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ALASKA  - Segundo um estudo publicado no Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, eles chegam também mais cedo e reproduzem-se de forma mais rápida.

De acordo com o estudo, esta nova realidade é uma má notícia para a população de renas da região uma vez que podem mudar o seu comportamento para evitar serem mordidos. O que torna mais difícil o ato de encontrarem comida, sugerem os autores do estudo.

As temperaturas ambiente influenciam a forma como os mosquitos crescem e sobrevivem. Quando as temperaturas estão baixas, os insetos tornam-se inativos e entram num estado de hibernação chamado diapausa. Mas eles sobrevivem em climas mais amenos – sobretudo a partir dos 26ºC, uma vez que o quente os leva a crescer mais rápido e torna-os maiores.

Assim, à medida que o clima fica mais quente, o Ártico torna-se perfeito para os mosquitos prosperarem. As temperaturas de regiões como o Oceano Ártico, Alaska, Groelândia e partes da Rússia estão aumentando o dobro que o resto do globo, e isso só é bom para os mosquitos.

Segundo o estudo, esta mudança climática pode pôr em causa população de renas do Ártico. Os animais dão à luz na primavera, o que coincide com a nova data de chegada dos mosquitos à região. Isto significa que os insetos procurarão sangue fresco à medida que as novas renas nascem. E os bebés são um alvo fácil, uma vez que são lentos e vulneráveis.

ZIMBÁBUE - Em breve, o Zimbábue começará a vender os direitos para caçar até 500 elefantes no País. O anúncio acontece poucas semanas depois que o elefante da floresta africana e da savana foram declarados em perigo crítico de extinção.

O porta-voz da Autoridade de Gestão de Parques e Vida Selvagem do Zimbábue, Tinashe Farawo, disse à CNN que a queda na receita do turismo devido à pandemia do coronavírus estava entre as principais razões para a mudança da legislação.

Para os defensores do meio ambiente e dos direitos humanos do Zimbábue a decisão de permitir a caça de elefantes é “assustadora”. Eles explicam que a caça com troféus agita os animais e aumenta os conflitos entre humanos e vida selvagem.

O Zimbábue não é o único na região a permitir a caça de elefantes por uma taxa. Em dezembro, a Namíbia colocou à venda 170 elefantes selvagens de “alto valor” devido à seca e um aumento no número de elefantes.

 

 

*Por: ISTOÉ DINHEIRO

INDONÉSIA - Equipes de busca na Indonésia que procuram um submarino desaparecido com 53 pessoas a bordo encontraram um vazamento de óleo na quarta-feira perto do local onde a embarcação submergiu, disseram autoridades.

O submarino de 44 anos KRI Nanggala-402 estava conduzindo um treinamento nas águas ao norte da ilha de Bali, mas falhou em retransmitir os resultados como esperado, disse um porta-voz da Marinha.

Uma busca aérea encontrou um vazamento de óleo perto do local de imersão do submarino e dois navios da marinha com capacidade de sonar foram enviados para ajudar na busca, disse o Ministério da Defesa.

Um comunicado do ministério disse que pedidos de assistência foram enviados e que Austrália, Cingapura e Índia responderam.

"Ainda estamos procurando nas águas de Bali, a 96 quilômetros de Bali, por 53 pessoas", disse o chefe militar Hadi Tjahjanto à Reuters em mensagem de texto.

Representantes dos departamentos de defesa da Austrália e Cingapura não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

"É possível que durante o mergulho estático tenha ocorrido um blecaute, o controle foi perdido e os procedimentos de emergência não puderam ser realizados e a embarcação caiu a uma profundidade de 600-700 metros", disse a Marinha da Indonésia em um comunicado.

O submarino foi construído para sustentar a pressão a uma profundidade máxima de cerca de 250 metros, disse um oficial.

O vazamento de óleo encontrado na superfície também pode significar que houve danos ao tanque de combustível ou também pode ser um sinal da tripulação, disse a Marinha.

O analista militar Soleman Ponto disse que era muito cedo para determinar o destino do submarino.

"Não sabemos ainda se os equipamentos de comunicação quebraram ou se o submarino afundou. Temos que esperar pelo menos três dias", disse.

O chefe da Marinha da Indonésia, Yudo Margono, afirmou hoje (22) que o submarino desaparecido ao largo de Bali, com 53 tripulantes a bordo, tem capacidade para 72 horas de oxigênio.

Em entrevista coletiva, Margono disse que as equipes de buscas encontraram uma fonte de grande magnetismo a uma profundidade entre 50 e 100 metros, que pode dar pistas sobre a localização do submarino.

O KRI Nanggala-402 de 1.395 toneladas foi construído na Alemanha em 1977, de acordo com o Ministério da Defesa, e juntou-se à frota indonésia em 1981. Ele passou por uma reforma de dois anos na Coreia do Sul que foi concluída em 2012.

 

 

(Com reportagem adicional de Stanley Widianto)

*Por Reuters

CARIBE - Rios de lava quente, fragmentos de rocha e gás escorreram pelos flancos do vulcão La Soufriere, na pequenina ilha caribenha de São Vicente, nessa segunda-feira (12), após a maior explosão do vulcão até hoje, desde o início da erupção quatro dias antes.

O La Soufriere entrou em erupção na sexta-feira ((9) após décadas de inatividade, bombeando nuvens escuras de cinzas a 10 quilômetros e forçando a saída de moradores da região por terra e por mar.

Nenhuma morte foi registrada até agora, mas cerca de um terço da área da ilha está isolada e o espaço aéreo continua fechado, enquanto o fornecimento de água e energia elétrica está intermitente em algumas comunidades.

Vários habitantes da ilha disseram à Reuters que estavam evitando sair, já que as cinzas estão bloqueando o ar e se transformando em algo parecido com cimento em contato com a chuva, dificultando a locomoção a pé, ou por carro.

"Estamos sofrendo com as cinzas, e fica difícil respirar às vezes", disse Aria Scott, de 19 anos, uma estudante moradora da capital Kingstown. "Eu não vou lá fora, pois não quero assumir o risco".

A explosão de segunda-feira, que aconteceu às 4h no horário local, foi a mais poderosa até hoje, afirmou Erouscila Joseph, diretora do Centro de Estudos Sísmicos da Universidade das Índias Ocidentais, que alertou que a erupção pode causar torrentes de lama conforme as cinzas chegarem aos rios.

"Acreditamos que mais explosões são possíveis nos próximos dias ou semanas", disse.

São Vicente e Granadinas, que tem população de pouco mais de 100 mil pessoas, não passa por atividade vulcânica desde 1979, quando uma erupção causou cerca de US$ 100 milhões em prejuízos. A erupção do La Soufriere - que significa "saída de enxofre" em francês - matou mais de mil pessoas em 1902.

 

 

*Por Robertson S. Henry e Kate Chappell - Repórteres da Reuters

INDONÉSIA - Inundações e deslizamentos de terra causados pelo ciclone tropical Seroja em um grupo de ilhas do sudeste da Indonésia e do Timor Leste mataram 97 pessoas e muitas ainda estão desaparecidas, disseram autoridades nesta segunda-feira (5).

Ao menos 70 mortes foram relatadas em várias ilhas das províncias indonésias de Nusa Tenggara do Oeste e do Leste, e 70 pessoas estão desaparecidas, desde que o ciclone provocou marés de tempestade, deslizamentos de terra e ventos fortes em meio a chuvas intensas durante o final de semana, informou a agência de gerenciamento de desastres BNPB.

No Timor Leste, que compartilha a ilha de Timor com a Indonésia, ao menos 27 pessoas foram mortas por deslizamentos de terra, marés de tempestade e a queda de uma árvore, e sete mil foram deslocadas, disse o governo. Na ilha de Lembata, as autoridades temem que corpos tenham sido levados pelas águas.

"Estamos usando botes de borracha para encontrar corpos no mar. Em vários vilarejos, marés de tempestade chegaram enquanto as pessoas dormiam", disse Thomas Ola Langoday, vice-chefe do governo distrital de Lembata, à Reuters por telefone.

Cerca de 30 mil pessoas foram afetadas por inundações na Indonésia, algumas já se abrigando em centros de acolhimento, mas as operações de resgate foram dificultadas pela queda de cinco pontes e de árvores que bloquearam algumas estradas, disse o porta-voz da BNPB, Raditya Jati.

 

 

* Com reportagens adicionais de Nelson Da Cruz e Bernadette Christina Munthe

*Por Yos Seran e Agustinus Beo Da Costa - Repórteres da Reuters

ÁFRICA - O elefante-africano está à beira da extinção: essa é a conclusão do relatório publicado recentemente pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês) e estabelecido a partir de uma nova contagem do animal no continente. Se em levantamentos anteriores os elefantes encontrados eram considerados de uma única espécie, a nova contagem separa o animal em dois tipos diferentes – e ambos estão severamente ameaçados de desaparecer da natureza.

Enquanto os Elefantes-da-Savana (Loxodonta africana, em sua nomenclatura científica) viram sua população reduzir em 60% nos últimos 50 anos – e ser classificada como uma espécie “em perigo” – os Elefantes-da-Floresta (Loxodonta cyclotis), menores e comumente encontrados na selva da África Central e Ocidental, desapareceram em cerca de 86% ao longo do mesmo período, e se encontram na lista vermelha, entre as espécies mais ameaçadas. Segundo a estimativa, no início dos anos 1970 existiam cerca de 1,5 milhão de elefantes por toda África: em 2016 esse número havia caído para 415 mil.

A destruição do habitat do animal é outra ameaça determinante

Tal queda se acentuou especialmente a partir de 2008, por conta de um aumento sensível na caça ao animal, a fim de retirar e vender seu marfim: o pico de tal prática se deu em 2011, mas a ameaça segue até hoje. A invasão e destruição de seu habitat é outra ameaça crescente: atualmente os elefantes ocupam somente 25% de seu território original no continente africano, em queda que acompanha o ritmo do desaparecimento do maior animal terrestre do planeta.

Venda de marfim financia o terrorismo

Segundo Lee White, ministro da Água e Florestas do Gabão, um dos países que mais concentra populações de elefante no mundo, o marfim retirado ilegalmente dos animais é quase todo revendido para a Nigéria, e ajuda a financiar o Boko Haram, braço do Estado Islâmico que atua na África Ocidental, principalmente na Nigéria, em Chade e nos Camarões. “Por isso esta é mesmo uma guerra transfronteiriça contra o crime organizado e até contra o terrorismo”, afirma White.

“Transformámos biólogos em guerreiros, transformámos pessoas que se juntaram para observar os elefantes e trabalhar na natureza, nos parques nacionais, em soldados que foram para a guerra para garantir a sobrevivência dos elefantes”, diz o ministro, elencando algumas medidas de conservação tomadas no país, como a criação de reservas e santuários, vem trazendo bons resultados.

A caça para venda de marfim ameaça o animal e financia o grupo terrorista Boko Haram

“Precisamos acabar urgentemente com a caça e garantir que habitat seja suficiente para que os elefantes da floresta e da savana sejam conservados”, afirmou Bruno Oberle, diretor-geral da IUCN.

 

 

 

*Por: Vitor Paiva / HYPENESS

EGITO - O lendário deserto do Sinai pode voltar a ser um espaço verde, tomado pela vegetação e por cursos d’água. Essa é a aposta de um grupo de engenheiros e cientistas que querem replicar na península egípcia uma técnica similar àquela utilizada para a recuperação vegetal do planalto de Loess, no norte da China.

No final dos anos 1990, a região passou por um processo massivo de transformação do solo. Houve plantio de árvores no topo das colinas, terraplanagem nas encostas íngremes e a adição de matéria orgânica ao solo. Em 20 anos, uma das regiões mais áridas da China virou um vale verde de terras agrícolas e produtivas.

O “Guardian” contou como esses especialistas querem fazer o mesmo no Sinai. Desde 2016, o grupo está trabalhando na restauração de um lago na região, projeto que deu origem à iniciativa mais ambiciosa. Para eles, a restauração massiva do Sinai pode desfazer a degradação causada por milênios de atividade humana, além de contribuir para a captura e o armazenamento natural de carbono em áreas hoje desérticas.

 

 

*Por: ClimaInfo / PLANETA

PARÁ - Desde o início dos anos 2000, o Pará foi o Estado que registrou a maior redução da floresta. Foi uma diminuição de 116 mil quilômetros quadrados ou 11,5% de seu território, segundo a última edição do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra no Brasil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o levantamento, divulgado nesta quarta-feira, 17, o Pará também foi o Estado que registrou o maior incremento absoluto de área de pastagem com manejo, 83,4 mil quilômetros quadrados. Em 2018, 14% desses territórios do País estavam no Estado.

Entre 2000 e 2018, de acordo com o IBGE, observou-se em Mato Grosso a redução de 17% (71.253 quilômetros quadrados) da área de vegetação florestal. Também houve recuo de 9,7% (22.653 quilômetros quadrados) da vegetação campestre – as segundas maiores diminuições registradas entre os Estados nessas categorias.

No mesmo período, também cresceu em Mato Grosso a região de pastagem com manejo (45.449 km²). Em terceiro lugar, aparece Rondônia, com redução de 22,7% (37.901 km²) na vegetação florestal e o incremento da pastagem com manejo de 33.259 km².

“Nos Estados do Norte observa-se a interiorização da ocupação do território e o forte crescimento de áreas de pastagem com manejo sobre áreas de vegetação florestal. Em alguns Estados, nota-se também a marcante expansão de áreas destinadas ao cultivo agrícola”, avaliam os pesquisadores do IBGE no trabalho.

“A Região Centro-Oeste foi caracterizada primeiramente pela expansão de áreas de pastagem com manejo sobre áreas de vegetação florestal e vegetação campestre. Em um segundo momento, a partir de 2012, o avanço das áreas agrícolas e da silvicultura sobre as pastagens, tornando-se um dos processos de transformação do território mais representativo da região.”

A cada dois anos, o IBGE divulga o monitoramento da cobertura e uso da terra, permitindo a comparação entre os anos analisados e as formas de ocupação do País. Os números analisados remontam a 2000 e vão até 2018. Agora, pela primeira vez, o IBGE faz uma análise individual de cada uma das 27 unidades da Federação. O objetivo é orientar políticas públicas e gestão.

O levantamento mostra que a dinâmica no Nordeste é marcada pela expansão de áreas chamadas de mosaicos campestres. Elas são caracterizadas por um elevado número de estabelecimentos rurais de pequeno porte com múltiplos usos. Uma das principais fronteiras agrícolas do Brasil fica na borda oeste da região. Lá, territórios de vegetação campestre vêm sendo substituídos por agricultura. Bahia, Piauí e Maranhão responderam por 91,7% do aumento das regiões agrícolas no Nordeste entre 2000 e 2018.

Os Estados do Sudeste apresentam dinâmica mais variada, com áreas de antropização (ação dos seres humanos sobre a natureza) das vegetações naturais e também conversões entre as faixas já ocupadas. Em São Paulo, por exemplo, entre 2000 e 2018, houve predominância de transições entre os usos pelo homem. Ocorreu especialmente avanço dos cultivos agrícolas sobre territórios previamente ocupados por mosaicos florestais e por pastagem com manejo.

No mesmo período, o Estado contabilizou aumento de sua área agrícola de 28,1% (22.290 km²). Em 2018, São Paulo apresentava 15,2% do território agrícola do País e 11,9% da silvicultura.

A dinâmica de ocupação do território no Sul é similar à do Sudeste. É marcada pelo avanço de áreas agrícolas e de silvicultura sobre outras classes de uso da terra. Em Santa Catarina e no Paraná esse avanço ocorreu principalmente sobre territórios anteriormente ocupados por mosaicos florestais e, no Rio Grande do Sul, sobre a vegetação campestre.

 

 

*Por: Roberta Jansen / ESTADÃO

GROENLÂNDIA - Após uma realocação de núcleos de gelo para um subúrbio de Copenhague (Dinamarca), em 2017, pesquisadores da Universidade de Copenhague encontraram caixas fechadas com núcleos de gelo datadas de 1966 – os primeiros núcleos de gelo perfurados na Terra.

As análises do gelo há muito esquecido foram concluídas e são apresentadas em um novo estudo com resultados inovadores. O trabalho foi publicado na revista “PNAS”.

Dentro dos núcleos, que vêm das profundezas do manto de gelo em Camp Century, Groenlândia, os pesquisadores da Universidade de Copenhague e seus colegas belgas e americanos se tornaram os primeiros a encontrar esses macrofósseis com milhões de anos.

 

Galhos e folhas inteiros

Os fósseis são grandes o suficiente para serem vistos sem um microscópio.

“Nós nos beliscamos sobre o tesouro que havíamos encontrado! Porque dentro dos núcleos, que em sua maioria se assemelham a cascalho compactado, pudemos identificar galhos e folhas inteiros, perfeitamente preservados após milhões de anos. Nunca havíamos encontrado nada assim, nem outros pesquisadores”, explicou a professora Dorthe Dahl-Jensen, do Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague.

“Análises completas de DNA são normalmente necessárias para identificar quais plantas e animais estão no gelo”, ela prosseguiu. “Mas aqui, podemos ver as coisas imediatamente. O gelo foi perfurado em um local incrível onde havia obviamente plantas e galhos antes que o gelo cobrisse a Groenlândia.”

 

Detalhes do passado

Galhos e folhas revelam uma história rara e única sobre a vegetação da paisagem da Groenlândia como era há milhões de anos, quando o clima da Terra era mais quente e a maior ilha do mundo não era coberta por gelo.

“Entre as folhas, galhos e restos de plantas que encontramos estão hepáticas (Marchantiophyta) e um tipo de musgo lanoso. Nossas análises mostram que eles vêm da floresta boreal – as florestas de coníferas, bétulas e salgueiros comuns no Canadá e no Alasca. Essas plantas e árvores resistentes são tolerantes ao frio”, explicou Dorthe Dahl-Jensen.

Os núcleos de gelo também forneceram aos pesquisadores conhecimentos sobre as mudanças climáticas na Groenlândia que datam de vários milhões de anos. Esse conhecimento é útil para nos ajudar a perscrutar a bola de cristal e ver o clima do futuro.

“Depois de medirmos os isótopos de água no gelo, podemos confirmar descobertas anteriores de que o manto de gelo está intacto e cobriu a Groenlândia por cerca de 1 milhão de anos. Antes disso, havia períodos entre os mantos de gelo em que a Groenlândia ficava sem gelo. Esses resultados ilustram o quão incrível é o gelo e como ele pode suportar tanto – incluindo períodos de temperaturas mais altas como a que estamos agora”, explicou a professora de paleoclimatologia.

 

Forte influência

De acordo com ela, porém, o gelo será fortemente influenciado pelo aumento da temperatura que vários modelos climáticos preveem que ocorrerá nos próximos 100 anos.

“Se ocorrer o pior cenário, os mantos de gelo da Groenlândia e da Antártida começarão a derreter, o que pode fazer com que o nível do mar suba até 70 metros. No entanto, isso levará muito tempo, milhares de anos. Felizmente, ainda podemos fazer algo sobre isso e evitar essas grandes elevações do nível do mar – é uma questão de ação”, diz ela.

O próximo passo para trabalhar com os núcleos de gelo esquecidos do Camp Century é realizar análises de DNA do gelo e dos resíduos sedimentares. “Veremos se podemos encontrar vestígios de besouros, borboletas e outros insetos também”, concluiu a professora Dahl-Jensen.

 

*Por: PLANETA

BRASIL - Com uma meta de restaurar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas até 2030, o Brasil tem um desafio enorme para resolver em apenas nove anos. É o que indica um estudo inédito que buscou levantar projetos de restauração já em desenvolvimento em todo o País. Ele mapeou a existência de somente cerca de 66 mil hectares sendo restaurados ativamente com árvores nativas – o que representa 0,55% do compromisso.

O dado faz parte do novo Observatório da Restauração e Reflorestamento, uma iniciativa que será lançada nesta terça-feira, 9, pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura – rede que reúne representantes do agronegócio, dos principais bancos do País, da academia e do ambientalismo.

O grupo pondera que o levantamento (com dados de campo georreferenciados e tecnologia de monitoramento via satélite), ainda subestimado, é só um primeiro esforço de mapear esses projetos e que o número real é bem maior – certamente existem muitos outros que ficaram abaixo do radar e a ideia é que ele continue sendo alimentado com o tempo. Mas já começa a suprir uma lacuna que até então não existia e dá uma noção da necessidade de mais ações e também da oportunidade econômica.

Uma pesquisa divulgada no ano passado pelo WRI-Brasil, um dos parceiros do observatório, indicou a restauração florestal como um caminho para uma retomada verde da economia do País por ser um instrumento para geração de emprego e renda. O trabalho calculou um retorno de US$ 2,39 para cada dólar investido para a restauração com árvores nativas em um período de 20 anos.

O observatório tem como objetivo mostrar o que já está sendo feito, a fim de estimular novos projetos e parcerias, mas também apontar onde estão os principais gargalos e vazios no País. De acordo com Laura Lamonica, coordenadora de Relações Institucionais da coalizão, além de visibilidade para as iniciativas, a plataforma traz também transparência e confiabilidade nos dados de restauração em escala nacional.

Com o mapeamento vai ser mais fácil definir onde são os melhores lugares para fazer novas restaurações – de modo a, por exemplo, unir florestas que estão isoladas, fazer corredores ecológicos, contar com mão de obra que já foi formada, saber onde tem viveiro de mudas, banco de sementes, etc, e gerar incentivos para essas áreas –, explica Marcelo Matsumoto, especialista em sistema de informação geográfica do WRI-Brasil.

No futuro, a plataforma permitirá identificar os benefícios que os projetos estão gerando, como captura de carbono, melhora da qualidade do solo e água e geração de emprego e renda.

A maioria dos projetos de restauração mapeados até o momento pelo observatório está na Mata Atlântica (93%), sendo 38,7% desses no Estado de São Paulo. Na escala de municípios, porém, o que mais está restaurando é o Rio de Janeiro (3,3 mil hectares).

Essa desigualdade ocorre, por um lado, porque a Mata Atlântica é o bioma que foi mais desmatado no País – restam somente cerca de 12% de remanescentes da floresta original – e é onde mais ocorreram acordos com Ministério Público de ajustamento de conduta para cumprimento do Código Florestal.

Além disso, a nova plataforma começou a ser alimentada com informações de outras bases regionais, como a feita pelo Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, hoje o mais organizado grupo do tipo. Mas os pesquisadores que organizaram o trabalho estimam que a maior parte dos projetos, nesse momento, deve estar na Amazônia, informação que eles pretendem obter rapidamente a partir do momento em que a plataforma estiver no ar.

Uma das motivações de criar o observatório, de acordo com Matsumoto, foi justamente a noção de que existem muitas iniciativas de restauração no País, mas elas são pequenas e isoladas, o que acaba sendo um entrave para que ganhem escala. Com o primeiro levantamento, a ideia é que agora essa base seja alimentada com outros projetos, de modo a ajudar a alavancar o processo para que o Brasil possa cumprir seus compromissos.

A meta de 12 milhões de hectares foi proposta pelo próprio governo federal, em 2015, como parte da contribuição oferecida pelo País junto ao Acordo de Paris – o esforço de praticamente todos os países do mundo para reduzir o aquecimento global. Além da manutenção de florestas, o replantio daquelas que foram devastadas é considerado uma das maneiras mais baratas e fáceis de retirar carbono da atmosfera – justamente o principal gás de efeito estufa.

 

Regeneração natural e florestas exóticas

O observatório traz ainda dois outros dados importantes para entender o contexto da restauração no Brasil. Foram mapeadas as áreas que passam por um processo de regeneração natural – uma pastagem abandonada, por exemplo, que voltou a ser floresta, e também projetos de reflorestamento para fins comerciais (grandes extensões de monocultura, em geral ocorrem com árvores exóticas para a produção de madeira, papel e celulose).

A regeneração natural responde pela maior fatia, de acordo com o mapeamento. São 10 milhões de hectares hoje no Brasil nessa situação – 96% na Amazônia. O dado foi obtido a partir da análise temporal de imagens de satélites do projeto MapBiomas, que revelam a mudança em áreas anteriormente degradadas. Já de plantio de exóticas são 9 milhões de hectares.

O primeiro dado chama atenção porque pode tanto ser um caminho interessante para ajudar o Brasil a cumprir suas metas, quanto um perigo de que essa recuperação se perca com o tempo. Somente com o dado do satélite não dá para saber neste momento se é um processo natural espontâneo, sem intervenção humana, ou um local que foi cercado propositadamente para deixar a floresta voltar. “Mas, diferentemente da restauração ativa, não temos segurança de que será mantida no longo prazo”, explica Matsumoto.

Por isso, a ideia é direcionar a atenção para essas áreas. Primeiramente para entender o que levou àquela regeneração (se trata-se de algo proposital, como uma mudança de comportamento, ou não). E depois para motivar os proprietários de terra a mantê-las assim, com incentivos econômicos, como o pagamento por serviços ambientais. “Queremos com essa iniciativa que as pessoas entendam a restauração como uma agenda positiva, que além de benefícios ambientais e climáticos, traz também geração de emprego e renda”, diz Laura.

Um outro trabalho do WRI-Brasil também divulgado no ano passado – Uma Nova Economia para uma Nova Era – estimou que a restauração de 12 milhões de hectares de vegetação nativa poderia gerar uma economia anual de R$ 4,7 milhões em produtos químicos no tratamento de água.

 

 

*Por: Giovana Girardi / ESTADÃO

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