LÍBANO - O Líbano enfrenta uma grave crise econômica há quase cinco anos, o que tem levado a população mais precária a migrar para a Europa, em travessias clandestinas de barco passando pelo Mediterrâneo. O destino é a Itália ou o Chipre e os embarques ocorrem principalmente no norte do país.
Os tripulantes das embarcações clandestinas são refugiados sírios que chegaram ao Líbano no início da guerra, em 2011, palestinos que estão no país desde 1948, mas também libaneses. Esse novo êxodo no país se explica pela desaceleração econômica e as incertezas que envolvem a guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, aliado do grupo libanês Hezbollah.
Cerca de 80% da população no Líbano vive abaixo da linha da pobreza, após anos de medidas governamentais que incluíram restrições bancárias e a desvalorização da moeda. Esta precariedade tem levado famílias inteiras a deixar o país por falta de perspectiva a médio e longo prazo.
Só em 2023, cerca de 100 barcos partiram do norte do Líbano, transportando milhares de pessoas. O objetivo dos migrantes é chegar à ilha de Chipre, a 160 km de distância, ou à Itália. Pelo menos 250 pessoas morreram ou desapareceram nessas travessias.
Em Trípoli, a maior cidade do norte do país e uma das mais pobres do Mediterrâneo, a RFI conversou com Wissam Al Talawi, um libanês de 39 anos. Ele tentou chegar à Itália com a esposa e os quatro filhos, mas todos morreram afogados na viagem.
Único sobrevivente da família, ele apresentou uma queixa ao lado de outras vítimas contra os contrabandistas, mas a investigação está paralisada. "Quero alertar as pessoas para não tentarem fazer essa travessia com seus filhos, porque eu tentei e perdi toda a minha família. Espero que os contrabandistas recebam o castigo que merecem. Não pedimos nada além de justiça. Isso se a Justiça fizer o seu trabalho, porque no Líbano nada funciona”, diz Al Talawi.
Qual é o preço dessa viagem, uma das mais perigosas do mundo? Os contrabandistas cobram entre € 3.000 e € 7.000 por pessoa. De acordo com depoimentos de sobreviventes, eles andam armados. Os barcos usados são precários e sobrecarregados.
"Migrantes não são números"
A bordo, os migrantes são regularmente vítimas de pushbacks, ou seja, são obrigados a recuar quando o barco é proibido de deixar as águas territoriais. O naufrágio de um barco que deixou o Líbano em 2022 é emblemático: em 23 de abril, a Marinha libanesa interceptou um barco com 85 pessoas a bordo.
Os 45 sobreviventes acusam o Exército de afundar a embarcação deliberadamente, por tê-la atacado duas vezes. O Exército, por sua vez, alega que o barco afundou porque estava cheio demais.
O caso foi arquivado pela Justiça, mas o advogado das vítimas, Mohamed Sablouh, pede a reabertura do julgamento contra o Exército. "Os migrantes não são números, são seres humanos. Não nos calaremos diante da violência que sofreram. Fomos notificados de que o tribunal considera que nenhum crime foi cometido. Não vamos deixar isso acontecer.”
Para aqueles que chegam ao seu destino, os problemas só começaram. No Chipre, que assinou um acordo com as autoridades libanesas, os migrantes são repatriados automaticamente. Os sírios podem pedir asilo, mas o processo pode levar vários anos.
por RFI
LÍBANO - A empresa pública de eletricidade do Líbano (EDL) anunciou no sábado (08), que suas centrais estavam paradas e culpou manifestantes que cortaram uma linha de alta tensão pelo blecaute.
Os libaneses já vivem pelo menos 20 horas por dia sem luz, devido à escassez de combustíveis causada pelo colapso econômico do país. Neste sábado, manifestantes exasperados com essa situação atacaram uma central de distribuição da EDL na região de Aramun, informou a empresa. "Isso interrompeu a rede elétrica e causou um apagão completo em todo o território libanês às 17h27", acrescentou.
O novo corte aumentará a pressão sobre os geradores privados, que, a duras penas, conseguem aliviar a paralisação quase completa do abastecimento estatal de energia.
A conta de luz de uma família libanesa que usa as redes privadas supera o salário mínimo do país, equivalente a 22 dólares. A comunidade internacional exige que as autoridades libanesas, acusadas de corrupção endêmica, realizem reformas com urgência, principalmente na gestão da EDL.
O Líbano negociou no outono local com Egito e Jordânia o envio de gás e eletricidade através da Síria, enquanto o movimento xiita Hezbollah anunciou várias entregas de combustível.
LÍBANO - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, está no Líbano para visita de solidariedade ao povo libanês, politicamente dividido e em crise econômica. O apelo da ONU começa pelos líderes políticos libaneses, para que procurem o fim do impasse no governo e no Parlamento.
A situação tem impedido o país de começar a negociar com o Fundo Monetário Internacional uma forma de sair da crise. O colapso econômico no país é um dos mais graves em nível mundial.
MUNDO - O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, anunciou nesta segunda-feira (10) a renúncia de seu governo, depois que uma explosão gigantesca no porto de Beirute gerou protestos públicos contra os líderes do país.
Em pronunciamento na televisão, Diab afirmou que a detonação de material altamente explosivo que estava armazenado no porto da capital por sete anos foi "resultado de corrupção endêmica".
“Hoje seguimos a vontade do povo em sua demanda ao apontar os responsáveis pelo desastre que esteve oculto por sete anos, e seu desejo de uma mudança real”, disse ele. “Diante desta realidade anuncio hoje a renúncia deste governo.”
O gabinete estava sob pressão para renunciar depois da explosão da semana passada que matou 163 pessoas, feriu cerca de 6 mil e deixou cerca de 300 mil sem moradias habitáveis. Vários ministros já haviam renunciado no fim de semana.
*Por Ellen Francis e Redação de Beirute - REUTERS
MUNDO - O Banco Mundial anunciou, nessa última quarta-feira (5), que está pronto para avaliar os prejuízos e necessidades do Líbano após a devastadora explosão ocorrida no porto de Beirute, e disse que ajudará a mobilizar financiamento público e privado para reconstrução e recuperação.
Em nota, a instituição disse que "também estará disposto a reprogramar recursos existentes e a explorar financiamento para apoiar a reconstrução das vidas e do sustento das pessoas impactadas pelo desastre".
O banco não indicou os recursos que poderiam ser direcionados para uma iniciativa de recuperação. Em junho, o credor multilateral de desenvolvimento anunciou que realocaria US$ 40 milhões de um programa de saúde existente, de US$ 120 milhões, para o Líbano, que ajudaria o país a combater a pandemia do novo coronavírus.
Pelo menos 135 pessoas morreram e 5 mil ficaram feridas na explosão no porto de Beirute, que também deixou até 250 mil pessoas desabrigadas, após ondas de choque destruírem fachadas de edifícios.
Também não ficou claro se o desastre irá alterar as difíceis negociações do Líbano com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Desde maio, o FMI e o Líbano tentam estabelecer um pacote amplo de resgate financeiro para estancar uma crise que tem sido vista como a maior ameaça à estabilidade do país desde a guerra civil que durou entre 1975 e 1990.
As conversas foram travadas após discordâncias em relação às perdas financeiras no sistema bancário libanês.
*Por David Lawder - Repórter da Reuters
MUNDO - O Papa Francisco doou US$ 200 mil para financiar 400 bolsas de estudos no Líbano, informou o Vaticano através de nota oficial nesta quinta-feira (14). O dinheiro foi enviado através da Secretaria de Estado e da Congregação para as Igrejas Orientais.
"O país dos cedros, neste ano comemorando o centenário do 'Grande Líbano', está em uma grave crise que está gerando sofrimento, pobreza e arrisca 'roubar a esperança' das jovens gerações, que veem um presente difícil e um futuro incerto. Nesse contexto, torna-se sempre mais difícil assegurar aos filhos e filhas do povo libanês o acesso à educação que, sobretudo nos pequenos centros, sempre foi garantida pelas Instituições eclesiásticas", informa a Santa Sé.
Ainda conforme a nota, o montante doado segue como a "esperança para que se possa realizar uma aliança de solidariedade" e também "com o desejo que todos os atores nacionais e internacionais persigam responsavelmente a busca pelo bem comum, superando cada divisão ou interesse de partes".
O valor é mais uma soma dada pelo Pontífice para o Oriente Médio após a criação do Fundo de Emergência para as Igrejas Orientais, que visa juntar recursos para o combate à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
O Líbano vem atravessando uma grave crise financeira, que gerou inúmeros protestos dos moradores, e vem tentando negociar um novo financiamento para tentar salvar a economia.
*Por: ANSA
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