BRASÍLIA/DF - O governo federal anunciou a terceira edição do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), lançado inicialmente em 2012. O Planapo, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), reúne 197 iniciativas em 7 eixos, 14 ministérios envolvidos e R$ 9 bilhões em ações. A assinatura do Planapo foi realizada em cerimônia no Palácio do Planalto pelo ministro do MDA, Paulo Teixeira, ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ministro do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.
O Planapo prevê iniciativas voltadas para pesquisa e inovação, incentivo às compras públicas e inclusão de mulheres, jovens, indígenas e quilombolas na agricultura familiar. "O Planapo vai ampliar a produção e o processamento de alimentos orgânicos e de base agroecológica, além de fortalecer a sua comercialização. O plano tem como compromisso destinar R$ 6 bilhões em linhas do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) para produção orgânica ou agroecológica, R$ 115 milhões em fomento e R$ 100 milhões em parceria com Fundação Banco do Brasil", detalhou Teixeira.
O Planapo inclui, ainda, o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que prevê ações para diminuir o uso de defensivos agrícolas de alta periculosidade e substituir os agroquímicos por bioinsumos. De acordo com Teixeira, o programa prevê a substituição de "agrotóxicos altamente tóxicos e de alta periculosidade". "Diversos químicos já proibidos na Europa e nos Estados Unidos ainda são largamente utilizados aqui no Brasil. Esses químicos deverão ser substituídos por biológicos. Os bioinsumos são capazes de garantir alta produtividade e por um custo menor", afirmou Teixeira.
A inclusão da estratégia de redução do uso dos agroquímicos causou divergência entre o MDA e o Ministério da Agricultura. A Agricultura havia apresentado veto ao Pronara por "questões técnicas". O tema chegou ao Palácio do Planalto e houve consenso entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros no último mês.
ESTADAO CONTEUDO
SOROCABA/SP - Em uma definição tradicional, a agroecologia é um modelo de agricultura alternativa baseada na integração e aplicação de conceitos ecológicos e sustentáveis na produção de alimentos. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), "a agroecologia ajuda a apoiar a produção de alimentos e a segurança alimentar e nutricional enquanto restaura os serviços ecossistêmicos e a biodiversidade que são essenciais para a agricultura sustentável". Mas o professor Fernando Silveira Franco, do Departamento de Ciências Ambientais (DCA-So), e coordenador do Núcleo de Agroecologia Apete Caapuã (NAAC) do Campus Sorocaba da UFSCar, vai além: "a agroecologia é uma nova forma de ser e estar no mundo, já que, além de uma produção sustentável, visa relações econômicas, sociais e culturais mais justas".
Corroborando a visão do professor da UFSCar, a própria FAO já identificou os 10 princípios da agroecologia que destacam as propriedades importantes na implementação de um sistema agroecológico: Diversidade; Cocriação e compartilhamento de conhecimento; Sinergias; Eficiência; Reciclagem; Resiliência; Valores humanos e sociais; Cultura e tradições alimentares; Governança responsável; Economia circular e solidária. "Princípios, portanto, que vislumbram uma transformação social ampla", destaca o docente.
Além de considerar o manejo responsável dos recursos naturais e a justiça social - "afinal, não há agroecologia sem movimentos sociais" -, o modelo da agroecologia constitui um campo de conhecimento científico, que integra os saberes históricos dos agricultores com o avanço da ciência, para alcançar seus objetivos. "Na agroecologia, o conhecimento tradicional se une à ciência; a ancestralidade é respeitada e soma forças aos saberes acadêmicos e científicos na busca por soluções", afirma Franco.
Tais soluções objetivam, sobretudo, atender à demanda de alimentos da população, respeitando o meio-ambiente, o ser humano e as relações entre eles. Os que defendem o uso da agricultura em larga escala e o agronegócio argumentam que eles são importantes para dar conta do volume da produção de alimentos. No entanto, os que defendem a agricultura familiar afirmam que ela já é responsável pela produção de aproximadamente 70% dos produtos consumidos no País. Diante dessas posições, o pesquisador da UFSCar é enfático: "tenho certeza que temos conhecimento, força de trabalho e capacidade produtiva para atender toda a demanda por alimentos no Brasil; faltam uma utilização mais racional do campo, a partir da reforma agrária, e políticas públicas consistentes de apoio à produção agroecológica".
Além de garantir que é possível substituir o atual modelo agrícola do agronegócio por um modelo agroecológico, Franco mostra a relação entre a agroecologia e a saúde: "A agroecologia tem uma relação direta com a alimentação saudável: sistemas alimentares mais saudáveis, pessoas mais saudáveis".
Sobre o NAAC
O Núcleo de Agroecologia Apete Caapuã (NAAC) foi criado no Campus Sorocaba da UFSCar em 2009, a partir do anseio do professor e de estudantes em compartilhar a extensão rural e a pesquisa em agroecologia. Atualmente, o NAAC conta com 12 bolsistas e cinco voluntários que são alunos de graduação dos cursos de Geografia, Biologia Bacharelado, Biologia Licenciatura, Pedagogia e Engenharia Florestal; dois professores colaboradores e três voluntários formados.
Dentro das premissas da agroecologia enquanto ciência e movimento, o NAAC busca levar a extensão universitária ao campo, prestando assistência técnica e troca de saberes com agricultores familiares em assentamentos da reforma agrária, propriedades rurais, quilombos, entre outras comunidades tradicionais da região sorocabana. Além disso, o NAAC atua de forma política junto a instituições públicas e privadas em fóruns, associações e eventos que promovam o diálogo acerca da soberania alimentar e da agricultura familiar, agroecologia, produção sustentável e justiça social.
"As atividades realizadas pelo NAAC são livres e abertas, podendo qualquer um conhecer e participar, pois a missão da equipe é disseminar e adquirir conhecimento pela troca de experiências e, neste aspecto, entende-se que todos temos algo a dar e a receber", conclui o coordenador.
Saiba mais sobre agroecologia e o trabalho do NAAC nesta edição de "Na Pauta - Entrevista".
Inscrições devem ser feitas entre 22 de setembro e 18 de outubro
SÃO CARLOS/SP - Entre 22 de setembro e 18 de outubro, o Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural (PPGADR-Ar), do Campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), recebe inscrições no processo seletivo para o curso de mestrado. São oferecidas 24 vagas, distribuídas entre as duas linhas de pesquisa do Programa: Tecnologias e Processos em Sistemas Agroecológicos; e Agroecologia, Desenvolvimento Rural e Sociedade.
Podem se candidatar à seleção brasileiros e estrangeiros, portadores de diploma de curso Superior em qualquer área do conhecimento, de acordo com as regras estabelecidas no edital. Para a realização das inscrições, os candidatos deverão enviar, exclusivamente por e-mail (para o endereço ppgadrprocessoseletivo@ufscar.
O processo seletivo terá duas fases: avaliação do projeto de pesquisa (eliminatória e classificatória); e avaliação do currículo (classificatória). A seleção aplica política de ações afirmativas, conforme descrito no regulamento. As informações completas sobre o Programa, as inscrições e o processo seletivo devem ser consultadas no edital, disponível no site do PPGADR-Ar (www.ppgadr.ufscar.br).
Aulas serão online; inscrições estão abertas até 12 de abril
SÃO CARLOS/SP - O Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está com inscrições abertas para o Curso de Formação de Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) - Agentes Populares de Agroecologia. O curso destina-se prioritariamente a agricultores familiares, assentados de reforma agrária, comunidades tradicionais, estudantes, e agentes de ATER.
A iniciativa é parte do projeto "Terra, Agroecologia e Universidade: articulando saberes, trocando experiências e construindo conhecimentos", financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O curso é gratuito e tem carga horária de 80 horas. As aulas serão realizadas pela plataforma Google Meet e pelo sistema Google Classroom. São ofertadas 50 vagas. As inscrições podem ser realizadas até 12 de abril, através de formulário eletrônico (disponível em https://bit.ly/3rAgXlA). Os inscritos serão selecionados a partir dos critérios preferenciais do público-alvo e da análise da manifestação de interesse. Mais informações, incluindo cronograma e metodologia, podem ser conferidas no próprio formulário de inscrição (https://bit.ly/3rAgXlA). Dúvidas podem ser esclarecidas pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
O NEA, responsável pela formação, é vinculado ao Núcleo de Pesquisa e Extensão Rural (Nuper), também da UFSCar. O Nuper tem como objetivo aprofundar conhecimento e reflexão crítica sobre questões agrárias, agroecológicas e políticas públicas para o rural, por meio de pesquisa, extensão, articulação de redes e formação, visando ao desenvolvimento rural em suas múltiplas dimensões. Saiba mais nas páginas do Nuper no Facebook (facebook.com/nuperufscar) e Instagram (instagram.com/nuper_ufscar).
Sobre o projeto
O curso é vinculado ao projeto "Terra, Agroecologia e Universidade: articulando saberes, trocando experiências e construindo conhecimentos", que busca a criação e consolidação de um Núcleo de Estudo em Agroecologia e Produção Orgânica (NEA) no Campus São Carlos da UFSCar, a fim de fortalecer as alianças entre a comunidade universitária e as comunidades rurais da agricultura familiar no estado de São Paulo.
O principal foco é o desenvolvimento de trabalhos de extensão rural baseados em princípios agroecológicos e metodologias participativas em assentamentos da Reforma Agrária e junto aos povos e comunidades tradicionais do território. Entre os objetivos do projeto está a criação de três grupos de referência, a partir do trabalho com três assentamentos rurais no estado de São Paulo, todos na modalidade de Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS): PDS Mário Lago, em Ribeirão Preto; PDS Sepé Tiaraju, na divisa dos municípios de Serrana e Serra Azul; e PDS Santa Helena, no município de São Carlos. Com isso, o intuito é fortalecer a Agroecologia, a transição agroecológica e os sistemas de produção orgânicos na região de Ribeirão Preto e São Carlos.
Inscrições devem ser feitas até o dia 12 de outubro
ARARAS/SP - Até o dia 12 de outubro, o Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural (PPGADR-Ar) do Campus Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) recebe inscrições no processo seletivo para o curso de mestrado, com ingresso no primeiro semestre de 2021. As inscrições devem ser realizadas mediante envio de documentação, detalhada no edital (www.ppgadr.ufscar.br/
No total, estão sendo oferecidas 25 vagas, distribuídas em duas linhas de pesquisa: Tecnologias e processos em sistemas agroecológicos (16 vagas) e Agroecologia, desenvolvimento rural e sociedade (nove vagas). O processo seletivo será composto por duas fases: avaliação do projeto de pesquisa, eliminatória e classificatória, e avaliação de currículo, etapa classificatória.
Todas as informações sobre o processo seletivo - como cronograma completo, documentação exigida, vagas, Política de Ações Afirmativas e membros da comissão de seleção - constam no edital, disponível em www.ppgadr.ufscar.br/processo-
Criado em 2006, o PPGADR-Ar visa formar profissionais comprometidos com o entendimento e a aplicação de conceitos e métodos da Agroecologia, enquanto dimensões fundamentais da agricultura sustentável e dotados de uma efetiva base científica e técnica para uma visão integrada e de natureza interdisciplinar na busca do desenvolvimento rural sustentável. Dados adicionais estão em www.ppgadr.ufscar.br.
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