BRASÍLIA/DF - O campeão do circuito mundial de surfe de 2015, Adriano de Souza, o Mineirinho, anunciou nesta última quarta-feira (16) a aposentadoria do esporte profissional.
Em entrevista coletiva virtual concedida na tarde desta quarta, o atleta de 33 anos disse que 2021 será o último ano no qual participará do circuito mundial da modalidade: “Foi uma decisão tomada com base em alguns pilares. Já são 15 anos na elite do circuito. Aos poucos, a pessoa vai cansando. Particularmente, não consigo ficar para sempre entre os melhores. Por isso, a minha escolha foi tentar sair em alta. Quero que todos tenham a lembrança do Mineirinho competindo em alta performance”.
A temporada de 2019 foi bastante complicada para o atleta. Ele passou muito tempo longe do mar se recuperando de uma lesão no joelho. Junto com isso, veio um início de 2020 um pouco atribulado, no qual o surfista não alcançou os resultados esperados. Depois, a pandemia do novo coronavírus (covid-19) pode ter sido a gota d´água: “O ano de 2019 foi muito difícil. Quando estava entrando novamente no cenário de competição, acabei me machucando novamente. Voltei em janeiro desse ano. Iniciei na Austrália em dois WQS e depois veio a pandemia. O meu desejo, anteriormente, era encerrar minha carreira agora em 2020. Depois do título em 2015, tinha definido essa meta. Me esforcei ao máximo para aproveitar esse período. Mas, com tudo o que aconteceu, acho que é a coisa mais correta a fazer. Oferecer mais um ano de surfe para as pessoas que gostam de mim”.
Na entrevista, o surfista também falou de suas referências no início da carreira, e reconheceu o papel que tem como ídolo para a nova geração: “Os atletas vivem de referências. Quando entrei no circuito, tinha três grandes nomes que serviram de inspiração para mim, Vitor Ribas, Fábio Gouveia e Neco Padaratz. Lutei muito para superá-los. Depois do meu título em 2015, vieram outros grandes surfistas brasileiros. Tem o Ítalo Ferreira, campeão do ano passado. Mas agora todo mundo quer superar o Gabriel Medina, que tem dois títulos. O esporte é assim mesmo. O atleta sempre vai deixar algo e outros vão vir e ultrapassá-lo”.
O atleta, nascido no Guarujá, litoral sul de São Paulo, começou a surfar aos oito anos. Com talento comprovado desde muito cedo, aos dezoito o surfista já integrava a elite do surfe mundial. A agenda preenchida integralmente com treinos, viagens e competições impediu que Adriano realizasse completamente desejos e projetos pessoais, que ficaram em segundo plano. Nessa nova fase, o surfista avalia que é o momento de realizar sonhos antigos, sempre conectados ao esporte: “Todos esses anos foram extremamente desgastantes. Principalmente, depois da conquista do Mundial. E eu não consegui reencontrar aquele sentimento de alegria e felicidade. Principalmente, aquilo que sinto quando estou pegando onda com meu irmão, por exemplo. Acredito que, após o final da temporada de 2021, vou ter mais tempo, mais liberdade com as pessoas que amo. Acho que tudo isso vai me fazer uma pessoa melhor e mais feliz. Pretendo ainda participar de alguns campeonatos especiais ao redor do mundo, mas sem tanta pressão. Não quero mais nada de WSL. Acredito que, a partir de 2021, esse peso de precisar alcançar uma boa performance sairá das minhas costas, e conseguirei realizar coisas que tanto desejo”.
Com o intuito de encerrar esse ciclo de forma especial, Adriano pretende levar muita energia à sua última temporada no circuito, na qual participará de todas as etapas da WSL: “Meu objetivo é fazer o circuito inteiro, pois tenho muitos amigos em todas as etapas, e não quero me despedir pela metade. Estou com grandes expectativas, principalmente para Saquarema, pois acredito que será muito intenso. Imagina só, quinze anos estando sempre no mesmo evento, público com grandes expectativas sobre minha performance. Vai ser muito legal, acho que essa sensação de despedida trará grandes expectativas e uma nova energia”.
*Por Juliano Justo - Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional