INHAMBANE - A vida está mais cara na província de Inhambane, à semelhança do que acontece no resto do país. Só nos últimos cinco meses, o preço do saco de dez quilos de cebola duplicou, queixa-se Sandra Francisco, residente na cidade de Maxixe. O saco custa agora o equivalente a onze euros.
"Em dezembro do ano passado, a cebola era 390, 400 a 450 meticais. De repente, subiu para 800 meticais", lamenta.
Alzira Inguane, outra residente na província, diz que a situação é extremamente difícil. "Entramos nas lojas e as coisas estão caras, não temos dinheiro para pagar a vida de agora, está difícil e, se não movimentar, você não come com as crianças em casa."
A inflação em Moçambique abrandou. Em maio, rondou os 8,23%, menos 1,38 pontos percentuais do que no mês anterior. Para isso contribuiu também a descida do preço de alguns alimentos como o tomate, o coco ou o milho em grão, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
Mas, no dia a dia, os cidadãos dizem que não notam essas reduções e, cada vez mais, falta dinheiro para o que é preciso.
Luísa Fernando conta que tem tido muitas dificuldades para dar de comer aos filhos e comprar material escolar.
"O custo de vida subiu muito, porque não há dinheiro. Isto aumentou o custo. As crianças vão comer o quê? Os alunos também querem estudar", desabafa aos microfones da DW.
Falta de emprego
O problema arrasta-se há vários anos. Muitos residentes da província de Inhambane perderam o emprego por causa da pandemia de Covid-19. Foi o caso de Abdul Gafar, residente em Homoíne.
"A vida está difícil mesmo pela falta de emprego. Vive-se à rasca, o número de precários sobe e desce. É assim mesmo, não há nada que fazer além de viver à rasca sem emprego", lamenta.
Manito Jafar, um trabalhador sasonal em Inhambane, pede ao Governo para controlar os preços de modo a superar a crise do custo de vida na região.
"É difícil subir o vencimento. Já que não sobe o vencimento, pelo menos deve manter os preços, para podermos tentar superar um pouco", apela.
Luciano da Conceição / DW.com