GAZA - Um ataque em uma área humanitária na Faixa de Gaza matou dezenas de pessoas na madrugada desta terça-feira (10), ainda noite de segunda no Brasil, disseram autoridades do Hamas. O grupo terrorista acusa Israel de ser o autor da ofensiva, que ocorreu na região de Khan Yunis, no sul do território palestino.
Segundo a Defesa Civil de Gaza, controlada pelo Hamas, mais de 40 pessoas foram mortas -o número não pôde ser verificado de maneira independente. Autoridades de Israel confirmaram a ofensiva, mas não mencionaram mortes de civis e afirmaram que o alvo foi um centro de comando da facção terrorista.
Moradores e médicos disseram que um acampamento na área de Al-Mawasi, próxima da cidade de Khan Yunis, foi atingido por pelo menos quatro mísseis. A área, designada como uma zona humanitária, está lotada de palestinos que foram forçados a se deslocar durante a guerra, de acordo com testemunhas.
Ao menos 65 pessoas ficaram feridas, ainda de acordo com a Defesa Civil. Cerca de 20 barracas pegaram fogo, e os mísseis teriam deixado crateras de até nove metros de profundidade.
À rede Al Jazeera testemunhas descreveram cenas de caos. Ambulâncias estavam indo e voltando da área para um hospital próximo, enquanto jatos da Força Aérea israelense ainda podiam ser ouvidos no alto, disseram os moradores da região.
Mencionado pela agência de notícias Reuters, um funcionário do serviço de emergência de Gaza afirmou que a ação parece ser um "novo massacre israelense". Socorristas concentravam esforços para retirar mortos e feridos da área. Equipes também procuravam vítimas que possam ter sido enterradas.
Mahmud Basal, porta-voz da Defesa Civil, disse à AFP que pelo menos 15 pessoas eram consideradas desaparecidas. "Famílias inteiras desapareceram no massacre sob a areia, em buracos profundos."
Militares de Israel, por sua vez, afirmaram que as forças do país atingiram terroristas importantes do Hamas que estavam operando em um centro de comando e controle na zona humanitária. A ação teve o apoio da Shin Bet, a agência israelense de segurança interna. "Os terroristas avançaram e fizeram ataques contra as tropas e o Estado de Israel", disseram em comunicado.
O Hamas negou as acusações. "Essa é uma mentira descarada que visa justificar crimes horríveis. A resistência negou várias vezes que qualquer um de seus membros estivesse em reuniões de civis ou usando esses lugares para fins militares", disse a facção em comunicado.
A ofensiva em Mawasi ocorre dias após uma série de ataques contra contra escolas em Gaza. Em 10 de agosto, um bombardeio deixou quase cem mortos em uma instituição de ensino que também vinha sendo usada como abrigo para deslocados pelo conflito, segundo autoridades palestinas.
Dois dias antes, ataques contra outras duas escolas em Gaza já tinham deixado ao menos 18 mortos. No dia 4, bombardeios a dois colégios na Cidade de Gaza mataram pelo menos 30 pessoas. No dia 3, outra ofensiva de Israel matou 15 pessoas em uma instituição de ensino no bairro de Sheikh Radwan.
O Exército isralense afirmou que todas as instalações serviam como centros de comando do grupo terrorista, que nega as acusações.
Desde o começo da guerra, que completou 11 meses no sábado (7), 40.988 pessoas foram mortas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. Mais de 90% da população da faixa de 2,3 milhões tiveram de deixar suas casas no conflito, o que configura uma das maiores crises humanitárias da atualidade.
POR FOLHAPRESS
ISRAEL - Pelo menos 13 pessoas morreram em um bombardeio israelense contra uma escola da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) no acampamento de Nuseirat, no centro de Gaza, segundo fontes médicas citadas pela agência Efe.
Além dos 13 mortos, cerca de 70 feridos foram levados ao hospital Al Awda, em Nuseirat, após o ataque atingir a escola Abu Arban, onde centenas de deslocados buscavam refúgio dos combates no território palestino, onde mais de 38.500 pessoas morreram desde o início da guerra.
O exército israelense justificou o bombardeio da escola, alegando que ela "servia como esconderijo e infraestrutura de operações para planejar e realizar ataques contra as forças armadas". Eles afirmaram ter utilizado munições de precisão e medidas adicionais para tentar mitigar o risco de ferir civis.
Adnan Abu Hasna, assessor de comunicação da UNRWA, afirmou que ninguém os alertou sobre a presença de militantes ou pessoas procuradas dentro da escola. Ele também mencionou que cerca de 550 pessoas já morreram em centros como este devido a ataques israelenses.
Além disso, desde 7 de outubro, 197 trabalhadores da UNRWA perderam a vida e 188 instalações da agência foram danificadas por ataques.
Este ataque ocorre após um bombardeio anterior em Mawasi, designado pelo exército israelense como "zona humanitária", que resultou na morte de cerca de 90 pessoas e feriu outras 300, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
Desde o início da guerra, um total de 38.584 palestinos morreram em Gaza, a maioria mulheres e crianças, e 88.991 ficaram feridos. Estes números não incluem as pessoas presas sob os escombros em todo o enclave.
GAZA - "Há dias em que não consigo comprar pão para os meus filhos, embora haja pão disponível, e eu tenha dinheiro na minha conta bancária."
Mohamed al-Kloub, um palestino de Deir al Balah, em Gaza, diz que o dinheiro na sua conta bancária não vale nada se não puder sacar, uma vez que muitos estabelecimentos não aceitam transações eletrônicas.
O dinheiro em espécie se tornou bastante escasso em Gaza nos últimos meses, especialmente depois de Israel ter congelado os repasses da receita tributária palestina à Faixa de Gaza.
Crise de liquidez
Durante os primeiros meses da guerra em Gaza, à medida que o número de pessoas desalojadas aumentava, os moradores do território palestino faziam filas em frente aos caixas eletrônicos e aos bancos, na esperança de sacar algum dinheiro.
Alguns esperaram dias até chegar sua vez de efetuar o saque.
Com o passar do tempo, e o aumento do número de bancos destruídos nos combates, alguns civis foram expostos ao que a população de Gaza chama de "máfias de troca de dinheiro" — gangues que viram uma oportunidade de ganhar dinheiro em meio ao caos e ao pânico.
Em 24 de março, seis meses após o início da guerra, a Autoridade Monetária Palestina anunciou que "não era possível abrir as agências remanescentes em todas as províncias da Faixa de Gaza, devido aos contínuos bombardeios, à falta de energia e à difícil situação no local".
Isso resultou em uma crise de liquidez sem precedentes, com a maioria dos caixas eletrônicos sem funcionar também.
Em 11 de maio, a Autoridade Monetária Palestina lançou um serviço de pagamento eletrônico instantâneo, utilizando serviços bancários online, carteiras digitais e cartões de banco.
Mas a instabilidade da conexão de internet foi um problema significativo — e o serviço não foi amplamente adotado.
"Durante os oito meses de guerra, encontrei apenas um estabelecimento que aceitava transações eletrônicas — e isso acontece especialmente agora que os produtos estão sendo expostos e vendidos em "barraquinhas" nos campos, em vez de nas lojas", conta Mohamed.
A economia de Gaza
Para entender o que causou a atual crise financeira em Gaza, vale a pena conhecer mais de perto o sistema de financiamento no território palestino.
A economia na região é gravemente afetada pelo bloqueio que foi imposto desde que o Hamas assumiu o controle total da Faixa de Gaza em 2007.
Israel diz que o bloqueio é necessário para impedir os ataques do grupo militante.
Os bancos na Faixa de Gaza são associados à Autoridade Monetária Palestina e ao governo palestino em Ramallah, ou são de propriedade privada e afiliados ao governo do Hamas.
A Autoridade Monetária Palestina foi estabelecida no âmbito do Protocolo de Paris, assinado em 1994, e consta em uma cláusula anexada aos Acordos de Oslo.
Este acordo colocou a economia palestina e suas transações financeiras sob a supervisão e controle direto do sistema bancário israelense.
Pelos termos do acordo, Israel arrecada impostos em nome da Autoridade Palestina e transfere o montante, mensalmente, para a Autoridade Monetária — após a aprovação e assinatura do Ministério das Finanças israelense, e depois da dedução de uma porcentagem.
Estes fundos, conhecidos como receitas fiscais ou tributárias, representam a maior parte das receitas financeiras da Autoridade Palestina — e uma parte dela é repassada à Faixa de Gaza.
Quando o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza em 2007, milhares de trabalhadores civis em Gaza continuaram a receber seus salários da Autoridade Palestina. Eles eram transferidos por meio de bancos em Gaza afiliados à Autoridade Monetária.
O dinheiro também entrou em Gaza sob a forma de ajuda da UNRWA — a agência da ONU para refugiados palestinos — e do Catar, que era considerada a principal fonte de dólares em Gaza.
Ahmed Abu Qamar, pesquisador econômico palestino de Gaza, classifica estes fluxos de renda como as "rotas oficiais para o dinheiro".
Ele disse à BBC que também existem rotas não oficiais, a chamada "economia paralela", como a conversão de mercadorias em dinheiro.
Mas o dinheiro gerado por rotas não oficiais não aparece no ciclo monetário, nem na "oferta monetária", diz ele.
Ele destaca que todos os recursos financeiros de Gaza eram insuficientes para estabelecer um ciclo econômico saudável que permitiria a mais de dois milhões de cidadãos na Faixa de Gaza viver normalmente.
As três moedas utilizadas nas transações financeiras são:
O impacto da guerra
Desde o início da guerra, as autoridades israelenses têm se recusado a repassar as receitas tributárias destinadas à Faixa de Gaza para a Autoridade Monetária Palestina.
Israel argumenta que este dinheiro ajuda a financiar o movimento do Hamas.
Em novembro de 2023, o Ministério das Finanças palestino anunciou que "o Ministério das Finanças israelense deduziu 600 milhões de shekels (R$ 870 milhões) das receitas tributárias mensais sob o pretexto de que parte deste montante inclui salários, alocações de funcionários e despesas para a Faixa de Gaza".
No início do ano, o Ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, ameaçou privar a Autoridade Palestina de todas as receitas tributárias se "um shekel" sequer entrasse em Gaza.
"Nem um único shekel vai entrar em Gaza", ele escreveu em uma publicação nas redes sociais em janeiro.
A oferta de dinheiro também foi reduzida por causa daqueles que estão saindo de Gaza — sob a forma de taxas pagas por indivíduos para escapar por meio da passagem de Rafah. Estas taxas de saída, que muitas vezes chegam a custar dezenas de milhares de dólares por pessoa, exauriram significativamente as reservas de dólares na Faixa de Gaza.
As cédulas danificadas também agravaram a escassez de dinheiro. Anteriormente, no âmbito de um acordo entre Palestina e Israel, as notas danificadas eram trocadas por novas. No entanto, desde o início da guerra, este processo foi interrompido, tornando essas cédulas inúteis, uma vez que os comerciantes se recusam a aceitá-las.
O mercado clandestino
Mohamed al-Kloub foi forçado a recorrer ao mercado clandestino, no qual "saca" dinheiro em uma loja, em troca de uma comissão que varia entre 10% e 20% — mas até mesmo esta opção está se tornando complicada, diz o funcionário Mahmoud Bakr al-Louh.
Nas fachadas de muitas das lojas que anteriormente prestavam este serviço de saque de dinheiro mediante o pagamento de comissões, há cartazes que informam "não há dinheiro". Aqueles que têm acesso a dinheiro em espécie "estão favorecendo seus amigos", diz Mahmoud.
Ahmed (nome fictício) conversou com a BBC sobre seu trabalho fornecendo dinheiro sob comissão.
Ele começou a prestar o serviço para compensar o prejuízo que sofreu ao sacar 40 mil shekels (R$ 58 mil) da sua conta.
Ele contou que teve que pagar uma taxa de 10%. Agora Ahmed deduz 13% de comissão em troca do fornecimento do seu dinheiro aos clientes.
Seus ganhos mal cobrem uma pequena parte de suas necessidades diárias. Mas os moradores de Gaza que recorrem ao mercado clandestino se queixam da "extorsão" que dificulta ainda mais seu sofrimento diário.
Amira Mhadhbi - BBC Arabic
ISRAEL - O Exército israelense bombardeou hoje o campo de refugiados de Al Mawasi na Faixa de Gaza, previamente designado como "zona segura", após uma ofensiva em Rafah, no sul do enclave, segundo a agência de notícias palestina Wafa.
A agência, citada pela EFE, informou que a operação israelense resultou em pelo menos sete mortes.
Fontes palestinas, também citadas pela EFE, indicaram que o Exército israelense está pressionando Al Mawasi a partir do norte, enquanto avança no bairro ocidental de Tal al Sultan em Rafah, conseguindo assim cercar a cidade completamente.
Apesar das críticas de organizações humanitárias sobre a localização desse campo de refugiados próximo à costa de Gaza, composto por tendas improvisadas e sem serviços básicos, milhares de palestinos se dirigiram para lá, fugindo dos constantes ataques militares israelenses em Rafah.
Apenas 65.000 das 1,4 milhões de pessoas deslocadas permanecem nesta cidade do sul do enclave, próximo à fronteira com o Egito, informou a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA). Outras dezenas de milhares estão distribuídas entre Al Mawasi, Kan Younes (sul) e Deir al Balah (centro), entre outros locais.
A pressão das Forças Armadas israelenses sobre Al Mawasi sugere uma nova retirada em massa em um território onde 1,7 milhões de pessoas já estão deslocadas, enfrentando uma grave crise humanitária.
"Nos últimos meses na Faixa de Gaza, aproximadamente 67% das instalações de saneamento e infraestrutura de água foram destruídas ou danificadas", alertou hoje a UNRWA na rede social X. "À medida que as doenças continuam a se espalhar e a temperatura aumenta, a falta de higiene e a desidratação ameaçam a saúde das pessoas em toda a Faixa de Gaza", acrescentou a agência da ONU.
O escritório de direitos humanos da ONU também denunciou em um relatório publicado hoje a "repetida violação dos princípios fundamentais das leis de guerra" pelos ataques israelenses contra a população civil, que "podem implicar uma acusação de crimes contra a humanidade".
Em entrevista a um canal de televisão israelense, o porta-voz do Exército israelense, contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que "a ideia de destruir o Hamas é ilusão", pois o movimento islamita palestino, que controla Gaza desde 2007, é "um conceito". "Está enraizado no coração das pessoas. Quem pensa que podemos eliminar o Hamas está enganado", acrescentou.
Hagari sugeriu como alternativa "promover algo que o substitua", declarações que contradizem o objetivo anunciado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de "destruir o Hamas" como condição para o fim do atual conflito.
O gabinete do primeiro-ministro, em comunicado posterior, contestou veladamente as declarações de Hagari, indicando que "Netanyahu definiu como um dos objetivos da guerra a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas. Em consequência, o Exército está comprometido com isso".
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo Hamas em solo israelense em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortes e levou ao sequestro de duas centenas de reféns, segundo autoridades israelenses.
Desde então, Tel Aviv lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 37 mil mortes e mais de 85 mil feridos, de acordo com autoridades do enclave palestino, controladas pelo Hamas. Estima-se que 10 mil palestinos ainda estejam soterrados nos escombros após cerca de oito meses de guerra, que também está desencadeando uma grave crise humanitária.
O conflito causou quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestino em uma grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas em uma "situação de fome catastrófica", o maior número já registrado pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ocupados por Israel, pelo menos 520 palestinos foram mortos pelas forças israelenses ou por ataques de colonos desde 7 de outubro.
ISRAEL - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teria dissolvido o Gabinete de Guerra de Israel, criado em 11 de outubro de 2023, após a ofensiva militar contra o Hamas na Faixa de Gaza, segundo vários meios de comunicação social israelenses, incluindo o Jerusalem Post.
A decisão, anunciada pelo primeiro-ministro na noite de domingo durante uma reunião governamental, ocorre uma semana após Benny Gantz e seu parceiro Gadi Eisenkot terem abandonado o Gabinete de Guerra devido a divergências com Netanyahu.
"O gabinete [de guerra] fazia parte do acordo de coligação com Gantz, a seu pedido", disse o chefe do executivo israelense. "Assim que Gantz saiu, deixou de haver necessidade de um gabinete", acrescentou.
Segundo o Jerusalem Post, Benjamin Netanyahu também anunciou que não será criado nenhum outro gabinete com os líderes dos partidos da coligação para substituir o anterior, como sugerido pelos ministros Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir após a demissão de Gantz.
Para o primeiro-ministro israelense, o ex-ministro "tomou decisões que nem sempre foram aceitáveis para os escalões militares" na tentativa de "cumprir o objetivo de eliminar as capacidades do Hamas". Contudo, defendeu Netanyahu, Israel é um "país com um exército, não um exército com um país".
Os lugares de Gantz e Eisenkot no gabinete foram reivindicados pela extrema-direita.
O jornal israelense Haaretz noticiou que a dissolução do gabinete tem como objetivo evitar a inclusão dos ministros mais extremistas, como o de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.
Algumas das questões tratadas pelo Gabinete de Guerra passarão a ser discutidas pelo Gabinete de Segurança, mas as decisões mais sensíveis serão tomadas por um conselho mais restrito, segundo o diário.
O fórum mais restrito deve incluir os ministros da Defesa, Yoav Gallant, e dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, o chefe do Conselho de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, e o líder do partido Shas, Aryeh Deri.
O Gabinete de Guerra de Israel foi criado após os ataques de 7 de outubro de 2023 do grupo extremista palestino Hamas em solo israelense.
CAIRO - As forças israelenses lutavam nesta sexta-feira contra combatentes do grupo palestino Hamas nas ruas estreitas de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, em combates ferozes após retornarem à região há uma semana, ao mesmo tempo em que no sul militantes atacavam tanques que se aglomeravam em torno de Rafah.
Moradores disseram que os blindados israelenses avançaram até o mercado no centro de Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados históricos de Gaza, e que escavadeiras estavam demolindo casas e lojas no caminho do avanço.
Enquanto os combates aconteciam no norte e no sul do enclave, os militares norte-americanos disseram que caminhões transportando assistência humanitária começaram a desembarcar de um píer temporário em Gaza nesta sexta-feira.
"O foco de Israel agora é Jabalia, tanques e aviões estão destruindo bairros residenciais e mercados, lojas, restaurantes, tudo. Tudo isso está acontecendo diante do mundo", disse Ayman Rajab, um morador do oeste de Jabalia.
"Que vergonha para o mundo. Enquanto isso, os norte-americanos vão nos dar um pouco de comida", disse Rajab, pai de quatro filhos, à Reuters por meio de um aplicativo de mensagens. "Não queremos comida, queremos que essa guerra acabe e então poderemos cuidar das nossas vidas por conta própria."
Israel havia dito que suas forças se retiraram de Jabilia meses antes em meio à guerra desencadeada pelos ataques mortais liderados pelo Hamas no sul israelense em 7 de outubro, mas afirmou na semana passada que retornaria para evitar que o grupo islâmico se restabelecesse lá.
Na Corte Mundial em Haia, Israel pediu aos juízes que rejeitem uma exigência da África do Sul para uma ordem de emergência a fim de interromper o ataque a Rafah e retirar as tropas israelenses de toda a Faixa de Gaza.
Apesar de sete meses de combates quase contínuos, as alas armadas do Hamas e de sua aliada Jihad Islâmica têm conseguido lutar em toda a Faixa de Gaza, usando túneis fortificados para realizar ataques, destacando a dificuldade de alcançar o objetivo declarado do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de erradicar o grupo militante.
Pelo menos 35.303 palestinos já foram mortos na guerra, de acordo com números das autoridades de saúde do enclave, enquanto as agências de ajuda alertam repetidamente sobre a fome generalizada e a ameaça de doenças.
Israel diz que precisa concluir seu objetivo de destruir o Hamas para sua própria segurança, após a morte de 1.200 pessoas em 7 de outubro, e libertar os 128 reféns ainda mantidos, de um total de 253 sequestrados pelos militantes, de acordo com seus registros.
Para isso, diz que precisa capturar Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, que faz fronteira com o Egito, onde cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes do território buscou abrigo dos combates ao norte.
A operação israelense em Rafah, que começou no início de maio, mas ainda não se transformou em um ataque total, provocou uma das maiores divisões entre Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos. Washington reteve um carregamento de armas por temer vítimas civis.
Tanques e aviões de guerra israelenses bombardearam partes de Rafah nesta sexta-feira, enquanto as alas armadas do Hamas e da Jihad Islâmica disseram que estavam disparando mísseis e morteiros contra as forças que se concentravam a leste, sudeste e dentro da passagem de fronteira de Rafah com o Egito.
A UNRWA, principal agência de ajuda da Organização das Nações Unidas para os palestinos, disse que desde o início da ofensiva militar em Rafah, em 6 de maio, mais de 630.000 pessoas foram forçadas a fugir do local.
Por Nidal al-Mughrabi / REUTERS
ISRAEL - Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza ao longo de terça-feira (14) deixaram mais de 80 mortos, anunciou o grupo terrorista Hamas. A ofensiva sobre Rafah continua, apesar de esforços dos Estados Unidos de dissuadir Tel Aviv de lançar uma grande operação terrestre na cidade do sul do território palestino.
Na madrugada, testemunhas relataram ataques em várias regiões de Gaza, incluindo Rafah, onde quase 1,4 milhão de palestinos se aglomeram, a grande maioria de deslocados internos.
Com os 82 mortos divulgados nesta terça, subiu para 35.173 o número de mortos, na maioria civis, desde o início da guerra, informou o Ministério da Saúde do Hamas.
Desse total, 24.686 já tiveram suas identidades checadas e confirmadas pelo ministério até o dia 30 de abril: 7.797 crianças (32%), 4.959 mulheres (20%), 10.006 homens (40%) e 1.924 idosos (8%), de acordo com o Ocha (Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários).
Há combates no leste de Rafah, onde as tropas israelenses entraram com tanques em 7 de maio e tomaram o posto de fronteira homônimo, por onde entrava boa parte da ajuda humanitária aos civis palestinos. Segundo o Qatar, um dos países que fazem a mediação diplomática entre Israel e Hamas, Gaza não recebe nenhum comboio com mantimentos desde o dia 9.
O Exército israelense ordenou a saída de civis da área leste da cidade no dia 6; desde então, de acordo com a ONU, quase 450 mil foram deslocados.
"Os ataques aéreos são contínuos. É muito assustador. Estou com medo pelos meus filhos", disse à AFP Hadil Radwane, 32, deslocado do oeste de Rafah. Moradores dessa região de Rafah disseram mais tarde que podiam ver colunas de fumaça subindo dos bairros a leste.
No norte de Gaza, os palestinos também foram orientados a deixar algumas áreas após a retomada dos combates, especialmente em Jabalia e na Cidade de Gaza, onde, segundo Tel Aviv, o Hamas está tentando "repor suas capacidades militares".
Israel tem dito que pretende continuar a avançar sobre Rafah mesmo sem o apoio de seus aliados, dizendo que a operação é necessária para eliminar os terroristas remanescentes do Hamas.
Após o ataque de 7 de Outubro, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, prometeu destruir a facção, que tomou o poder em Gaza em 2007.
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) informou que realizará audiências na quinta (16) e sexta-feira (17) para avaliar um novo pedido da África do Sul a favor de se adotar medidas de emergência contra a incursão em Rafah.
POR FOLHAPRESS
ISRAEL - O Exército de Israel avançou, na segunda-feira (13), em áreas do norte da Faixa de Gaza nas quais Tel Aviv havia comemorado o desmantelamento do Hamas alguns meses atrás. A movimentação é uma mostra de que o grupo terrorista que liderou os ataques de 7 de outubro está se reagrupando em algumas dessas regiões.
A Força Aérea de Israel afirmou na rede social X ter atingido 120 alvos no território palestino no último dia, citando a cidade de Jabalia e o bairro Al-Zeitoun, um subúrbio a leste da Cidade de Gaza. Ambas as localidades ficam no norte.
Tel Aviv alega que a retomada dos combates na região sempre fez parte de seus planos para impedir que os combatentes retornassem. Os palestinos, por sua vez, dizem que a necessidade de retornar a campos de batalha anteriores é a prova de que os objetivos militares de Israel são inatingíveis.
Em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados de Gaza construídos há 75 anos para abrigar palestinos expulsos do território que hoje é Israel, autoridades de saúde ligadas ao Hamas disseram ter recuperado 20 corpos após ataques aéreos noturnos.
Ali, moradores fugiram de suas casas carregando sacolas em ruas cheias de destroços. Eles afirmaram à agência de notícias Reuters que projéteis de tanques estavam caindo no centro do campo e ataques aéreos haviam destruído casas.
De acordo com a UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, hoje a Faixa de Gaza tem 1,7 milhão de deslocados internos, o que representa 75% da população do território, formado por cerca de 2 milhões de habitantes. Segundo o órgão, 360 mil pessoas já fugiram de Rafah, no sul, desde que Israel começou a ordenar a desocupação de parte da cidade.
Nessa região na fronteira com o Egito que é refúgio para mais de 1 milhão de palestinos, os moradores dizem que bombardeios aéreos e terrestres estão se intensificando e tanques bloquearam um trecho de uma das principais estradas de Gaza, a Salah al-Din.
Apesar da preocupação de organizações humanitárias e da comunidade internacional, Israel estendeu a ordem de retirada direcionada ao leste da cidade na semana passada para moradores de áreas centrais nos últimos dias.
A oposição ao plano de invadir a região inclui até aliados históricos, como os Estados Unidos. Neste domingo, o secretário do departamento de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que a guerra matou mais civis do que membros do Hamas e que uma operação em Rafah não eliminará o grupo terrorista. "Vimos o Hamas voltar às áreas que Israel libertou no norte", afirmou o funcionário americano à emissora NBC.
Segundo autoridades de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007, mais de 35 mil pessoas, incluindo quase 8.000 crianças e 5.000 mulheres, foram mortas desde o início da ofensiva. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, justificou a alta mortandade em uma entrevista ao podcast Call Me Back nesta segunda dizendo que praticamente metade dos mortos eram combatentes do Hamas, e a outra metade, civis.
Os que sobrevivem encaram uma catástrofe humanitária. De acordo com dados reunidos pelo escritório de ajuda humanitária da ONU (Ocha, na sigla em inglês), 1,1 milhão de pessoas passam fome no território atualmente. A entrada de mantimentos no território está ainda mais limitada desde o início da guerra devido aos bloqueios de Israel.
Após o ataque do Hamas, Gaza ficou duas semanas sem receber nenhum caminhão de ajuda humanitária antes de parte das fronteiras serem reabertas com a pressão internacional. Na última semana, o território voltou a ficar isolado por pelo menos quatro dias depois de o Hamas atacar o posto de Kerem Shalom e Tel Aviv tomar a passagem de Rafah. No domingo (12), o Exército de Israel disse ter aberto a passagem de Erez, no norte do território.
Segundo o site Axios, Israel propôs, na semana passada, que a Autoridade Palestina enviasse representantes para coordenar a passagem de Rafah. A informação sobre o órgão que governa a Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Tel Aviv, é atribuída pelo site a quatro funcionários americanos.
A falta de ajuda por fazer hospitais pararem de operar em breve, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. "Estamos a poucas horas do colapso do sistema de saúde na Faixa de Gaza devido à falta de combustível", afirmou a pasta nesta segunda. Na véspera, o Ministério da Defesa de Israel disse que havia transferido 266 mil litros de combustível para necessidades humanitárias.
Na segunda, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que mais de 1.000 membros do Hamas recebem atendimento médico em hospitais de seu país. O líder não considera o grupo uma organização terrorista, ao contrário de Israel, EUA e União Europeia. "Pelo contrário, o Hamas é uma organização de resistência", afirmou o político.
Segundo o Ocha, pelo menos 260 humanitários foram mortos na guerra. Nesta segunda, um funcionário das Nações Unidas morreu e outro ficou ferido após um veículo ser alvejado durante uma viagem a um hospital de Rafah, em um incidente ainda não esclarecido. "O secretário-geral reitera o seu apelo urgente a um cessar-fogo humanitário imediato e à libertação de todos os reféns", afirmou um porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
POR FOLHAPRESS
RAFAH - Dezenas de palestinos foram mortos durante a madrugada em Rafah, a cidade mais ao sul da Faixa de Gaza, e no norte do enclave devido a ataques militares israelenses, conforme fontes médicas citadas por agências locais.
Em Rafah, as forças militares israelenses tomaram, em uma ofensiva lançada em 07 de maio, as zonas da passagem para o Egito e do ponto de Kerem Shalom, para Israel, bem como outros 31 quilômetros quadrados de onde a população foi mandada retirar-se um dia antes.
Os aviões israelenses voltaram a atacar as zonas em torno do posto fronteiriço de Rafah, que permanece encerrado, disparando projéteis contra os bairros orientais de Al-Shuweika e Al-Jeneina, enquanto a força naval também utilizou metralhadoras contra as zonas ocidentais da cidade de Rafah, informou a agência palestina Wafa.
No bairro de Zeitun, no norte de Gaza, pelo menos 10 casas foram bombardeadas perto da mesquita Hasan Al Banna e da Universidade de Gaza, deslocando milhares de pessoas que se abrigavam nas escolas.
"Dezenas de pessoas foram mortas na sequência dos bombardeamentos dos aviões de guerra ocupantes", indicou a Wafa.
O número total de mortos desde o início da guerra em Gaza, em 07 de outubro de 2023, é de 34.844, segundo a contagem das autoridades palestinas, enquanto pelo menos 78.404 pessoas ficaram feridas.
Além disso, milhares de corpos ainda estão enterrados sob os escombros e não podem ser alcançados pelas equipes de resgate.
Israel declarou guerra ao movimento Hamas após um ataque surpresa em território israelense que fez cerca de 1.200 mortos e mais de 200 sequestrados em 7 de outubro.
ISRAEL - O exército israelense anunciou nesta terça-feira que assumiu o "controle operacional" da parte da Faixa de Gaza da passagem fronteiriça com o Egito em Rafah, localizada no sul do enclave.
A passagem de Rafah, ao sul da cidade de Gaza, foi ocupada por tanques israelenses que pertencem a uma brigada blindada, conforme relatado pelas Forças de Defesa de Israel e pelas autoridades palestinas.
Imagens divulgadas pela mídia israelense mostram a bandeira de Israel erguida no lado de Gaza da fronteira.
O exército israelense afirmou que decidiu assumir o controle da passagem após receber informações de que ela estava sendo "usada para fins terroristas" pelo movimento islâmico palestino Hamas, embora sem apresentar provas.
As forças israelenses alegaram anteriormente que o Hamas havia usado a área ao redor da fronteira para lançar dezenas de mísseis que resultaram na morte de quatro soldados israelenses perto de Kerem Shalom, que conecta o sudeste de Gaza ao território israelense.
Wael Abu Omar, porta-voz da agência responsável pelas fronteiras no governo da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas desde 2007, disse que a passagem de Rafah, principal entrada de ajuda humanitária, estava fechada.
"Toda a área oeste de Rafah tornou-se uma zona de operações desde ontem (segunda-feira). Os bombardeios não cessaram", disse Abu Omar, acrescentando que o pessoal da fronteira fugiu devido à ofensiva israelense.
Na noite de segunda-feira, o exército israelense informou ter matado 20 militantes do Hamas em "ataques direcionados" na área leste de Rafah, onde foram descobertas três redes de túneis do grupo islâmico.
O Gabinete de Guerra israelense, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, anunciou na segunda-feira que decidiu continuar a ofensiva em Rafah, ao mesmo tempo em que concordou em prosseguir com as negociações para um cessar-fogo com o Hamas.
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