fbpx

Acesse sua conta de usuário

Nome de usuário *
Senha *
Lembrar de mim
 

DUBLIN - A Irlanda disse que vai intervir no caso de genocídio da África do Sul contra Israel, no sinal mais forte até o momento da preocupação do governo irlandês com as operações israelenses em Gaza desde 7 de outubro.

Ao anunciar a medida, o ministro das Relações Exteriores, Micheál Martin, disse que, embora caiba à Corte Mundial decidir se o genocídio está sendo cometido, ele quer deixar claro que o ataque do Hamas em 7 de outubro e o que está acontecendo em Gaza agora "representam a violação flagrante da lei humanitária internacional em grande escala".

"A tomada de reféns. A retenção proposital de assistência humanitária aos civis. O ataques a civis e à infraestrutura civil. O uso indiscriminado de armas explosivas em áreas povoadas. O uso de objetos civis para fins militares. A punição coletiva de uma população inteira", disse Martin em um comunicado.

"A lista continua. Isso tem que acabar. A opinião da comunidade internacional é clara. Basta."

Em janeiro, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), também conhecida como Corte Mundial, ordenou que Israel se abstivesse de qualquer ato que pudesse se enquadrar na Convenção de Genocídio e garantisse que suas tropas não cometessem atos genocidas contra os palestinos, depois que a África do Sul acusou Israel de genocídio liderado pelo Estado em Gaza.

Israel e seus aliados ocidentais descreveram a alegação como infundada. Uma decisão final sobre o caso da África do Sul na CIJ em Haia pode levar anos.

Martin não disse qual seria a forma da intervenção ou delineou qualquer argumento ou proposta que a Irlanda planeja apresentar.

O ministério irlandês disse que tais intervenções de terceiros não tomam um lado específico na disputa, mas que a intervenção seria uma oportunidade para a Irlanda apresentar sua interpretação de uma ou mais das disposições da Convenção sobre Genocídio em questão no caso.

O ataque liderado pelo Hamas matou 1.200 pessoas e resultou na tomada de mais de 250 como reféns, de acordo com informações israelenses. Desde então, o ataque israelense a Gaza matou mais de 32.000 pessoas, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza administrada pelo Hamas.

 

 

 

Reportagem de Padraic Halpin / REUTERS

ÁFRICA - O paraíso às vezes se torna um pesadelo, ou uma bênção. Nós, viajantes não acostumados à dinâmica peculiar dos cruzeiros, fomos surpreendidos na chegada a Pointe aux Piments, um vilarejo de mar azul turquesa, montanhas verdejantes e sol escaldante, nas Ilhas Maurício, um pedregulho no meio do oceano Índico, na costa da África, com a notícia de que o navio que nos levaria adiante não podia atracar no porto.

Um surto de gastroenterite entre alguns passageiros, que a empresa de cruzeiros Norwegian Cruise Line chamou de pequeno grupo com leves sintomas, causou o sequestro do navio por dois dias à beira da ilha. Quem estava a bordo, segundo relatos à imprensa, entrou em pânico.

O principal motivo era não poder desembarcar apesar da praia paradisíaca a metros de distância e o maior motivo ainda a suspeita de cólera a bordo, logo desmentida por uma série de testes em todos os passageiros adoentados, de acordo com relatos da empresa responsável, em comunicado à imprensa.

Os que já estavam em terra firme aproveitaram o mar tranquilo lambendo a costa de conchas e corais, bem à vontade com o cardápio riquíssimo em frutos do mar, afinal, cá estamos numa ilha.

O Norwegian Dawn, navio construído na virada do milênio com 14 andares e capacidade para quase 2.500 passageiros servidos por mais de mil tripulantes, estava pronto para zarpar de Porto Luís na tarde desta terça-feira, com mudanças no itinerário -duas das paradas, em Madagascar, foram canceladas.

A empresa responsável pelo cruzeiro reservou 2.000 quartos de hotel nas Ilhas Maurício para acomodar os passageiros que precisaram desembarcar por causa da limpeza a bordo e os casos de gastroenterite.

Uma tripulante do navio, a ponto de partir de Porto Luís, resumiu o problema a europeus não acostumados ao que chamou de águas não civilizadas. Segundo ela, a África como um todo não é confiável em relação à disponibilidade de água potável, e os casos de contaminação aconteceram em terra, não a bordo, por passageiros que teriam consumido demais bebidas com gelo, comidas cruas e água suspeita no continente.

 

 

SILAS MARTÍ / (FOLHAPRESS)

ÁFRICA - O comissário dos Assuntos Políticos, Paz e Segurança da União Africana (UA) criticou a comunidade internacional por ser menos exigente com as leis nas guerras da Ucrânia e no Médio Oriente do que em conflitos africanos.

"Não podemos exigir o respeito pelo direito internacional quando se trata de crises africanas, o cumprimento do quadro dos direitos humanos, e quando se trata de Gaza, quando se trata de Israel, o caso é diferente. Ou mesmo quando se trata da Ucrânia e da Rússia", criticou.

"Quando vivemos todos no mesmo mundo, o direito internacional deve ser aplicável a todos nós da mesma forma", disse o diplomata, acrescentando: "É esse o objetivo das Nações Unidas, é esse o objetivo do sistema internacional, que temos de respeitar".

Adeoye falava durante o debate "A agenda da União Africana para a paz e a segurança", organizado esta segunda-feira (30.10), em Londres, pelo centro de estudos britânico Instituto de Relações Internacionais (Chatham House).

"Não podemos encarar os conflitos da crise africana de forma isolada. Não podemos limitar-nos a uma palavra para Israel ou para a Ucrânia e outra palavra ou condição para África", vincou.

O responsável reiterou que a União Africana (UA) defende uma solução de dois Estados em coexistência - Israel e Palestina.

 

Risco de "genocídio sem precedentes"

A organização emitiu, em meados de outubro, um comunicado conjunto com a Liga Árabe a alertar para o risco de "um genocídio sem precedentes" na Faixa de Gaza no caso de uma ofensiva terrestre israelita no território palestiniano controlado pelo movimento islamita Hamas.

Ambas consideraram uma violação do direito internacional o ultimato israelita para a população do norte da Faixa de Gaza se deslocar para o sul do território e pediram ajuda humanitária urgente aos palestinianos, "apelando à comunidade internacional para que esteja à altura dos princípios comuns de humanidade e justiça".

O comissário referiu ainda que a UA está a desenvolver capacidades próprias para preservar a paz no continente, nomeadamente através do Fundo de Paz da União Africana.

Adeoye adiantou que o Fundo deverá gastar 22 milhões de dólares (20,7 milhões de euros no câmbio atual) em 2023 e 2024 de um total de 370 milhões de dólares (348 milhões de euros) acumulado com contribuições de Estados membros.

O Fundo permite apoiar medidas relacionadas com a mediação e diplomacia preventiva, capacidade institucional e operações de apoio à paz.

"O que queremos é que o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a comunidade internacional, a Commonwealth, os [países] amigos, os aliados nos apoiem para garantir que possamos cumprir uma agenda de paz", salientou.

 

 

Lusa

ÁFRICA - Os casos de cólera estão a aumentar em todo o mundo, segundo a OMS. Sete países são particularmente afetados, muitos deles em África - apesar de, na realidade, ser fácil prevenir a doença, lembram especialistas.

O número de casos de cólera em 2022 duplicou em relação ao ano anterior, de acordo com um relatório recente divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2021, a organização registou cerca de 223.000 infeções de cólera em todo o mundo, de acordo com o relatório. No ano seguinte, registaram-se mais de 472.000 casos em 44 países diferentes.

De acordo com o relatório da OMS, aumentou também a dimensão dos surtos. Sete países registaram, cada, mais de 10.000 casos de cólera em 2022: Camarões, Malawi, Nigéria, Somália; República Democrática do Congo (RDC), Síria e Afeganistão.

Ainda assim, os números de 2022 ainda estão muito abaixo dos casos de cólera registados em 2017 ou 2019. No entanto, a tendência continua a ser de aumento este ano, conclui a OMS.

 

Bactéria contamina água

"Na verdade, a doença da cólera é muito controlável", diz Daniel Unterweger, microbiologista da Universidade de Kiel e do Instituto Max Planck de Biologia Evolutiva em Plön, na Alemanha.

A bactéria da cólera "Vibrio cholerae" não se propaga pelo ar nem infeta as pessoas através do trato respiratório, como acontece com vírus como a gripe ou SARS. A Vibrio cholerae é ingerida por via oral, ou seja, através da boca - o que acontece normalmente através da ingestão de água contaminada com a bactéria.

É assim que as bactérias entram no corpo humano, onde muitas vezes passam despercebidas e não causam quaisquer sintomas na pessoa infetada. No entanto, a pessoa infetada expele a bactéria e, desta forma, pode infetar outras pessoas.

A cólera também pode provocar diarreia grave e até a morte. Mas, em muitos casos, isso poderia ser evitado, porque a cólera pode ser facilmente tratada, diz Daniel Unterweger. Na maioria dos casos, as pessoas infetadas podem ser tratadas com sucesso com um soro contendo sais e açúcar, administrado por via intravenosa ou oral.

Existem também vacinas que podem ser administradas por via oral e que garantem uma boa proteção, pelo menos durante alguns anos. No entanto, de acordo com as estimativas da OMS, todos os anos morrem entre 21.000 e 143.000 pessoas devido a esta infeção bacteriana. A cólera pode ser fácil de prevenir e tratar, mas apenas quando as circunstâncias o permitem.

 

Guerras, catástrofes e fugas

"A cólera é contraída através da ingestão oral da bactéria da cólera. Isto significa que dois fatores têm de estar presentes: Primeiro, a bactéria deve estar presente no ambiente, por exemplo, num rio. E, em segundo lugar, a pessoa tem de entrar em contacto com o rio, por exemplo, bebendo água do rio", explica o microbiologista Unterweger.

A água potável é o pré-requisito mais importante para prevenir as doenças causadas pela cólera. No entanto, as catástrofes naturais, como as inundações na Líbia ou o terramoto em Marrocos, destroem as infraestruturas e aumentam o risco de os esgotos contaminados com fezes entrarem na água potável - e, consequentemente, também na bactéria da cólera.

As guerras podem ter um efeito destrutivo semelhante: não só é negado o acesso a água potável, como também impossibilitado o tratamento atempado da doença da cólera.

 

Efeitos da crise climática

A crise climática é um duplo fator de propagação da bactéria, explica o microbiologista Unterweger. "Quanto mais quentes as águas se tornam, mais as bactérias da cólera se multiplicam". Isto também aumenta o risco de infeção.

Além disso, o aquecimento do clima contribui para que cada vez mais pessoas abandonem os seus habitats, porque as secas ou outras condições meteorológicas extremas as obrigam a migrar. "Estas pessoas chegam facilmente a locais sem infraestruturas de higiene locais suficientes e acabam por ser infectadas", afirma Unterweger.

A OMS também refere no seu relatório que os campos de refugiados são particularmente vulneráveis a surtos de cólera.

As medidas para conter a pandemia do coronavírus também mantiveram os casos de cólera sob controlo nos últimos anos, diz o relatório da OMS sobre os números comparativamente baixos desde 2019.

A OMS gostaria de ter erradicado a infeção até 2030. No entanto, a crise climática e o consequente aumento de fenómenos meteorológicos extremos, que por sua vez destroem infraestruturas e obrigam as pessoas a fugir, levam Unterweger a suspeitar que não nos livraremos da cólera tão rapidamente.

 

 

Julia Vergin / DW BRASIL

EUA - "Cada vez ficamos mais convencidos da existência de uma mão invisível interessada na desestabilização do nosso continente, apenas preocupada com a expansão de sua esfera de influência, que sabemos não trazer as garantias necessárias para o desenvolvimento económico e social dos países africanos", disse o chefe de Estado de Angola na quarta-feira (20.09) durante o seu discurso na 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas.

Passando em revista os principais problemas mundiais, João Lourenço criticou a diferença de atenção mediática e política dada aos conflitos em função da sua geografia.

"A comunidade internacional corre o risco de ser acusada de estar a dar tratamento diferente, privilegiado, ao conflito na Europa em detrimento de outros, por estarem no Médio Oriente ou em África, onde o do Sudão é tão mortífero e destruidor quanto o da Ucrânia, mas que merece menos cobertura das médias internacionais e menor atenção dos grandes centros de decisão sobre a paz e segurança mundial", afirmou.

 

Desigualdade, a queixa recorrente

O chefe de Estado angolano usou também o momento para expor que "o fosso entre países em desenvolvimento e desenvolvidos continua a ser uma realidade inaceitável por não haver, em muitos casos, uma verdadeira vontade política para os ultrapassar".

A consequência, continuou, é direta: "As dificuldades de acesso aos recursos financeiros e materiais necessários à concretização de projetos de desenvolvimento, assim como os condicionalismos impostos à transferência de tecnologia, constituem-se em fatores que retardam a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos na Agenda 2030 das Nações Unidas".

Apoiando o apelo do secretário-geral das Nações Unidas para a mobilização de 500 mil milhões de dólares por ano para o financiamento dos desafios emergentes, no âmbito de uma nova arquitetura financeira mundial, João Lourenço realçou que a falta de representação leva a instabilidade em África.

 

Financiamento favorável

"Por não se verem adequadamente representados numa grande parte das instituições de governação mundial, os países em desenvolvimento não estão em condições de exprimir as suas sensibilidades e fazer valer os seus pontos de vista ao nível apropriado e contribuir assim para a formulação de soluções realistas dos seus problemas", afirmou.

Esta situação, apontou, "gera ansiedade e frustração das populações mais vulneráveis que, ao não verem satisfeitas as suas expetativas, tornam-se facilmente permeáveis às influências negativas e perigosas para a ordem e a estabilidade dos seus respetivos países".

Numa referência aos golpes de Estado que afetaram vários países africanos nos últimos anos, nomeadamente na região do Sahel, João Lourenço alertou que "a falta de perspectivas que se observam em muitos dos países no plano económico e social criam um terreno fértil para a subversão e para a fragilização das democracias recentes no nosso continente".

Por isso, defendeu, "é urgente e imperativo que seja concedido apoio real ao desenvolvimento por via do financiamento em condições favoráveis para a construção de infraestruturas".

 

Moçambique também quer apoio

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, afirmou na noite de terça-feira (19.09) que o apoio que Moçambique está a receber no combate ao terrorismo é um exemplo de como África pode resolver os seus problemas, mas apontou que as forças no terreno precisam de financiamento.

"Esta experiência pioneira de combinação de intervenção bilateral e multilateral é também exemplo de resolução de problemas africanos, pelos próprios africanos. Contudo, a questão que se coloca é a necessidade de apoio substancial a estes países que de forma direta e interventiva combatem connosco o terrorismo em Moçambique, de modo a tornar sustentáveis as operações ainda em curso", disse Filipe Nyusi.

Na província de Cabo Delgado, combatem o terrorismo as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

 

Reconstrução e coesão social

"Temos estado a alcançar sucessos visíveis no terreno, apesar de os terroristas continuarem a criar terror e medo de forma esporádica em aldeias isoladas. Com a melhoria da ordem e da tranquilidade, as populações têm estado a retornar em massa para as suas zonas de origem, recomeçando a sua vida com normalidade", reconheceu ainda.

"Neste momento, o desafio é a reconstrução das infraestruturas e a consolidação da coesão social", afirmou Filipe Nyusi, ao discursar perante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

Na sua intervenção, o Presidente da República recordou igualmente os impactos das alterações climáticas em Moçambique, nomeadamente com as consequências dos três grandes ciclones dos últimos anos: "Até ao momento, não conseguimos recuperar nem um terço dos danos registados".

Reconheceu ainda que "o apoio dos parceiros tem sido muito abaixo das promessas e das necessidades".

 

 

por: Lusa

ÁFRICA - Não foi possível ainda determinar imediatamente a causa do incêndio, que terá começado por volta das 01:30, disse esta quinta-feira o porta-voz dos Serviços de Gestão de Emergências de Joanesburgo, Robert Mulaudzi.

Na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, Mulaudzi informou que tinham sido encontrados 58 corpos e que 43 pessoas estavam feridos.

Há pelo menos uma criança estava entre as vítimas mortais, disse Mulaudzi.

Incêndio controlado

Os bombeiros conseguiram controlar o incêndio e o edifício foi evacuado.

Segundo as autoridades, vários pacientes foram tratados no local e transportados para várias unidades de saúde.

As operações de busca e salvamento ainda estão a decorrer e prevê-se que o número de mortos continue a aumentar.

Testemunhas presentes no local disseram que cerca de 200 pessoas estariam a viver no edifício, situado numa zona desfavorecida da maior cidade da África do Sul.

 

 

DW (Deutsche Welle), com agências

ÁFRICA - A instabilidade política nas ex-colônias francesas da África Ocidental tem causado uma onda de golpes militares e tentativas de derrubadas de poder. Desde 2020, os sentimentos antifranceses parecem ter desencadeado ou pelo menos contribuído para desencadear golpes em Burkina Faso, Guiné, Mali e, mais recentemente, no Níger.

No Gabão, um grupo de militares anunciou a tomada do poder e a dissolução de todas as instituições democráticas do país nesta quarta-feira (30/08), além da anulação das eleições presidenciais do último fim de semana, que haviam reconduzido Ali Bongo Ondimba ao poder para um terceiro mandato.

Após o episódio no Níger, o advogado senegalês de direitos humanos Ibrahima Kane, da Open Society Foundations, disse à DW que os sentimentos que buscam romper com a suposta influência francesa são reais.

"A percepção que os franceses têm dos nossos cidadãos nunca mudou. Eles sempre nos consideram cidadãos de segunda classe. Eles sempre tratam os africanos, principalmente os francófonos, de uma certa maneira. E a África Ocidental quer que essa situação mude", afirmou.

Mas o analista de assuntos africanos Emmanuel Bensah, especializado no bloco regional Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pondera que os sentimentos anticoloniais não explicam totalmente os recentes golpes na região.

"Há um problema colonial com os franceses e os britânicos na África Ocidental. Mas isso não significa que todos os países membros estão pegando em armas. Você vê que os países anglófonos não pegaram em armas, e ainda assim estão na mesma sub-região", ressalta.

 

Perda de esperança na democracia

Ao contrário da África anglófona, que atualmente vive um clima político comparativamente estável, a democracia de estilo ocidental não ganhou bases sólidas na África Ocidental francófona.

"Há um sentimento nos países africanos francófonos de que os franceses sempre estiveram do lado de quem está no poder, independentemente de serem ou não populares. Há sempre uma ligação muito forte entre a França e os governos que, em muitas situações, não são muito amigáveis com sua própria população", afirma Ibrahima Kane.

Ele acrescenta que essa mesma raiva vem sendo dirigida aos governos democraticamente eleitos, apoiados pela França, levando a intervenções militares.

No Níger, milhares fizeram manifestações para apoiar a junta militar que derrubou o presidente Mohamed Bazoum, ecoando o descontentamento com os governos democraticamente eleitos.

O analista de governança nigeriano Ovigwe Eguegu diz que os líderes eleitos nas ex-colônias francesas fizeram pouco para melhorar a vida dos cidadãos. "É por isso que você tem esses golpes populistas. São golpes populistas, temos que ser francos", avalia.

Para Eguegu, se a população não vê os benefícios de um governo eleito democraticamente, haverá muito pouco apoio para ele em tempos de crise.

"Por que eles se engajariam no exercício do voto se nada muda? Para eles, os golpes são vistos como uma forma de chocar o sistema para ver se isso pode levar a um resultado melhor", diz, embora Eguegu admita que a liderança militar raramente melhorou a situação.

Bram Posthumus, um jornalista independente que cobre a África Ocidental, coloca isso de forma mais direta. "Uma das coisas que esses golpes sucessivos demonstram é a noção bastante clara de que o experimento com a democracia de estilo ocidental no Sahel, pelo menos, foi um fracasso total", diz.

Mas, em alguns casos, lutas internas entre a classe política dominante desencadearam esses golpes. Dias antes de sua derrubada, o presidente deposto do Níger Mohamed Bazoum planejava demitir o atual líder do golpe.

Desentendimentos entre soldados em Burkina Faso também desencadearam um segundo golpe depois que os militares derrubaram o presidente Roch Kabore em um golpe em 2022.

 

Pobreza endêmica

Alguns especialistas também atribuem os recentes golpes à pobreza endêmica em muitas ex-colônias francesas. Foi apenas em 2020 que foi aprovado o tão aguardado projeto de lei para ratificar o fim do franco CFA, moeda da África Ocidental controlada pelo tesouro francês. Levou 75 anos para que isso acontecesse.

A França foi acusada de explorar os recursos naturais desses países enquanto eles tinham dificuldades para resolver os problemas econômicos diários de seus cidadãos. Posthumus avalia que, com tais frustrações crescentes, os cidadãos muitas vezes perdem a confiança e a paciência com o processo democrático.

"A democracia não resolveu nenhum dos problemas básicos que as pessoas tinham, seja violência, seja pobreza e falta de oportunidades econômicas. E essas juntas são muito hábeis em fazer as pessoas acreditarem que resolverão esses problemas. Elas não resolverão", diz.

 

Sociedade civil e mídia ineficazes

A preocupação de Emmanuel Bensah, porém, é que a África francófona ainda não desenvolveu totalmente sistemas e instituições de governança resilientes para resolver os desafios do desenvolvimento.

"Se você olhar para países como Gana, Nigéria, Gâmbia, Libéria, Serra Leoa, não importa o quão pobres eles possam ser, há uma sociedade civil trabalhando ativamente junto com uma mídia vibrante que procura pelo menos responsabilizar os responsáveis", ressalta.

Bensah disse que a África anglófona está fazendo grandes avanços na amplificação de diferentes vozes, o que falta na África francófona. "O desafio sempre foi porque, durante muito tempo, muita coisa foi ditada pela França, que não dava espaço para o crescimento da sociedade civil local", sublinha.

 

Insegurança no Sahel

A contínua deterioração da segurança na maioria das ex-colônias francesas na África também alimentou golpes recentes em Burkina Faso, Guiné, Níger e Mali. A região do Sahel está envolvida em insurgências desde 2012, começando no Mali.

A onda se espalhou para Burkina Faso e Níger em 2015 e agora os Estados do Golfo da Guiné estão sofrendo ataques esporádicos. De acordo com as Nações Unidas, a crescente insegurança no Sahel representa uma "ameaça global", à medida que a situação humanitária piora, com milhares de pessoas fugindo de seus lares.

Os países ocidentais, incluindo a França, tentaram sem sucesso lidar com a insegurança na região. No Mali e em Burkina Faso, suas missões militares tiveram que deixar esses países.

A CEDEAO está sob pressão para conter a onda de golpes, mas sua resposta normalmente envolve a imposição de sanções.

 

Reforma da CEDEAO

A recente decisão do bloco de ativar uma força de prontidão para uma possível intervenção militar no Níger dividiu os governos regionais e é vista como problemática por analistas como Eguegu. "A CEDEAO precisaria realmente redesenhar seu manual quando se trata de lidar com mudanças inconstitucionais de governo."

Bensah acrescenta que o bloco deveria sobretudo ajudar as ex-colônias francesas a fortalecerem suas instituições democráticas. "Eles [África Ocidental francófona] precisam identificar com quais organizações da sociedade civil precisam começar a conversar e depois convidá-las a começar a desenvolver as capacidades locais", diz.

 

 

Autor: Isaac Kaledzi / DW BRASIL

NÍGER - A equipa do bloco regional da CEDEAO chegou na quinta-feira à capital Naimey "mas não passou a noite", como previsto, nem se encontrou com o líder do golpe, Abdourahamane Tiani, ou com o Presidente detido, Mohamed Bazoum, disse um membro da delegação na sexta-feira (04.08).

A Nigéria, potência regional, detém a presidência rotativa da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que impôs sanções e que, no domingo, deu aos golpistas uma semana para reporem Bazoum no poder ou arriscarem uma possível intervenção armada.

O Presidente nigeriano, Bola Tinubu, afirmou que a CEDEAO faria o seu melhor para resolver a crise de forma amigável, mas a CEDEAO disse que poderia recorrer à intervenção militar como último recurso.

 

Intervenção militar?

Os chefes militares regionais estão em Abuja, capital da Nigéria, para discutir a possibilidade de uma tal intervenção militar. A junta do Níger avisou que enfrentaria a força com a força.

"Qualquer agressão ou tentativa de agressão contra o Estado do Níger será objeto de uma resposta imediata e sem aviso prévio das Forças de Defesa e Segurança do Níger contra um dos membros (do bloco)", declarou um dos golpistas numa declaração lida na televisão nacional.

A resposta foi dada com "a exceção dos países amigos suspensos", numa alusão ao Burkina Faso e ao Mali, países vizinhos que também foram vítimas de golpes militares nos últimos anos.

As juntas destes países advertiram que qualquer intervenção militar no Níger seria equivalente a uma "declaração de guerra".

Bazoum, que está detido pelos golpistas com a sua família desde a sua destituição, disse na quinta-feira que se o golpe for bem-sucedido, "terá consequências devastadoras para o nosso país, a nossa região e o mundo inteiro".

Numa coluna no Washington Post - a sua primeira longa declaração desde a sua detenção - apelou "ao Governo dos EUA e a toda a comunidade internacional para nos ajudarem a restaurar a nossa ordem constitucional".

 

 

 

por AFP / DW (Deutsche Welle)

MAYOTTE - Começou na segunda-feira (24) uma polêmica operação policial que promete desmontar favelas e expulsar até 10 mil imigrantes clandestinos do arquipélago de Mayotte. O governo francês enviou centenas de policiais para a operação "Wuambushu", de combate a imigração ilegal e ao crime no departamento francês situado entre Moçambique e Madagascar. Bem recebida pelos políticos locais, a operação repressiva, no entanto, é contestada por defensores de direitos humanos.

Na favela de Kawéni, os moradores estão em pânico. A questão não é mais se a polícia virá, mas quando virá. Com medo de serem despejados, ou por medo da violência, muitos deles já desmontaram suas próprias casas.

Na beira da estrada, na entrada da favela, Ali tenta vender seus quatro patos a qualquer custo. Ele quer sair antes da chegada dos policiais da operação "Wuambushu". "Os vizinhos estão se preparando. Isto vai ser catastrófico. Como não queremos nenhum problema, estamos fazendo as malas tranquilamente enquanto esperamos para sair de casa", relata. "Não quero ficar aqui e ver a violência."

A população das favelas está com medo entre duas ameaças: a megaoperação policial, anunciada na semana passada pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, e os grupos armados que têm aterrorizado o arquipélago.

No final de semana, diversos confrontos aconteceram em Tsoundzou, ao sul de Mamoudzou. Um total de 1.800 membros da força policial estão mobilizados para a Operação Wuambushu e alguns moradores temem uma repetição dos tumultos de 2011.

Nesta segunda (24), diversas operações policiais começaram nas localidades de Majicavo e Combani. Nos assentamentos informais, a população tem certeza que a destruição das favelas é iminente.

Para Daniel Gros, representante da Liga dos Direitos Humanos em Mayotte, a operação policial para destruir casas de favelas é inaceitável.

"Destruir as favelas é estigmatizar os pobres. É dizer que quem está em favelas são pessoas sempre em situação de clandestinidade, ligadas à delinquência. Eles são pobres e não têm casa, é isso", critica Gros.

"Esta "ação espetacular" de destruição de favelas e expulsões maciças prometidas por Gérald Darmanin anuncia múltiplas violências e violações da lei", diz a associação de proteção aos migrantes UCIJ-2023, que reúne 400 ONGs de defesa dos direitos humanos.

 

Crise de migração e de segurança

O departamento francês vive uma crise de migração simultânea a um aumento da violência.

O território, próximo ao Oceano Índico, tem recebido há anos grandes quantidades de imigrantes da África e da Ásia. Quase metade dos estimados 350.000 habitantes de Mayotte não tem nacionalidade francesa, segundo o INSEE (Instituto Nacional de Estatísticas), mas um terço dos estrangeiros nasceu na ilha.

Os imigrantes, que vivem em bairros pobres atormentados pela violência e pelo tráfico, são em sua maioria empregados em trabalhos manuais na ilha e seus filhos estão matriculados nas escolas.

No entanto, parte da população e dos políticos de Mayotte culpam os imigrantes pelos problemas de infraestrutura e pelas ondas de criminalidade.

"É uma operação para recuperar os espaços perdidos da República", afirmou Mansour Kamardine, membro do Parlamento de Mayotte.

Gérald Darmanin disse que espera destruir mil bangas, ou casebres, em dois meses. O ministro afirma que as pessoas serão realojadas, de acordo com a lei. No entanto, quem não tiver visto para permanecer em território francês não deve ter a mesma sorte.

A França planeja retirar os imigrantes clandestinos das favelas do departamento francês e expulsar os comorianos presentes ilegalmente no território para a ilha comoriana mais próxima, Anjouan, a apenas 70 km de distância.

As Comores impediram que o primeiro barco que transportava migrantes de Mayotte atracasse nesta segunda-feira. O tráfego de passageiros no porto onde os deportados geralmente são desembarcados foi suspenso.

 

 

Com informações de Romain Philips, enviado especial da RFI

ÁFRICA - O Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa declarou na quinta-feira um estado de desastre a nível nacional num esforço para enfrentar a crise energética que o país tem vindo a enfrentar há meses.

A medida dará ao governo sul-africano poderes adicionais para responder à crise, incluindo a capacidade de implementar procedimentos de aquisição de emergência e novos regulamentos, informou o SABC News.

A este respeito, a empresa nacional de energia, Eskom, começará a adquirir energia a produtores privados, e comprará cerca de 300MW aos países vizinhos.

"Isto permitir-nos-á fornecer as medidas práticas que precisamos de tomar para ajudar uma série de empresas a assegurar o fornecimento ininterrupto de energia eléctrica. Permitir-nos-á isentar infraestruturas críticas tais como hospitais e estações de tratamento de descargas de carga", disse Ramaphosa num discurso televisivo.

De acordo com o presidente sul-africano, o país deve dar uma resposta eficaz à crise energética, razão pela qual alguns dos seus ministros de gabinete estarão "dia e noite" à procura de soluções, de acordo com o jornal.

"Esta crise é uma crise existencial para o nosso país e temos de enfrentar esta crise sem demora. A coordenação para enfrentar a crise da eletricidade é um instrumento importante de que preciso, pelo que teremos ministros concentrados dia e noite nesta crise que temos vindo a enfrentar", disse ele.

As centrais eléctricas do país estão a sofrer cortes de energia e as avarias estão a tornar-se mais frequentes. Entretanto, a Eskom está a lutar financeiramente para manter as suas turbinas de gás de ciclo combinado em funcionamento. A empresa também foi anteriormente obrigada a encerrar algumas das suas centrais eléctricas, o que agravou a situação.

 

 

Fonte: (EUROPA PRESS)

Pedro Santos / NEWS 360

Nosso Facebook

Calendário de Notícias

« Abril 2024 »
Seg. Ter Qua Qui Sex Sáb. Dom
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 30          
Aviso de Privacidade

Este site utiliza cookies para proporcionar aos usuários uma melhor experiência de navegação.
Ao aceitar e continuar com a navegação, consideraremos que você concorda com esta utilização nos termos de nossa Política de Privacidade.