NICARÁGUA - Milhares de pessoas foram às ruas na Nicarágua, no sábado (11), para demonstrar seu apoio à decisão do presidente Daniel Ortega de libertar e expulsar para os Estados Unidos 222 opositores, acusados de serem "traidores da Pátria".
A marcha governista percorreu as principais ruas de Manágua, onde os participantes, com bandeiras de Nicarágua, Venezuela, Cuba e da governista Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), entoaram palavras de ordem a favor do governo e contra os opositores.
Alguns levavam balões em forma de avião, em referência ao meio utilizado para transportar os opositores para Washington. A expulsão dos 222 aconteceu na quinta-feira, 9 de fevereiro.
No final da marcha, houve um espetáculo musical, onde foi executada uma canção que qualificava os opositores exilados como “golpistas”, “traidores” e “assassinos”.
Entre os libertados e expulsos do país nesta semana estão ex-candidatos à presidência, jornalistas, ex-comandantes guerrilheiros sandinistas, ex-ministros e ex-diplomatas.
Além disso, um tribunal da Nicarágua condenou o bispo católico Rolando Álvarez a 26 anos de prisão, na sexta-feira, um dia depois de ele se recusar a ir para os Estados Unidos com os demais opositores.
Neste domingo (12), o papa Francisco manifestou sua "preocupação" e "tristeza" com a situação na Nicarágua, especialmente o bispo Rolando Álvarez.
“As notícias que chegam da Nicarágua me entristeceram muito”, disse o pontífice argentino, ao final de sua tradicional oração do Ângelus na Praça de São Pedro.
"Não posso deixar de recordar, com preocupação, o bispo de Matagalpa, monsenhor Rolando Álvarez, de quem tanto gosto", acrescentou, "e também as pessoas que foram deportadas para os Estados Unidos".
Francisco disse rezar por todos eles e "por aqueles que sofrem nessa querida nação".
Também pediu aos líderes políticos para seguirem o caminho da “busca sincera da paz, que nasce da verdade, da justiça, da liberdade e do amor, e se alcança através do exercício paciente do diálogo”.
Centenas de opositores foram detidos na Nicarágua no contexto da repressão que se seguiu aos protestos de 2018 contra Ortega. Ele está no poder desde 2007 e foi reeleito sucessivamente.
Alguns nicaraguenses viram a libertação dos opositores como um sinal de boa vontade para com os Estados Unidos, que impuseram sanções a Manágua.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, elogiou a soltura dos opositores e disse que pode abrir caminho para um diálogo com Ortega.