SÃO CARLOS/SP - Em um encontro realizado no final da tarde de segunda-feira (28/7), no auditório do Paço Municipal, São Carlos deu mais um passo rumo à criação do seu Distrito de Inovação. A reunião contou com representantes da Prefeitura, por meio das secretarias de Cidade Inteligente e Transparência e de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, além de instituições como Onovolab, ParqTec, Instituto Angelin, USP, Unicamp, Sebrae e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. O prefeito Netto Donato também participou da reunião, reforçando o papel da administração enquanto articuladora do projeto. Ele recepcionou o diretor de Ciência e Inovação do Governo de São Paulo, André Aquino. O chefe do Executivo revelou aos participantes do encontro que São Carlos caminha para a revisão do Plano Diretor, que deve contemplar o tema desenvolvimento tecnológico nas discussões do assunto.
O encontro também contou com a participação da professora Gabriela Celani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O Distrito de Inovação precisa incluir questões sociais e ambientais. Achei interessantíssimo e importante esse encontro, que representa uma diversidade de atores muito grande, tanto do setor privado como das instituições de ensino e pesquisa”.
Ela defendeu que o Distrito de Inovação não se restrinja apenas ao desenvolvimento econômico. “Ele é transformador se puder incluir questões sociais, ambientais e de resiliência urbana. Aí ele tem uma função social muito mais ampla”.
Outros distritos - Além de São Carlos, a Capital paulista e Campinas têm seus Distrito de Inovação, com o propósito de integrar universidades, laboratórios e empresas para promover pesquisas e desenvolvimento tecnológico.
O assessor do prefeito Netto Donato, José Galizia Tundisi, destacou que “o Distrito de Inovação envolve ciência, tecnologia, inovação, cultura e arte, que devem ser integradas no processo”. Ele destacou três pilares fundamentais: sinergia entre instituições, urbanização conectada e valorização ambiental.
“Avançamos significativamente na conceituação do Distrito de Inovação, e agora temos o desafio de transformar essas ideias em um projeto concreto e articulado. Esse é um passo estratégico para São Carlos, pois permite que a cidade aproveite melhor sua produção científica e tecnológica, estimulando sinergias entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo”, discursou.
Tundisi prosseguiu: “A inovação que buscamos não é apenas tecnológica. Ela precisa ser urbana, ambiental e social. O Distrito deve incorporar elementos urbanísticos que conectem os polos de conhecimento, como corredores entre USP e UFSCar, e também valorizar o meio ambiente como ativo econômico e cultural. Os 20 parques urbanos da cidade, por exemplo, podem ser usados como laboratórios vivos para educação, ciência e cultura”.
O professor Tito Bonagamba, do Instituto de Física de São Carlos da USP, destacou o papel estratégico da cidade no cenário nacional de ciência e tecnologia. Segundo ele, o Distrito de Inovação representa uma oportunidade única de transformar São Carlos em referência para outros municípios brasileiros. “A grande diferença de São Carlos é que, embora nossas estruturas de ensino e pesquisa estejam fisicamente espalhadas, elas estão muito próximas umas das outras. Isso cria um ambiente propício para integração. E mais do que isso: nossas lideranças estão conectadas, dialogam e compartilham uma visão comum de futuro”.
Bonagamba enfatizou que a presença do prefeito Netto Donato no encontro reforça a importância da articulação entre o poder público e as instituições de ensino e pesquisa. “A urbanização precisa acompanhar essa integração. O Plano Diretor da cidade deve refletir essa vocação para a inovação. Com o prefeito liderando esse processo, São Carlos pode deixar de apenas se autoproclamar ‘capital da tecnologia’ e assumir um novo papel: o de cidade que exporta conhecimento, estruturação e modelos de inovação para municípios que não têm duas universidades, duas unidades da Embrapa e centros de pesquisa como nós temos”.
Visão estratégica - André de Aquino, diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Estado, trouxe uma visão estratégica sobre o papel dos distritos de inovação no desenvolvimento urbano e social. Ele destacou que São Carlos está construindo um modelo sólido e inclusivo. “Cada reunião que temos aqui é um passo de amadurecimento. O Distrito de Inovação não é apenas um espaço físico, é uma engrenagem viva, feita de conexões entre universidades, empresas, governo e sociedade. É um território que se transforma pela ação conjunta de seus atores”. Ele explicou que o conceito de Distrito de Inovação envolve a criação de uma área urbana com alta densidade de organizações de ciência, tecnologia e inovação, que atuam de forma integrada para acelerar negócios, reter talentos e gerar impacto social.
“O Distrito é um catalisador. Ele aproveita o potencial já existente e o transforma em valor para a sociedade. E São Carlos tem tudo para ser um modelo: infraestrutura acadêmica, capital humano qualificado e uma cultura de colaboração”.
O diretor de Ciência e Inovação também apontou os próximos passos. “Precisamos avançar no modelo de governança, ativar os programas de inovação aberta, mapear e integrar iniciativas, e pensar na sustentabilidade financeira de uma entidade gestora. E mais: o Plano Diretor da cidade deve incorporar eixos de desenvolvimento com vocação para inovação tecnológica. Isso é essencial para que o Distrito esteja alinhado com o futuro urbano de São Carlos”.