GUATEMALA - As autoridades eleitorais e fiscais dos partidos políticos da Guatemala concluíram na quinta-feira (6) a revisão dos resultados das eleições presidenciais de junho, ordenada pela justiça após demandas da direita, uma medida que gerou críticas internacionais.
"Terminaram as audiências de revisão ordenadas pela Corte de Constitucionalidade (CC) no sábado passado", declarou um funcionário do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) que pediu para não ser identificado.
O último departamento a concluir a revisão foi o de Guatemala, onde fica a capital do país.
"Nós estamos garantindo a custódia dos votos, além de eleições transparentes e eficientes"”, declarou a presidente do TSE, Irma Palencia.
Ela destacou "um percentual muito pequeno" na diferença entre os dados divulgados na semana passada pelo TSE com os obtidos no processo de revisão.
O TSE ainda precisa revisar os relatórios e anunciar uma data para oficializar os resultados das eleições de 25 de junho.
A recontagem começou na terça-feira (4), depois que CC aceitou de forma provisória o recurso de nove partidos de direita que questionaram os resultados das eleições divulgados pelo TSE.
Com 95% das urnas apuradas pelo TSE, Sandra Torres foi a mais votada entre 22 candidatos com 15,86%, seguida de maneira surpreendente por Bernardo Arévalo, que recebeu 11,77%. Os dois são social-democratas.
De acordo com várias fontes, incluindo alguns partidos que pediram a revisão, a resultado da recontagem confirma Torres, ex-esposa do ex-presidente Álvaro Colom (2008-2012), e Arévalo, filho do presidente reformista Juan José Arévalo (1945-1951), no primeiro e segundo lugares.
Entre os partidos que questionaram os resultados estão o governista Vamos, de Manuel Conde (terceiro mais votado com 7,84%), e o Valor, de Zury Ríos, filha do falecido ditador Efraín Ríos Montt (1982-1983), sexta colocada com 6,57%.
A decisão da CC foi criticada por Estados Unidos, União Europeia (EU), Organização dos Estados Americanos (OEA), Brasil e diversas organizações locais acadêmicas, além da Igreja Católica e organizações de defesa dos direitos humanos.
Na quarta-feira, líderes indígenas da Guatemala pediram respeito aos resultados das eleições.
Os indígenas representam 42% dos 17,6 milhões de guatemaltecos.