CHINA - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, iniciou no domingo (18) uma viagem de dois dias à China para aliviar as tensões bilaterais entre os dois países. Essa é a primeira visita de um chefe da diplomacia dos EUA ao território chinês em quase cinco anos.
Blinken se reuniu com o ministro chinês das Relações Exteriores, Qin Gang, em um palácio nos antigos Jardins Diaoyutai de Pequim. Os dois passaram por um tapete vermelho e apertaram as mãos diante das bandeiras de seus respectivos países, sem fazer comentários.
A visita de Blinken estava originalmente marcada para fevereiro. Mas a viagem foi cancelada depois que Washington disse ter detectado um balão chinês suspeito de espionagem sobre solo americano, aumentado as tensões entre os dois países.
Nenhuma das duas potências espera grandes avanços em questões espinhosas, mas o objetivo é entrar em um degelo diplomático e manter o diálogo para administrar a relação bilateral "de forma responsável", segundo o Departamento de Estado.
Antes de partir, Blinken mostrou-se otimista, afirmando que o objetivo da viagem é "abrir linhas diretas de comunicação para que os nossos dois países possam gerir a relação de forma responsável, o que inclui enfrentar alguns desafios e equívocos e evitar erros de cálculo".
“A prioridade é reforçar a comunicação entre essas duas potências geopolíticas”, aponta o professor de economia e relações internacionais da escola de gestão francesa HEC, Jérémy Ghez. “Isso quer dizer que as duas grandes potências internacionais continuam querendo dialogar. O que é extremamente importante, pois a história nos mostrou que quando há tensões geopolíticas entre duas potências que não se falam, o risco de incompreensão e de erros de interpretação é enorme, e pode ter consequências dramáticas”, detalha o especialista, em entrevista à RFI.
Novo encontro entre Biden e Xi em breve?
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que espera se reunir com o líder chinês, Xi Jinping, após a extensa reunião que tiveram em Bali em novembro, à margem da cúpula do G20. "Espero que, nos próximos meses, eu me encontre novamente com Xi e possamos conversar sobre as diferenças legítimas que temos, mas também sobre como existem áreas em que podemos nos entender", acrescentou o chefe da Casa Branca.
Os dois líderes podem se encontrar na próxima cúpula do G20, em setembro, em Nova Délhi. Xi também foi convidado a viajar a San Francisco em novembro para o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).
Entre os principais pontos de discórdia entre os dois países estão o comércio e a questão da ilha democrática autônoma de Taiwan, que Pequim considera parte de seu território.
A China realizou no ano passado grandes manobras em torno de Taiwan, que foram consideradas um ensaio para uma invasão, depois que a então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, foi até a ilha, em agosto. A visita da presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, aos Estados Unidos também levou Pequim a realizar três dias de exercícios militares em abril.
"Desistam de lidar com a China numa posição de força", pede Pequim
Antes da visita de Blinken, o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse que os Estados Unidos deveriam "respeitar as principais preocupações da China" e colaborar com Pequim. "Os Estados Unidos devem desistir da ilusão de lidar com a China 'numa posição de força'. A China e os Estados Unidos devem desenvolver suas relações com base no respeito mútuo e na igualdade, respeitando suas diferenças", insistiu.
Blinken é o funcionário de mais alto escalão dos EUA a visitar a China desde que seu antecessor, Mike Pompeo, que mais tarde liderou a política de confronto do ex-presidente Donald Trump com Pequim, o fez em outubro de 2018. O governo Biden manteve a linha dura e foi ainda mais longe do que o governo anterior em algumas questões, por exemplo, a imposição de controles de exportação para limitar a compra e fabricação na China de chips de ponta.
Mas em outras áreas, como a luta contra as mudanças climáticas, Biden tem procurado cooperar com a China.
(Com AFP)