O diretor, Essi Rafael, cursou Imagem e Som na UFSCar entre 2006 e 2009; Pelegrino, entre 2009 e 2012. "Porém, vale enfatizar que as imagens do filme são de 2010 a 2013", ressaltam. "Como a gente se formou no curso de Cinema, fazer um filme foi uma maneira natural de exercitarmos o ofício e nos expressar, mas, sobretudo, de aprendermos. Foi uma grande escola tanto na parte técnica quanto depois, quando tivemos que aprender como fazer esse filme existir comercialmente. Porém, tudo começou de uma maneira bem despretensiosa, com os recursos próprios do diretor e com a ajuda dos nossos colegas de curso", relata o produtor.
O filme premiado é um "retrato de uma geração que vai se desiludindo, através do qual acompanhamos as esperanças e medos de jovens que enfrentaram uma crise educacional sem precedentes na história do País", contam. "Estamos há 13 anos fazendo esse filme. Começamos com os recursos próprios do diretor e com a ajuda dos nossos colegas de curso. Foi preciso que a crise educacional no Brasil atingisse seu pior momento para que o nosso sonho de fazer Cinema voltasse. Foi quando ganhamos o prêmio do Programa de Fomento ao Cinema Paulista (ProAC) de Finalização de Longas e começamos a montar as mais de 100 horas de material gravado", enfatiza Pelegrino.
Ele cita a crise nas universidades públicas; de 2013 a 2021, o repasse de recursos à Universidade registrou uma queda de 72,2%. Para o diretor, "de alguma forma, terminar este filme, depois de tanto tempo, tornou-se um ato de fé. Um ato de fé na Educação e no Cinema".
Antes do reconhecimento através do prêmio em Cartagena - que também disponibiliza US$ 15 mil para serem usados em serviços de finalização do filme com a Cinecolor -, o projeto passou por vários eventos e feiras de mercado ao redor do mundo como o DocSp (São Paulo), DocMontevideo (Uruguai) e Visions du Reel (Suíça). Em dezembro do ano passado, o filme foi o único projeto brasileiro a ser selecionado para comparecer presencialmente ao Chile durante o encontro internacional de documentários Conecta.
"Adoraríamos passar o filme na UFSCar quando o Anfiteatro Florestan Fernandes [que está em reforma] estiver pronto. É um filme de jovens feito para jovens e a gente acha que os estudantes podem se identificar muito", declara Pelegrino.