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HOLANDA - A surpreendente vitória da ultradireita na eleição parlamentar da Holanda gerou uma onda de alerta entre os defensores do projeto europeu, além de celebrações entusiasmadas entre os aliados iliberais do PVV (Partido pela Liberdade) de Geert Wilders.

Ambas as reações, enquanto naturais, deverão ser cotejadas com a realidade econômica do Reino dos Países Baixos, país que tem o quarto maior PIB (Produto Interno Bruto) per capita entre os 27 integrantes da UE (União Europeia).

Para tal, depende de comércio, e 80% dele é feito dentro do bloco europeu. Como a traumática experiência do brexit mostrou ao Reino Unido, além de difícil, retirar as amarras da UE tem implicações sobre o acesso ao mercado de 450 milhões de habitantes sob auspícios de Bruxelas.

Desta forma, o cerne da campanha de Wilders para virar premiê, o nexit (corruptela de Nederlands, nome holandês do país, e exit, saída em inglês), pode acabar sendo mais um ativo eleitoral do que algo exequível em sua totalidade. O que não significa que o político, se conseguir formar um governo, não irá buscar reduzir a carga que a Holanda carrega.

O país é o que mais contribui para instituições europeias por habitante, cerca de € 285 (R$ 1.500) anuais. Ele dá mais do que recebe de volta, com um déficit de € 5 bilhões (R$ 16 bilhões) na relação todo ano, segundo a Corte de Auditoria da Holanda.

Isso sustenta essa perna do discurso de Wilders, uma figurinha carimbada da política local há décadas, que adernou para um radicalismo de fazer corar até seus colegas mais famosos da ultradireita europeia, como Marine Le Pen (França), o premiê Viktor Orbán (Hungria) e o partido Alternativa para a Alemanha.

Com efeito, esses três atores foram os primeiros a congratular o holandês. Com a vitória de Javier Milei na disputa pela Presidência argentina e a forte posição de Donald Trump no pleito de 2024 dos EUA, por óbvio já há quem fale em uma nova onda populista em escala global.

São casos distintos, até porque a realidade é muito mais matizada. Além da questão econômica, na qual os cidadãos holandeses veem a UE como um dreno e tendem a ignorar seus benefícios evidentes, o fenômeno da imigração é presente em todo debate.

Aqui, Wilders fez explodir suas ideias radicais, sugerindo o fechamento de mesquitas e o banimento do Alcorão, só para moderar crescentemente suas falas. Na quarta (22), no discurso em que celebrava a liderança de seu PVV nas pesquisas de boca de urna, ele sinalizou pragmatismo.

"Eu entendo que há partidos que não querem estar em um governo com uma sigla que quer medidas inconstitucionais", disse, admitindo candidamente a natureza de seu ideário. "Nós não vamos falar sobre mesquitas, Alcorão e escolas islâmicas", afirmou.

A mensagem foi para os três partidos com quem pode formar uma coalizão, que necessita de 76 deputados para governar. O PVV deverá ter 35 cadeiras, e com os possíveis aliados o grupo chegaria a 86.

Ainda no campo da racionalidade, a busca por moderação da própria Le Pen e a condução sóbria da premiê Giorgia Meloni, uma herdeira política do pai do fascismo, Benito Mussolini, na Itália, mostra que ao menos contidos os instintos mais primários podem ser.

Isso dito, o alarme entre os políticos da direita racional e do centro à esquerda na Europa é justificado: o eleitorado escolheu essa opção mais radical, explicitando incapacidade da política mais tradicional. O ponto da imigração se sobressai: das 400 mil pessoas que o país de 17,6 milhões recebeu em 2022, 120 mil vieram de fora do continente europeu.

O fantasma da perda de empregos para mão de obra barata, no coração do populismo de Trump, Le Pen e outros, é invocação diária de Wilders. Aqui, até pelo exemplo que vem de países nórdicos antes vistos como altamente receptivos, ele tem mais chances de pôr em prática as restrições que propõe.

Um fator inaudito na equação é o impacto da guerra entre Israel e o Hamas. Ela fez crescer o antissemitismo europeu, mas também a animosidade entre comunidades muçulmanas marginalizadas no bloco e o temor de terrorismo. É algo a ser aferido o impacto do eventual preconceito de eleitores, já que muitos dos imigrantes são islâmicos, em seu apoio aos radicais.

Outro motivo de preocupação para os que esposam as ideias pan-europeias é a disposição de Wilders de cessar o apoio militar à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia. Nisso, repete o que Hungria e Polônia, que poderá ter um governo em direção oposta, e a Eslováquia sob nova gestão já disseram.

Não se trata tanto de apoiar a Rússia, vista como ameaça, mas na prática equivaler a ajuda a Kiev ao que consideram desperdício com a Europa e, no limite, apoio a imigrantes -os ucranianos, ora heróis na visão ocidental, sempre foram tratados como cidadãos de segunda classe no continente.

A coisa fica séria porque, nas contas do Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha), a Holanda figura como oitavo maior doador à Ucrânia em porcentagem do PIB. E é o país com a maior frota de caças F-16 colocada à disposição de Kiev. Amsterdã iria fornecer boa parte de seus 42 caças, que estão sendo substituídos pelo novo F-35, a partir de abril de 2024. Isso agora fica em suspenso com Wilders.

Tudo isso estará na mesa nas próximas semanas, quando Wilders tentará montar seu gabinete. Nem sempre o vencedor leva no país: em 1982, os trabalhistas tiveram mais votos, mas a direita governou.

 

 

POR FOLHAPRESS

BUENOS AIRES - Um dia depois de ganhar as eleições na Argentina, o presidente eleito Javier Milei começou a formar sua equipe, mas evitou anunciar um ministro para a Economia sob a justificativa de que o atual governo vai "sabotá-lo" antes que assuma. É a principal pasta num país em crise econômica crônica e 143% de inflação anual, e será a responsável por sua promessa de dolarização.

Em uma rodada de entrevistas a rádios locais na manhã desta segunda (20), o ultraliberal confirmou que, além de privatizar "tudo o que possa estar nas mãos do setor privado", cortará os atuais 18 ministérios para apenas 8, extinguindo pastas como Cultura, Mulheres e Ciência e Tecnologia.

Ele também indicou que visitará antes da posse, em 10 de dezembro, os Estados Unidos e Israel, que tratou durante toda a campanha como "mundo livre".

A maioria dos nomes anunciados até aqui é de seu núcleo duro, mas Milei afirmou que "vai surpreender": "Estamos integrando especialistas de diversas áreas [...]. Os mais talentosos estarão dentro, não importa de onde venham. O que importa é resolver os problemas dos argentinos, e não fazer testes de liberalismo no sangue", disse à Rádio Mitre.

Uma das pastas que fica é a da Justiça, a ser comandada pelo advogado de perfil midiático Mariano Cúneo Libarona, confirmou ele. Os dois se conhecem há cerca de dez anos, quando trabalharam juntos no conglomerado América do empresário milionário Eduardo Eurnekian, e hoje Libarona chefia um dos escritórios mais conhecidos de Buenos Aires.

Outro nome recém-anunciado é o de Carolina Píparo, rosto comum em seus atos de campanha e candidata derrotada pelo peronismo na província de Buenos Aires -que é separada da capital. Ela ficará com a Anses (Administração Nacional da Segurança Social), um dos cargos estatais mais importantes, que controla aposentadorias e pensões e já foi de seu rival Sergio Massa de 2002 a 2007.

Mais uma pessoa tida como certa em seu governo, mas que ainda sem confirmação após as eleições, é Guillermo Francos como ministro do Interior. Ele era representante da Argentina no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) até dois meses atrás e também já foi presidente do banco público Província em gestões peronistas.

A segunda delas é o chefe de gabinete Nicolás Posse, que segundo Milei já se comunicou com seu equivalente no governo de Alberto Fernández, Agustín Rossi, para iniciar a transição. Posse é outra figura que o ultraliberal conheceu em seu passado no grupo de Eurnekian, que é responsável pelos principais aeroportos argentinos.

Para o Brasil, um nome importante é o de Diana Mondino, há meses cotada como ministra das Relações Exteriores. Na manhã desta segunda ela publicou uma foto nas redes sociais com Milei e outros aliados no hotel Libertador, no centro de Buenos Aires, que virou bunker da campanha nos últimos meses. "Trabalhando para reduzir o Estado e eliminar impostos", escreveu.

Se confirmada, a economista, que não é diplomata de carreira, terá a difícil tarefa de moderar as declarações do chefe sobre Brasil e China, por exemplo, com quem o ultraliberal já afirmou que não vai se reunir por serem comunistas. Em entrevista à Folha em outubro, ela disse que é preciso "separar governo, Estado e iniciativa privada".

"O governo Milei não quer ter relações próximas com alguns países, mas não vai colocar nenhum empecilho para que as partes privadas dos países façam comércio entre elas", rebateu. Sobre o Mercosul, bloco do qual Milei disse querer se afastar, Mondino relativizou dizendo que a ruptura não seria tão brusca.

"Uma união aduaneira de 30 anos tem de ser revista, e queremos participar dessa revisão. Quando o Mercosul começou, Uruguai e Paraguai eram países pequenos. Hoje são economias maiores, merecem outro tratamento", defendeu, acrescentando que a Argentina tentaria firmar o máximo de acordos de livre comércio com outros países, ainda que isso vá contra o estatuto do bloco.

Sobre seu plano para lidar com as ditaduras da América Latina, ela respondeu que sua diplomacia seria feita "por meio do exemplo". "Se somos uma democracia liberal e se nosso modelo nos trouxer prosperidade, então os demais países vão preferir nos imitar em vez de seguir com seus modelos comunistas falidos", disse.

O economista Emilio Ocampo é mais um nome anunciado há tempos por Milei. Autor do livro "Dolarização", escolhido pelo libertário como guia para seu projeto de dolarizar a Argentina, Ocampo assumiria o Banco Central com uma tarefa inusual: fechá-lo.

 

 

POR FOLHAPRESS

EQUADOR - Com apenas dois anos na política, Daniel Noboa fez história. Tornou-se o mais jovem presidente do Equador, impedindo que a corrente de Rafael Correa voltasse ao poder e interrompendo a sequência de vitórias da esquerda na região. A transição começa nesta terça-feira (17) e os desafios econômicos e de governabilidade do novo líder serão bem maiores do que seu curto mandato.

“Como Conselho Nacional Eleitoral, consideramos os dados irreversíveis e, virtualmente, o Equador tem como presidente Daniel Noboa Azín”, anunciou no domingo (15) a presidente do Conselho Eleitoral do Equador, Diana Atamaint.

Imediatamente, da sua casa de praia em Olón, na província de Santa Elena, no sudoeste do país, o presidente eleito se pronunciou. “Amanhã, começamos a trabalhar por um novo Equador. Para reconstruir um país gravemente abatido pela violência, pela corrupção e pelo ódio. A partir de amanhã, começa a trabalhar a esperança. A partir de amanhã, começa a trabalhar Daniel Noboa, seu novo presidente da República”, anunciou, em terceira pessoa.

Com quase 97% das urnas apuradas, o empresário somou 52% dos votos, superando a advogada de esquerda, Luisa González, com 48%, e tornando-se o mais jovem presidente da história do Equador, com apenas 35 anos.

Daniel Noboa tem apenas dois anos de política. Foi eleito deputado em 2021, mas era praticamente desconhecido pelos equatorianos até cinco meses atrás. Tão desconhecido que, no seu breve discurso de vitória, ele classificou a sua candidatura como “um projeto político improvável”.

 

Façanha política

O presidente eleito é filho do magnata Álvaro Noboa, o empresário mais rico do país cuja fortuna começou com o comércio de bananas, do qual o Equador é o principal exportador mundial. Hoje, o conglomerado da família soma 128 empresas em dezenas de países.

O pai tentou, sem sucesso, ser presidente do Equador cinco vezes. Surpreendentemente, o desconhecido filho conseguiu logo na primeira campanha. E, logo de cara, derrotou a força política mais consolidada do país, o chamado “correísmo”, corrente política do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), que tenta voltar ao poder.

No primeiro turno, a candidata de Correa, Luisa González, obteve 33,6% dos votos, enquanto Daniel Noboa chegou a 23,5%. A virada mostra que o “correísmo” tem uma base consolidada de apoio, mas limitada capacidade de crescimento.

Noboa aproveitou a sua juventude para captar o voto jovem, prometendo criar novos empregos num país onde apenas três em cada dez equatorianos têm contratos adequados, sem nenhum tipo de precariedade.

A mãe do novo presidente, a médica Annabella Azín, também foi legisladora e candidata a vice-presidente. O avô de Daniel Noboa, Luis Noboa Naranjo, foi um dos empresários mais importantes do país no século passado.

 

Formação empresarial

O presidente eleito estudou Administração de Empresas na Escola de Negócios Stern, da Universidade de Nova Iorque. Tem três mestrados: em Administração de Negócios e Administração Pública na Kellogg School of Management, em Comunicação Política na Universidade de Harvard e Comunicação Política e Governança na Universidade de George Washington. Também estudou física e marketing.

Aos 18 anos, Daniel Noboa fundou a sua primeira empresa, a DNA, no setor de organização de eventos. Anos depois, foi diretor comercial na empresa de transporte marítimo da família.

O presidente eleito garante ser um social-democrata, mas o discurso em matéria econômica e a origem empresarial são da direita liberal.

Daniel Noboa espera o seu segundo filho, o primeiro da sua segunda esposa, a nutricionista Ángela Lavinia Valbonesi, de 25 anos.

 

Governo de transição

O presidente Guillermo Lasso marcou uma reunião para terça-feira no Palácio Carondelet, sede do governo, como ponto de partida para a transição. Ainda não há uma data confirmada, mas Daniel Noboa deve assumir o cargo em dezembro e governar até maio de 2025, quando prevê tentar a reeleição por um mandato completo de quatro anos.

Esses cerca de 16 meses de governo serão para completar o mandato do atual presidente Guillermo Lasso, que dissolveu o Parlamento para evitar um impeachment. A manobra foi constitucional, mas implicou no sacrifício do próprio cargo.

Daniel Noboa terá o desafio de tirar o Equador da rota do crime organizado e, sobretudo, dos carteis do México e da Colômbia que, em apenas cinco anos, transformaram um dos países mais pacíficos da América Latina no mais violento da região, passando de 5,8 a 25,6 homicídios por cada 100 mil habitantes.

A violência manchou a campanha: no total, oito líderes políticos foram assassinados. Fernando Villavicencio, um dos favoritos para o primeiro turno em 20 de agosto, foi baleado ao sair de um comício em Quito poucos dias antes da votação. A situação afugenta os investidores, complicando o futuro do país que não tem acesso ao mercado de crédito internacional.

 

Desafio imediato e governabilidade

Daniel Noboa também terá de lidar com os efeitos do El Niño que, a partir do mês que vem, deve resultar em estragos à já fragilizada economia equatoriana e condicionar o sucesso do novo governo. Os cálculos dos danos que o fenômeno climático deve causar variam entre 5% e 10% do PIB.

“Seria um golpe econômico mais forte do que a Covid. A pandemia significou que ficássemos em casa. A economia caiu por falta de demanda. Nesse caso, haverá destruição. Vejo um cenário muito difícil durante 2024 para o novo presidente, podendo comprometer o seu mandato de transição e a sua continuidade, caso busque a reeleição”, indica à RFI o cientista político, Fernando Carrión, da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso).

A garantia de governabilidade e a capacidade de contornar a crise estarão associadas às alianças na Assembleia Nacional, cruciais para aprovar medidas tendentes a aliviar o déficit fiscal (em torno de 5% do PIB).

Dos 137 legisladores do Parlamento unicameral, apenas 12 são da aliança Ação Democrática Nacional (ADN), de Daniel Noboa. Com potenciais aliados, o novo governo pode chegar aos 70 legisladores necessários para uma maioria simples. Porém, as decisões mais cruciais podem depender do Revolução Cidadã, a força política que responde ao ex-presidente Rafael Correa, que, com 50 legisladores, é a principal bancada.

O analista político, Fernando Carrión, destaca que Daniel Noboa nunca se apresentou como “anti-correísta”, visando, estrategicamente, romper com a polarização que divide o país.

“Eu não descartaria que haja algum tipo de acordo. Talvez não seja imediato, mas pode haver alguma negociação política para uma saída jurídica que beneficie Rafael Correa e que permita o seu retorno ao país em troca de governabilidade. Ou seja: algum tipo de anistia em troca de duas ou três leis, cruciais para o país e para a governabilidade”, aponta Carrión.

O ex-presidente Rafael Correa vive exilado na Bélgica, sem possibilidade de voltar sem ser preso ao Equador, onde foi condenado a oito anos de prisão e a 25 anos de inelegibilidade por corrupção.

Quanto ao atual presidente Guillermo Lasso, o futuro é menos épico, avalia Carrión. "Guillermo Lasso sai da cena política para sempre. O seu partido nem mesmo participou das eleições. Acabou. Foi uma decepção total."

 

 

por Márcio Resende / RFI

ESPANHA - O líder da direita espanhola, Alberto Núñez Feijóo, sofreu uma nova derrota na última sexta-feira (29), depois que a maioria dos deputados rejeitou mais uma vez sua candidatura ao posto de chefe de Governo em uma segunda votação de tentativa de posse em Madri.

O fracasso já aguardado abre o caminho para uma candidatura do atual primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, que precisará obter o apoio crucial dos independentistas catalães.

Se Pedro Sánchez não conseguir apoio suficiente, a Espanha terá novas eleições, em meados de janeiro.

 

 

AFP

BRASÍLIA/DF - Um dos pilares mais importantes na formação do ser humano é a mimética, que é a capacidade que temos de imitar. É imitando que aprendemos a andar, a falar, a viver em sociedade. Mas as redes sociais ressiginificaram a mimética, que ampliou nossa percepção da realidade na velocidade dos bits e bytes. Isso resulta na formação de opinião de grandes massas, que se alimentam de informações que consomem online. Não é por acaso que o termo “meme” deriva justamente de mimética.

A nova direita, que se ergueu no mundo ancorada em um modelo antissistema, percebeu rapidamente que as redes eram o canal mais adequado para difundir suas ideias. Enquanto parte do mundo seguia ainda as vozes tradicionais do debate público, esse espectro político navegava praticamente sozinho, internacionalmente, nos mares da internet. Quando se mostrou como força popular, surpreendeu os mais desatentos, que andavam desligados do complexo movimento dos ambientes digitais.

Eventos como a saída do Reino Unido da União Europeia por voto popular, a eleição de Donald Trump e de Jair Bolsonaro, se focaram amplamente na linguagem digital e na propagação de memes ideológicos. A esquerda acordou tarde, demorou a se organizar nas redes, mas, após o susto inicial, se fortaleceu – até mesmo porque se tornou uma antítese das forças dessa direita que crescia. O centro, fora da polarização, foi esmagado e perdeu espaço no ambiente fluido, onde ganha quem tem a melhor capacidade de pautar a sociedade e moldar ideias.

As eleições brasileiras de 2022 também foram um caso impressionante de mimética. Os discursos eram uníssonos. Diante de um problema, esquerda e direita testavam narrativas e a que gerava mais engajamento era a que passava a ser replicada massivamente, a ponto de pessoas de classes sociais, faixa etária e localização distintas publicarem argumentos exatamente iguais.

Após as eleições, com a derrota de Bolsonaro e o posterior silêncio dele perante as redes, a mimética conservadora ficou prejudicada. A imensa bolha que ele inspirava passou a ter que interpretar sinais, ou a ausência deles, e a comunicação se tornou difusa.

Mas, nas últimas semanas, os conservadores voltaram a se reunir em torno de um tema. Eles começaram um forte movimento contra o atual governo e passaram a falar a mesma linguagem, direcionando as massas de apoiadores para as ruas. A data escolhida: 15 de novembro. Vídeos e cards nas redes, convocando a direita para se manifestar no Dia da Proclamação da República, estão viralizando no Twitter, TikTok, YouTube, Facebook e grupos de WhatsApp.

As cores, a forma, o discurso, a ideia de apropriação dos símbolos da pátria e a própria difusão do patriotismo seguem a mesma lógica estratégica que levou Bolsonaro à Presidência. Mas, desta vez, o ex-presidente é pouco mencionado. O foco é o #ForaLula, o que deixa em aberto a possibilidade de adesão dessa direita a uma nova liderança, apesar de não haver ainda nomes listados na narrativa que se levanta agora e clama a volta das manifestações populares que marcaram o governo anterior.

Enquanto a direita se esforça para tentar se reunir novamente, a esquerda se fragmenta. Adeptos do lulismo passaram a criticar a gestão petista, por não atender as demandas ideológicas mais pragmáticas dos perfis que alimentaram a guerra da polarização de uma forma mais radical, mas que foram um braço importante na comunicação eleitoral da esquerda. Um fogo amigo que abre um ruído na mimética necessária para formar a opinião a respeito dos feitos positivos do governo e para defender a gestão de eventuais ataques. Um movimento que chama a atenção, sobretudo às vésperas de um ano eleitoral.

 

 

por Sergio Denicoli / ESTADÃO

ESPANHA - O rei da Espanha, Felipe VI, designou o líder da direita, Alberto Núñez Feijóo, para tentar ser empossado como novo chefe do governo espanhol, ainda que até o momento ele não conte com os votos necessários para conseguir o cargo.

Felipe VI manifestou "sua decisão de propor ao senhor Alberto Núñez Feijóo como candidato à presidência do governo", anunciou após se reunir com o monarca a presidente do Congresso, Francisca Armengol, em uma declaração ao Congresso dos Deputados.

A expectativa cresceu nos últimos dias em relação a se o rei, que realizou uma ronda de consultas entre segunda e terça-feira, designaria a formação do governo ao líder do Partido Popular (PP, conservador), que ganhou as eleições legislativas de 23 de julho, ou ao socialista Pedro Sánchez, presidente de Governo em exercício.

Nem Feijóo nem Sánchez contam atualmente com os apoios necessários para alcançar a maioria absoluta de 176 dos 350 deputados que lhes permita governar.

Na rede social X, antes Twitter, Feijóo agradeceu ao monarca "sua decisão" e garantiu que dará voz aos espanhóis "que querem mudança, estabilidade e moderação com um Governo que defenda a igualdade de todos".

 

- Data de posse a ser definida -

Armengol indicou que entrará em contato com Feijóo nas próximas horas para marcar a data da posse.

Embora tenha pedido calma, o líder da direita havia indicado previamente que se fosse designado pelo rei começaria as consultas com os diferentes partidos na próxima segunda-feira.

Caso haja uma posse fracassada, será acionada uma contagem regressiva de dois meses para que as eleições legislativas se repitam, a menos que Pedro Sánchez consiga construir uma maioria nesse período.

Depois de se reunirem separadamente com o chefe de Estado nesta terça , tanto Sánchez como Feijóo afirmaram que estavam dispostos a se submeter a um debate de posse.

Mas Feijóo reivindicou o seu direito de ser escolhido por ser "o candidato do partido que ganhou as eleições".

Efetivamente, o rei indicou em um comunicado que sua decisão seguiu o "costume" de que seja "o candidato do grupo político que obteve o maior número de assentos" que seja "o primeiro a ser proposto" para a posse.

O líder dos conservadores tem 172 votos: 137 dos deputados do PP, 33 do partido de extrema direita Vox e os deputados de dois pequenos partidos regionais.

Mas por enquanto, perante um possível debate de posse, o líder socialista tem apenas 164 votos, incluindo os 131 de seu partido e 31 da extrema esquerda.

 

- "Não há outra alternativa" -

A designação de Feijóo "seria uma posse fracassada", previu Pedro Sánchez, ainda que tenha adiantado que não teria objeções se o rei escolhesse Feijóo para tentar formar uma maioria.

Felipe VI, enquanto chefe de Estado, "tem o respeito e o apoio do Partido Socialista", afirmou.

"Não há outra alternativa senão reeleger um governo de progresso", destacou Sánchez, referindo-se à coalizão dos socialistas com a extrema esquerda do governo em exercício.

Mas Sánchez espera somar o apoio dos partidos nacionalistas e separatistas regionais, como já ocorreu na semana passada, quando a socialista Francina Armengol foi eleita presidente do Congresso, com 178 votos a favor.

Dois partidos que votaram a favor de Armengol - os separatistas catalães Izquierda Republicana de Cataluña (ERC) e Junts per Catalunya (JuntsxCat), disseram que venderão caro o seu apoio para reeleger o governo de Sánchez.

O JuntsxCat exige um referendo de independência da Catalunha e uma anistia geral para todos os acusados da tentativa de secessão inconstitucional de 2017, marcada por grandes manifestações e, em alguns casos, por distúrbios.

Entre os acusados está o principal dirigente desse partido, Carles Puigdemont, refugiado na Bélgica e reclamado pela Justiça espanhola. 

 

 

por AFP

BUENOS AIRES - Os eleitores argentinos puniram as duas principais forças políticas do país em uma eleição primária no domingo, empurrando um candidato libertário para o primeiro lugar em uma grande surpresa na corrida para as eleições presidenciais em outubro.

Com cerca de 90% das urnas apuradas, o economista libertário de extrema direita Javier Milei tinha 30,5% dos votos, muito acima do previsto, com o principal bloco conservador de oposição atrás com 28% e a coalizão governista peronista em terceiro lugar com 27%.

O resultado é uma dura repreensão à coalizão peronista de centro-esquerda e ao principal bloco conservador de oposição Juntos pela Mudança, em meio a uma inflação de 116% e uma crise de custo de vida que deixou quatro em cada 10 pessoas na pobreza.

"Somos a verdadeira oposição", disse Milei em um discurso otimista após os resultados. "Uma Argentina diferente é impossível com as mesmas velhas coisas que sempre falharam."

O voto nas primárias é obrigatório para a maioria dos adultos e cada pessoa recebe um voto, tornando-se um ensaio geral para a eleição de 22 de outubro e dando uma indicação clara de quem é o favorito para ganhar a Presidência.

A eleição de outubro será fundamental para a política que afeta o enorme setor agrícola da Argentina, um dos maiores exportadores mundiais de soja, milho e carne bovina, o peso e os títulos, além das negociações em andamento sobre um acordo de dívida de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional.

A crise econômica deixou muitos argentinos desiludidos com os principais partidos políticos e abriu as portas para Milei, que tocou especialmente os jovens.

"A inflação está nos matando e a incerteza do trabalho não permite que você planeje sua vida", disse Adriana Alonso, uma dona de casa de 42 anos.

Quando as urnas fecharam no início da noite, depois que falhas no sistema de votação causaram longas filas na capital Buenos Aires, toda a conversa nos centros de campanha era sobre Milei, um outsider impetuoso que prometeu fechar o banco central e dolarizar a economia.

"O crescimento de Milei é uma surpresa. Isso mostra a raiva das pessoas com a política", afirmou o ex-presidente conservador Mauricio Macri ao chegar à sede eleitoral do Juntos pela Mudança.

 

CONSERVADORA BULLRICH VENCE MODERADO LARRETA

Na disputa pela liderança mais importante, dentro da coalizão Juntos pela Mudança, a linha dura conservadora Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança, venceu o moderado prefeito de Buenos Aires Horacio Larreta, que prometeu apoiar a campanha dela.

O ministro da Economia, Sergio Massa, ganhou a indicação para a coalizão governista peronista, como esperado, e pode ter um desempenho mais forte em outubro se conseguir conquistar os eleitores mais moderados.

O fator imprevisível foi Milei, cujos comícios barulhentos ao estilo rock lembram o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, mas ele superou todas as previsões. A maioria das pesquisas dava a ele apenas um quinto dos votos prováveis, embora também estivessem muito erradas há quatro anos nas primárias de 2019.

A participação foi inferior a 70%, a menor para uma eleição primária desde que começaram a ser realizadas na Argentina, mais de uma década atrás.

Quem vencer em outubro, ou mais provavelmente no segundo turno de novembro, terá grandes decisões a tomar sobre a reconstrução das reservas internacionais, o aumento das exportações de grãos, o controle da inflação e como desfazer um emaranhado de controles cambiais.

 

 

REUTERS

ESPANHA - O partido de extrema direita espanhol Vox anunciou no domingo (6) que apoiaria, sem estabelecer condições, uma nomeação do líder dos conservadores para o cargo de presidente de Governo. A mudança de estratégia ocorre no momento em que o bloco de direita está em ponto morto no país europeu.

Até este domingo, o partido de ultradireita Vox exigia entrar no governo como condição para apoiar o líder do direitista Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, que foi o mais votado nas eleições gerais antecipadas em 23 de julho.

Na sexta-feira, o Vox entrou pela quarta vez em um governo regional, após alcançar um acordo com o PP em Aragão, no nordeste do país. A extrema direita já governa em coalizão com os conservadores em Castela e Leão, Valência e Extremadura.

Nas últimas eleições, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) de Pedro Sánchez ficou em segundo lugar com 121 cadeiras no Parlamento, atrás das 137 do PP. Sánchez, no entanto, segue em melhor posição para formar o governo do que o seu o rival devido ao jogo de alianças.

 

Independência da Catalunha entra no debate

O socialista pode aspirar a uma maioria parlamentar graças a vários partidos regionais, principalmente bascos e catalães, embora isto signifique conquistar o apoio do 'Junts per Catalunya', a legenda de Carles Puigdemont, o líder independentista que declarou a fracassada secessão da Catalunha em 2017 antes de partir para o exílio na Bélgica.

O líder do Vox, Santiago Abascal, denunciou no domingo em um comunicado que um governo de Sánchez "constituiria uma grave ameaça à ordem constitucional" e levaria "à possibilidade, inclusive, de Sánchez conceder um referendo de autodeterminação" em troca de apoio.

Abascal anunciou que "os 33 deputados do Vox apoiariam uma maioria constitucional" no Parlamento para "formar um governo que evite tais ameaças", em um claro aceno ao PP. Feijóo necessitaria, no entanto, de alguns votos adicionais para toma posse e conseguir governar sem uma coalizão.

Além das quatro regiões, PP e Vox chegaram a acordos para governar uma dezena de grandes cidades espanholas, entre elas Valladolid e Toledo, no centro do país, e Burgos, no norte. Os pactos provocaram muitas críticas, em particular da esquerda, já que o PP se alinhou com várias posições polêmicas do Vox.

Mas a estratégia de aproximação entre a extrema direita e os conservadores tem poucas chances de levar seus representantes ao poder no âmbito nacional. Vários pequenos partidos já descartaram a possibilidade de dar seu apoio a uma coalizão do PP com a extrema direita e parece pouco provável que um número suficiente mude de opinião. Além disso, um apoio do PSOE ao PP, salvo uma grande mudança, está descartado.

 

 

 (Com informações da AFP)

RFI

ESPANHA - O partido de ultradireita espanhol Vox perdeu força nas eleições de domingo (23). Ainda que o resultado do pleito siga indefinido, a legenda deve perder 19 assentos no Parlamento.

O Vox chegou pela primeira vez ao Parlamento após as eleições de 2019, quando obteve 15,21% dos votos e conquistou 52 assentos. No pleito deste ano, com 98,75% das urnas apuradas, o percentual de votos na legenda havia caído para 12,39%, suficientes para garantir 33 cadeiras. Ainda assim, o partido deverá seguir com a terceira maior bancada do Parlamento.

Conhecido por suas posições anti-imigração e anti-direitos LGBTQIA+, o Vox tinha a chance de chegar ao poder na Espanha como parceiro minoritário em uma coalizão com o Partido Popular (PP), de direita. O PP foi a legenda que recebeu mais votos neste domingo, com 32,96% dos votos e 136 assentos.

Com 172 assentos somados até aqui, PP e Vox ficam aquém dos 176 necessários para formar maioria. Tampouco está claro se o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez, que obteve 122 cadeiras, conseguirá formar uma coalizão de esquerda com partidos menores.

Caso nenhum dos blocos consiga negociar uma maioria no Parlamento, novas eleições-gerais deverão ser convocadas.

No domingo (23), o líder do Vox, Santiago Abascal, lamentou que o bloco de direita tenha sido incapaz de conquistar a maioria dos assentos. "Passamos a campanha inteira alertando sobre o perigo de alguma pesquisa claramente manipulada", afirmou.

O Vox esperava repetir o bom desempenho que teve nas eleições regionais de maio, quando passou a governar dez cidades grandes do país em aliança com o PP. Seus membros lutam contra o aborto e a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

O certo é que o Vox já está causando arrepios nas esquerdas das comunidades autônomas (o equivalente a estados) que passou a governar ao lado do PP. Na cidade de Valdemorillo, próxima a Madrid, uma peça baseada em "Orlando", de Virginia Woolf, foi cancelada porque as autoridades consideraram inapropriado a presença de um homem que se converte em mulher, de acordo com a companhia de teatro responsável pela montagem.

Em outra cidade, a prefeitura retirou do cinema o desenho "Lightyear" porque ele exibia um beijo entre duas mulheres. Em reação, alguns artistas espanhóis lançaram o movimento #StopCensura.

O Vox nasceu há dez anos, fundado por egressos do PP insatisfeitos com o conservadorismo "relativo" de seu partido de origem. Sua criação remete a quando a Espanha era um país bipartidarista PP e PSOE se alternaram no poder por décadas até que, por volta de 2010, os nanicos começaram a ganhar força.

Nesse contexto, o Vox surgiu como herdeiro do ditador Francisco Franco, que reinou no país entre 1939 e 1975. Seus membros lutam contra o aborto ou a eutanásia, são anti-imigração e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

 

 

FOLHA de S.PAULO

ESPANHA - No próximo domingo (23), a Espanha vai às urnas para eleições legislativas que, segundo as pesquisas, devem devolver o poder à direita e fortalecer o domínio dos partidos conservadores na União Europeia.

Convocadas pelo presidente de governo, o socialista Pedro Sánchez, após a debacle da esquerda nas eleições municipais de 28 de maio, o pleito geral antecipado também pode trazer a extrema direita para o seio do governo pela primeira vez desde a morte do ditador Francisco Franco há meio século.

Uma situação que confirmaria "um processo contínuo e paulatino de normalização da extrema direita a nível europeu", afirmou à AFP o historiador Steven Forti, professor da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB).

Assim, muita coisa está em jogo tanto para Sánchez, no poder desde 2018 à frente de uma coalizão minoritária que passou a contar com o partido de esquerda radical Podemos em 2020, como para a esquerda europeia.

"É evidente que existe um movimento de fundo [na Europa] e a Espanha é uma barreira de contenção bastante importante para essa corrente regressiva e reacionária", afirmou em junho ao jornal La Vanguardia a ministra para a Transição Ecológica, Teresa Ribera, em referência a uma possível coalizão de governo entre direita e extrema direita.

 

- O medo do Vox -

Desde as eleições municipais, o triunfo do Partido Popular (PP, conservadores) de Alberto Núñez Feijóo nas legislativas de 23 de julho parece inevitável.

A única dúvida é se haverá necessidade de uma aliança com o Vox, um partido ultranacionalista e ultraconservador nascido em 2013 de uma cisão no PP, para alcançar a maioria absoluta de 176 deputados necessária para formar governo.

A dinâmica da direita perdeu impulso quando o PP foi obrigado a negociar acordos com o Vox para formar governo em algumas regiões que estavam sob controle da esquerda.

Como esperava Sánchez, o PP e seu líder não saíram ilesos dessas negociações, com a rejeição do Vox a falar de "violência de gênero" e sua negação da mudança climática.

Posições extremas que não são as do PP, mas que permitiram a Sánchez fazer campanha pedindo que os eleitores a não votassem nos conservadores porque isso significaria levar o Vox para o governo e causar retrocessos sociais.

Seu objetivo é duplo: dissuadir o eleitor de centro a votar no PP e mobilizar os 500 mil simpatizantes da esquerda que não compareceram às urnas em 28 de maio.

Mas as esperanças escassas de Sánchez de uma "virada" se viram frustradas depois de seu fraco desempenho diante de Feijóo no único debate televisionado entre ambos, em 10 de julho, que levou ao crescimento do PP nas pesquisas.

Sánchez gabou-se de seu desempenho na economia, que é bastante positivo no contexto europeu, com uma Espanha que cresceu 5,5% em 2022 e se tornou, em junho, a primeira grande economia da UE em que a inflação caiu para menos de 2% (1,9%). O problema para ele, no entanto, é que a percepção dos espanhóis sobre a própria situação econômica continua sendo muito negativa.

 

- 'Derrubar o sanchismo' -

O líder socialista também aumentou suas entrevistas em programas de grande audiência que costumava ignorar.

"Sánchez reconhece que errou ao não comparecer nos meios de comunicação que considerava hostis", resumiu a cientista política Cristina Monge.

Mas talvez seja tarde para Sánchez, que conta com uma imagem muito negativa para além da esquerda, e que deteriorou ainda mais com os efeitos devastadores de leis promovidas pelo Podemos.

Isso facilitou a campanha do PP, que popularizou o lema "derrubar o sanchismo". Nas palavras de Núñez Feijóo, isso significa abolir "todas aquelas leis inspiradas nas minorias e que atentam contra as maiorias".

O Podemos, que está em queda livre, resignou-se a ser absorvido por uma nova coalizão de esquerda radical, Sumar (Somar, em português), dirigida pela ministra do Trabalho, a comunista Yolanda Díaz, com quem os socialistas buscam formar uma nova coalizão de governo. Uma hipótese pouco provável com base nas pesquisas, embora a Sumar brigue pelo terceiro lugar com o Vox.

Também pode influir no resultado a data do pleito, em pleno verão europeu, com milhões de espanhóis de férias que, se quiserem votar, terão que fazê-lo por correio.

Os especialistas consideram que é cada vez menos improvável um cenário vivenciado há alguns anos, de um Parlamento sem uma maioria de governo viável, o que levaria a novas eleições nos meses seguintes.

 

 

AFP

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