LONDRES - Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, e um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disseram na segunda-feira que estão prontos para trabalhar com o presidente eleito da Argentina, Javier Milei.
A Argentina elegeu o ultraliberal de direita Javier Milei como seu novo presidente no domingo, apostando em seus pontos de vista radicais para consertar uma economia assolada por uma inflação de três dígitos, uma recessão iminente e o aumento da pobreza.
O FMI tem um programa de empréstimo de 44 bilhões de dólares com a Argentina.
"Esperamos trabalhar em estreita colaboração com (Milei) e seu governo no próximo período para desenvolver e implementar um plano sólido para assegurar a estabilidade macroeconômica e fortalecer o crescimento inclusivo para todos", disse Georgieva em um post na rede social X.
A China, outro importante credor da Argentina, também parabenizou o país sul-americano por sua eleição.
"Estamos prontos para trabalhar com o lado argentino para continuar nossa amizade, impulsionar nosso respectivo desenvolvimento e revitalização com cooperação de ganhos para todos e promover o desenvolvimento estável e de longo prazo das relações China-Argentina", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa regular.
Reportagem de Karin Strohecker e Liz Lee / REUTERS
JAPÃO - Passou despercebido, ironizou uma influenciadora chinesa no X, na segunda (23), mas a Alemanha deve encerrar 2023 como a terceira economia do mundo, deixando o Japão para trás, segundo o FMI.
Isso se deve em parte ao enfraquecimento do iene japonês frente ao dólar. O país mantém juros negativos, para estimular a economia, contrastando com a política monetária dos Estados Unidos e da Europa e levando à desvalorização.
O ranking do PIB nominal, que é o valor do Produto Interno Bruto corrigido pela inflação, foi divulgado pelo Fundo Monetário Internacional há duas semanas em Washington, no relatório World Economic Outlook (Perspectivas Econômicas Mundiais). O órgão não divulgou o indicador ponderado pelo poder de compra de cada país, o PIB em ppp, que é considerada a medida mais adequada nesse tipo de comparação entre países.
Em projeção que leva em conta a paridade poder de compra, a economia japonesa é a quarta do mundo.
O Fundo estima que o PIB nominal da Alemanha, ajustado para a inflação elevada na Europa, deverá ficar em US$ 4,43 trilhões neste ano. O japonês, em US$ 4,23 trilhões. Em 2026, também a Índia deverá passar o Japão, segundo o relatório.
A economia do Japão, então a segunda do mundo, só atrás dos EUA, foi ultrapassada pela da China em 2010. Pelas novas projeções do FMI, a chinesa deve encerrar este ano 4,2 vezes maior que a japonesa. No início do século, a japonesa era 4,1 vezes superior à chinesa.
Com US$ 4,96 trilhões, o Japão de 2000 era maior do que é hoje. A população em idade de trabalho está em declínio no país há três décadas.
Questionado na terça sobre a projeção do Fundo, o ministro da economia, Yasutoshi Nishimura, reconheceu que o crescimento do país "segue lento", prometendo medidas num pacote já programado. "Gostaríamos de recuperar o terreno perdido nos últimos 20 ou 30 anos."
O banco central japonês se reúne no próximo dia 31, sem expectativa de alteração na taxa negativa de juros. Os indicadores apontam para alguma pressão inflacionária, mas as mudanças devem se restringir aos juros de longo prazo.
Falando ao parlamento em Tóquio na segunda-feira, o primeiro-ministro Fumio Kishida confirmou que a alta dos preços sentida pelos consumidores japoneses será combatida com subsídios, sem mexer na política monetária.
por NELSON DE SÁ / FOLHA de S.PAULO
MARRAKECH - Meio século depois de seus últimos encontros anuais no continente africano, o Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) se reúnem na África a partir desta segunda-feira (9) em Marrakech, Marrocos, para falar de reformas e do financiamento contra a mudança climática.
Ambas as instituições costumam organizar suas reuniões fora da sede em Washington, D.C., uma vez a cada três anos, mas a edição de Marrocos -originalmente prevista para 2021 – teve de ser adiada duas vezes, devido à pandemia da covid-19.
Espera-se que muitas das conversas se concentrem na África, uma vez que o continente enfrenta tanto uma crise da dívida que assola vários de seus países, quanto as consequências da mudança climática e de uma pobreza que diminui mais lentamente do que em outras áreas do planeta.
Na quinta-feira, durante seu tradicional discurso de inauguração, a diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, destacou, em Abidjan (Costa do Marfim), que “um século XXI próspero precisa de uma África próspera”, especialmente levando-se em consideração o envelhecimento da população nas economias avançadas.
As primeiras medidas anunciadas devem ser, sobretudo, simbólicas, como a criação de um terceiro cargo para os países africanos nos conselhos de administração de ambas as instituições, o que lhes daria a oportunidade de se fazerem ouvir com mais força.
– Aumentar a capacidade de empréstimo –
O grosso das conversas vai girar em torno do financiamento, tanto para suas missões específicas (erradicação da pobreza e ajuda aos países em dificuldade) quanto para aliviar os efeitos da mudança climática.
Os principais países não se mostraram favoráveis a aumentar o capital, uma iniciativa que também reforçaria o peso de grandes países emergentes como China e Índia.
Em relação ao Banco Mundial, o principal avanço deverá ser a confirmação de mais 50 bilhões de dólares (257,5 bilhões de reais na cotação do dia) nos próximos dez anos. Seu presidente, Ajay Banga, espera ir mais longe e elevar o total para 100 bilhões, ou 125 bilhões de dólares (R$ 515 bilhões e R$ 643,7 bilhões na cotação do dia), graças às contribuições das economias avançadas.
Ainda assim, é pouco provável que essa questão seja resolvida em Marrakech.
Não há expectativa de grandes progressos em termos de financiamento climático, apesar das muitas vozes que criticam a falta de ajuda nesta matéria por parte de ambas as instituições.
ARGENTINA - O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou, na sexta-feira (28), que a sua equipe técnica chegou a um acordo com o governo argentino sobre a quinta e sexta revisão do pacote de ajuda ao país sul-americano, o que abre caminho para o desembolso de 7,5 bilhões de dólares (35,3 bilhões de reais, na cotação atual).
Desde 31 de março, quando a quarta revisão foi finalizada, “a situação econômica da Argentina tornou-se muito desafiadora” e “os principais objetivos do programa até o final de junho não foram alcançados devido ao impacto maior do que o esperado da seca, assim como aos desvios e atrasos nas políticas”, alerta o fundo.
O acordo “dará à Argentina acesso a cerca de US$ 7,5 bilhões”, mas está sujeito à aplicação das medidas acordadas pelo governo e à aprovação do conselho de administração, que se reunirá na segunda quinzena de agosto, informou em comunicado.
“Foi acordado um pacote de políticas com um conjunto sequencial de medidas para reconstruir as reservas e melhorar a sustentabilidade fiscal, protegendo a infraestrutura crítica e os gastos sociais”, detalha a organização financeira após semanas de negociações.
A situação da economia argentina é preocupante, com inflação anual superior a 110% e pobreza de 40%, segundo o instituto oficial de estatísticas Indec.
Além disso, o governo do presidente Alberto Fernández estimou que a perda global devido à seca na Argentina será de cerca de 20 bilhões de dólares (94,3 bilhões de reais na cotação atual) este ano, quase 3% do Produto Interno Bruto.
BUENOS AIRES - A Argentina enviou ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, uma carta assinada por seis países da região para solicitar sua ajuda na negociação que o governo nacional realiza com o Fundo Monetário Internacional (FMI) por um empréstimo de 44 bilhões de dólares, informou o Ministério das Relações Exteriores na última quinta-feira.
A Argentina e o organismo negociam uma flexibilização do acordo assinado no ano passado diante da impossibilidade de o país cumprir as metas estabelecidas devido ao impacto econômico da guerra na Ucrânia e a uma seca histórica que afetou suas exportações.
"A inflexibilidade do FMI em rever os parâmetros do acordo no contexto da seca descrita corre o risco de transformar um problema de liquidez em um de solvência", diz a carta assinada pelos presidentes de Brasil, México, Bolívia, Chile, Colômbia e Paraguai.
Os dirigentes pediram a Biden "que apoie a Argentina nas negociações que está a levar a cabo com o referido organismo", gesto pelo qual o presidente da Argentina, Alberto Fernández, agradeceu na sua conta no Twitter.
Reportagem de Eliana Raszewski / REUTERS
ARGENTINA - A vice-presidente argentina, Cristina Kirchner, líder do governismo peronista, pediu na última quinta-feira (25), diante de uma multidão reunida na Praça de Maio, o abandono do acordo de crédito com o FMI, no primeiro grande ato de campanha governista para as eleições presidenciais de outubro.
"Se não conseguirmos que esse programa que o Fundo impõe a seus devedores seja deixado de lado e nos permita elaborar um próprio, de crescimento e industrialização e desenvolvimento tecnológico, será impossível pagar a dívida", assinalou a ex-presidente (2007-2015), inabilitada a se candidatar pela Justiça, que a considerou culpada de corrupção.
Cristina, 70, evocou uma frase de seu falecido marido, o ex-presidente Néstor Kicrhner (2003-2007), para se referir ao acordo com o Fundo: “Os mortos não pagam dívidas.”
O governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner renegociou com o FMI um empréstimo que o país contraiu durante a administração anterior, do liberal Mauricio Macri, em 2018, no âmbito do qual tem que cumprir metas fiscais e monetárias. O crédito foi, então, o maior da história da instituição, de US$ 57 bilhões, cujas parcelas foram interrompidas por Fernández após a remessa de US$ 44,5 bilhões. A Argentina havia quitado sua dívida com o FMI durante a gestão de Néstor Kirchner.
No feriado chuvoso do Dia da Pátria em Buenos Aires, em frente à sede do governo, dezenas de milhares de apoiadores cantaram "Cristina presidente", apesar de ela ter sido condenada a seis anos de prisão e estar inabilitada. "Sem uma única prova no julgamento", clamou a vice-presidente hoje, durante o ato. Atrás dela no palco, estavam o ministro do Interior, Eduardo De Pedro, e o ministro da Economia, Sergio Massa, possíveis candidatos à presidência.
A Argentina enfrenta uma inflação de 108% em 12 meses, escassez extrema de dólares e um índice de pobreza de 40%.
BERLIM - A economia alemã mostrou resiliência no ano passado graças a uma forte resposta com medidas econômicas e a um inverno ameno, mas o crescimento permanecerá fraco no curto prazo, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) na terça-feira.
As condições financeiras mais apertadas e o choque do preço da energia começaram a pesar no crescimento de curto prazo, alertou o FMI em seu relatório sobre a Alemanha.
A instituição prevê que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha fique próximo de zero em 2023, antes de se fortalecer gradualmente para entre 1% e 2% no período de 2024 a 2026.
Embora a inflação esteja caindo de forma constante, o núcleo se mostra firme, de acordo com o relatório. "A principal prioridade no curto prazo é, portanto, apoiar a desinflação com um aperto moderado da instância fiscal em 2023", afirmou.
No médio prazo, a Alemanha pode precisar criar mais espaço fiscal para investimentos no futuro, disse o FMI. O Fundo espera que o déficit do país diminua para cerca de 0,5% do PIB até 2027, à medida que as medidas de alívio de energia forem eliminadas.
O FMI alertou que a incerteza é alta e os riscos para as previsões estão inclinados para baixo.
Por Maria Martinez / REUTERS
ARGENTINA - O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que seu governo está “repensando” um acordo assinado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) porque tem uma cláusula de “mudança climática” que o país, em meio a uma seca histórica, se viu impedido de cumprir.
“É enorme o trabalho que está sendo feito em relação a essa cláusula”, disse Fernández em um evento na cidade de Benavídez, na província de Buenos Aires, após o ministro da Economia, Sergio Massa, voltar de uma viagem a Washington, nos Estados Unidos, para participar de um encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM).
Fernández lembrou que o acordo com o FMI, firmado em março de 2022 para refinanciar uma dívida de US$ 45 bilhões que a Argentina contraiu com a entidade, tem uma cláusula indicando que se as condições econômicas projetadas no programa não forem cumpridas por razões fora do controle do país, é necessário “repensar o programa”.
“Especificamente”, segundo o presidente argentino, foi estipulado que a “mudança climática” é uma das razões que podem produzir uma lacuna no programa.
Um déficit de chuva pelo terceiro ano consecutivo no verão reduziu a produção de um dos principais produtores e exportadores agrícolas do mundo, o que pode significar um prejuízo de cerca de US$ 20 bilhões em exportações em um país com escassez de moeda estrangeira - e uma consequente queda na arrecadação traz risco de aprofundar o déficit fiscal.
Massa está em Washington desde a última quinta-feira e lá se encontrou com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, além de funcionários do governo dos EUA e de organizações multilaterais, o que lhe permitiu obter financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco Mundial e do fundo soberano da Arábia Saudita./EFE
TÓQUIO - O Banco do Japão deveria permitir que os rendimentos dos títulos governamentais se movam de forma mais flexível e precisa estar pronto para elevar os juros de curto prazo rapidamente se os riscos "significativos" de alta da inflação se materializarem, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) na quinta-feira.
Em uma proposta após uma consulta política anual com o Japão, o FMI disse que a política monetária ultrafrouxa do banco central japonês continua apropriada, já que a inflação deve cair abaixo de sua meta de 2% até o final de 2024, a menos que os salários aumentem significativamente.
Mas com os riscos de inflação se tornando mais proeminentes na terceira maior economia do mundo, disse o FMI, o Banco do Japão deveria dar espaço aos rendimentos de longo prazo, elevando sua meta de rendimento do título de 10 anos ou ampliando o limite tolerado.
"Não vemos isso realmente mudando a postura acomodatícia (do Banco do Japão). É mais para equilibrar parte do impacto na economia real contra o impacto nos mercados financeiros", disse o chefe da missão do FMI no Japão, Ranil Salgado, na quinta-feira.
"Também torna mais fácil iniciar a transição para um eventual aumento da taxa de curto prazo", disse ele à Reuters, acrescentando que o Banco do Japão pode considerar medidas para aumentar a flexibilidade nos rendimentos dos títulos mesmo antes que sua meta de inflação seja atingida de forma duradoura.
Com o núcleo da inflação ao consumidor do Japão em 4%, o maior nível em 41 anos e o dobro da meta do banco central, os mercados apostam que a instituição eliminará gradualmente seu estímulo agressivo depois que o presidente Haruhiko Kuroda se aposentar em abril.
Ao contrário dos bancos centrais em todo o mundo que aumentaram agressivamente as taxas de juros, o Banco do Japão manteve uma política de juros ultrabaixos e adotou o chamado controle da curva de rendimento, que aplica uma taxa de juros negativa a alguns fundos de curto prazo e tem como meta o rendimento de 10 anos em torno de zero.
O FMI disse ainda que o Banco do Japão também pode considerar opções como visar um rendimento de prazo mais curto ou o ritmo de compra de títulos. Tais medidas, disse, ajudariam a mitigar os efeitos colaterais do afrouxamento prolongado, como distorções na curva de rendimentos causadas pelas compras massivas de títulos do governo pelo banco central.
Reportagem de Leika Kihara / REUTERS
BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina recomprará títulos estrangeiros equivalentes a mais de 1 bilhão de dólares para melhorar o perfil da dívida do país e ajudar no acesso ao mercado de capitais, disse o ministro da Economia, Sergio Massa, nesta quarta-feira.
A medida se concentrará em títulos soberanos com vencimento em 2029 e 2030, acrescentou o ministro, com o programa definido para começar imediatamente, já que o país procura aproveitar uma "janela de oportunidade" após a queda do índice de risco.
A incomum medida, que, segundo Massa, pode ajudar a impulsionar o acesso do país aos mercados de capitais, ocorre em um momento em que a Argentina luta para repor as reservas em moeda estrangeira, conter a inflação desenfreada e sustentar o enfraquecimento da moeda local, o peso.
Nos últimos anos, a Argentina reestruturou mais de 100 bilhões de dólares em dívidas com credores privados e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual fechou um acordo de 44 bilhões de dólares no ano passado para adiar os pagamentos.
Por Walter Bianchi e Jorgelina do Rosario / REUTERS
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