Jornalista/Radialista
Alterando o ponto de vista narrativo para as vozes femininas, espetáculo do Grupo Lunar de Teatro traz Escola de Mulheres para os dias atuais
SÃO PAULO/SP - Molière Jean-Baptiste Poquelin é um dos grandes mestres da comédia satírica e marcou a dramaturgia francesa com suas críticas aos costumes da época. Porém, em 1662, o mundo era bem diferente e, ainda bem, muitas coisas mudaram. Foi em 1662 que Molière escreveu e encenou Escola de Mulheres, uma peça que conta a história de Arnolfo e Inês, uma menina de 4 anos que será moldada para ser a esposa perfeita pelo burguês. Rever essa história com uma crítica ao machismo limitante é um dos objetivos de Escola de Mulheres - Um sátira ao Patriarcado, peça que estreia no dia 9 de agosto, no Teatro Itália.
No original de Molière, Arnolfo, um quarentão machista, adota Inês, uma garota de 4 anos para criá-la, ou moldá-la, do jeito que ele acha que uma esposa deve ser. Tudo isso para evitar que não seja feito com ele o que ele faz ou adoraria fazer com o marido das mulheres bonitas e inteligentes: pôr-lhes um chifre. Na peça do século XVII, a história é contada do ponto de vista do homem. Porém, na versão de 2023, idealizada pela dupla Suzana Muniz e Mau Machado, o público terá contato com o ponto de vista da mulher. Na adaptação, ainda cômica, do Grupo Lunar, o foco é na personagem principal, Inês, e no corpo de mulheres, que se alternam entre um tom irônico e de companheirismo em relação à protagonista.
Aqui, a comédia satírica e irônica, que pesa ainda mais a crítica num mundo moldado por uma estrutura extremamente machista, é a grande arma. É ela que torna possível o diálogo de um tema tão pesado com o público em geral. Suzana Muniz, diretora, atriz e responsável pela adaptação do texto, diz que, muitas vezes, esse é um riso nervoso, incômodo. “Infelizmente, como vimos recentemente nos noticiários, o homem ainda usa seu poder na sociedade para obrigar meninas a se casarem ou mesmo para tentar moldar mulheres, limitando sua liberdade. E isso não acontece só em culturas distantes, mas também num Brasil bem próximo do que vivemos nas grandes metrópoles”.
Suzana ainda diz que, mesmo com a comédia muito presente, a montagem mostra a importância da sororidade entre mulheres para derrubarem o patriarcado. “Sempre que vemos um caso de abuso de homem, por mais absurdo que seja, é preciso a voz de diversas mulheres para derrubá-lo e apontá-lo como culpado. Aqui isso não é diferente e fica claro que somente se unindo as mulheres conseguem uma existência mais próxima do possível”.
As canções compostas por Mau Machado para essa peça, com arranjos do Grupo Lunar e cantadas e tocadas ao vivo, provocam uma reflexão além da sátira e nos ajudam a mostrar ao público o quão surreal é uma história dessas. Elas são mais um elemento fundamental que compõe esse alerta crítico sobre o patriarcado, fazendo a ponte da história com os tempos atuais.
Brasil e Europa
A encenação mistura a cultura européia do século XVII com o folclore brasileiro e de tradições afro-brasileiras, trazendo elementos cênicos coloridos e momentos ritualísticos. Tudo isso dialogando com os personagens típicos da Commedia Dell’Arte. A fusão entre a linguagem européia do século XVII e o folclore brasileiro também se dá na música ao vivo, unindo o lírico e o popular.
O espetáculo tem como base a linguagem de coro cênico. Nela, o elenco permanece no palco durante todo o tempo, compondo imagens, jogando com a cena e tocando instrumentos ao vivo. Todas as trocas de cenários e figurinos é feita ao vivo também. No figurino, fuxico, fitas e cores remetem à cultura brasileira e são aplicados em roupas do século XVII, numa releitura livre. As máscaras lembram a Commedia Dell’Arte e trazem também a influência do folclore.
ESCOLA DE MULHERES - UMA SÁTIRA AO PATRIARCADO - Estreia dia 9 de agosto, quarta, às 20 horas, no Teatro Itália. Temporada: Até 30 de agosto, quartas, às 20 horas. Ingressos: R$ 40 (inteira) - compra antecipada pelo Sympla. Duração: 90 minutos. Indicado para maiores de 12 anos.
Idealização: Suzana Muniz e Mau Machado
Texto: Molière
Direção geral e adaptação: Suzana Muniz
Direção musical, música e letra: Mau Machado
Arranjos: Grupo Lunar de Teatro
Elenco: Ana Clara Fischer, Angelina Miranda, Mau Machado, Pamella Bravo, Silvio Eduardo, Suzana Muniz, Tom Freire e Vitor Ugo.
Preparação vocal: Ana Clara Fischer
Preparação corporal de Commedia Dell’Arte: Flávia Bertinelli
Preparação corporal de Coro Cênico: Mau Machado e Suzana Muniz
Consultoria de Tradições afro-brasileiras: Cláudia Alexandre
Figurino: Daíse Neves
Cenografia e elementos cênicos: Vitor Ugo
Máscaras: Rafael Mariposa
Luz: Dida Genofre
Operação de Luz: Jessica Estrela
Fotos: Ronaldo Gutierrez
Produção Executiva: Silvio Eduardo
Apoio: Centro Cultural Omoayê e Allemande Escola de Música
Teatro Itália - Av. Ipiranga, 344 - República. Capacidade: 292 pessoas. Informações: https://www.
Redes sociais Grupo Lunar de Teatro:
Instagram: @grupolunardeteatro
EUA - O corpo de algumas pessoas é capaz de derrotar o Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, sem que nenhum sintoma da doença se manifeste, e a explicação pode estar no DNA delas, mostra um novo estudo. Nesses indivíduos, a variante de um gene ligado ao sistema de defesa do organismo permite que o invasor viral seja reconhecido e combatido com eficiência exemplar.
Os dados estão em artigo que acaba de sair na revista científica Nature. O trabalho tem como primeiro autor o brasileiro Danillo Augusto, professor da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (EUA) e também do Programa de Pós-Graduação em Genética da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
"Logo no início da pandemia, chamou a atenção o fato de que muitas pessoas não desenvolviam sintomas da Covid-19, e nós imaginamos que poderia haver algum fator genético de proteção [por trás disso]", explicou Augusto à Folha. "No entanto, como pessoas sem sintomas normalmente não procuram atendimento médico, sabíamos que seria muito difícil coletar amostras delas."
Para contornar essa dificuldade, ele e seus colegas se valeram de um banco de dados já existente, o registro nacional de doadores voluntários de medula óssea dos EUA. A vantagem é que o diretório já incluía informações sobre o DNA dos voluntários, uma vez que isso influi na compatibilidade das doações.
"Enviamos milhares de emails convidando essas pessoas a baixarem um aplicativo de celular. Todos os dias, elas relatavam se tinham tido algum sintoma e também compartilhavam resultados de testes de detecção do vírus", conta o pesquisador.
Entre os dados do registro de doadores estavam informações sobre um grupo de genes designados coletivamente pela sigla HLA (de "antígenos leucocitários humanos", em inglês). Esses genes contêm a receita para a produção de moléculas cuja função poderia ser comparada à de um curso de defesa pessoal do organismo.
Quando, por exemplo, um vírus invade uma nova vítima, as moléculas HLA apresentam partículas virais às chamadas células T do sistema de defesa do organismo. Isso desencadeia um contra-ataque em múltiplas frentes, o qual, com alguma sorte, pode levar à derrota do invasor.
Análises anteriores já indicavam que a variação nos genes HLA poderia ser relevante para o curso da infecção pelo vírus da Covid-19. A equipe, então, cruzou os dados genéticos das pessoas que responderam aos seus contatos cerca de 1.500 doadores com os relatos delas sobre o diagnóstico da doença. Foi aí que ficou claro que um alelo (variante genética) designado pela sigla HLA-B*15:01, presente em mais ou menos 10% das pessoas de origem europeia na amostra, tinha uma associação com as infecções assintomáticas.
Para ser exato, quem carregava o alelo tinha uma probabilidade quase três vezes maior de não apresentar sintomas da doença. No caso dos indivíduos que carregavam duas cópias do alelo uma herdada do pai e a outra, da mãe, o efeito parece ser ainda mais claro: essas pessoas tinham probabilidade oito vezes maior de não ter sintomas.
Se o trabalho tivesse se restringido a esse tipo de análise, os dados poderiam não passar de uma associação estatística, que não necessariamente mostra que a presença da variante de DNA é a causa da infecção sem sintomas de Covid-19. Por isso, a equipe integrada pelo brasileiro conduziu uma série de outros testes. Entre eles, o mais importante foi a análise de culturas de células humanas obtidas muito antes da pandemia, ou seja, sem nenhuma chance de contato prévio com o Sars-CoV-2.
"Nós observamos que as células dos indivíduos que têm essa variante de DNA apresentavam memória imunológica contra uma partícula do vírus da Covid-19, mesmo sem ter tido contato com o vírus", explica Augusto. "Por isso, eles tinham uma resposta imunológica muito rápida e eficaz, eliminando o vírus antes que ele causasse os sintomas."
Ocorre que essa memória do sistema de defesa foi ativada por causa da semelhança entre determinadas moléculas do Sars-CoV-2 e as de outros coronavírus que circulam há muito mais tempo na população humana, causando boa parte do que chamamos de resfriados comuns. Essas moléculas são classificadas como "conservadas" evolutivamente, ou seja, são comuns a uma ampla gama de coronavírus diferentes que evoluíram a partir de um mesmo ancestral comum.
Entender melhor a interação entre a variante e as porções conservadas do genoma dos coronavírus pode inspirar, no futuro, vacinas mais eficazes contra todos os sintomas da Covid-19, embora as atuais já sejam muito úteis contra sintomas graves e risco de morte. A equipe também pretende verificar se o mecanismo de proteção está presente em populações de origem não europeia.
por REINALDO JOSÉ LOPES / FOLHA de S.PAULO
Hong Kong - O investimento chinês está recuando do Ocidente à medida que a hostilidade ao capital chinês aumenta. Cada vez mais, as empresas da China estão gastando dinheiro em fábricas no Sudeste Asiático e projetos de mineração e energia na Ásia, Oriente Médio e América do Sul, enquanto Pequim busca consolidar alianças nesses lugares e garantir o acesso a recursos críticos.
O maior receptor de investimentos chineses até agora este ano é a Indonésia, rica em níquel, de acordo com uma estimativa preliminar de investimentos chineses compilada pelo American Enterprise Institute, um think tank conservador, e vista pelo The Wall Street Journal. O níquel é um componente chave em muitas das baterias usadas para alimentar veículos elétricos.
A mudança nos fluxos de investimento mostra como a China está respondendo às relações deterioradas com o Ocidente, liderado pelos EUA, e está fortalecendo os laços comerciais e de investimento com outras partes do mundo, de maneiras que podem criar novas linhas de falha na economia global.
A retirada do dinheiro chinês no Ocidente pode levar a uma menor criação de empregos em alguns países, ao mesmo tempo em que reduz o pool de capital ao qual os empreendedores de lugares como o Vale do Silício podem recorrer. A fraca economia da China já está privando o mundo de um de seus tradicionais motores de crescimento.
De forma mais ampla, a mudança é indicativa de um mundo em que a globalização está diminuindo e as tensões geopolíticas têm maior probabilidade de piorar. O investimento externo direto da China para o resto do mundo caiu 18% em relação ao ano anterior por uma nova medida divulgada recentemente. O nível mais recente marca uma queda de 25% em relação ao pico de 2016, à medida que as fusões e aquisições no exterior despencaram e Pequim reforçou as regras para conter a fuga de capitais.
“De modo geral, o espaço para a China canalizar investimentos para economias avançadas estrangeiras está diminuindo”, disse o economista-chefe da Ásia-Pacífico da S&P Global Ratings, Louis Kuijs. É improvável que os fluxos de investimento no exterior da China aumentem significativamente nos próximos três a cinco anos, reforçou ele.
Em vez disso, a China provavelmente realinhará os investimentos para consolidar seu domínio em setores como energia renovável e veículos elétricos. Isso provavelmente significa dobrar o investimento em mercados emergentes do Sudeste Asiático ao Oriente Médio e África, enquanto os proprietários de fábricas chinesas procuram lugares para expandir as operações e encontrar novos clientes, e Pequim se concentra em mercados ricos em recursos. A montadora chinesa BYD disse neste mês que pretende investir mais de US$ 600 milhões em diversas fábricas de automóveis no Brasil.
No Brasil
Enquanto isso, por aqui, as gigantes chinesas de setores como eletroeletrônicos, eletrodomésticos e automotivos também estão apostando no Brasil como um novo endereço para expandir seus negócios.
No setor de de eletrônicos, nomes como Gree, Midea, Hisense e TCL, preparam uma ofensiva no mercado brasileiro, avaliado como de grande potencial de consumo para itens das linhas branca e marrom. Avanço dos investimentos chineses deve gerar uma competição acirrada com fabricantes nacionais de geladeiras, lavadoras, fogões e televisores, entre outros eletrodomésticos e eletroeletrônicos, já consolidados.
Mas essa não é a primeira vez que as gigantes do mercado asiático focam seus investimentos em mercado emergentes. O atual avanço das fabricantes chinesas marca o início de um novo capítulo das empresas asiáticas no segmento de eletroeletrônicos no País. Os anos 1990 viram o crescimento das japonesas. Na década seguinte, foi a vez das sul-coreanas, que hoje lideram diversos segmentos de produtos no mercado nacional. E, a partir de 2020, são as chinesas que começaram a ganhar força no mercado doméstico.
Conforme divulgado pela companhia, a Midea Carrier está investindo R$ 600 milhões para erguer uma fábrica de refrigeradores de duas portas no sul de Minas Gerais, em Pouso Alegre. A nova planta, de 73 mil metros quadrados, começa a funcionar no final de 2024 e terá capacidade para produzir 1,3 milhão de aparelhos por ano.
Já no mercado automotivo, as empresas chinesas do setor automotivo também estão ampliando investimentos no País, de olho no segmento de veículos elétricos e híbridos, ocupando um espaço que está em compasso de espera nos planos da maioria das fabricantes tradicionais. Em menos de dois anos, três montadoras — GWM, BYD e Higer Bus —, anunciaram aportes que somam mais de R$ 20 bilhões em produção local, enquanto um quarto grupo, o XCMG, avalia iniciar operações nos próximos dois anos.
Ao contrário de anos anteriores, quando grupos da China aportavam no País apenas para montar kits semi prontos de carros de baixo custo, agora a maioria chega com planos de produção de modelos eletrificados, nacionalização de peças, instalação de centros de pesquisa e serviços.
Fonte: Dow Jones Newswires
EUA - O Google está testando uma ferramenta de inteligência artificial que pode escrever notícias, na mais recente evidência de que a tecnologia tem potencial para transformar profissões.
A ferramenta, conhecida como Genesis, usa a tecnologia IA para absorver informações como detalhes de eventos atuais e, em seguida, criar notícias.
O Google disse que estava nos estágios iniciais de exploração da ferramenta de inteligência artificial, que poderia ajudar os jornalistas com opções de manchetes ou diferentes estilos de redação. Ressaltou que a tecnologia não se destina a substituir os jornalistas.
“Essas ferramentas não pretendem substituir o papel que os jornalistas têm na reportagem, criação e verificação de fatos de seus artigos. Nosso objetivo é dar aos jornalistas a opção de usar essas tecnologias emergentes de uma forma que melhore seu trabalho e produtividade, assim como estamos disponibilizando ferramentas assistivas para as pessoas no Gmail e no Google Docs”, afirmou o Google.
Dois executivos do New York Times que viram o discurso disseram que “parecia não dar valor ao esforço necessário para produzir notícias precisas e engenhosas”.
O jornal citou uma pessoa familiarizada com o produto dizendo que a ferramenta serviria como um “assistente pessoal para jornalistas” para automatizar algumas tarefas, e que o Google viu isso como uma oportunidade para ajudar a “afastar a indústria editorial das armadilhas da IA generativa”.
A mudança ocorre depois que a OpenAI e a Associated Press fizeram um acordo para que o criador do ChatGPT use o arquivo de histórias da agência de notícias com o objetivo de treinar seus modelos de IA, que ingerem grandes quantidades de material para produzir respostas plausíveis.
Em um relatório do mês passado, o grupo de contabilidade KPMG estimou que 43% das tarefas realizadas por autores, escritores e tradutores poderiam ser realizadas por ferramentas de IA. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico informou na semana passada que as principais economias estavam à beira de uma “revolução da IA” que poderia levar à perda de empregos em profissões qualificadas, como direito, medicina e finanças.
por diegof / ISTOÉ
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