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MANAUS/AM - A reativação do Fundo Amazônia e a guinada na política ambiental com a mudança de governo deverão aumentar os fluxos de financiamento para preservação florestal e combate ao desmatamento. O Fundo Amazônia tem cerca de R$ 3,7 bilhões e poderá receber novas doações.

A nova política ambiental poderá facilitar o lançamento de créditos de carbono nos mercados voluntários e o acesso a recursos de outras iniciativas, como a Coalizão Leaf, com US$ 1,5 bilhão (R$ 8 bilhões) em doações de governos e corporações.

Se a oferta de recursos pode aumentar, o potencial do Brasil é gigantesco. Considerando o preço mínimo de US$ 10 por crédito de carbono (um crédito é igual a evitar a emissão de uma tonelada de gases do efeito estufa na atmosfera), a eliminação do desmatamento, legal e ilegal, na Amazônia permitiria ao País levantar US$ 18,2 bilhões (cerca de R$ 95,3 bilhões) em dez anos.

A estimativa está em relatório de junho, elaborado por pesquisadores da organização sem fins lucrativos Fundo de Defesa Ambiental (EDF) para o projeto Amazônia 2030, e foi feita o com base no preço mínimo oferecido pela Coalizão Leaf.

A Coalizão Leaf (sigla, em inglês, para Reduzindo Emissões pela Aceleração do Financiamento Florestal), uma parceria público-privada, foi lançada em abril de 2021. O lançamento foi feito na conferência ambiental chamada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que marcou a guinada na política americana para o setor. A meta era amealhar US$ 1 bilhão até o fim daquele ano, na COP-26, cúpula climática das Nações Unidas.

Doações de Estados Unidos, Reino Unido e Noruega, entre os governos, e de multinacionais como Amazon, Nestlé, Unilever, Bayer, McKinsey, Boston Consulting Group, Salesforce, Airbnb e GSK foram as primeiras. Um ano depois, a coalizão chegou à COP-27, no Egito, com US$ 1,5 bilhão.

Do lado dos governos, a Coreia do Sul aderiu. Entre as companhias, a cadeia de moda H&M e a Volkswagen foram as mais recentes adesões, num grupo que agora tem 27 corporações, incluindo companhias que ainda serão anunciadas.

O valor obtido com a floresta preservada, indica o cálculo, pode saltar a US$ 26 bilhões (R$ 136,1 bilhões) em dez anos se, de 2027 a 2031, o preço médio do crédito for a US$ 15.

A Coalizão Leaf é uma iniciativa de REDD+ (sigla para “reduzindo emissões por desflorestamento e degradação florestal”). A lógica é formar fundos para recompensar financeiramente países emergentes pela redução de emissões de gases associados ao desmate, remunerando governos nacionais ou subnacionais por manterem suas florestas em pé.

 

Verba

O Fundo Amazônia, operado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apoia projetos de preservação, desenvolvimento sustentável ou combate ao desmate ilegal. Eles são propostos por governos, instituições de ensino ou entidades sem fins lucrativos, que reduzam emissões de gases estufa associadas ao desflorestamento. O BNDES seleciona quem recebe verba, conforme critérios definidos pelos doadores.

A Coalizão Leaf tem um modelo diferente. O objetivo é remunerar os resultados apresentados, ou seja, investir recursos para a compra de créditos de carbono gerados por reduções nas emissões de gases, certificados conforme diversos critérios. Integrantes da coalizão apresentam a proposta para receber financiamento, após comprovar que reduziram as emissões, com a adoção de vários tipos de medidas.

Por isso, diz Juliana Santiago, diretora da Emergent, instituição americana sem fins lucrativos que coordena a coalizão, Fundo Amazônia e Leaf podem ser complementares.

Estados da Amazônia e até a União poderão apresentar propostas para receber financiamento por ações que tenham sido apoiadas antes pelo Fundo Amazônia. Com o projeto concluído, o resultado do corte de emissões pode servir de proposta para financiamento da Leaf, após comprovação.

“Isso mantém o ciclo de financiamento climático de forma permanente e positiva para o Brasil”, diz Juliana, funcionária licenciada do BNDES e chefe do departamento responsável pelo Fundo Amazônia de 2013 a 2018.

Na COP-27, houve assinatura de “cartas de intenção” com quatro Estados – Amapá, Amazonas, Mato Grosso e Pará.

 

Isolamento

De 2019 a 2022, o Brasil se isolou nos debates climáticos globais diante da escalada de crimes ambientais no País e da postura da gestão Jair Bolsonaro (PL). Com a troca de governo, diversos países já manifestaram interesse de colaborar de novo.

Apesar das ofertas de ajuda estrangeira, tem crescido a pressão sobre países ricos por mais verbas para ajudar na mitigação de impactos do aquecimento global.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

 

ISTOÉ DINHEIRO

SÃO PAULO/SP - Quando se pensa em Amazônia, a imagem que normalmente vem à cabeça é de uma floresta imensa, de árvores altas, com áreas de mata cortadas por grandes corpos d'água. Mas há diversas fisionomias amazônicas. E muitos não imaginam que o bioma também guarde ricos manguezais.

Isso mesmo: mangues amazônicos.

Quando se fala em Amazônia, tipicamente se faz menção à biodiversidade ali presente. Com os seus mangues, não é diferente. Especialmente, biodiversidade animal, diz Marcus Fernandes, coordenador do programa Promangue, do projeto Mangues da Amazônia, e responsável pelo Lama (Laboratório de Ecologia de Manguezal), na UFPA (Universidade Federal do Pará).

Enquanto as áreas de floresta concentram grande diversidade vegetal, o mesmo não é visto no mangue. São somente seis as espécies -três mangues-vermelhos, dois mangues-pretos e um mangue-branco- que dominam os manguezais brasileiros, diz Fernandes.

Expandindo um pouco mais e olhando também para as áreas de transição entre mangues e outras formações, a vegetação ganha riqueza.

Plantas de mangue precisam estar adaptadas à sobrevivência em áreas sob influência da água salgada do mar. O sal, inclusive, é um dos pontos de limitação de crescimento da vegetação de manguezais.

Mas nos mangues amazônicos a situação é um tanto diferente, com uma vegetação bastante desenvolvida, com árvores que chegam a até 40 metros de altura, diz o especialista da UFPA.

"Isso é uma característica de florestas de terra firme", diz Fernandes, citando árvores de mangue no Equador que chegam a até 60 metros de altura. "Isso não é uma coisa que a gente vê na costa, na beira do mar, então é meio difícil imaginar essa exuberância florestal. Sempre pensamos numa floresta menor."

E o que explicaria árvores tão mais desenvolvidas nos mangues amazônicos?

Segundo Fernandes, a enorme bacia de água doce que banha a região é um dos fatores. Além disso, os elevados índices de chuva na região amazônica também ajudam a, entre outras coisas, controlar o sal no ambiente.

Ou seja, diz Fernandes, em outras regiões de mangue, a vegetação local precisa gastar grande parte da sua energia para sobreviver. Já na Amazônia, a situação é mais favorável para um investimento maior de recursos no crescimento.

"Quanto maior esse manguezal, maior é o seu estoque de carbono", afirma o pesquisador.

Dentro do projeto Mangues da Amazônia, do Instituto Peabiru, Fernandes vem trabalhando com recuperação de áreas degradadas de manguezal. Com dois anos de existência, a iniciativa, que é patrocinada pela Petrobras e que já recebeu verbas do Fundo Amazônia, congelado por ações do governo Jair Bolsonaro (PL), já plantou cerca de 7 hectares e pretende chegar a 12 hectares até o fim do ano.

O projeto atua em três reservas extrativistas marinhas no Pará: a de Caeté-Taperaçu, a de Tracuateua e a de Araí-Peroba. Ou seja, são áreas em que pode haver algum tipo de exploração.

Agora você pode estar se perguntando: não são poucos hectares plantados para dois anos de ações? Especialmente ao se pensar que a região, segundo o pesquisador, tem cerca de 8.000 km² de mangues.

De certa forma, sim, considerando os tamanhos desproporcionalmente grandes que encontramos ao falar de Amazônia.

Mas, ao menos nesse momento, há pouca ameaça aos mangues amazônicos, e as áreas devastadas não são tão amplas, afirma o pesquisador. Trata-se de uma ação preventiva, afirma, baseada na educação das populações que já fazem uso tradicional do mangue.

"Todo mundo, do menino de três anos até o adulto, vai plantar com a gente. Brincamos de plantar manguezal, o que cria responsabilidade com o sistema. Entender que não tem que cortar, mas se precisar, ele sabe como fazer o replantio. É preventivo, é a educação ambiental. O replantio é um método de ensinar a proteger."

O projeto afirma ter atingido cerca de 6.000 pessoas direta e indiretamente. Como parte do processo de plantio, foram mantidos viveiros nas reservas extrativistas que são parte do projeto. Além disso, foram mapeadas áreas de retirada de caranguejo-uçá e de corte de madeira, com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento de planos de manejo para as reservas que ainda não os têm.

O pesquisador espera que, com a evolução dos mecanismos financeiros relacionados a carbono, os manguezais preservados da Amazônia acabem tendo mais dinheiro garantido para períodos maiores de tempo, o que poderia facilitar os projetos de preservação.

Apesar de a degradação não ser um problema tão grande nos mangues amazônicos, há alguns problemas em comum com os do resto do país. Entre eles, estão a questão do lixo e esgoto nos locais, a ideia de que são lugares improdutivos e um certo preconceito quanto ao cheiro costumeiramente não muito agradável desses locais ricos em material orgânico.

"Os que mais fedem são os melhores", brinca Fernandes, que aponta a necessidade de ampliar o conhecimento da população sobre a importância dos manguezais.

 

 

PHILLIPPE WATANABE / FOLHA de S.PAULO

Candidatos podem se inscrever até 30 de maio

 

SÃO CARLOS/SP - O projeto "Cidadania dos povos da floresta como forma de resiliência aos desastres: aprendizados da Covid-19" e o Departamento de Sociologia (DS) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estão com chamada aberta de candidaturas para bolsa de pós-doutorado para atuar em pesquisa sobre cidadania florestal na Amazônia. 
A bolsa está associada ao edital Plataforma Trans-Atlantic, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Economic and Social Research Council (ESRC) do Reino Unido e pela National Science Foundation (NSF) dos Estados Unidos. No Brasil, o projeto é coordenado pelo professor Rodrigo Constante Martins, do DS-UFSCar. 
Os candidatos deverão ter título de doutorado em Sociologia ou Ciências Sociais (com área de concentração em Sociologia), obtido nos últimos cinco anos. A vaga está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá bolsa de pós-doutorado da Fapesp no valor de R$ 8.479,07 mensais e Reserva Técnica equivalente a 10% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa. A bolsa tem duração de 12 meses, renováveis por igual período. 
As inscrições estão abertas até 30 de maio. Os interessados devem encaminhar e-mail intitulado "Postdoctoral Fellowship" ao e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Todas as informações sobre a bolsa e os documentos necessários para inscrição devem ser conferidas no edital (versões em Português e Inglês), disponível no site do grupo de pesquisa Ruralidades, Ambiente e Sociedade (Ruras), em www.ruras.ufscar.br.
  • Terras Indígenas, Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação são as áreas que mais contribuíram com a preservação e regeneração da Amazônia Legal nos últimos anos, aponta artigo.
  • Entre 2005 e 2012, a taxa média de perda de vegetação nativa dentro das Terras Indígenas foi 17 vezes menor do que em áreas não protegidas; em Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação, a taxa foi 6 vezes menor.
  • O estudo também mostra que territórios indígenas e quilombolas demarcados contribuíram de duas a três vezes mais para a regeneração da vegetação nativa entre 2012 e 2017.
  • O Brasil tem 722 Terras Indígenas. Dessas, apenas 487 foram homologadas. Somente na Amazônia, são mais de 300 territórios aguardando o processo de demarcação.

 

AMAZÔNIA - Terras Indígenas, Territórios Quilombolas e Unidades de Conservação são as áreas que mais contribuíram com a preservação e regeneração da Amazônia Legal nos últimos anos, aponta artigo publicado na revista científica Biological Conservation em março.

Enquanto nos Territórios Quilombolas e nas Unidades de Conservação as taxas de perda de vegetação nativa foram cerca de 6 vezes menores que em áreas não protegidas da Amazônia, nas Terras Indígenas tais taxas chegaram a ser 17 vezes menores. O período analisado compreendeu os anos entre 2005 e 2012.

No caso das Unidades de Conservação, a pesquisadora responsável pelo estudo, Helena Alves Pinto, do departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atribui as taxas de preservação da biodiversidade ao uso restrito dessas terras.

“As Unidades de Conservação têm uma série de restrições quanto às atividades. Em algumas unidades, por exemplo, são permitidas somente atividades de cunho educacional ou de pesquisa. Em outras, é permitido o extrativismo sustentável, mas não a agropecuária, por essa estar ligada ao desmatamento”, afirma Pinto.

O estudo analisou as taxas de preservação florestal de todas as Unidades de Conservação da Amazônia, tanto as de uso sustentável, como Florestas Nacionais e Reservas Extrativistas, como as de proteção integral, onde se enquadram, por exemplo, áreas com sítios naturais e Reservas Biológicas.

Em relação às Terras Indígenas e Territórios Quilombolas, a pesquisadora destaca a importância da restrição de circulação de pessoas nas terras demarcadas.

“Estudos anteriores mostraram que, a partir do momento que um território indígena ou quilombola foi demarcado, começou a diminuir o desmatamento nessas terras. A principal explicação é porque a demarcação diminuiu o número de pessoas circulando dentro das áreas, restringindo a entrada somente a indígenas ou quilombolas”, diz a pesquisadora.

“Nosso estudo confirma que a demarcação ajuda a combater a entrada de invasores em Terras Indígenas e Quilombolas, e que esses povos preservam a biodiversidade”, explica Pinto.

 

Restauração dos ecossistemas

Mais que decisivos para a preservação, o estudo também mostra que territórios indígenas e quilombolas demarcados contribuíram de duas a três vezes mais para a regeneração da vegetação nativa entre 2012 e 2017.

“Fala-se muito em diminuir o desmatamento, mas só isso não basta mais para recuperarmos as funções da Floresta Amazônica. É fundamental começarmos a recuperar as áreas desmatadas, recuperar a vegetação nativa, recuperar o ecossistema como um todo”, afirma a pesquisadora da UFRJ.

Pinto dá como exemplo de ação regenerativa uma prática adotada por alguns povos conhecida como sistema de corte e queima.

“Esses indígenas cortam uma área pequena, de mais ou menos um hectare de floresta, queimam e plantam. Depois de um tempo, eles colhem e deixam a área, para que ela se regenere de forma natural”, descreve.

Um estudo liderado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), publicado em 2021 na revista Nature, alertou que, pela primeira vez, a Amazônia passou a emitir mais carbono do que consegue absorver, deixando de retirar da atmosfera 0,19 bilhões de toneladas de CO2 por ano.

O desmatamento tem comprometido a função da Amazônia de capturar e estocar carbono da atmosfera, principal vilão do aquecimento global. Prova disso, segundo os pesquisadores do Inpe, a área mais comprometida está no sudeste da floresta, na região do Arco do Desmatamento.

Em março, um novo estudo publicado na revista Nature Climate Change alertou que a Amazônia está se aproximando rapidamente do seu ponto de não-retorno — estágio em que a devastação transformará a floresta tropical em savana.

 

Invasões e desmatamento

O estudo liderado por Pinto analisou somente as Terras Indígenas já homologadas pela Funai e não separou os dados por unidade. “Olhamos para o mosaico de terras protegidas e já homologadas e comparamos com a sua área de controle”, diz.

Assim, o estudo não analisa quais são as Terras Indígenas homologadas mais preservadas da Amazônia.

Por outro lado, dados do Prodes/Inpe mostram que as Terras Indígenas mais desmatadas entre 2011 e 2021 foram as localizadas no Pará, estado que mais vem desmatando a Amazônia desde meados da década passada. São as TIs Cachoeira Seca, com 304 mil km2 desmatados em dez anos; Apyterewa, com 266 mil km2; e Ituna/Itatá, com 220 mil km2.

Vale ressaltar que o desmatamento explodiu nas três Terras Indígenas em 2019 e 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro, anos em que as taxas de desmatamento ilegal bateram recorde em toda a Amazônia.

Um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA) sobre perda de vegetação na bacia do Rio Xingu publicado em 2021 mostra que essas três Terras Indígenas sofrem pressão de mineração ilegal, roubo de madeira e de grilagem. No interior da TI Apyterewa já existe uma vila de invasores, que pediram na Justiça recentemente a reversão da homologação da Terra Indígena para que a área pudesse ser explorada.

Quanto às Unidades de Conservação, a mais desmatada da Amazônia nos últimos dez anos também está no Pará. Trata-se da Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, próxima à TI Apyterewa, que registrou 2.902 mil km2 de desmatamento entre 2011 e 2021, segundo dados do Inpe.

Ambos as reservas estão sobrepostas ao município de São Félix do Xingu, que tem o maior rebanho de bovinos do Brasil, de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A Amazônia já perdeu 20% de toda a sua vegetação nativa. Sabemos que as Terras Indígenas e as Unidades de Conservação mais afetadas são as próximas ao Arco do Desmatamento, uma área com expansão muito grande da agropecuária, o principal vetor do desmatamento na Amazônia”, diz Pinto.

 

Ameaças no Congresso

O Brasil tem 722 Terras Indígenas. Dessas, apenas 487 foram homologadas. Somente na Amazônia, são mais de 300 territórios aguardando o processo de demarcação, de acordo com dados do ISA. A entidade não inclui as Terras Indígenas de povos isolados.

A demarcação de Terras Indígenas é um direito dos povos originários do Brasil e deveria ter sido concluída pela Funai em 1993, de acordo com a Constituição Federal de 1988.

Um levantamento do MapBiomas publicado no ano passado já havia mostrado que as Terras Indígenas são os territórios mais preservados da Amazônia, apesar do avanço de invasores. O estudo analisou tanto as terras já homologadas (que finalizaram o processo de demarcação) como as que ainda aguardam o processo, e mostrou que, no período entre 1985 e 2020, apenas 1,6% da perda de vegetação nativa no Brasil ocorreu em Terras Indígenas.

Apesar de os dados mostrarem a importância da demarcação e da restrição de uso desses territórios aos indígenas, dois projetos de lei em votação no Congresso Nacional pretendem abrir Terras Indígenas para grandes projetos de infraestrutura e mineração (PL nº191/2020) e frear o processo de demarcação das mais de 400 Terras Indígenas que ainda aguardam para serem demarcadas (PL nº490/2007).

Nenhuma Terra Indígena foi demarcada em todo o Brasil desde 2019, durante todo o governo Bolsonaro. Esta é a primeira vez, desde a redemocratização do país (1985), que um governo não demarca nenhum território indígena no país.

 

 

por Lais Modelli / Mongabay Brasil

PORTO VELHO/ RO - A substituição de floresta por pastagens e lavouras está afetando diretamente os peixes da Amazônia. Em estudo publicado na revista Neotropical Ichthyology, pesquisadores do Brasil, da Colômbia e dos Estados Unidos mostraram que um processo semelhante ao ocorrido ao longo de décadas em áreas com longa história de desmatamento, como o Estado de São Paulo, se repete agora em Rondônia, no chamado Arco do Desmatamento, onde a derrubada da mata é recente.

Peixes sensíveis a alterações no ambiente estão sendo paulatinamente substituídos por poucas espécies mais resistentes aos impactos. Além da perda de biodiversidade, o fenômeno acarreta uma perda de funções ecológicas exercidas pelos peixes que desaparecem.

“Existe uma hipótese dentro da ecologia de que os vertebrados terrestres suportariam até 60% de perda de hábitat antes de entrar em processo de declínio populacional e, em seguida, de extinção local. Estudando peixes de riachos, verificamos que parte das espécies suporta apenas 10% de perda de hábitat e suas populações começam a declinar em menos de dez anos após o início do desmatamento. Outras, porém, são beneficiadas com perdas de mais de 70% do hábitat”, conta Gabriel Brejão, primeiro autor do estudo, que foi conduzido durante um estágio de pós-doutorado no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista (Ibilce-Unesp), em São José do Rio Preto.

Os resultados são baseados em dados coletados em 75 riachos com diferentes graus de preservação na bacia do rio Machado, um dos tributários do Madeira. Para avaliar o histórico de desmatamento das áreas, os pesquisadores consultaram imagens de satélite da região feitas entre 1984 e 2011.

“A partir dos dados históricos, separamos as áreas em bacias que nunca passaram por mudança, as que sofreram desmatamento há muito tempo e as de degradação recente. Observamos que, onde o desmatamento é recente, a taxa de substituição de espécies (mais sensíveis por mais resistentes) era mais alta do que nas áreas florestadas e nas de desflorestamento antigo”, explica.

Parte das coletas e análises do trabalho foi realizada pelo pesquisador ainda durante o doutorado, na mesma instituição, com bolsa da Fapesp.

O trabalho é um dos resultados do projeto “Peixes de riachos de terra firme da Bacia do Rio Machado, RO”, financiado pela Fapesp e coordenado por Lilian Casatti, professora do Ibilce-Unesp.

A investigação também foi apoiada por meio de projeto coordenado por Silvio Ferraz, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e coautor do artigo.

 

Oeste paulista e oeste amazônico

Casatti conta que seu grupo sempre trabalhou com peixes de riachos no Estado de São Paulo, que tem um histórico de mais de 200 anos de uso intenso do solo e de substituição da floresta por lavouras e criações de gado.

“Queria saber como seriam os riachos em um lugar não tão alterado, pelo menos não há tanto tempo. Mas quando chegamos a alguns pontos de Rondônia parecia que não tínhamos saído do oeste paulista, tamanho era o assoreamento, o desmatamento das margens, o capim invadindo o meio aquático”, lembra Casatti, que coordenou o estudo.

Os riachos são especialmente sensíveis ao desmatamento. Usados como local de reprodução e berçário de espécies que podem depois migrar para os rios, esses corpos d’água também aportam diferentes nutrientes da floresta para os rios. No que tange às comunidades de peixes que vivem neles, uma floresta degradada traz vários impactos.

Além do assoreamento, que é a deposição de partículas de solo no fundo dos riachos, diminuindo sua profundidade, a diminuição ou retirada da cobertura florestal permite ainda a entrada de mais radiação solar, que aumenta o crescimento de plantas aquáticas indesejáveis para algumas espécies e eleva a temperatura da água.

Menos frutos, folhas e insetos que servem de alimento para os peixes se fazem presentes, além de galhos e troncos que servem de abrigo e até mesmo modulam a acidez da água, outro fator que pode determinar a presença ou ausência de certas espécies e das funções ecológicas que desempenham.

“Ao perder espécies de cascudos que raspam troncos que caem na água, por exemplo, pode-se perder processamento de matéria orgânica. A perda de peixes insetívoros pode aumentar a quantidade de insetos que transmitem doenças. Peixes carnívoros, como traíras e dourados, exercem uma pressão em espécies mais basais que podem se reproduzir descontroladamente sem os predadores. A qualidade do hábitat tem papel muito importante para manter não apenas uma diversidade de espécies, mas de funções ecológicas”, explica Casatti.

“Nossos resultados indicam que nas áreas de desmatamento mais recente há um conjunto de espécies grande o suficiente para reverter a perda de funções. O que não quer dizer que necessariamente vá se repetir em Rondônia o que aconteceu em São Paulo. Talvez seja um sinal de que em processos iniciais de desmatamento exista um ‘tampão’ de diversidade que está retendo a perda de funções. Não sabemos até quando”, conclui Brejão.

 

O artigo Taxonomic and functional turnover of Amazonian stream fish assemblages is determined by deforestation history and environmental variables at multiple scales pode ser lido no link.

 

 

André Julião / ESTADÃO

BRASÍLIA/DF - Ao participar de evento com investidores em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente Jair Bolsonaro disse hoje (15) que os ataques que o Brasil sofre em relação à Amazônia não são justos e convidou autoridades árabes e investidores locais a conheceram a região.

“Nós queremos que os senhores conheçam o Brasil de fato. Uma viagem, um passeio pela Amazônia é algo fantástico. Até para que os senhores vejam que a nossa Amazônia, por ser uma floresta úmida, não pega fogo.”

Durante a abertura do Fórum Invest in Brasil, Bolsonaro afirmou que mais de 90% da Amazônia se mantêm preservada. O presidente disse ainda que o país está de portas abertas para negócios, sobretudo no setor de agricultura.

“A Amazônia é um patrimônio. A Amazônia é brasileira. E vocês, lá, comprovarão isso e trarão realmente a imagem que condiz com a realidade”, concluiu.

 

 

*A repórter viajou a convite da Apex-Brasil

Por Paula Laboissière / AGÊNCIA BRASIL

AMAZÔNIA - Um estudo publicado na quarta-feira (14), na revista científica Nature, indicou que a devastação em regiões de floresta afetada pelo desmatamento está causando um fenômeno inverso: ao invés de absorver carbono, a floresta está emitindo mais gases tóxicos.

O levantamento foi liderado por uma pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a cientista Luciana Vanni Gatti, e apontou que a floresta amazônica emite 0,29 bilhão de toneladas de carbono por ano além do que consegue absorver.

A região mais crítica fica na região sudeste da Amazônia, ponto de fronteira com outros biomas e berço do chamado “arco do desmatamento”.

Para chegar aos números apontados no levantamento, a equipe de pesquisa coletou 590 amostras do ar em diferentes altitudes, variavando entre 4.420 metros e 300 metros acima do nível do mar. Para realizar o trabalho, foram usados aviões em quatro pontos da Amazônia entre 2010 e 2018.

A pesquisa publicada na Nature também se diferenciou na forma de coleta do material de análise, isso porque outros projetos científicos medem o carbono disponível no tronco das árvores, enquanto a equipe de Luciana Gatti mediu o CO2 que está no ar. Acredita-se que essa forma de análise consiga monitorar o nível gases tóxicos na atmosfera com mais exatidão.

A íntegra do estudo pode ser acompanhada clicando aqui.

 

 

*Por: ISTOÉ DINHEIRO

AMAZÔNIA - Em abril, o desmatamento na Amazônia Legal atingiu seu maior valor na série histórica para o mês nos últimos 10 anos. A divulgação dos dados é do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), com base no SAD (Sistema de Alerta do Desmatamento), que monitora a região por satélite. Somente neste mês, a área total devastada foi de 778 km². As informações são do UOL.

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O aumento em relação a abril de 2020 é de 45% no desmatamento. Entre os estados da Amazônia Legal, o Amazonas lidera o ranking de regiões com maior área desmatada. Em seguida vem o Pará com 26%, Mato Grosso com 22%, Rondônia com 16%, Roraima com 5%, Maranhão com 2% e Acre com 1%.

Segundo o Imazon, as florestas degradadas na Amazônia Legal somam 99 km² em abril. O aumento em relação ao mesmo período do ano passado é de 60%.

 

 

*Por: ISTOÉ

FRANÇA - O banco francês BNP Paribas, o maior do país europeu, prometeu nesta segunda-feira (15/02) parar de financiar empresas que produzem ou compram carne bovina ou soja cultivadas em terras desmatadas ou convertidas depois de 2008 na Amazônia.

A instituição afirmou ainda que também "incentivará seus clientes a não produzirem ou comprarem carne bovina ou soja em terras desflorestadas ou convertidas [...] posteriormente a 1º de janeiro de 2020" no Cerrado, de acordo com os padrões globais.

Segundo o BNP Paribas, a ausência de um mapeamento exaustivo das terras no Cerrado impede, por enquanto, que o banco vá além desse incentivo.

Além disso, a instituição afirmou que, até 2025, solicitará aos seus clientes a rastreabilidade total dos setores de carne bovina e soja, financiando assim apenas aqueles que adotarem uma estratégia de desmatamento zero.

"Instituições financeiras expostas ao setor agrícola no Brasil devem contribuir para essa luta contra o desmatamento. Esse é o caso do BNP Paribas", disse o banco em comunicado.

Reações de ambientalistas

Organizações ambientalistas afirmaram que a declaração envia um forte sinal para as empresas que comercializam commodities na região, mas pressionaram por ações mais rápidas e firmes.

"O banco diz que só está pronto para incentivar, e não forçar, as empresas que atuam no Cerrado. [...] As únicas medidas de exclusão imediatas aplicam-se às empresas que continuam a derrubar ou converter terras na Amazônia", criticou a organização não governamental Reclaim Finance.

"Poucas empresas estão, portanto, preocupadas, visto que já existe uma moratória que estipula o fim do desflorestamento relacionado com a soja a partir de 2008 e é amplamente respeitada", completou. A ONG também considerou a meta estipulada para o ano de 2025 "tarde demais".

"O BNP Paribas está dando aos comerciantes mais cinco anos para derrubar florestas impunemente", afirmou, por sua vez, a associação francesa Canopée - Forêts vivantes.

Desmatamento na Amazônia e no Cerrado

A soja e a carne bovina são dois dos maiores motores do desmatamento no mundo. O crescimento populacional e uma expansão rápida da classe média em países como a China estimularam uma explosão na demanda por soja e um aumento do consumo de carne e laticínios.

Cientistas alertam que a Floresta Amazônica, que se entende por nove países, está se dirigindo para um espiral mortal à medida que o desmatamento acelera. Segundo a ONG Amazon Conservation Association, uma área do tamanho de Israel foi derrubada na Amazônia só em 2020.

Já em relação ao Cerrado, que cobre 20% do território brasileiro, metade do bioma já foi desmatado, o que o torna um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta, denunciaram quatro organizações ambientalistas em uma declaração conjunta.

Bancos e o desmatamento

Na semana passada, uma investigação da organização não governamental Global Witness apontou que vários bancos franceses, em particular o BNP Paribas, respondem pelo financiamento de empresas agrícolas responsáveis pelo desmatamento no Brasil.

O banco disse à Global Witness que todos os seus clientes na Amazônia "foram certificados ou envolvidos num processo de certificação" para garantir que as suas práticas eram responsáveis.

No mês passado, o BNP Paribas e outros credores europeus, como o banco holandês ING e o suíço Credit Suisse, se comprometeram a parar de financiar o comércio de petróleo bruto do Equador após pressão de ativistas com o objetivo de proteger a Amazônia.

 

 

ek (Reuters, Lusa, AFP, ots)

*Por: DW

BRASÍLIA/DF - O vice-presidente Hamilton Mourão fez no domingo (27) um balanço da atuação do governo na Amazônia Legal desde o início de sua gestão e elencou o que o aguarda ano que vem. Segundo Mourão, em 2021 as prioridades para a região serão o monitoramento e combate a crimes ambientais e fundiários; fortalecimento das agências ambientais; incremento de fontes de financiamento; regularização fundiária e ordenamento territorial; e estímulo à inovação e à bioeconomia.

“A Amazônia sofria com ausência do Estado, projetos inconsistentes e crenças ambientais equivocadas que, por anos, foram deliberadamente plantadas e cultivadas na mente dos brasileiros como verdadeiras. Por ser uma região distante e de difícil acesso que poucas pessoas de fato conheciam, muitas acabaram aceitando essas verdades criadas por especialistas de suas vontades, plantadas como “boas sementes” e cuidadosamente regadas até criarem raízes”, argumentou o vice-presidente.  

Mourão destacou a recriação do Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL) em fevereiro deste ano e a sua atuação na presidência do conselho.

“Com exceção do Tocantins, visitei todos os estados da Amazônia Legal para conhecer as suas realidades, ouvir as preocupações e demandas dos governadores e sociedade e alinhar ações. Apresentei a embaixadores estrangeiros os verdadeiros índices brasileiros de preservação ambiental (84% da vegetação nativa na Amazônia e 66% em todo o território nacional) e os levei para verificar in loco a complexidade, desafios, oportunidades e projetos da região”, destacou.

O vice-presidente ressaltou ainda a atuação diante do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, com a criação da Comissão Brasileira da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica como comissão permanente do CNAL.

Outra linha de atuação destacada por Mourão foi a Operação Verde Brasil 2, realizada em parceria com as Forças Armadas em apoio aos órgãos de segurança e fiscalização estaduais e federais.

“Avançamos no combate a crimes ambientais e outros ilícitos, obtendo resultados expressivos, como na apreensão de madeira ilegal (187,147 m3), embarcações (1.518), minerais (154.050.045 kg), drogas (392 kg), tratores (261); e nos índices de desmatamento, que estão em queda desde junho, na faixa de 20% a 30%, com exceção de outubro que teve um pico, mas voltando a cair 44% em novembro em relação ao mesmo período de 2019”, afirmou. 

 

 

*Por Agência Brasil

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