos riam imaginando que seria uma gigantesca e pesada moeda de platina, a verdade é que ela poderia ser tão pequena quanto uma simples moeda comum de 25 centavos de dólar que se guarda no bolso.

Nem precisaria ter todos os zeros listados para valer 1 trilhão. Bastaria que as palavras indicassem aquela denominação.

"Se você tiver que escolher entre a inadimplência e a cunhagem da moeda... o Poder Executivo não tem o direito de permitir a inadimplência", disse Rohan Gray, professor de direito da Willamette University, à NPR em Oregon, e um dos principais promotores da ideia.

A possibilidade da moeda de US$ 1 trilhão evitar o calote do governo de Washington foi descrita pela primeira vez em 2010 na seção de comentários de um blog dedicado à política monetária não convencional.

O comentarista era Carlos Mucha, um advogado desconhecido de Atlanta, considerado por alguns como o "criador intelectual" da moeda de platina, que se deparou com a cláusula da Lei da Moeda de 1997 que permite a cunhagem de moedas de platina.

“Curiosamente, o Congresso já delegou ao Tesouro a autoridade para cunhar uma moeda de US$ 1 trilhão”, escreveu Mucha no fórum, sem imaginar que seu comentário seria discutido nos corredores da Casa Branca e do Capitólio.

"A melhor coisa foi receber um e-mail de Phil Diehl, ex-diretor da Casa da Moeda", disse o advogado ao site de notícias Vox em entrevista.

Nela, conta Mucha, o economista lhe disse que sua proposta "realmente funcionaria".

 

Ideia que viralizou

Como uma bola de neve, o comentário do blog começou a ganhar seguidores. Mas foi só em 2011 que entrou no debate público, em meio à crise dos limites da dívida ocorrida durante o primeiro governo de Barack Obama.

Nessa época, foi publicada uma carta com o apoio de 7 mil assinaturas, inclusive de alguns economistas de peso, como o Prêmio Nobel Paul Krugman e o próprio Philip Diehl, promovendo a iniciativa.

Havia até uma hashtag no Twitter para isso: #MintTheCoin (algo como #CunheAMoeda).

A ideia, porém, não prosperou, mas toda vez que o drama político e econômico do limite da dívida é desencadeado, como agora, ela ressurge.

Em meio à crise atual, o governo de Joe Biden não considera uma alternativa possível.

"Na minha opinião, é uma artimanha", disse a chefe do Departamento do Tesouro, Janet Yellen, há alguns dias.

Alguns especialistas argumentam que a ideia de uma moeda de US$ 1 trilhão foi colocada na mesa como uma das armas de negociação política dos democratas contra os republicanos.

Os republicanos, que fazem oposição ao governo Biden, não estão dispostos a aprovar no Congresso o aumento do limite da dívida solicitado pelos democratas sem antes obter algumas contrapartidas, como o corte de gastos públicos.

Enquanto isso, o prazo se aproxima: 1º de junho.

 

 

BBC NEWS

IRAQUE - Especialistas dizem que guerra na Ucrânia elevou temores de uso da moeda como arma política pelos EUA, mas ressalvam que domínio do dólar se deve também às facilidades que ele oferece. Os iraquianos que pretendiam comprar um carro ou uma casa tomaram um susto no início da semana passada, quando o governo do Iraque anunciou a proibição de se fazer negócios em dólar.

Se querem comprar algo de elevado valor, os iraquianos costumam usar dólares. Por causa da constante desvalorização da própria moeda, o dinar, eles necessitariam de vários sacolões cheios de dinares para comprar um carro ou uma casa. Já os dólares necessários cabem numa maleta.

Há décadas que o dólar é a melhor moeda para se ter no Oriente Médio para aqueles que não têm dirrãs, dinares, riais ou libras disponíveis. Mas isso pode estar começando a mudar. Nos últimos meses, vários políticos da região deram declarações nas quais sugerem que o predomínio do dólar pode estar no fim.

No Iraque, as autoridades dos Estados Unidos estão dificultando a entrada de dólares, aparentemente por temerem que haja muito dinheiro americano sendo contrabandeado para o Irã, que está sob sanções econômicas, mas é tacitamente apoiado por políticos iraquianos. A falta de dólares levou a flutuações no valor do dinar iraquiano, que é atrelado à moeda americana.

Essa flutuação levou à proibição anunciada na semana passada. Em fevereiro, em parte também por causa da falta de moeda dos EUA, o Iraque comunicou que faria negócios com a China usando o yuan em vez do dólar.

 

Em busca de alternativas

No início do ano, o ministro das Finanças da Arábia Saudita declarou que seu país também estava disposto a vender petróleo usando outras moedas, incluindo o euro e o yuan.

Os Emirados Árabes Unidos disseram que vão trabalhar com a Índia, usando a rúpia indiana. No ano passado, o Egito, que já emitiu títulos públicos em iene, anunciou planos de fazer o mesmo em yuan.

Além disso, vários países do Oriente Médio, como o Egito, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, a Argélia e o Bahrein, anunciaram que querem entrar no Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

A Rússia declarou que, no próximo encontro, em junho, o grupo vai debater a criação de uma espécie de moeda única para o comércio entre os seus membros.

Desde 2021, os Emirados Árabes Unidos também fazem parte de um projeto piloto do Banco de Compensações Internacionais (BIS), uma espécie de banco central dos bancos centrais. O projeto é voltado para pagamentos internacionais digitais que possam contornar o uso de dólares. Outros participantes são a Tailândia, Hong Kong e a China.

 

É o fim do domínio do dólar?

Essas alternativas ao dólar americano levaram a uma série de manchetes alarmantes. “O domínio do dólar está sob ameaça?”, questionou o New York Times. “Prepare-se para um mundo monetário multipolar”, alertou o Financial Times. “A desdolarização está ocorrendo num ritmo acelerado”, afirmou a agência de notícias Bloomberg.

Segundo a agência, o dólar corresponde a 58% das reservas estrangeiras oficiais, bem menos do que os 73% de 2001. No fim dos anos 1970, o percentual era de 85%.

Porém, a maioria dos especialistas insiste que a mudança ocorre num ritmo bem mais lento do que essas manchetes sugerem. E isso certamente vale para o Oriente Médio.

 

No Golfo Pérsico, o dólar domina

Desde os anos 1970, países produtores de petróleo do Golfo Pérsico têm uma parceria com os Estados Unidos, pela qual estes fornecem segurança e aqueles, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, exportam petróleo. A maior parte dos países, com exceção do Kuwait, atrelaram suas próprias moedas ao dólar.

“Um dos maiores indicadores de um afastamento sério do dólar seria o desatrelamento dessas moedas”, comenta o pesquisador Hasan Alhasan, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres. “Mas isso não ocorreu.”

O cientista político Daniel McDowell, da Universidade Syracuse, de Nova York, diz que as palavras-chave são “declarações” e “potencialmente”.

“Declarações são fáceis, ação é mais difícil”, diz. “Para países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, esse tipo de declaração é também uma maneira de chamar a atenção dos Estados Unidos. Flertar com os chineses pode fazer com que os políticos americanos deem mais atenção aos interesses dos países do Golfo.”

McDowell não descarta a possibilidade de que o domínio do dólar um dia enfraqueça. “Um dia, todos os impérios entram em colapso.” Mas, agora, “isso é sobretudo conversa simbólica e política. Qualquer mudança será marginal e lenta.”

 

Guerra na Ucrânia

Há duas razões principais para que os países do Oriente Médio façam ameaças de uso de outras moedas. A primeira é a guerra na Ucrânia. Para McDowell, sanções são um aspecto fundamental nesse debate.

“Quanto mais os Estados Unidos usarem o dólar como arma de política externa, mais seus adversários vão mover suas atividades econômicas internacionais para outras moedas”, argumenta.

“Hoje há muito dinheiro russo circulando em países do Oriente Médio e da Ásia”, comenta Alhasan. “São basicamente países que optaram por não acatar, ou não implementar, sanções americanas ou europeias.” Mas, se as sanções à Rússia forem endurecidas, transformando-as no que se chama de sanções secundárias, esses países estarão numa situação bem mais difícil.

Sanções secundárias também punem países ou empresas que trabalham com a entidade sancionada. “Assim, governos que temem sanções americanas estão cada vez mais pensando em como ir adiante, mesmo que eles ainda não estejam prontos ou interessados em fazer um afastamento radical do dólar”, diz McDowell.

 

Ruim para os negócios

Alhasan vê um segundo motivo para alguns países do Oriente Médio quererem se afastar do dólar. “Há uma impressão de que os EUA estão tentando reescrever as regras do mercado mundial de petróleo para afetar os interesses russos e que isso representa uma ameaça estratégica para a Arábia Saudita”, argumenta.

Em março, o ministro da Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, disse que se algum país tentar impor um teto de preço a exportações sauditas, como foi feito com a Rússia, então a Arábia Saudita não vai mais negociar com esse país. Um dia depois, o governo da Argélia deu declaração semelhante.

É por isso que o afastamento do dólar deverá continuar enquanto houverem sanções, argumenta a economista Maria Demertzis, do think tank econômico Bruegel.

Mas não será da noite para o dia. Mesmo se alguns países quiserem contornar o dólar como moeda, o mais difícil será substituir a infraestrutura de compensação que o sistema baseado no dólar oferece, diz Demertzis.

“Se a Índia quer vender algo para o Chile, por exemplo, ela possivelmente vai fazê-lo em dólares. Não só porque é mais fácil determinar um preço em dólar, mas também porque ela pode usar a infraestrutura do dólar para fechar a transação”, explica Demertzis.

Compensação é a ação de transferir dinheiro de uma conta para a outra, e, para fazer isso, é necessário ter uma infraestrutura confiável, algo que os Estados Unidos proveem há décadas.

Criar uma alternativa tem enormes implicações legais e de governança. “Por exemplo, o Chile reconhece a estrutura legal da Índia? Mesmo para se chegar ao ponto de dois bancos centrais estabelecerem acordos bilaterais já é uma longa jornada.”

O fato de os EUA e a Europa terem congelado ativos do banco central russo mantidos em suas jurisdições fez também dos bancos centrais uma arma e possivelmente prejudicou o sistema financeiro internacional, diz Demertzis.

No Oriente Médio, isso se traduziu num “sentimento de preocupação com o uso sem precedentes, pelos EUA e também pela UE, do comércio e das finanças internacionais como armas, no contexto da guerra com a Rússia”, conclui Alhasan.

É por isso que os países do Oriente Médio “estão se preparando para um mundo global mais multipolar, no qual querem estar bem posicionados para atuar dentro e fora das zonas dolarizadas”.

 

 

por Deutsche Welle

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