Reviravoltas
Há 22 meses, sobrava petróleo no mundo. Com a pandemia e países em lockdown, a demanda pelo produto despencou em 2020, os estoques ficaram abarrotados e, de repente, era preciso pagar para armazenar o óleo – o que fez o preço do WTI (tipo de petróleo produzido nos EUA) retrair. O barril do Brent (um petróleo mais leve e que serve como principal referência global) caiu na época para menos de US$ 20 – a primeira vez desde 2001 –, e a cotação parecia longe de se tornar um problema.
A demanda, porém, voltou muito mais rápido do que se previa, impulsionada por estímulos econômicos adotados por vários governos, e os países produtores não acompanharam o ritmo. Agora, quando se esperava uma acomodação, o preço voltou a disparar.
“Se houver um conflito, o céu é o limite (para a cotação). Caso não haja, provavelmente estamos perto do pico. A conclusão é de que, nos próximos meses, o preço ainda vai ser alto. Se não tiver guerra e o Banco Central dos EUA aumentar o juro, é possível que a demanda esfrie um pouco”, diz José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados.
Países buscam dar alívio ao consumidor
Com o petróleo pressionando a inflação no mundo, vários países adotaram medidas para tentar aliviar os preços aos consumidores. O Japão passou a subsidiar fornecedores de petróleo em janeiro e anunciou inspeções em postos de combustíveis para garantir que os preços não subam para o consumidor final. A França deu, no ano passado, um reembolso único de € 100 para cerca de 38 milhões de pessoas, e Portugal criou uma política de desconto por litro de gasolina.
Luciana Dyniewicz / ESTADÃO