SÃO PAULO/SP - Chegamos ao final de 2021. Se é inevitável comparar o ano que acaba com o anterior, convém olhar também para 2022, seja para uma rápida reflexão, seja para uma profunda análise de oportunidades e riscos. Nas duas opções, a pandemia da Covid-19 é uma variável (sem trocadilho com variante) obrigatória. Ainda que o impacto da doença sobre o agronegócio tenha lá suas peculiaridades, uma retomada mais rápida e total do setor depende do avanço da vacinação, e da conscientização geral sobre a importância da prevenção.
As atividades agropecuárias em si sofreram menos com o impacto direto da Covid, pois grande parte acontece em locais abertos, ao ar livre e já com o necessário distanciamento social. Nas unidades agroindustriais, como as plantas frigoríficas, logo foram adotadas medidas preventivas para garantir a segurança das pessoas, principalmente das que atuam nas linhas de produção. Por isso o setor não parou e manteve o abastecimento de alimentos, fibras e energia.
Por outro lado, o agronegócio tem sido bastante afetado por uma consequência indireta do coronavírus: a brusca redução do poder aquisitivo da população. Por causa da Covid, a economia como um todo adoeceu, diversas empresas se enfraqueceram – parte delas faleceu –, postos de trabalho foram eliminados e muitas famílias tiveram de rever a composição de sua cesta básica, ou até mesmo do significado da palavra “básica”.
Representantes das cadeias produtivas de alimentos confirmam a alteração nos hábitos de consumo da população. É difícil encontrar um segmento que não teve o fluxo de comercialização e de faturamento achatado pelos impactos da Covid. O setor de lácteos é um bom termômetro, pois toda vez que a renda da população se desvaloriza, os iogurtes passam mais tempo nas geladeiras dos supermercados. A relação entre o campo e os centros urbanos é mais íntima e mais ampla do que se possa imaginar.
Claro, a equação ainda envolve diferentes elementos que interferem, positiva ou negativamente, no cenário econômico e no agronegócio, como inflação, variação cambial, mercado internacional, efeitos climáticos, entre outros. A vacinação é o único fator que só teve influência positiva em tudo isso. Sem ela o trágico quadro que temos vivido nesses quase dois anos de pandemia, com tantas perdas irreparáveis, seria ainda pior. A boa notícia é que cada um de nós pode contribuir efetivamente para o crescimento da cobertura vacinal e para que 2022 seja diferente. Feliz ano novo.
Romualdo Venâncio / ISTOÉ DINHEIRO