CHINA - O presidente da China, Xi Jinping, advertiu na quarta-feira (22) contra a "ampliação de alianças militares" em um discurso prévio a uma cúpula virtual com os líderes da Rússia, Índia, Brasil e África do Sul.
Xi disse no fórum empresarial do bloco BRICS que a "crise da Ucrânia é um alerta" e advertiu contra "a expansão de alianças militares e a busca da própria segurança às custas da segurança de outros países", segundo a imprensa estatal.
O presidente chinês também criticou as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia à Rússia, assegurando que "as sanções são um bumerangue e uma faca de dois gumes".
O bloco BRICS de economias emergentes, criado em 2009, reúne 40% da população global e representa quase um quarto do PIB mundial.
Três de seus membros - China, Índia e África do Sul - se abstiveram de votar uma resolução para condenar a invasão russa da Ucrânia.
A China e a Índia têm fortes laços militares com a Rússia e compram quantidades significativas de petróleo e gás.
Há uma semana, Xi expressou seu apoio a questões de "soberania e segurança" em uma ligação com o russo Vladimir Putin, levando os Estados Unidos a pedir a Pequim que evite se colocar no "lado errado da história".
A África do Sul, um dos poucos países africanos com influência diplomática fora do continente, também se recusou a condenar a ação militar da Rússia, para salvaguardar importantes laços econômicos.
- Cooperação com a Rússia -
A cúpula do grupo BRICS acontece enquanto a Rússia continua sua ofensiva militar na Ucrânia, principalmente no leste.
Vladimir Putin defendeu nesta quarta-feira reforçar os vínculos entre os países do grupo BRICS diante das sanções ocidentais sem precedentes contra a economia russa por sua invasão da Ucrânia.
"Os empresários dos nossos países são obrigados a desenvolver suas atividades em condições difíceis, já que os sócios ocidentais omitem os princípios de base da economia de mercado, do comércio livre", disse o presidente russo.
Putin denunciou ainda "a aplicação permanente de novas sanções por motivos políticos", que contradizem "o bom senso e a lógica econômica elementar".
Nesse contexto, a Rússia está "redirecionando ativamente seus fluxos comerciais e contatos econômicos estrangeiros para parceiros internacionais confiáveis, especialmente os países do BRICS", destacou Putin.
"As negociações estão em andamento para abrir lojas da rede indiana na Rússia e aumentar a participação de carros chineses (...) no mercado russo", declarou.
"As entregas de petróleo russo para China e Índia estão aumentando. A cooperação agrícola está se desenvolvendo de forma dinâmica", assim como a exportação de fertilizantes russos para os países do grupo, segundo o presidente russo.
A Rússia também quer trabalhar com seus parceiros "mecanismos alternativos de transferência internacional" e uma "moeda de reserva internacional" para reduzir a dependência do dólar e do euro.
Para o analista político Manoj Joshi, de Nova Délhi, os BRICS dão a Putin uma plataforma importante.
"Envia uma mensagem aos Estados Unidos e à União Europeia (UE) de que eles não tiveram sucesso na tentativa de isolar Putin e a Rússia", explicou à AFP.