ARARAQUARA/SP - Na quarta-feira (22), na Sala Multiuso do Distrito Araraquara (antigo Cear), a Prefeitura de Araraquara apresentou o Plano de Macrodrenagem da Via Expressa e Reurbanização da Orla Ferroviária, que é a maior obra de infraestrutura da história de Araraquara. O objetivo é resolver os problemas de alagamentos em áreas sensíveis da cidade e proporcionar estrutura para o desenvolvimento urbano sustentável para os próximos 100 anos, segundo os estudos.
O projeto, que tem o nome oficial de "Ações de saneamento integrado nas Bacias do Ribeirão do Ouro, Córrego da Servidão, Córrego Capão do Paiva e seus afluentes", teve seus recursos liberados pelo Presidente Lula e anunciados em visita do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, a Araraquara, em fevereiro de 2023, após problemas causados pelas chuvas que destruíram nove pontos da cidade e fizeram seis vítimas fatais em 28 de dezembro de 2022.
O Presidente Lula, aliás, estará em Araraquara na sexta-feira (24), às 10h, na área externa do Distrito Araraquara, onde participará da assinatura da Ordem de Serviço para início das obras do plano. O investimento federal será de R$ 143 milhões, com contrapartida do município de 1%, ou seja, R$ 1.430.000,00.
Vale acrescentar que a obra só será possível por conta de outros recursos liberados por Lula, de 2008, em seu segundo mandato como presidente, que com o investimento de R$ 140 milhões na época, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), executou a obra do novo contorno ferroviário da cidade. Com essa obra, os trilhos que cortavam a cidade ao meio foram inutilizados.
O projeto executivo do Plano de Macrodrenagem e Reurbanização da Orla Ferroviária foi assinado pelo engenheiro Pedro Ivo de Almeida Santos, da empresa EngConsultoria, e entregue à Prefeitura por meio de uma doação feita pela Cutrale SA. A empresa, maior exportadora de suco de laranja do mundo, quando das enchentes de 2022, fez essa doação do projeto para a cidade no valor de R$ 1,5 milhão. Tal iniciativa deu celeridade ao processo de apresentação dos projetos para o Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal.
Vale lembrar que a canalização do Córrego da Servidão teve início em 1963. A Via Expressa, principal corredor de trânsito da cidade, foi construída sobre o córrego canalizado ao longo de duas décadas - sendo concluída nos anos 90 -, com execução de trechos em momentos históricos e métodos construtivos diferentes, resultando numa canalização irregular com pontos de estrangulamentos e sem capacidade de escoamento da drenagem da região.
A construção do Parque Linear
No último dia 2 de maio, o Ministério dos Transportes assinou o termo de cessão de uso de área férrea de 2,5 quilômetros não operacional para que a Prefeitura possa fazer a obra antienchente e também dar início à construção do Parque dos Trilhos: áreas verdes, de lazer, convivência, ciclovias. Araraquara foi a primeira cidade do Brasil a receber área ferroviária desativada para a obra antienchente.
Mesmo após a cessão dessa área do antigo pátio, a Rumo Logística continua utilizando a área da Rotunda e das oficinas, com previsão de transferência destas operações para a região do Pátio Ferroviário de Tutoia até 2027. Posteriormente, quando a empresa deixar de utilizar o restante da área, o município poderá pleitear a sua doação total para implantação de projetos urbanísticos de interesse público em toda aquela extensão.
O Parque dos Trilhos é um sonho antigo da cidade. É o símbolo da junção da cidade, dividida pela linha férrea, nesse local, pelo pátio de manobras. Significa, historicamente, a conexão de regiões, união dos moradores da área central e da Vila Xavier.
As chuvas de dezembro de 2022
Nove locais da cidade chegaram a ser interditados devido às enchentes, sendo sete deles pontes e passagens, totalmente destruídos na chuva do dia 28 de dezembro de 2022, quando, em apenas uma hora, das 19h30 às 20h30, choveu o equivalente a 83 milímetros. Somente naquele dia, foram registrados quase 200 milímetros de chuva. Araraquara também registrou em dezembro de 2022, 507 milímetros de chuva, o dobro da média histórica para o mês.
Uma das pontes, a da Avenida 36, cedeu e vitimou seis pessoas da mesma família: Grace Santos Leite (52), Luísa Santos Leite e Piero Santos Leite (15), Maria Helena Leite Ferreira Luiz (61), Paulo Affonso Ferreira Luiz (68) e Gabriela Leite (10).
Investimentos federais e estaduais
O Governo Federal liberou R$ 5.166.922,85 para recuperação de cinco dos nove pontos atingidos, sendo R$ 2.202.966,68 para a ponte da Rua Armando Salles de Oliveira (5 e meio); R$ 2.107.116,90 para a ponte da Rua Nove de Julho (Rua 2); R$ 439.211,47 para a Travessia Serralhal; R$ 320.232,28 para a limpeza e desobstrução de córregos; e R$ 97.395,52 para a Travessia Ara-333.
Já o Governo Estadual investiu R$ 4.887.820,59 para recuperação de dois desses pontos. Foram R$ 4.282.465,51 investidos na ponte da Avenida 36 e R$ 605.355,08 na construção de muro de contenção por gravidade em gabião do Parque São Paulo.