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SUÉCIA - Uma onda sem precedentes de violência de gangues abalou a Suécia, país nórdico usualmente associado à imagem de tranquilidade e segurança. O primeiro-ministro Ulf Kristersson fez um raro pronunciamento nesta quinta (28) em rede nacional prometendo uma guerra aos criminosos.

"Esta é uma época difícil. Uma mulher de 25 anos foi para a cama ontem à noite numa noite completamente comum e nunca acordou. A Suécia nunca viu nada parecido", afirmou, em referência a uma jovem morta na explosão de uma casa perto de Uppsala, pacata cidade universitária ao norte de Estocolmo.

"Nós vamos caçar as gangues, vamos derrotá-las", disse, em um discurso de sete minutos nesta noite de quinta (tarde no Brasil). Em 24 horas, três pessoas, incluindo a jovem, morreram em três cidades diferentes em crimes atribuídos à disputa pelo controle de tráfico de drogas nas ruas.

Em setembro, até aqui, 11 pessoas morreram em atos de violência no país. No ano passado todo, 116 suecos foram vítimas de crimes letais. Isso certamente não torna a nação um território de guerra urbana, já que soma 1,1 morto por 100 mil habitantes, comparando por exemplo com os 23,4 por 100 mil do Brasil em 2022, mas assustou o governo.

Kristersson disse ter convocado para uma reunião o chefe das Forças Armadas e o comandante da polícia nacional para discutir uma estratégia conjunta visando coibir a crise.

No centro dela está a gangue Foxtrot. Seu líder, conhecido como Raposa Curda, é, como o nome diz, um curdo hoje escondido na Turquia que desde 2020 impõe um reino de terror nos meios criminosos da Suécia.

A rede Foxtrot é famosa por empregar menores de idade em suas fileiras, e o fato de ter ligação com grande comunidade de origem estrangeira sueca traz um desafio para Kristersson, que formou um governo no ano passado em que seu partido de centro direita é apoiado por extremistas da sigla Democratas Suecos.

A coalizão liderada pelos Moderados de Kristersson derrotaram os sociais-democratas após oito anos de governo ininterruptos da agremiação no país. A base da campanha vencedora foi a promessa de leis penais mais rígidas, poderes maiores para a polícia, combate às gangues e mais rigidez sobre a imigração.

Ao longo do ano passado, houve diversos tumultos envolvendo gangues em bairros de imigrantes no país, o que reforçou o discurso xenofóbico. Os Democratas Suecos viraram atores importantes, tendo conquistado 20% dos votos na eleição de setembro, auferindo cacife para participar do governo.

Agora, isto está sendo posto à prova. De saída, Kristersson fez o esperado e culpou os adversários. "Foi uma política de imigração irresponsável e uma integração fracassada que nos trouxeram até aqui", afirmou.

Foram décadas de incentivo à imigração, e na crise decorrente do êxodo de sírios devido à guerra civil no país árabe, em 2015, a Suécia recebeu mais estrangeiros do que qualquer outro governo europeu.

É um tema comum na direita europeia, numa argumentação muito questionada por especialistas, mas que encontra ressonância no eleitorado. Na Suécia, cerca de 20% dos 10,5 milhões de habitantes não nasceram no país, e há segregação clara em alguns locais --na cidade de Kista, que abriga um centro de ciência famoso, o bairro dos imigrantes libaneses é visualmente distinguível na paisagem urbana.

A reação mais visceral à situação tem efeitos, como provam os recentes episódios de queima do Alcorão em Estocolmo que levaram a violência em países árabes e dificultam a aprovação da Turquia do pedido sueco de adesão à Otan (aliança militar ocidental).

Do outro lado, o maior partido isoladamente no Parlamento, o Social Democrata, parece ter cedido em suas bandeiras. Nesta quinta, pediu para que o governo mude a legislação e permita que as Forças Armadas atuem para conter violência nas ruas --uma discussão não muito distante sobre o emprego de militares nas Operações de Garantia da Lei e da Ordem no Brasil.

"Esta não é a Suécia, não é a Suécia que deveria ser", afirmou a líder da sigla oposicionista, a ex-premiê Magdalena Andersson. Antes, o pico de assassinatos em um só ano havia sido em 2019, com 124 casos. Desde 2002, a média dessas ocorrências no país era de 98 episódios anuais, segundo o Conselho de Prevenção do Crime, órgão nacional.

 

 

por IGOR GIELOW / FOLHA de S.PAULO

HONDURAS - Um confronto entre membros de gangues que derivou em um incêndio deixou pelo menos 41 mulheres mortas na terça-feira (20) em um presídio feminino perto da capital de Honduras, Tegucigalpa, informou a polícia à AFP.

O motim aconteceu em uma penitenciária feminina situada 25 km ao norte da capital, indicou Edgardo Barahona, porta-voz policial. Ele estimou o saldo preliminar em 41 mulheres mortas, sem detalhar se todas eram presidiárias.

Delma Ordóñez, presidente de uma associação de familiares de presos, relatou à imprensa local que as integrantes de um grupo invadiram o setor de uma gangue rival e o incendiaram.

Segundo Ordóñez, as vítimas eram integrantes da Mara Salvatrucha, por isso se suspeita que o ataque foi cometido por membros de uma gangue rival, a Barrio 18.

"O módulo está completamente destruído, foi queimado em sua totalidade", assinalou.

O enfrentamento também deixou pelo menos cinco mulheres feridas, que foram levadas para o Hospital Escola, na capital.

O Centro Feminino de Adaptação Social abrigava cerca de 900 detentas.

Centenas de familiares chegaram desesperados às cercanias do presídio para buscar informações sobre a situação de seus parentes.

 

- "Emergência" -

A presidente hondurenha, Xiomara Castro, escreveu no Twitter que está "chocada" com o "monstruoso assassinato de mulheres [...] planejado por criminosos de gangues aos olhos e com a complacência das autoridades de Segurança".

A mandatária anunciou que convocará o ministro de Segurança, Ramón Sabillón, e a presidente da comissão interventora dos presídios, Julissa Villanueva, para que prestem contas sobre o ocorrido.

"Tomarei medidas drásticas", afirmou.

O porta-voz do Ministério Público, Yuri Mora, disse à AFP que a maioria das vítimas morreu queimada e que outras foram baleadas.

A vice-ministra de Segurança e também presidente da comissão interventora dos presídios, Julissa Villanueva, declarou situação de "emergência" no centro penitenciário.

"Não vamos tolerar atos de vandalismo nem tampouco irregularidades nessa prisão. Está autorizada a intervenção imediata com acompanhamento de bombeiros, policiais e militares, declara-se emergência", tuitou Villanueva.

Villanueva foi nomeada para o cargo depois que vários enfrentamentos em quatro penitenciárias, registrados em abril, deixaram um morto e sete feridos.

À época, a vice-ministra anunciou um plano para retomar o controle das 26 prisões do país, nas quais há aproximadamente 20.000 detentos.

O plano inclui um "desarmamento real através de revistas manuais e eletrônicas permanentes em 100% das instalações" e "o bloqueio total de sinal de celular" para que os presos não possam comandar ações criminosas de dentro da cadeia.

Segundo as autoridades, lideranças do crime organizado que estão presas ordenam extorsões, sequestros, assassinatos, operações envolvendo drogas e outros crimes de dentro das suas celas.

 

- "Narco-Estado" -

A corrupção reina em Honduras e o crime organizado está infiltrado nos mais altos níveis de governo.

O ex-presidente Juan Orlando Hernández foi extraditado aos Estados Unidos por tráfico de drogas em abril de 2022, um ano depois de seu irmão, Tony, ser condenado à prisão perpétua pelo mesmo crime em Nova York.

Os promotores americanos afirmam que Hernández transformou Honduras em um "narco-Estado" que envolve militares, policiais e civis.

A presidente Castro (esquerda) prometeu reverter o "narco-Estado" e combater as gangues violentas.

Desde dezembro passado, ela suspendeu as garantias constitucionais para permitir que a polícia faça detenções sem ordens judiciais, diante das queixas da população pelas extorsões.

As extorsões são "as principais razões da migração e do fechamento de pequenas e médias empresas", lamentou a presidente.

O chanceler hondurenho, Enrique Reina, escreveu no Twitter que o incidente "demonstra a grande escalada conspiratória contra Xiomara Castro das forças obscuras que transformaram Honduras em um narco-Estado".

Junto com seus vizinhos El Salvador e Guatemala, Honduras faz parte do denominado "triângulo da morte", onde proliferam gangues, conhecidas localmente como "maras", que controlam o tráfico de drogas e o crime organizado.

A disparada da taxa de homicídios em Honduras no ano passado, que chegou a 40 por cada 100.000 habitantes, quatro vezes mais que a média mundial, é atribuída ao tráfico de drogas e à violência das gangues.

Sem esperança de um futuro melhor, milhares de jovens hondurenhos sonham em emigrar para os Estados Unidos.

O incêndio desta terça-feira traz à memória o de 25 de fevereiro de 2012, quando 362 presos morreram no presídio de Comayagua, 50 km ao norte da capital, na pior tragédia registrada em centros de detenção do país centro-americano.

 

 

AFP

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