ARGENTINA - Há 20 anos, a população argentina corria aos bancos para sacar dinheiro antes que o “corralito” entrasse em vigor. No dia 1ª de dezembro de 2001, o então ministro da economia da Argentina Domingo Cavallo limitou a 250 pesos (à época, US$ 250) o valor máximo de saque por semana. A medida entrou em vigor em 3 de dezembro daquele ano.
Na época, a Argentina vivenciava uma forte crise econômica e cambial. A economia do país era fortemente dolarizada, e o corralito foi adotado como uma forma de evitar a fuga de recursos.
O dinheiro em espécie começou a se tornar escasso. As agências registravam longas filas e aumentaram o horário de funcionamento para atender a população.
Em resposta ao corralito, os argentinos começaram a atacar os bancos para retirar o dinheiro à força. A repressão aos protestos resultaram em 39 mortos, segundo a Secretaria de Direitos Humanos. Ações na justiça também foram movidas na tentativa de recuperar o dinheiro.
O então presidente Fernando de la Rúa (1937-2019) não resistiu à pressão e renunciou ao cargo no dia 20 de dezembro de 2001. A Argentina teve 5 presidentes durante 11 dias, até que o peronista Eduardo Duhalde assumiu a presidência depois de vencer eleição indireta. Ele foi o responsável por decretar em janeiro de 2002 o fim da paridade cambial entre dólar e peso argentino. A equivalência — chamada pelos argentinos de “el uno a uno”, foi estabelecida em março de 1991 pelo governo de Carlos Menem (1989-1999).
Para relembrar este capítulo da história, a History Channel estreia neste domingo (5) o documentário “2001 – El Año del Corralito”. A produção será narrada pelo diretor argentino Ricardo Darín.
Novo corralito
A Argentina vive hoje a pior crise econômica desde o corralito, que se aprofundou durante a pandemia. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos, O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) alcançou 52,1% nos 12 meses encerrados em outubro.
Diante desse cenário, uma nova versão da medida assusta os argentinos, que temem viver um novo dezembro de 2001 em caso de nova crise cambial aguda.
O Banco Central do país divulgou um comunicado na última 2ª feira (29.nov.2021) desmentindo que as quantias guardadas nas instituições financeiras pudessem ser “pesificadas” ou recolhidas. Eis a íntegra.
“Todos os depósitos em moeda estrangeira contam com ativos na mesma moeda que lhes respaldam. Adicionalmente, existe uma norma específica com mais de 20 anos de vigência que exige que todos os depósitos em dólares estejam respaldados por ativos em dólares”, diz a nota.
Poder360