LONDRES - O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que o Reino Unido enfrenta uma perspectiva econômica "preocupante" para 2023, de acordo com um breve comunicado publicado pelo Comitê do Tesouro do parlamento britânico na quinta-feira, 12.
Os comentários divulgados nesta quinta-feira foram semelhantes aos que a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, fez em novembro, quando se mostrou favorável aos planos fiscais estabelecidos pelo ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt.
"O plano fiscal anunciado navega bem na difícil troca entre combater a inflação e proteger a renda das famílias em uma recessão causada principalmente pelo choque exógeno do preço da energia", disse o Fundo em comunicado divulgado pelo Comitê do Tesouro da Câmara dos Comuns do Reino Unido.
"As perspectivas para a economia do Reino Unido são preocupantes: para 2023, a produção deve contrair e a inflação, permanecer elevada", acrescentou o FMI.
Por David Milliken / REUTERS
ARGENTINA - O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou nesta quinta-feira, ao fim da terceira revisão do programa de ajuda vigente, o envio de US$ 6 bilhões para a Argentina.
Essa nova parcela, validada pelo conselho de administração do fundo, eleva para US$ 23,5 bilhões o montante já desembolsado para o país sul-americano desde a assinatura do programa de ajuda, em março.
No total, o programa, de 30 meses, deve totalizar US$ 44 bilhões, de longe o programa de ajuda mais importante colocado em prática pelo órgão internacional.
O fundo se declarou satisfeito com a política econômica que o governo argentino implementou em julho, destacando a queda da inflação e a melhora da balança comercial e das reservas em divisas. “No entanto, os desequilíbrios macroeconómicos a serem corrigidos permanecem, e as condições continuam frágeis”, assinalou Gita Gopinath, vice-diretora-gerente do fundo.
O acordo com o FMI, assinado em março, prevê uma série de medidas destinadas a controlar a inflação crônica na Argentina, que chegou a 85,3% em 2022, apesar da desaceleração notória observada em novembro.
Esse é o 13º acordo entre o FMI e a Argentina desde o retorno da democracia àquele país, em 1983.
EUA - O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial reforçaram o coro quanto à necessidade de a comunidade global unir esforços para ajudar os mercados emergentes e países em desenvolvimento diante das várias crises atuais, da financeira à climática. Ambos organismos, que iniciam nesta segunda-feria, 10, suas reuniões anuais em Washington, veem um maior risco de recessão diante do aumento dos juros para controlar a escalada da inflação, e atentam, sobretudo, para o impacto nas economias mais pobres, que sofrem com o aumento da pobreza, da fome e da desnutrição.
“A inflação ainda é um grande problema para todos, mas, especialmente, para os pobres”, disse o presidente do Banco Mundial, David R. Malpass, na abertura das reuniões anuais da organização em conjunto com o FMI, na manhã desta segunda.
Há em curso, na sua visão, uma “crise voltada para o desenvolvimento”. As economias avançadas estão, segundo Malpass, tomando muito do capital mundial, que vem na forma de déficits fiscais, principalmente de grandes corporações, e os próprios bancos centrais, comprando títulos de países desenvolvidos, o que coloca pressão no desenvolvimento do lado macro. “Um dos nossos principais desejos é ver mais recursos fluindo para o mundo em desenvolvimento”, afirmou.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, reforçou o maior risco de recessão no mundo. Cálculos do Fundo indicam que, ao menos um terço vão enfrentar pelo menos dois trimestres seguidos de contração econômica entre este e o próximo ano. Assim, o FMI espera que US$ 4 trilhões em produtividade seja perdida até 2026. “Este é o tamanho do PIB da Alemanha”, comparou Georgieva, em sua fala.
Ela afirmou que o mundo enfrenta um ambiente “difícil”, especialmente os mais pobres, após eventos impensáveis e que geraram consequências significativas, citando a pandemia e a guerra na Ucrânia. A inflação, avaliou, é persistente e tem exigido um aperto das condições financeiras mais rápido do que o originalmente previsto. O primeiro desafio é controlar a inflação, defendeu. “Não podemos deixar que a inflação seja um trem desgovernado.”
De acordo com Georgieva, a inflação é um imposto dramático, especialmente sobre os pobres, mas é um caminho “difícil” porque se não for controlada, pode gerar mais problemas. Por sua vez, os impactos de um aperto monetário além da conta também preocupam. “de você apertar demais, os temores de recessão se materializarão em grande escala”, alertou a diretora-gerente do FMI.
Além do controle da inflação, Georgieva citou como um dos desafios o apoio às pessoas, bem direcionado, para que não seja mais combustível ao salto dos preços. “Temos que unir forças para ajudar os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento que são particularmente atingidas pelo aperto das condições financeiras”, disse ela, defendendo que uma união de forçar poderia reduzir a dor que o mundo tem pela frente em 2023.
“É isso mesmo. É um esforço da comunidade global. Uma das questões é como obter mais produção, como obter mais crescimento”, emendou Malpass.
Ao comentar sobre os fluxos de capital, o presidente do Banco Mundial defendeu ainda um limite para dívidas tomadas por países. “É muito difícil pensar em um ambiente de crescimento mundial onde um certo pequeno grupo de países tem quantidades ilimitadas de dívidas que podem ser emitidas mesmo durante uma crise ou fora”, avaliou.
Para ele, é “urgente” a necessidade de canalizar recursos para os países mais pobres, cuja dívida atual é “impressionante”. Segundo ele, as estimativas apontam que essas economias teriam de desembolsar US$ 44 bilhões.
“Acho que precisamos realmente ter um foco urgente em reduzir essas dívidas insustentáveis para que possamos chegar a um ponto em que haja mais espaço fiscal para todas as outras coisas”, afirmou Malpass, citando este como um dos temas importantes para as reuniões do FMI e do Banco Mundial.
Aline Bronzati / ESTADÃO
EUA - Os Estados e as instituições devem agir diante do risco crescente de recessão no mundo, para prevenir "uma nova normalidade perigosa" de economias frágeis, advertiu na quinta-feira (6) a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
É fundamental "estabilizar a economia mundial, abordando os desafios mais imediatos", entre eles, o combate à inflação, a proteção das populações mais vulneráveis e as dificuldades da dívida, disse Georgieva em um discurso em Washington, no qual lançou as reuniões anuais do Fundo e do Banco Mundial que acontecem na capital americana na próxima semana.
No entanto, esse processo pode ser doloroso e, se os bancos centrais agirem muito agressivamente sobre suas taxas de juros, poderiam "afundar muitas economias em uma recessão prolongada", advertiu.
Os ministros das Finanças e titulares de bancos centrais de mais de 180 países participarão, entre os dias 10 e 16 de outubro, da primeira reunião totalmente presencial do Fundo e do Banco Mundial desde 2019, antes da pandemia de covid-19.
O FMI publicará na terça-feira suas previsões para 2022 e 2023, que, segundo a diretora-gerente, preveem uma queda do crescimento.
- Inflação, o alvo principal -
A epidemia de covid-19 provocou uma "mudança fundamental na economia global", disse Georgieva, ao passar de "um mundo de relativa previsibilidade" para outro sujeito a maior incerteza.
Como resultado, o FMI prevê que um número significativo de países terá ao menos dois trimestres consecutivos de queda do PIB, um sinal de recessão, entre o fim deste ano e 2023.
É um risco que paira sobre "cerca de um terço da economia mundial" e ainda pode ser pior: "A incerteza é muito grande, em um contexto de guerra e pandemia. Pode haver outros choques econômicos", afirmou a titular do FMI.
Por isso, o objetivo principal deve ser reduzir a inflação, para impedir que esta crie raízes e evitar "taxas [de juros] ainda mais altas e persistentes, o que prejudicaria ainda mais o crescimento e o emprego", acrescentou.
- Crise da dívida -
Georgieva, no entanto, reconhece que reduzir a inflação "não será fácil".
"2022 está sendo difícil e 2023 será ainda mais. Mas o principal é evitar causar ainda mais danos e em um período mais longo", ressaltou.
Não obstante, a titular do FMI adverte que um ajuste "muito forte e muito rápido" das taxas de juros, sobretudo sem coordenação, poderia "afundar muitas economias em uma recessão prolongada".
Além dos juros mais altos, há o fortalecimento do dólar precisamente pelos aumentos das taxas implementados pelo Fed, o banco central dos Estados Unidos, o que dificulta o acesso de muitos países ao crédito.
A pandemia fez com que muitos Estados se endividassem ainda mais, e agora eles enfrentam o risco de sobre-endividamento em um contexto de aumento dos juros em todo o mundo.
"Mais de um quarto dos países emergentes estão em situação de inadimplência ou em níveis difíceis, assim como mais de 60% dos países de baixa renda", o que "aumenta o risco de uma crise da dívida cada vez maior" e prejudicaria o crescimento global, advertiu Georgieva.
ARGENTINA - Técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Argentina chegaram a um acordo sobre a segunda revisão do programa econômico do país sul-americano, abrindo o caminho para que Buenos Aires receba cerca de 3,9 bilhões de dólares, informou a entidade na segunda-feira (19).
O acordo técnico agora será analisado pela diretoria do FMI “nas próximas semanas”, disse o FMI.
O Fundo aprovou em 25 de março um programa de ajuda para a Argentina no total de 44 bilhões de dólares a 30 meses.
“O exame se concentrou na atualização do marco macroeconômico e nas medidas implementadas para reforçar sua estabilidade e permitir um crescimento duradouro e inclusivo. Neste contexto, combinou-se que os objetivos previstos durante a negociação do plano permanecessem inalterados para 2023”, declarou, por sua vez, o chefe da missão para a Argentina, Luis Cubeddu, citado em nota.
Embora o Fundo admita uma revolução no contexto econômico mundial, destaca que “a pressão do mercado está se dissipando e as previsões de crescimento permanecem inalteradas”.
A Argentina viveu duas trocas de ministros da Economia nos últimos meses, uma pasta que agora é encarregada de Sergio Massa, que no último 12 de setembro foi ao FMI para se reunir com a diretora-gerente, Kristalina Georgieva.
“A maior parte dos objetivos do programa previstos para 2022 foi cumprida, devido a um aumento das importações”, afirmou Cubeddu.
A Argentina se comprometeu com o FMI a aumentar suas reservas internacionais e reduzir o déficit fiscal, de 3% do Produto Interno Bruto em 2021 a 2,5% este ano, 1,9% em 2023 e 0,9% em 2024.
Trata-se do décimo terceiro acordo entre o FMI e a Argentina desde o retorno do país à democracia em 1983.
O acordo prevê um reembolso apenas de 2026 a 2034, se para então a Argentina cumprir os objetivos, um dos quais é fixar seu crescimento sustentado no longo prazo (após os 10,3% de 2021).
CHILE - A Diretoria Executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou uma linha de crédito flexível de cerca de 18,5 bilhões de dólares para o Chile com o objetivo de "aumentar as reservas e fornecer segurança contra cenários adversos", disse o FMI na segunda-feira, 29.
As autoridades chilenas pretendem tratar a linha de crédito como "preventiva" e planejam sair do acordo quando as condições permitirem, afirmou a diretora-gerente do Fundo, Kristalina Georgieva, em comunicado.
O Chile também informou ao FMI decisão de cancelar uma linha de liquidez de curto prazo existente de cerca de 3,3 bilhões de dólares, disse a instituição.
A linha de crédito é um mecanismo de precaução subscrito pelo banco central e pelo Ministério das Finanças do Chile, disse a chefe do FMI no país, Ana Corbacho, em entrevista coletiva.
O Chile qualificou-se para a linha de crédito flexível por causa de seus "fortes fundamentos econômicos e arcabouço político-institucional", bem como seu compromisso de manter políticas fortes no futuro, afirmou o Fundo.
No entanto, o Chile agora "enfrenta um aumento acentuado dos riscos globais", disse Georgieva.
Por Kylie Madry, Rodrigo Campos e Natalia Ramos / REUTERS
NOVA YORK - Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, cerca de 30 países restringiram o comércio de alimentos, energia e outras commodities, aponta monitoramento do Fundo Monetário Internacional (FMI). O momento atual é descrito como o maior teste para a economia global desde a Segunda Guerra, com o conflito no Leste Europeu sendo mais um componente na crise gerada pela pandemia de covid-19.
O FMI destaca que apenas a cooperação internacional será capaz de atenuar problemas globais como “a escassez de alimentos, eliminar as barreiras ao crescimento e salvar o clima”. O texto é assinado pela diretora gerente do Fundo, Kristalina Georgieva; Gipa Gopinath, vice-diretora gerente; e Ceyla Pazarbasioglu, diretora de estratégia, política e revisão.
“Custos de uma maior desintegração econômica seriam enormes entre os países”, de acordo com o Fundo. Para economias avançadas, a fragmentação traria mais inflação, e a produtividade seria prejudicada com o rompimento de parcerias com outras nações. O FMI estima que apenas a fragmentação tecnológica pode levar a perdas de 5% do PIB para muitos países.
Para os países em desenvolvimento, as exportações seriam dificultadas por uma reconfiguração nas cadeias de suprimentos e pelas barreiras a novos investimentos. O texto aponta ainda para novos custos de transações, que surgiriam se os países tivessem que desenvolver sistemas de pagamento independentes. A alternativa para não se render à fragmentação geoeconômica é reformular a forma de cooperação entre as economias, indicam as diretoras do FMI.
Como primeiro passo para esta renovação, estaria a necessidade de fortalecer o comércio para aumentar a resiliência do sistema global. A redução de barreiras comerciais aliviaria a escassez e baixaria o preço dos alimentos, indica o Fundo, alertando que não só países, mas empresas também precisam diversificar suas exportações.
Além disso, outra prioridade seria intensificar os esforços conjuntos para lidar com a dívida de países. “Com cerca de 60% dos países de baixa renda com vulnerabilidades significativas, alguns precisarão de reestruturação da dívida.”
Em terceiro lugar, a modernização dos pagamentos internacionais é colocada como forma de garantir o crescimento. Uma possível solução, indica o FMI, seria o esforço para desenvolver uma plataforma digital pública de infraestrutura para pagamentos – inclusive conectando os sistemas com as moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs, na sigla em inglês).
O artigo encerra recomendando o enfrentamento das mudanças climáticas, classificadas como “desafio existencial que está acima de tudo”. A diferença entre os compromissos firmados e a adoção de políticas precisa ser reduzida, apontam as autoras, que defendem formas de precificar a emissão de carbono combinadas com investimentos em energias renováveis e compensação aos mais afetados pelas mudanças climáticas.
Aramis Merki II / ESTADÃO
ANGOLA - Em entrevista à agência de informação financeira Bloomberg, Jibran Qureishi apontou Gana, Quénia, Angola, Etiópia e Zâmbia como os "cinco países frágeis" relativamente à evolução da dívida pública.
"Angola foi um dos principais países beneficiários da Iniciativa do G-20 para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) durante a pandemia, permitindo à nação produtora de petróleo adiar o pagamento de quase 3 mil milhões de dólares [2,6 mil milhões de dólares] no ano passado", lembrou o analista em África do Standard Bank, à Bloomberg.
Fim do programa do FMI
"Com o final do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) a incerteza sobre mais conversações relativamente a endividamento bilateral adicional e poucos investimentos no setor petrolífero que podem abrandar a produção, é preciso cautela", argumentou.
Ainda assim, concluiu,"Angola tem o potencial para ter mais melhorias no rating ainda este ano se as coisas correrem bem".
As declarações de Jibran Qureishi surgem poucos dias depois de a Standard & Poor's ter seguido o exemplo da Fitch Ratings e melhorado a opinião sobre a qualidade do crédito soberano de Angola, para B-, e na mesma semana em que foi divulgado o plano de endividamento de Angola para este ano, que prevê uma redução do rácio da dívida sobre o PIB, de 85% em 2021, para 73% este ano e o regresso aos mercados financeiros, com a emissão de títulos no valor de 2,8 mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros).
Relatório
Na entrevista à Bloomberg, Jibran Qureishi apresentou um relatório onde defende que, entre 18 países africanos, há cinco países, os 'fragile five', que vão enfrentar problemas com a dívida nos próximos dois anos devido ao final dos estímulos governamentais dados para combater a pandemia, e a conclusão do alívio da dívida oferecido aos países mais pobres.
ARGENTINA - O Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou na quinta-feira (10) seu desejo de chegar a um acordo definitivo com a Argentina "o mais rápido possível" para refinanciar a dívida bilionária do país, revelando que há "debates intensos" para consegui-lo.
Em 28 de janeiro, o pessoal técnico do FMI e o governo de centro esquerda do presidente Alberto Fernández chegaram a um pré-acordo para renegociar uma dívida de 44 bilhões de dólares, em troca de reformas econômicas, inclusive uma redução gradual do déficit orçamentário (atualmente de 3% do PIB), com o objetivo de voltar ao equilíbrio em 2025.
"Não tenho um cronograma em termos do acordo, mas estamos trabalhando muito intensamente, assim como as autoridades argentinas. Estamos trabalhando em estreita colaboração e buscaremos fazer isto o mais rápido possível", disse a jornalistas o porta-voz do FMI, Gerry Rice.
"O que estamos vendo é uma abordagem realista e pragmática para desenhar um programa confiável, que possa abordar a estabilidade macroeconômica da Argentina e começar a abordar os desafios profundamente arraigados que o país enfrenta", explicou, negando-se a dar detalhes sobre as discussões.
Rice disse não ter uma data para o eventual envio de uma missão do FMI à Argentina.
Tampouco respondeu se o FMI aceitaria adiar um próximo vencimento da dívida de cerca de 2,9 bilhões de dólares em março se o novo acordo não estiver aprovado na ocasião.
"Não especularia sobre outras alternativas", disse.
O governo de Fernández pagou recentemente vencimentos do empréstimo: uma cota de capital de mais de 700 milhões de dólares em 28 de janeiro, e 370 milhões de dólares em juros em 4 de fevereiro.
A Argentina recebeu cerca de 44 bilhões de dólares de um empréstimo de 57 bilhões de dólares aprovado em 2018 durante o mandato do presidente de centro direita de Mauricio Macri. O acordo exigia desembolsos de 19 bilhões de dólares a partir de 2022 e de US$ 20 bilhões em 2023, algo "insustentável" segundo o governo de Fernández.
Os debates atuais entre o FMI e as autoridades argentinas se referem em particular ao calendário de pagamentos.
Rice lembrou que o pré-acordo anunciado em 28 de janeiro inclui um consenso sobre a "via fiscal que melhoraria de forma sustentável as finanças públicas e reduziria o financiamento monetário", assim como a "redução duradoura dos subsídios à energia" e a "mobilização de apoio externo para fortalecer a resiliência da Argentina".
ARGENTINA - A Argentina pagou neste final de semana, aproximadamente 370 milhões de dólares em juros do empréstimo de 44,5 bilhões de dólares, concedido em 2018 pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que já concordou com o governo em substituir este crédito por outro de prazo maior, informaram à AFP fontes oficiais.
O governo pagou há uma semana uma cota de capital de US$ 700 milhões do empréstimo stand-by de 2018, após acordar, em sua substituição, um novo programa de facilidades estendidas com o FMI, também de 44,5 bilhões de dólares e pagamentos entre 2024 e 2032.
"O pagamento de juros é de cerca de 370 milhões de dólares", detalhou uma das fontes. O desembolso foi notificado ao final do dia no total de reservas internacionais do Banco Central, que caíram a 37,189 bilhões de dólares.
Conforme o acertado em 2018, durante o governo liberal do presidente Mauricio Macri (2015-2019), a Argentina devia reembolsar mais de 40 bilhões de dólares em 2022 e 2023.
O novo acordo estabelece uma redução do déficit fiscal progressiva até cair a zero em 2025 e outras metas de inflação, arrecadação de impostos, subsídios à energia, emissão monetária e ajuste da taxa de câmbio, que estão sendo debatidas com uma abordagem "pragmática", informou na quinta-feira a diretora do FMI, Kristalina Georgieva.
"Nosso enfoque principal é tirar a Argentina deste caminho muito perigoso de inflação alta", disse Georgieva. Nos primeiros 11 meses de 2021, a economia argentina cresceu 10,3%, mas a inflação acumulada do ano inteiro foi de 50,9%.
- Deixar de depender -
Os termos dos memorandos de entendimento serão negociados pelo governo e as autoridades do Fundo durante as próximas semanas e o cumprimento das metas será revisto pelo FMI a cada três meses.
Na Rússia, onde estava em visita oficial, o presidente Alberto Fernández disse na quinta-feira que "a Argentina tem que deixar essa dependência tão grande que tem com o FMI", que dedicou cerca de 20 programas ao país desde 1998, com o último intervalo em 2006-2018.
O empréstimo tomado por Macri em 2018, de 57 bilhões de dólares - do qual o governo de centro-esquerda de Fernández recusou pegar as parcelas restantes - concentrava os vencimentos entre 2022 e 2024.
O acordo, que precisa ser ratificado pelo Congresso argentino e a direção-executiva do FMI, estipula que os próximos vencimentos serão financiados com fundos do novo programa.
Em 2020, o governo Fernández tinha reestruturado cerca de 66 bilhões de dólares de dívida com credores privados internacionais.
- Inflação alta -
Segundo o boletim Relevamiento de Expectativas (REM), divulgado nesta sexta-feira pelo Banco Central, a economia argentina atravessará 2022 com uma inflação superior a 50%, um crescimento de 3% e uma desvalorização do peso perante o dólar na taxa de câmbio nominal superior a 40%.
Analistas consultados pela entidade para o boletim projetaram que a inflação varejista para 2022 ficará em 55%, elevaram a previsão da inflação de 2023 para 45% e confirmaram sua previsão de 35% para 2024.
O boletim espera um crescimento real do PIB para 2022 de 3%, contra os 10,3% nos primeiros 11 meses de 2021 registrados pela economia argentina.
O REM foi elaborado com base nas previsões de 39 consultorias, centros de pesquisa e entidades financeiras nos dias em que a Argentina anunciou o acordo com o FMI.
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