SÃO CARLOS/SP - Ao descobrir a maternidade a mulher recebe, ao mesmo tempo, uma adversidade de emoções, para muitas, a alegria é imensa, mas, junto com a alegria de saber que se carrega no ventre uma nova vida, há também muitas dúvidas, anseios, medos e insegurança.
Muitas vezes, após o nascimento da criança, esses sentimentos são intensificados; a mãe agora se encontra fusionada ao bebê, tendo, assim, um novo papel social. O bebê, por sua vez, além de dependente da mãe, é totalmente sensível aos sentimentos vividos por ela. Com o tempo, mãe e bebê se adaptam, mas esse novo papel continua cheio de desafios e, além desses desafios reais, a mulher se depara ao momento de confrontar a mãe maravilha com a mãe que ela tem condições de ser.
Erroneamente, é vendida para a mulher a idealização da mãe enquanto ser sobrenatural, que não sente dores, medos, angústias, que nunca erra e deve estar sempre pronta a suprir todas as necessidades do filho. Com a chegada do filho, essas falsas expectativas e idealizações trazem, por vezes, muitos sofrimentos, que merecem uma atenção especial.
Não é à toa que frequentemente nos deparamos, nos consultórios psicológicos, com mães perguntando: “onde eu errei?”. Quase sempre existe a dúvida sobre qual foi a falha dela, enquanto mãe, por algo que o filho apresenta, mas que não estava no controle dela, e, ainda, mesmo quando respondido que não há erro, encontramos dificuldades para desconstruir nessas mães a culpa criada.
É preciso desconstruir essa imagem de mãe maravilha e respeitar a mãe real. Aquela que não tem superpoderes e que, para dar conta de todos os papéis sociais, se esforça muito, aquela que, sem manual algum de maternidade, busca fazer sempre o melhor para os filhos, mesmo muitas vezes errando e encontrando dificuldades. Aquela que não é a única responsável pelo cuidado e educação do filho, precisando, assim, que o pai também exerça o seu papel. Aquela que, em meio à pandemia, precisou aprender e, muitas vezes, sofreu para dar conta do trabalho remoto e cuidados e ensino formal dos filhos.
Enfim, para reconhecer realmente o papel social importante da maternidade é preciso olhar para ele de forma real, é preciso cuidar dessa mãe e não estigmatizá-la, é preciso refletir mais sobre a construção social da maternidade e maternagem, ampliando o entendimento sobre os sentimentos que inundam a mulher.
*Por: Thaise Fernanda Mendes Soares CRP: 06/128703
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