KIEV - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, apelou aos ucranianos para economizar energia em meio a ataques implacáveis russos que reduziram pela metade a capacidade de energia do país, enquanto o órgão de saúde das Nações Unidas alertou sobre um desastre humanitário na Ucrânia neste inverno.
Autoridades disseram que milhões de ucranianos, inclusive na capital Kiev, podem enfrentar cortes de energia pelo menos até o final de março devido aos ataques com mísseis, que, segundo a operadora de rede nacional da Ucrânia, Ukrenergo, causaram danos "colossais".
As temperaturas estavam excepcionalmente amenas na Ucrânia neste outono, mas estão começando a cair abaixo de zero e devem cair para -20 graus Celsius ou até menos em algumas áreas durante os meses de inverno.
Os ataques da Rússia às instalações de energia ucranianas seguem uma série de contratempos no campo de batalha que incluíram uma retirada das forças russas da cidade de Kherson, no sul, para a margem leste do poderoso rio Dnipro, que corta o país.
"O dano sistemático ao nosso sistema de energia causado pelos ataques dos terroristas russos é tão considerável que todo o nosso pessoal e empresas devem estar atentos e redistribuir seu consumo ao longo do dia", disse Zelenskiy em seu vídeo noturno.
O chefe da Ukrenergo, Volodymyr Kudrytskyi, afirmou nesta terça-feira que praticamente nenhuma usina termelétrica ou hidrelétrica foi deixada ilesa, embora tenha descartado a necessidade de retirar os civis.
"Não podemos gerar tanta energia quanto os consumidores podem usar", disse Kudrytskyi em um briefing, acrescentando que, após uma breve onda de frio na quarta-feira, as temperaturas devem subir novamente, proporcionando uma oportunidade para estabilizar o sistema de geração de energia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que centenas de hospitais e instalações de saúde ucranianas carecem de combustível, água e eletricidade para atender às necessidades básicas das pessoas.
"O sistema de saúde da Ucrânia está enfrentando seus dias mais sombrios na guerra até agora. Tendo sofrido mais de 700 ataques, agora também é vítima da crise energética", declarou Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, em um comunicado após visitar a Ucrânia.
Os trabalhadores estão correndo para consertar a infraestrutura de energia danificada, de acordo com Sergey Kovalenko, chefe da YASNO, que fornece energia para Kiev.
"Estoque roupas quentes, cobertores, pense em opções que o ajudarão a passar por uma longa interrupção", disse Kovalenko.
Por Pavel Polityuk / REUTERS