SÃO CARLOS/SP - De 21 a 24 de julho, estudantes e professores do curso de licenciatura em Pedagogia - Educação Escolar Quilombola da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) participaram do I Encontro Regional de Educação Escolar Quilombola do Sudeste (EREEQ-SE).
Com o tema "Educação, Resistência e Territórios Quilombolas: chão que ensina, escola que germina", o EREEQ-SE busca ser um marco na consolidação de políticas públicas voltadas à Educação Escolar Quilombola. Além disso, o evento visa valorizar as diversas experiências educacionais desenvolvidas nas comunidades quilombolas do Sudeste.
O evento aconteceu em Minas Novas (MG), numa realização do Centro de Formação em Educação Quilombola do Vale do Jequitinhonha (CFEQ-VJ), ligado ao Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG - Campus Quilombo Minas Novas). O EREEQ-SE reuniu delegações de todo o Sudeste brasileiro, promovendo um espaço para debate, resistência e construção coletiva de saberes.
UFSCar no evento
Participaram do evento 22 pessoas da UFSCar, entre alunos e professores, sob supervisão da professora Maria Cristina dos Santos, do Departamento de Educação (DEd) e Coordenadora do curso de Pedagogia - Educação Escolar Quilombola.
A presença da UFSCar no encontro vai além de uma simples participação institucional, avalia Luiz Marcos de França Dias, professor quilombola do curso de Pedagogia - Educação Escolar Quilombola da UFSCar: "A participação reforça o compromisso da Universidade com os povos quilombolas, a justiça social e a luta por uma educação escolar que reconheça as identidades, territórios e saberes ancestrais como pilares da prática pedagógica".
Programação
A programação do EREEQ-SE incluiu rodas de conversa, oficinas, plenárias temáticas e apresentações culturais, promovendo o intercâmbio entre diferentes experiências educacionais e o protagonismo das comunidades. O evento contou com a presença de importantes lideranças do movimento quilombola e representantes de instituições públicas e governamentais.
A mesa de abertura contou com a presença de autoridades locais e representantes do Ministério da Educação (MEC), que abriram o evento e deram as boas-vindas aos participantes. Em seguida, ocorreu a Conferência com a professora Zara Figueiredo, responsável pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC; ela apresentou um balanço e perspectivas da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq) e da Educação Escolar Quilombola. Além disso, Givânia Silva, do Conselho Nacional de Educação (CNE), proferiu a palestra "PNE [Plano Nacional de Educação] e a Educação Escolar Quilombola, desafios e estratégias".
No decorrer do Encontro, foram discutidos pontos como a formação e aperfeiçoamento de professores, a criação da categoria "professor quilombola", a valorização da carreira do magistério, a importância de criação de diretrizes municipais e estaduais de Educação Escolar Quilombola e, principalmente, a ampliação do número de bolsas permanência aos estudantes quilombolas.
Mais informações sobre o evento estão no site https://bit.ly/4mf0Oi4.
Pedagogia Educação Escolar Quilombola na UFSCar
O curso de licenciatura em Pedagogia - Educação Escolar Quilombola na UFSCar iniciou a sua primeira turma no primeiro semestre deste ano, no âmbito do Programa Nacional de Fomento à Equidade na Formação de Professores da Educação Básica (Parfor Equidade), iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Secadi/MEC.
A formação está inserida no contexto das lutas históricas dos quilombolas por reconhecimento de seus direitos territoriais e pelo acesso à educação escolar, bem como por políticas públicas que atendam às demandas das comunidades tradicionais.
Atualmente, a UFSCar conta com uma turma de estudantes quilombolas formada por 30 universitários (27 mulheres e três homens) dos territórios quilombolas André Lopes, Ivaporunduva, Nhunguara, Ostras, Pedro Cubas de Cima, Sapatu e São Pedro do município de Eldorado (SP) e Porto Velho e Porto dos Pilões do município de Iporanga (SP), na região do Vale do Ribeira.
Desafios e avanços na educação escolar quilombola
Os avanços das políticas públicas para os quilombolas são visíveis - como a Pneerq e o Parfor Equidade Capes, que têm propiciado o acesso dos quilombolas a cursos superiores. Além disso, o aperfeiçoamento de docentes da Educação Básica, proporcionado pelo Programa Escola Quilombo (MEC/Secadi), tem sido fundamental, tornando-se, em muitos municípios, o único dispositivo de formação em Educação Escolar Quilombola (EEQ).
Por outro lado, aponta o professor Luiz Marcos França Dias, "ainda enfrentamos grandes desafios na implementação das diretrizes nacionais de EEQ, pois muitas redes de ensino ainda negligenciam esse direito dos quilombolas. Ademais, é necessária e urgente a melhoria da infraestrutura das escolas quilombolas, a contratação de docentes quilombolas, ampliação de vagas com bolsa de estudo para quilombolas nas universidades, entre outros".
Para saber mais sobre o curso na UFSCar, acesse o site www.