ARAÇATUBA/SP - Um homem foi encontrado morto próximo ao portão da própria casa, no bairro Esplanada, na cidade de Araçatuba, na sexta-feira (26).
Segundo informações da Polícia Militar, Ricardo Alexandre Ribeiro foi encontrado pelo irmão com ferimentos no pescoço.
Vizinhos relataram à testemunha que ouviram a vítima discutir com um homem. Em seguida, teria sido golpeada com uma garrafa quebrada.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou o óbito no local. A perícia foi acionada e o caso será investigado pela Polícia Civil. Ninguém foi preso.
SÃO CARLOS/SP - Nos últimos minutos de 5ª feira, um motorista acabou morrendo após um grave acidente de trânsito na Rodovia Washington Luís (SP-310), nas proximidades dos motéis, em São Carlos.
Nossa reportagem esteve no local e segundo levantamento, o motorista seguia com uma Scania, quando por motivos que serão apurados colidiu contra um caminhão Mercedes Bens.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para resgatar a vítima que ficou presa nas ferragens. O nome da vítima não foi identificada. Funcionários da concessionária que administra a rodovia prestaram toda ajuda necessária.
A Polícia Militar Rodoviária esteve no local e registrou a ocorrência.
SÃO CARLOS/SP - O empresário Aguinaldo Souza, do Açaí São Carlos, infelizmente morreu após um mal súbito. Segundo informações, ele teria passado mal e foi até o hospital, onde foi atendido, mas não resistiu.
Agnaldo tinha 47 anos, e trabalhou muitos anos na sorveteria Bêjo.
O velório será realizado no Memorial Grupo Vida, localizado na Vila Costa do Sol, às 13h40 e o sepultamento será às 16h45.
A Rádio Sanca externa os profundos sentimentos de pesar neste momento de dor....
RIO DE JANEIRO/RJ - O corpo do ator Jeff Machado, de 44 anos, foi encontrado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro na última segunda-feira, 22, em Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense, enterrado em um baú coberto por concreto a dois metros de profundidade. Ele estava desaparecido desde 17 de janeiro, quando saiu de uma festa no bairro.
Agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros descobriram há cerca de 15 dias que Jeff estava morto, após terem conseguido a quebra do sigilo telefônico de um suspeito no caso. Na segunda-feira, o corpo do ator foi finalmente encontrado, em estado avançado de decomposição, com os braços amarrados acima da cabeça e ferimentos no pescoço.
O baú onde o corpo de Jeff estava guardado é similar a outros modelos encontrados na casa do ator, em Vargem Grande. A Polícia Civil já ouviu a proprietária e alguns vizinhos do imóvel onde ele foi encontrado. A investigação tenta agora determinar quais seriam as motivações por trás do crime e a identidade dos autores.
“Não tem como uma pessoa só ter sido responsável por esse crime bárbaro”, defende o advogado Jairo Medeiros, que representa a família de Jeff no caso. A mãe do ator, dona Maria das Dores, está a caminho do Rio de Janeiro para acompanhar os trâmites relativos à liberação do corpo. Ela mora no município de Araranguá, em Santa Catarina, de onde o filho saiu para estudar jornalismo na capital fluminense.
Jeff Machado estava no ar na novela Reis, da Record. Familiares notaram seu desaparecimento após o ator ter abandonado oito cães, dos quais dois morreram durante sua ausência. Em entrevista ao ND+, a mãe do artista tinha afirmado que a última vez que se comunicou com ele foi no dia 29 de janeiro. A partir deste dia, estranhou as mensagens trocadas com o filho. Ele disse para a mãe que viajaria a São Paulo para uma entrevista de emprego e que ficaria hospedado na casa de uma amiga, de acordo com o portal.
“Ele escreveu que passou em Aparecida, rezou e ficou no apartamento dessa amiga. Contou que foi trabalhar no outro dia, se apresentou. O pessoal gostou da sugestão que ele deu. Falou também que deixou o celular cair no vaso e, por isso, não estava conseguindo fazer chamada de vídeo. Tudo se justificando”, detalhou a mãe do artista, ressaltando que o filho e ela tinham o hábito de fazer videochamadas.
Os cães do artista foram encontrados em situação de abandono e seis foram levados para tratamento em uma clínica veterinária. O ator era formado em jornalismo e cinema e se mudou para o Rio para estudar.
por João Ker / ESTADÃO
SUIÇA - Tina Turner, cantora considerada a rainha do rock n' roll, morreu aos 83 anos. A morte foi confirmada pelo assessor dela nesta 4ª feira (24). A causa da morte ainda não foi divulgada.
A cantora de sucessos como "What's Love Got to Do with It", "The Best" e "We Don't Need Another Hero" se lançou em carreira solo nos anos 1980. Antes, Tina e o ex-marido, Ike Turner, fizeram sucesso no final dos anos 1960 e início dos anos 1970.
Tina ganhou oito prêmios do Grammy e vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo.
Anna Mae Bullock nasceu em uma família pobre dos Estados Unidos. Aos 15 anos, foi abandonada pelos pais e cantou em boates para se sustentar.
Em uma das apresentações, ela conheceu Ike Turner com a banda The Kings of Rhythm. Anna Mae pediu para ser backing vocal e em pouco tempo se tornou uma das vozes principais. Ike e ela decidiram formar uma dupla e, após se casarem, ela adotou o nome artístico Tina Turner. Ao lado do marido, Tina dominou o cenário da música soul nos anos 60 e 70.
Na vida pessoal, o casamento foi marcado por brigas e escândalos. Alcóolatra e dependente de drogas, Ike culpava Tina pelo declínio da dupla, a agredia, humilhava e traía. Ela apareceu em público diversas vezes com o olho roxo ou com o lábio inchado. Depois de 18 anos, ela se cansou das agressões e decidiu abandonar o marido. Na justiça, propôs abrir mão de todo o patrimônio em troca de poder manter o sobrenome Turner.
Tina recomeçou do zero. Sem dinheiro, morou com uma amiga e abriu shows para outros grupos famosos, como os Bee Gees. Para voltar ao cenário musical, apostou no rock, influenciada pelos Rolling Stones e por David Bowie. Adotou também um novo estilo, com roupas ousadas e cabelos loiros espetados.
Em 1984, lançou o álbum ‘Private dancer’. O hit ‘Whats love gotta do with it’ teve ascensão meteórica e ajudou Tina a vender mais de dez milhões de cópias em todo o mundo. O título de rainha do rock surgiu aos 45 anos. Ela exibia as belas pernas, cantava e dançava sem perder o fôlego, levando a multidão ao êxtase.
Em 1986, lançou a biografia ‘Eu, Tina: a história da minha vida’, que conta a trajetória profissional e pessoal com o ex-marido, além de revelar as constantes agressões. O livro virou filme em 1993, estrelado por Angela Basset e Laurence Fishburne. Ike morreu em 2007.
O álbum seguinte foi ‘Break every rule’, com o qual Tina fez a maior turnê de sua carreira. Foram 14 meses viajando. Um show dessa turnê no Brasil entrou para o livro dos recordes: a cantora reuniu nada menos que 184 mil pessoas em uma única apresentação no Maracanã. O show foi transmitido ao vivo para todo o mundo.
No início dos anos 90, lançou a música ‘The best’, que chegou a ser tema de alguns atletas. Um deles foi Ayrton Senna, que subiu no palco ao lado de Tina durante uma apresentação.
Os trabalhos de Tina Turner não ficaram restritos à música. Ela estrou nos cinemas em 1975 no filme ‘Tommy’. Dez anos depois, fez outro sucesso: ‘Mad Max – Além da cúpula do trovão’. Ela foi responsável também pelo tema do longa-metragem, que dominou as paradas de sucesso. A cantora gravou a trilha de muitas outras produções, incluindo ‘007 contra Golden Eye’.
O sucesso da música fez com que Tina Turner, então com 56 anos, lançasse um novo álbum, ‘Wildest dreams’. No fim da década de 90, lançou o nono álbum da carreira solo e anunciou a aposentadoria dos palcos. ‘Twenty four seven’ teve apenas dois hits, mas o clima de despedida atraiu milhões para os shows.
Em 2008, para marcar os 50 anos dos prêmios Grammy, fez uma apresentação histórica. Além de cantar seus grandes sucessos, fez um dueto com a cantora pop Beyoncé. Quando fez 73 anos, Tina Turner superou Meryl Streep e foi a mulher mais velha a estampar a capa da revista Vogue.
Por g1
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP - Uma mulher de 34 anos foi presa em flagrante por tentativa de homicídio após esfaquear um jovem de 25 anos na madrugada de segunda-feira (22), no bairro Eldorado, na região norte de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.
Segundo informações do boletim de ocorrência, a mulher disse para a Polícia Militar que estava dentro da casa dela quando a vítima, que estava em um imóvel no mesmo quintal, tentou entrar em sua residência, ameaçando-a.
Após ser esfaqueado, o homem foi socorrido por uma ambulância do SAMU e encaminhado em estado grave ao Hospital de Base, onde permaneceu internado.
A suspeita entregou a faca usada no crime aos policiais. Não foi possível realizar a perícia porque o local foi lavado e prejudicado.
Ela foi encaminhada para a carceragem da Divisão Especializada em Investigações Criminais (DEIC).
SÃO CARLOS/SP - Um boletim de ocorrência (B.O), foi registrado na Central de Polícia Judiciária após uma criança com síndrome de Down, morrer na UPA Santa Felícia, em São Carlos.
Segundo consta, na última 6ª feira (19), a criança não estava bem e com indisposição para se alimentar e ficou assim também no sábado. Já no domingo, a família decidiu levar a criança de 2 anos, ao hospital de Ibaté, onde foi consultado e segundo a família, o médico diagnosticou com dor de garganta e receitou um remédio.
Após a consulta retornaram para casa, quando o menino visivelmente piorou, os pais trouxeram a criança para UPA Santa Felícia, onde foi intubada e um certo tempo depois infelizmente morreu.
O corpo foi levado ao IML. O velório e o sepultamento não foram informados os horários.
CARATINGA/MG - As linhas de transmissão de energia elétrica da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foram o fator principal do acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, em novembro de 2021, no distrito de Piedade de Caratinga, no município de Caratinga.
A conclusão consta do relatório final apresentado, nesta segunda-feira (15), pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão militar subordinado ao Comando da Aeronáutica. O laudo do acidente também descartou erro humano do piloto da aeronave Geraldo Martins de Medeiros, e falhas mecânicas e operacionais da aeronave.
O relatório final sobre a perícia feita pelo Cenipa foi apresentado aos advogados e familiares das cinco vítimas, na tarde de hoje. O documento ficará disponível ao público ainda nesta segunda-feira.
O Cenipa esclarece ainda que as investigações realizadas não buscam estabelecer culpa ou responsabilidade de quem quer que seja. O objetivo é entender as circunstâncias do acidente para aprimorar as medidas de segurança de voos, evitar novos acidentes aéreos e, consequentemente, preservar vidas.
Após a apresentação do documento, o advogado Robson Cunha, que representa as famílias da cantora e também do tio e assessor da artista Abicieli Silveira Dias Filho, comentou os próximos passos. “Se eles [os cabos] estão dentro de uma área ou não passível de ter essa identificação é o que agora nós vamos tratar na esfera judicial”.
O advogado também pediu rapidez na conclusão do inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais. “Eu até faço um clamor para que haja uma celeridade na entrega deste inquérito policial. Porque, a partir daí, nós vamos poder nos manifestar. A gente vai poder ter a oportunidade, no processo, de tratar desse assunto”
A cantora Marília Mendonça e as outras pessoas morreram após a queda da aeronave modelo Beech Aircraft, prefixo PT-ONJ, momentos antes do pouso. O avião caiu em uma cachoeira do distrito de Piedade de Caratinga, no município de Caratinga (MG).
A cantora, apelidada pelos fãs de Rainha da Sofrência, tinha 26 anos e colecionava vários sucessos musicais do gênero sertanejo. Os demais ocupantes da aeronave de pequeno porte eram: o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor da artista, Abicieli Silveira Dias Filho; o piloto Geraldo Martins de Medeiros; e o copiloto da aeronave Tarciso Pessoa Viana. Não houve sobreviventes.
O avião decolou do aeroporto de Santa Genoveva, em Goiânia (GO). A cantora se apresentaria naquela mesma noite, em Caratinga.
Ainda na data das mortes, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou, por meio de nota, que o bimotor atingiu um cabo de uma torre de distribuição de energia elétrica quando se aproximava do aeródromo de Ubaporanga. Em seguida, caiu no curso d'água, o que vitimou todos os ocupantes da aeronave.
Por Daniella Almeida – Repórter da Agência Brasil
BIRIGUI/SP - A Polícia Civil indiciou por homicídio culposo a mãe de uma bebê de 23 dias que morreu sufocada enquanto era amamentada. O caso ocorreu no dia 3 de janeiro deste ano, no bairro Residencial Portal da Pérola II, em Birigui, mas a polícia concluiu o inquérito na segunda-feira (8).
Segundo o delegado responsável pelo caso, Ícaro Oliveira Borges, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o laudo necroscópico concluiu que a mulher dormiu na cama enquanto amamentava a filha recém-nascida e caiu sobre a criança.
Ainda conforme o delegado, na madrugada de 3 de janeiro, o pai se assustou ao ver que a mulher estava deitada de barriga para baixo e que tinha sangue no colchão e nas roupas de cama.
Em seguida, o casal foi até a Santa Casa de Birigui, onde foi constatado que a recém-nascida estava com sangue no rosto e com o corpo roxo. A bebê não resistiu. Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada e os pais foram liberados.
“Tudo aponta que a mãe, ao amamentar a menina, dormiu de forma negligente, isto é, não se preocupou em relação ao término da amamentação, nem em colocar a criança para arrotar, sequer afastou a criança de forma a garantir-lhe segurança física, pois a conjuntura óssea é frágil e criança de poucos dias não consegue se defender”, informou.
O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), que pediu que o delegado analise se houve o crime de maus-tratos. Dessa forma, foi solicitada perícia, feita pelo médico legista, no corpo da bebê.
Quando o laudo for emitido, o MP-SP vai decidir se oferece a denúncia à Justiça. A mulher vai responder em liberdade.
SÃO PAULO/SP - Morreu na segunda-feira, dia 8, a cantora Rita Lee, rainha do rock brasileiro e nome que despontou durante o tropicalismo com a banda Os Mutantes, na década de 1960. Ela estava em sua casa, na capital paulista, com a família.
Reclusa nos últimos anos, a cantora recebeu um diagnóstico de câncer de pulmão em 2021. Após tratamentos, em abril de 2022, a doença teria entrado em remissão.
Rita Lee escreveu sobre sua morte bem ao seu estilo: "Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão "Ovelha Negra", as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória. Nas redes virtuais, alguns dirão: Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk."
O trecho está em sua autobiografia, na qual relata no mesmo tom, sempre direto e reto, tanto passagens divertidas, a exemplo das travessuras na infância e na adolescência, quanto trágicas, como o abuso de álcool e drogas e o estupro que sofreu aos seis anos, por um técnico que foi a sua casa consertar uma máquina.
Sem autopiedade, se refere a si própria com bom humor e sarcasmo, assim como aos outros um forte traço da construção de sua imagem como a maior roqueira do Brasil.
A experiência artística não começou muito bem. Quando Rita tinha entre seis e sete anos, a conceituada pianista Magdalena Tagliaferro lhe deu aulas de piano em troca de um tratamento que fez com seu pai, Charles, dentista de origem americana.
Em uma audição, a menina ficou tão nervosa que fez xixi no banquinho do piano. A professora a aconselhou a não seguir adiante na música porque ela tinha medo de palco.
Acontece que Rita, nascida em São Paulo em 31 de dezembro de 1947, morava na Vila Mariana, e o pacato bairro da zona sul, entre os anos 1950 e 1960, era terapia contra essa fobia. Na região, colégios tradicionais como o Marista Arquidiocesano, Cristo Rei, Bandeirantes e o Liceu Pasteur, onde Rita estudou, realizavam festas juninas, da primavera, pró-formaturas e outras, com palcos para apresentações em que os alunos experimentavam uma liberdade que contrastava com o autoritarismo da época.
Rita não seguiu o conselho da professora de piano e, na adolescência, participou de diferentes conjuntos, cantando e tentando tocar instrumentos, até chegar ao quarteto de meninas Teenage Singers.
A brincadeira ficou mais séria quando elas conheceram, em um festival no teatro João Caetano, em 1964, os meninos do Wooden Faces, do qual fazia parte Arnaldo Batista, que já se destacava no baixo. Aproximaram-se, Rita e Arnaldo, com 16 anos, iniciaram um namoro e, com o tempo, as bandas se uniram.
Do entra e sai de integrantes, ficaram seis, entre eles os namorados e Sérgio, irmão caçula de Arnaldo, guitarrista, que aos 13 anos largou a escola para se dedicar à música. Tornaram-se o Six Sided Rockers, que, além dos shows escolares, tocaram em programas da TV Record.
Em 1966, gravaram um compacto, com novo nome, Os Seis. Brigas e rearranjos depois, viraram três, com Rita Lee (principal vocalista e percussão) e os irmãos Arnaldo Batista (vocal, teclado e baixo) e Sérgio Dias (vocal e guitarra).
Passaram a ser Os Bruxos e foram convidados a se tornar banda fixa no programa "O Pequeno Mundo de Ronnie Von", da Record. O apresentador, fã do livro "O Império dos Mutantes", sugeriu que se tornassem Os Mutantes. Em 15 de outubro de 1966, estrearam no programa, com ousadia e originalidade, tocando, com guitarras, a Marcha Turca, de Mozart.
Deram a primeira entrevista, à Folha, e a cantora assim definiu o grupo: "Ele vem de outro planeta para tomar conta do mundo. É moço, inteligente e vai longe, porque encontrou o mundo cheio de mediocridade". Esse moço adorava guitarra, o que não era visto com bons olhos por gente influente da MPB.
Em julho de 1967, Elis Regina organizou a Marcha Contra a Guitarra Elétrica, passeata com artistas contra a "americanização" da música brasileira. Entre os presentes estava Gilberto Gil, que, curiosamente, três meses depois protagonizaria o que ficou conhecido como resposta àquela manifestação.
Ele convidou Os Mutantes para acompanhá-lo na música "Domingo no Parque", no 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record. Com arranjos do maestro Rogério Duprat, a apresentação marcou a introdução da guitarra na MPB. As vaias efusivas e a conquista do segundo lugar no festival atestaram que aquilo vinha mesmo de outro planeta e que ainda ia longe.
Além de um rock sem a ingenuidade do iê-iê-iê da Jovem Guarda, o grupo chamou a atenção pelos figurinos e pela performance no palco, e nisso a liderança era de Rita. Depois de um vestido curto e de um coração vermelho desenhado com batom na bochecha, no festival de 1967, ela subiu o tom em 1968.
No 3º Festival Internacional da Canção, o FIC, em que Os Mutantes acompanharam Caetano Veloso em "É Proibido Proibir", Rita se apresentou com um vestido de noiva emprestado da atriz Leila Diniz, que havia usado o figurino em uma novela.
O evento ficou marcado pelo discurso de Caetano contra a reação da plateia, que vaiava e arremessava ovos, tomates, latas e garrafas nos artistas. "Vocês não estão entendendo nada. Se vocês forem em política forem como são em estética, estamos feitos", esbravejou.
Rita adorou, não tinha paciência com jovens de esquerda que só aplaudiam músicas de protesto, com letras e arranjos mais óbvios, e não entendiam quão transgressor podia ser a mistura da canção popular brasileira com o pop internacional em meio a experimentações sonoras.
Essa foi a base da tropicália, movimento artístico liderado por Gil e Caetano, do qual Os Mutantes fizeram parte. No LP "Tropicália", de 1968, a banda participou de três faixas, entre elas "Panis Et Circensis", com o provocativo refrão "Essas pessoas na sala de jantar/ Estão ocupadas em nascer e morrer".
Rita e os irmãos Batista investiram em composições próprias e lançaram em 1968 o primeiro LP. Até 1972, quando Rita sairia do grupo, seriam mais quatro, um por ano, emplacando hits como "Top Top", "Balado do Louco", "Vida de Cachorro" e "Ando Meio Desligado".
Fizeram de tudo nesse tempo, programas de TV, shows, entrevistas, musical no teatro, campanhas publicitárias e até participação em longa-metragem "As Amorosas", de Walter Hugo Khouri. Além de um som de vanguarda e de qualidade, os três encantavam com a mistura de carinha angelical a atitudes endiabradas.
Em tempos extremamente machistas, causava ainda mais impacto a irreverência de Rita, que só crescia. Em 1969, ela voltou a usar, no 4º FIC, o vestido de noiva, mas com uma novidade colocou um enchimento na barriga para se fazer de grávida.
A performance se deu na apresentação de "Ando Meio Desligado", na qual os Mutantes partem do efeito da maconha para algo romântico ("Ando meio desligado/ Eu nem sinto meus pés no chão/ Olho e não vejo nada/ Eu só penso se você me quer"). Na foto da contracapa do LP, Rita está na cama com os irmãos Batista, todos nus.
Foi demais para o conservador Flávio Cavalcanti, um dos mais populares apresentadores de TV do país, que quebrou o disco no ar. Mais sinal de sucesso, impossível. Do Brasil, a repercussão passou a ser internacional, com a presença nos palcos do Midem, tradicional evento do mercado fonográfico em Cannes, em 1969, e do Olympia, em Paris, em 1970. Na turnê francesa, o LSD se tornaria parte da banda.
Substâncias alucinógenas passaram a fazer parte do café da manhã, almoço e jantar de uma espécie de comunidade hippie que os Mutantes formaram na Serra da Cantareira, a Mutantolândia.
Mais do que farra, para o trio, assim como para muitos músicos naquela época, as drogas eram um caminho artístico, de expansão mental. O descontrole, contudo, logo apresentaria a conta para os jovens. Ao longo da vida, a cantora iria enfrentar um entra e sai de internações por abuso de álcool e drogas.
Casamento e banda viveram idas e vindas, até que ambos acabaram para Rita quando ela foi expulsa dos Mutantes em 1972, episódio do qual guardou muita mágoa. Da raiva e da depressão, emergiu a ânsia de provar que, apesar de "o clube do Bolinha dizer que, para fazer rock, era preciso ter colhão, também dava para fazer com útero, ovários e sem sotaque feminista clichê".
Compôs "Mamãe Natureza", que falava das incertezas pós-Mutantes: "Não sei se eu estou pirando/ Ou se as coisas estão melhorando/ Não sei se vou ter algum dinheiro/ Ou se eu só vou cantar no chuveiro". A música lhe deu a certeza de que conseguia compor, fazer arranjos, cantar e tocar sozinha. Ela não estava pirando em seguir carreira solo e logo ia ter "algum dinheiro".
Quem acreditou na força de Rita sem os Mutantes foi André Midani, presidente da gravadora Philips, poderoso do mercado fonográfico. Mesmo antes da expulsão, por insistência dele, a cantora havia feito dois discos solo.
Rita formou, pós-Mutantes, a banda Tutti Frutti e alugou uma casa na represa Guarapiranga para a sua comunidade sexo, drogas e rockinroll. Em 1975, o disco "Fruto Proibido" marcou a nova fase da cantora e uma ruptura na música brasileira. Com capa cor-de-rosa e canções com temática feminina, como "Luz Del Fuego", "Ovelha Negra" e "Agora Só Falta Você", mostrou que era, sim, coisa de mulher "Esse Tal de Roquenrou", outro sucesso do LP.
Em 1976, ela foi presa por porte de drogas, em um raro momento que estava limpa. "Se tivessem vindo uns dois meses atrás, iam achar muita coisa, mas agora estou grávida e não tem nem bituca aqui", disse aos policiais que entraram no seu apartamento. Rita estava no terceiro mês de gravidez de um namorado recente, Roberto de Carvalho, baterista da banda de Ney Matogrosso.
Apesar de não se envolver diretamente com política, a cantora não era flor que se cheirasse para a ditadura. Inimiga da "moral e dos bons costumes", amiga de Gil e Caetano, havia testemunhado contra um policial acusado de matar um rapaz em um de seus shows.
Solo fértil para a polícia "plantar" maconha. Foi grande a repercussão da prisão. Quando ela teve um sangramento, Elis Regina foi à delegacia e não saiu de lá até que um médico fosse chamado, em um episódio que deu início a uma forte amizade entre as duas e selou definitivamente a paz entre a MPB e a guitarra elétrica.
A quebra de fronteiras entre ritmos e influências, com a qual Rita já flertava antes mesmo da tropicália, tornou-se central na consolidação de sua carreira a partir do encontro com Roberto de Carvalho.
Com ele, como escreveu na autobiografia, seu "rockinho radical virou rockarnaval, tango, bossa, pop, bolero e tal". Roberto foi morar com Rita, e vivenciaria ao seu lado a gravidez e o nascimento do primeiro filho sob prisão domiciliar. Era só a primeira barra de muitas que enfrentaria ao lado da cantora.
Após o nascimento do primeiro dos três filhos do casal, Rita deixou os Tutti Frutti e iniciou com o marido a terceira fase de sua carreira, que seria a definitiva e a mais bem-sucedida. Entre o final dos anos 1970 e início dos 1980, explodiu com uma trilha sonora autobiográfica do casal apaixonado, em que uma mulher pela primeira vez cantava sem pudor sobre desejos sexuais.
Em uma sequência de hits que fariam dela um fenômeno do mercado fonográfico, convidava o parceiro para relaxar na banheira, sem culpa nenhuma, em plena vagabundagem, em "Banho de Espuma", vestir fantasias e tirar a roupa, molhada de suor de tanto se beijar, em "Mania de Você", ficar de quatro no ato e exigir "Vê se me dá o prazer te ter prazer contigo", em "Lança Perfume" esse sucesso, aliás, ganhou versões em várias línguas, hebraico inclusive.
A cantora se tornou a cara de um feminismo menos sisudo. Foi convidada pela Globo para o especial "Mulher 80" e para criar a música de abertura do TV Mulher, que virou hino feminista, com versos assim: "Sexo frágil/ Não foge à luta/ E nem só de cama/ Vive a Mulher/ Por isso não provoque/ É cor-de-rosa choque".
Ela só não fazia sucesso com censores. Em 1981, por exemplo, das 30 músicas que submeteu à Censura, só nove foram liberadas para a gravação do LP "Saúde". Quase todas explodiram nas rádios. No ano seguinte, o LP "Flagra" vendeu dois milhões de cópias.
Multi-instrumentista, era versátil não só no palco. A personalidade transparente, o ar despudorado e o raciocínio rápido tornaram-na figura constante na mídia. Comandou o "Radioamador", na 89 FM, o "TVLeezão", na MTV, o "Madame Lee", no GNT, e integrou, no mesmo canal, o primeiro time de apresentadoras do "Saia Justa".
Em 1991, lançou o LP "Bossanroll", seu projeto financeiramente mais bem-sucedido. Mas chegou ao fundo do poço. Diante do ultimado de Roberto em relação a álcool e drogas, foi morar sozinha. Em seu sítio, trocava legumes por receitas de tarja preta.
Certo dia, de tão chapada, despencou da varanda, teve o maxilar esfacelado e perdeu 40% da audição do ouvido direito. Roberto cuidou de sua recuperação, e quando ela tirou os pontos e conseguiu cantar "Mania de Você", a pediu em casamento. Na saúde e na doença, ainda enfrentariam muitas recaídas de Rita, até que ela tomasse uma decisão mais firme de ficar "careta" a partir do nascimento da primeira neta, em 2005.
Foi o que deu tranquilidade à "vovó do rock" nos últimos anos. Após a aposentadoria dos palcos, em 2013, viveu com Roberto em uma casa de campo onde pintava, cozinhava, escrevia e cuidava dos bichos de estimação, esses, aliás, companhias da vida toda. Ativista da causa animal, teve de tudo, de cães e gatos a jiboia e jaguatirica.
A ideia de se aposentar veio na turnê dos 45 anos de carreira, em 2012, que se encerraria em Aracaju. A despedida foi a sua cara. Ao ver policiais abordando pessoas da plateia que fumavam maconha, interrompeu o show: "Me dá esse baseadinho que eu vou fumar aqui e agora. Seus cafajestes, filhos da puta". Foi detida.
Com o incidente, uma nova despedida foi marcada para 2013, no Anhangabaú, em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo. Nada mais justo que tenha sido na cidade que nasceu e da qual, como cantou Caetano, Rita foi a mais completa tradução.
Na autobiografia, escreveu que seu maior gol foi ter feito um monte de gente feliz e que, quando morresse, cantaria para Deus: "Obrigada, finalmente sedada". E, seu epitáfio, definiu, deve ser o seguinte: "Ela não foi um bom exemplo, mas era gente boa".
por LAURA MATTOS / FOLHA de S.PAULO
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