Jornalista/Radialista
RÚSSIA - O presidente Vladimir Putin prometeu nesta terça-feira (9) a vitória na guerra na Ucrânia, que segundo ele foi orquestrada pelo Ocidente para destruir a Rússia, em uma tentativa de traçar um paralelo com Segunda Guerra Mundial, no dia em que o país celebra a vitória contra a Alemanha nazista em 1945.
Ao mesmo tempo, o fundador do grupo paramilitar Wagner, Yevgueni Prigozhin, cujas forças estão na linha de frente na localidade de Bakhmut, aproveitou a data simbólica para denunciar a incapacidade das autoridades russas de derrotar a Ucrânia e acusou a hierarquia militar de querer "enganar" o presidente russo.
Mais de um ano após o início da ofensiva na Ucrânia, Putin insiste em apresentar o conflito como uma estratégia dos países ocidentais.
"A civilização está novamente em um ponto de inflexão. Uma guerra foi desencadeada contra nossa pátria", disse Putin na Praça Vermelha de Moscou, diante de milhares de soldados, políticos e várias autoridades de ex-repúblicas soviéticas.
O chefe de Estado falou diretamente para as tropas russas, em particular para as centenas de milhares de reservistas mobilizados: "Nada é mais importante agora que a tarefa militar de vocês. A segurança do país depende, hoje, de vocês. O futuro do nosso Estado e do nosso povo depende de vocês".
Putin voltou a acusar as potências ocidentais de utilizar a Ucrânia para provocar "o colapso e a destruição de nosso país".
"Pela Rússia, por nossas corajosas Forças Armadas, pela vitória! Hurra!", clamou, antes do início do desfile de milhares militares.
- Desfile mais modesto -
A cerimônia anual tem o objetivo de enaltecer o poderio russo, em particular quando a vitória de 1945 ocupa um lugar central no nacionalismo promovido por Putin.
Mas em 2023, as celebrações acontecem à sombra dos reveses militares na frente de batalha.
O desfile desta edição foi muito mais modesto que nos últimos anos: sem exibição aérea ou blindados, com exceção de um T-34 soviético da Segunda Guerra Mundial.
Nas ruas de Moscou, várias famílias acompanharam o desfile em meio a grandes medidas de segurança.
Na segunda-feira, 8 de maio, dia em que muitos países ocidentais celebram o fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu que a Rússia será derrotada "como o nazismo foi derrotado".
Kiev recebeu nesta terça-feira a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para celebrar o Dia da Europa.
"Nossos esforços para uma Europa unida, a segurança e a paz devem ser tão fortes quanto o desejo da Rússia de destruir nossa segurança, nossa liberdade e nossa Europa", afirmou Zelensky ao lado da presidente da Comissão.
Para isto, é necessário que a União Europeia (UE) acelere a entrega de munições, "uma questão crucial", insistiu.
Ele também fez um apelo para que o bloco inicie as negociações para a adesão da Ucrânia e acabe com a "incerteza política artificial" nas relações entre Kiev e Bruxelas.
Von der Leyen elogiou a luta da Ucrânia contra as forças russas.
"A Ucrânia está lutando pelos ideais da Europa (...) Na Rússia, Putin e seu regime destruíram estes princípios. E agora tentam destruí-los na Ucrânia", disse.
Na frente de batalha, após 15 meses de ofensiva na Ucrânia, o exército russo parece enfraquecido por baixas, reveses nos combates e tensões entre o Estado-Maior e os paramilitares do grupo Wagner.
- Acusações do grupo Wagner -
O fundador da milícia escolheu a data simbólica de 9 de maio para acusar a hierarquia militar de querer "enganar" Putin sobre a ofensiva.
Prigozhin também disse que os soldados do exército oficial fugiram de suas posições em Bakhmut, epicentro dos combates no leste da Ucrânia.
"Hoje (terça-feira), uma das unidades do ministério da Defesa fugiu de um de nossos flancos (...) Eles abandonaram suas posições, todos fugiram", acusou Prigozhin em um vídeo postado no Telegram.
"Por que o Estado não consegue defender o país?", questionou, antes de destacar que o que é exibido na televisão russa não corresponde à realidade.
As comemorações de 9 de maio acontecem com grandes medidas de segurança, depois de um aumento considerável dos ataques em território russo que Moscou atribui a Kiev.
Os ataques acontecem quando muitos consideram iminente uma ampla contraofensiva ucraniana, com o objetivo de tentar recuperar os territórios ocupados pela Rússia no sul e leste do país.
O ataque mais chamativo, mas que provoca muitas perguntas, aconteceu na semana passada, quando dois drones se aproximaram do Kremlin.
Moscou apresentou o ato como uma tentativa de assassinato de Putin, mas a Ucrânia negou qualquer envolvimento no ataque.
Os ataques e atos de sabotagem provocaram o cancelamento de vários eventos e cerimônias programadas em diversas cidades da Rússia.
Ao mesmo tempo, a Rússia prossegue com os bombardeios na Ucrânia.
A Força Aérea ucraniana afirmou nesta terça-feira que derrubou 23 mísseis de cruzeiro russos, de um total de 25 lançados durante a noite.
O comando militar de Kiev anunciou que derrubou 15 "objetivos aéreos inimigos" ao redor da capital, mas não relatou vítimas ou danos consideráveis.
FRANÇA - A França vai proibir manifestações de grupos de extrema direita, anunciou na terça-feira (9) o ministro do Interior, Gérald Darmanin, após a polêmica causada por uma manifestação neonazista autorizada por Paris no sábado (6).
"Eu instruí os prefeitos" a emitirem "ordens de proibição" quando "qualquer ativista da extrema direita" ou associação solicitar autorização para se manifestar, disse Darmanin.
"Vamos deixar que os tribunais julguem se a jurisprudência permite que essas manifestações ocorram", acrescentou durante uma sessão de controle do governo na Assembleia Nacional (câmara baixa do Parlamento).
Cerca de 600 ativistas do Comitê 9 de Maio, de acordo com as autoridades, se manifestaram no sábado em Paris em um marco da morte acidental do militante de extrema direita Sebastien Deyzieu, em 1994.
Um jornalista da AFP descobriu que os manifestantes, vestidos de preto e muitas vezes mascarados, exibiam bandeiras pretas com a cruz celta - usada por supremacistas brancos.
As imagens desta manifestação causaram polêmica, especialmente enquanto as autoridades se esforçam para proibir os panelaços contra o presidente liberal Emmanuel Macron, organizados pelos sindicatos devido à sua polêmica reforma da Previdência.
A primeira-ministra, Élisabeth Borne, qualificou as imagens do ato desta terça-feira da extrema direita como "chocantes", mas considerou que não havia motivos para proibi-lo por perturbação da ordem pública, e defendeu o "direito de manifestação".
A oposição de esquerda exigiu uma explicação do governo por permitir que "500 neonazistas e fascistas" desfilassem por Paris, nas palavras do senador socialista David Assouline.
Até mesmo a líder de extrema direita Marine Le Pen, favorita nas pesquisas devido ao conflito social causado pela reforma da Previdência, qualificou a manifestação como "inadmissível".
IRÃ - O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou na terça-feira (9) o número "terrivelmente" alto de execuções este ano no Irã, que sobe a média para mais de 10 por semana.
Neste ano, até agora, pelo menos 209 pessoas foram executadas no Irã, a maioria por crimes relacionados a drogas, de acordo com um comunicado da ONU - que observa, no entanto, que esse número pode ser maior.
"Em média, desde o início do ano, mais de 10 pessoas foram executadas todas as semanas no Irã, tornando-o um dos países com mais execuções no mundo", declarou Türk, segundo o comunicado.
"Nesse ritmo, é preocupante ver que o Irã continua no mesmo caminho do ano passado, quando cerca de 580 pessoas foram executadas", acrescentou. Ele descreveu essa quantidade como "abominável".
Se esta tendência continuar ao longo do ano, "representaria um dos níveis mais elevados de aplicação da pena de morte no Irã desde 2015", ano em que foram aplicadas 972 penas de morte, afirmou a porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani.
Apenas um pequeno número de países impõe e aplica a pena de morte.
"Impor a pena de morte para crimes relacionados a drogas é incompatível com as normas internacionais dos direitos humanos", alertou Türk.
A ONU lembra que o Comitê de Direitos Humanos proíbe a imposição da pena de morte para crimes - exceto nos "crimes mais graves", aqueles de extrema gravidade que envolvem homicídio doloso, o qual não inclui crimes relacionados a drogas.
PAPUA NOVA GUINÉ - Uma expedição realizada em setembro à região de Papua Nova Guiné confirmou por vídeo a existência do pombo-faisão-de-nuca-preta (Otidiphaps nobilis insularis), uma espécie criticamente ameaçada de extinção que não era avistada há 140 anos.
“Durante grande parte da viagem, parecia que não tínhamos chance de encontrar esse pássaro”, disse Jordan Boersma, colíder da expedição e pesquisador de pós-doutorado no Laboratório de Ornitologia da Universidade Cornell (EUA). “Estávamos a apenas dois dias do final de nosso tempo na Ilha Fergusson [a maior das Ilhas D’Entrecasteaux, no leste de Papua Nova Guiné] quando uma de nossas câmeras remotas registrou o pássaro andando e abanando o rabo.”
O grupo capturou o primeiro vídeo e fotos da ave, uma grande espécie terrestre com dorso cor de ferrugem, cabeça e corpo pretos e uma cauda semelhante à de um faisão. Ela pode existir apenas no interior da Ilha Fergusson, em um terreno geotérmico quente e extremamente acidentado, entremeado por rios sinuosos e habitado por insetos e sanguessugas que picam.
“Depois de um mês de busca, ver as primeiras fotos do pombo-faisão foi como encontrar um unicórnio”, disse John C. Mittermeier, diretor do projeto Search for Lost Birds da American Bird Conservancy (EUA) e membro central da equipe da expedição. “É o tipo de momento com o qual você sonha durante toda a sua vida como conservacionista e observador de pássaros.”
Pouquíssimas informações
Quase nada se sabe sobre o pombo-faisão-de-nuca-preta, exceto por dois espécimes coletados em 1882. Não há gravações de seus sons. Os pesquisadores acham que ele provavelmente soaria semelhante a uma espécie diferente de pombo-faisão da ilha de Papua Nova Guiné – um som que os habitantes locais comparam ao grito desesperado de uma mulher condenada ao ostracismo por sua comunidade.
Aproveitar o conhecimento dos nativos foi a chave para o sucesso da expedição. Doka Nason, especialista local em pássaros, juntou-se à busca e aconselhou a equipe sobre onde procurar. Nason montou a câmera que acabou gravando o pássaro. “Quando vi as fotos, fiquei incrivelmente animado”, disse ele. “Eu estava pulando e gritando: ‘Conseguimos!’”
“Foi uma experiência única trabalhar com os habitantes da Ilha Fergusson para encontrar o pombo-faisão, e dar palestras em escolas e aldeias sobre a nossa busca foi um destaque”, disse Jason Gregg, um dos líderes da expedição. “As crianças sussurravam o nome local do pássaro – Auwo – e todos falavam sobre isso. Estou muito feliz por saber que essa espécie sobrevive e abre oportunidades para aprender ainda mais sobre o pássaro e seu incrível lar.”
Preocupação
Mas os conservacionistas estão preocupados. O principal proprietário da terra onde o pássaro foi encontrado disse à equipe de busca que havia acabado de assinar um acordo com uma madeireira – uma ação que poderia ameaçar o pombo-faisão-de-nuca-preta e seu habitat. A equipe está buscando financiamento para que seus integrantes possam voltar a Fergusson e tentar descobrir quantas espécies restam.
“A razão pela qual me importo, por que acho que todos devemos nos importar, é que esse pássaro significou algo e continua a significar algo para a população local”, disse Boersma. “Faz parte de suas lendas e cultura. Se perdermos esta espécie, perderemos sua importância cultural e o papel que desempenha neste fantástico ecossistema.”
Eduardo / Revista Planeta
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