ARAÇOIABA DA SERRA/SP - Os saguis-da-serra-escuro, macacos de uma espécie rara e em extinção, estão com novos integrantes na família. O governo de São Paulo divulgou na segunda-feira, 15, que filhotes da espécie, também conhecida como sagui-caveirinha - em razão do rosto branco e o corpo de pelo escuro -, nasceram no final de março, no Núcleo de Conservação da Fauna Silvestre (Cecfau), uma reserva da Mata Atlântica localizada em Araçoiaba da Serra, na região de Sorocaba, interior do Estado.
Os filhotes nasceram de cesárea. Em tentativas anteriores, os bebês do casal de saguis do núcleo não sobreviveram ao parto.
“O nascimento desses últimos filhotes é muito importante para a manutenção da espécie sob cuidados humanos, pois eles irão contribuir com a diversidade genética da espécie e com uma população ‘reserva’, cujo número de indivíduos ainda precisa aumentar”, explica Giannina Clerici, assessora técnica do Cecfau.
Desde 2022, os saguis-da-serra-escuro figuram como “em perigo de extinção” na Lista Oficial das Espécies Ameaçadas de Extinção do Ministério do Meio Ambiente. Por se alimentarem de frutas, esses animais são importantes para a região da Mata Atlântica - eles são agentes de dispersão de sementes.
Da família Callitrichidas, os saguis-da-serra-escuro vivem em grupos (2 a 11 indivíduos) e exclusivamente na Mata Atlântica, mais especificamente nas regiões dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Os animais estão em risco de extinção por causa da perda da cobertura original e a fragmentação do seu habitat, e também devido à competição por recursos na região com outras espécies. Essa disputa e a divisão de espaço com outros primatas podem levar ao apagamento genético dos saguis-da-serra-escuro, segundo os especialistas.
O Núcleo de Conservação da Fauna Silvestre, onde os filhotes nasceram, está localizado em Araçoiaba da Serra e tem suas atividades voltadas para pesquisas e manejo de espécies de animais que estão em extinção.
Além do sagui-da-serra-escuro, os técnico do núcleo trabalham para a preservação do mico-leão-preto, mico-leão-de-cara-dourada, arara-azul-de-lear, tamanduá-bandeira e a perereca-pintada-do-rio-pomba.
por Caio Possati / ESTADÃO